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Caros amigos o blog Historiando: debates e ideias visa promover debates em torno de vários domínios de História do mundo em geral e de África e Moçambique em particular. Consta no blog variados documentos históricos como filmes, documentários, extractos de entrevistas e variedades de documentos escritos que permitirá reflectir sobre várias temáticas tendo em conta a temporalidade histórica dos diferentes espaços. O desafio que proponho é despolitizar e descolonizar certas práticas historiográficas de carácter eurocêntrico, moderno e ocidental. Os diferentes conteúdos aqui expostos não constituem dados acabados ou absolutos, eles estão sujeitos a reinterpretação, por isso que os vossos comentários, críticas e sugestões serão considerados com muito carinho. Pode ouvir o blog via ReadSpeaker que consta no início de cada conteúdo postado.

14 setembro 2012

PAPEL DE EVO FERNANDES NA RENAMO


PAPEL DE EVO FERNANDES NA RENAMO
A fotografia acima mostra, da esquerda para a direita, Pik Botha, o Sul Africano ministro das Relações Exteriores, um intérprete não identificado, Afonso Dhlakama, e Evo Fernandes. À esquerda : Evo Fernandes em conferência de imprensa.

Evo Camões Fernandes nasceu na Beira e como jovem era um associado da direita do empresário Jorge Jardim. Ele era um ex-policial e jornalista (no Notícias da Beira ), que actuou no início de 1980, como secretário-geral do MNR-Movimento Nacional Revolucionário (actual Partido Renamo) que lutou contra o governo moçambicano no período de 1977-1992. Ele foi morto em circunstâncias controversas em Lisboa, em 1988. Em julho de 1989, Chagas Alexandre foi condenado por seu assassinato em um tribunal Português a uma pena de prisão de 18 anos.
Em seu livro sobre a Renamo, Alex Vines propõe, seguindo evidência nos arquivos da polícia portuguesa, que uma tentativa havia sido feita para persuadir Fernandes a desertar para Maputo.  Quando ele se recusou,  foi morto para evitar a possibilidade de um escândalo prejudicial (Renamo: o terrorismo em Moçambique [Londres: James Currey, 1991], p.38).


Acima : Tradução da legenda - 'uma fotografia de um momento histórico para as negociações de paz em Pretória, em outubro de 1984, entre a Frelimo [sic, ou seja, o governo moçambicano] e da Renamo, na presença do presidente PW Botha, em que o Dr. Evo Fernandes participou como líder da delegação do Movimento de Resistência de Moçambique ". De Século de Joanesburgo .

O legado de Evo Fernandes na memória institucional da Renamo continua contestado. Em um incidente amplamente relatado em Outubro de 2008 em Moçambique, a sua viúva, Ivete Fernandes, lançou um ataque contundente verbal sobre Afonso Dhlakama e liderança da Renamo pela sua incapacidade de reconhecer a contribuição que Evo Fernandes tinha feito para o desenvolvimento do MNR. "Foi o meu marido que deu um toque político da Renamo em 1983 ", ela é citada como tendo dito e, acusando Dhlakama de ser um demagogo que só estava interessado em fazer as pessoas rirem.

Bandeira de MNR (hoje RENAMO com uma outra bandeira)

Para mais informações veja a entrevista de Evo Fernandes publicada em Lisboa, bastando para isto clicar em:http://www.mozambiquehistory.net/people/evo_fernandes/1/19810331_interview_with_diabo.pdf.

RENAMO PEDIU APOIO À IGREJA PARA FACILITAR ENCONTRO COM FRELIMO E ACABAR COM A GUERRA


RENAMO PEDIU APOIO À IGREJA PARA FACILITAR ENCONTRO COM FRELIMO E ACABAR COM A GUERRA

 

O arcebispo Dom Jaime Gonçalves revelou anteontem na Beira que no primeiro encontro que teve com Afonso Dhlakama, líder da Renamo, em Gorongosa, depois de o procurar em vários lugares, ele é que tomou a iniciativa de pedir que a Igreja ajudasse a Renamo a encontrar-se com a Frelimo para acabar com a guerra.
“Nós estamos a sofrer de fome, comemos lagartixas, não temos comida, não temos roupa, não temos casas onde dormir e passamos todo o tempo a fugir de um lado para o outro, estamos cansados, queremos acabar com a guerra, estamos a sofrer muito”, teria dito Dhlakama citado pelo arcebispo. 
Dom Jaime, que dissertava numa palestra denominada de Aula Aberta A busca de Paz para Moçambique, organizada pela Universidade Católica de Moçambique (UCM), como seu contributo para a celebração dos 20 anos de paz, confessou ter ficado surpreendido pela iniciativa de Afonso Dhlakama, uma vez que, tendo ele ido procurar a Renamo para convencê-la a aceitar conversar para acabar com a guerra, sentiu um grande alívio, “porque eu nem sabia como começar a conversa”.
“Felizmente que ele é que começou a falar e eu respondi: ‘Nós também na cidade sofremos, e começou o diálogo com o Dhlakama desta maneira’ e no fim eu perguntei: olhá lá presidente, porque é que vocês estão a fazer a guerra?”.
Ele respondeu “porque não queremos o comunismo em Moçambique”.
“E como vamos fazer para acabar com isto”?
“Queremos diálogo com a Frelimo”, respondeu Dhlakama, acrescentando :“Peço que a igreja nos ajude”.
“Então passamos a discutir as condições do diálogo com a Frelimo até cerca das duas horas da madrugada desse dia. Depois voltei para África do Sul na avioneta para depois tomar o avião para Maputo.”
Dom Jaime explicou depois, que o passo seguinte foi ir a Nairobi, no Quénia, e pedir ao Governo para trazer a Renamo até à capital queniana, o que foi feito em Fevereiro de 1989, voltando a acontecer em Agosto do mesmo ano, altura em que se realizou o derradeiro encontro com Afonso Dhlakama. “Aqui já estávamos com o Concelho Cristão de Moçambique (CCM)”.
“A Renamo ficou em Nairobi e nós regressámos a Maputo, onde em audiência com o Presidente Chissano ele nos disse que já tinhamos feito a nossa parte (nós bispos) e que a partir daí iria trabalhar com dois presidentes como negociadores, que eram o do Quénia e o do Zimbabwe”, prosseguiu a sua explanação o prelado.
Destacou que os negociadores trabalharam de Agosto e Dezembro de 89 e decidiram que não podiam estar sempre a andar de um lado para o outro e a repetir as mesmas coisas. Propuseram que a Frelimo e a Renamo se encontrassem e negociassem directamente. “Fizeram um relatório e comunicação nesse sentido. Então era preciso contactar as partes desavindas para convencê-las da necessidade do diálogo. Voltamos a ser chamados (nós bispos), desta vez para fazer diplomacia”, explicou Dom Jaime.
“A nossa nova tarefa era de fazer contactos para que o Vaticano e o Governo italiano usassem as suas influências nas Nações Unidas para levar o Presidente dos Estados Unidos, na altura George Bush, a convencer o Presidente Chissano a aceitar o diálogo directo com a Renamo. Nós fizemos isso e como resultado da nossa diplomacia, no dia 9 de Março de 1989, o chefe do Estado moçambicano anunciou, a partir de Washington, que estava disposto a estabelecer o desejado diálogo com a Renamo”, palavras de Dom Jaime Pedro Gonçalves.
O relato anterior é parte do projecto da Conferência Episcopal da Igreja Católica nos seus caminhos de busca de paz para Moçambique, que segundo Dom Jaime Gonçalves, era marcada por intensa actividade de reflexão. “Passa muito tempo em reflexões, por isso vamos notar entre o que diz e o que faz”, referiu, ao começar a sua explanação que dividiu em três partes:
1-Situação da violência em Moçambique
2-Moçambicanos que choram por causa da violência
3-Moçambicanos que buscam solução para a guerra
Em relação ao primeiro ponto, o arcebispo explicou que a Conferência Episcopal começou a reflectir sobre a violência e sobre a situação da paz já em 1977, durante a 1ª Assembleia Nacional da Pastoral na Beira, realizada nos dias 17 e 18 de Setembro: “Até escrevemos uma Carta de Solidariedade com a Conferência Episcopal da África do Sul pelo massacre das crianças e jovens em Soweto.”

RECONCILIAÇÃO IGREJA-GOVERNO DA FRELIMO

“Estamos interessados na questão da violência. A seguir, em 1982, acontece a reconciliação do regime com as instituições religiosas. O Presidente Samora Machel e seu Governo sentiram que a revolução moçambicana estava a ser objecto de muita crítica por parte da comunidade internacional. Então começaram a fazer uma reflexão no interior da revolução e como já fiz referência, o primeiro gesto foi a reconciliação com as religiões porque a partir delas, os moçambicanos têm ligações para fora.”
O prelado revelou que os religiosos foram convocados pelo Presidente do dia 14 a 17 de Novembro de 1982, que lhes disse: “Agora é a vez de as religiões discutirem os seus problemas e escreverem que dificuldades encontram na revolução, pôr por escrito e entregar às estruturas máximas do poder”. Os católicos, na lista dos problemas, terminam dizendo o seguinte: “Senhor Presidente, nós verificamos que existe no país uma violência que destrói vidas e bens e isto leva-nos a procurar com todos os moçambicanos a paz e concórdia dos moçambicanos”.
Segundo Dom Jaime, o Presidente não gostou e quis saber quem eram esses moçambicanos porque era uma referência à Renamo. Isso fez com que para a conclusão do encontro o Presidente fizesse dois discursos. O primeiro foi de censurar os bispos e os católicos pelo seu suposto apoio aos “bandidos armados”. Depois leu um segundo já em tom reconciliatório, com todas as instituições:  então, acabamos por ter lugar na revolução onde éramos chamados a educar o povo na moral e patriotismo. Isto foi em 82 e vamos cinco anos depois, em 87 concretizar o projecto da Conferência Episcopal. Porque esperamos cinco anos? – perguntou-se Dom Jaime Gonçalves, respondendo ele próprio que “esperamos porque a Igreja católica estava a sofrer muitos ataques e nós não queriamos que a situação piorasse. Por isso tinhamos que fazer reflexões e ser muito cautelosos”.
“Depois desse encontro decidimos fazer qualquer coisa para provar que o diálogo era possível e estruturamos o nosso projecto que vai depois passar por Nairobi e depois Roma e termina com a assinatura do Acordo Geral de Paz em 4 de Outubro de 1992”, disse o arcebispo.
Acrescentou que para operacionalizar o projecto foram criadas duas comissões da Conferência Episcopal, que pretendia continuar com as cartas pastorais e procurar a Renamo para o desejado diálogo. A Comissão para procurar a Renamo era constituida por Dom Alexandre Maria dos Santos, na altura arcebispo de Maputo e Dom Jaime Gonçalves, arcebispo da Beira e presidente da Conferência.
A outra comissão que tinha a missão de dialogar com o Governo era chefiada por Dom Paulo Mandlate, de Tete, os arcebispos da Beira e Nampula, e eventualmente todos os bispos quando fosse o caso de falar com o Presidente da República.
Segundo referiu Dom Jaime, os três objectivos pretendidos pela Conferência eram continuar com as cartas pastorais, procurar a Renamo e convencer o Governo a aceitar o diálogo.

Fonte: Diário de Moçambique – 13.09.2012

A NATUREZA DA IGREJA CATÓLICA NACIONAL/ MOÇAMBICANA


A NATUREZA DA IGREJA CATÓLICA NACIONAL/ MOÇAMBICANA

Por Luís Benjamim Serapião


Os médicos continuaram a usar os hospitais que os colonialistas deixaram; os políticos passaram a viver e a trabalhar nas residências que os dirigentes colonialistas habitavam. A Igreja Católica Nacional/ Moçambicana, como todas as demais instituições no país, assumiu e perpetuou as infra-estruturas religiosas deixadas pelo governo português. No entanto, nunca foi considerado como um privilégio o facto de os médicos usarem as infra-estruturas físicas de saúde herdadas do colonialismo, nem tão pouco um privilégio os governantes do Moçambique pós-colonial passarem a habitar as residências dos antigos chefes colonialistas.

Hoje, há interesse entre o mundo académico em investigar a diferença entre a Igreja Católica Colonial e a Igreja Católica Nacional/Moçambicana que surgiu no período pós-colonial. A corrente teórica defendida pelo Professor Dr. Eric Morier-Genoud sustenta argumentos que sugerem que houve uma certa continuidade da Igreja Católica Colonial na nova Igreja Católica Nacional /Moçambicana Depois de admitir que houve alguma rotura da Igreja Católica Colonial em relação à Igreja Católica Nacional/Moçambicana, Morier-Genoud acrescenta que ʺhouve também muitas continuidades, sejam elas de pessoal, na maneira de operar, ou nas ideias e na teologia”.Tenta persuadir o leitor quando adianta: ʺNão me parece adequado afirmar que a Igreja Colonial desapareceu em 1975 e que só ficou uma igreja nacional que não gozou ‘de privilégios de qualquer sistema no país’”. Por fim, realça que ʺela (a Igreja Nacional/Moçambicana) guardou elementos após a independência (incluindo algum pessoal colonial e colonialista); e quis guardar todas as propriedades que a Igreja Colonial tinha recebido do poder português.
O que acima se disse é o resumo dos argumentos de Morier- Genoud em apoio da tese da continuidade. Porém, contradizendo os argumentos acima citados, é um facto que houve uma rotura total e completa da Igreja Nacional/Moçambicana com a Igreja Católica Colonial. Primeiro, o argumento que houve pessoal colonial/colonialista na Igreja Nacional/Moçambicana é contradito pela acusação da Frelimo contra a Igreja Nacional/Moçambicana quando alega que ela é racista porque não tinha indivíduos de descendência colonialista no seu pessoal.  É também de notar que o pessoal que integrou a nova Igreja Católica conformou-se com a ideologia pastoral da nova hierarquia. Quanto à maneira de operar, ou nas ideias e na teologia  a que Morier-Genoud se refere para provar a tese da continuidade, bastava nós reflectirmos sobre o princípio filosófico que os escolásticos defendem: operari sequitur esse.
Se um indivíduo é colonialista terá de operar/agir como um colonialista. Isto explica porque é que a teologia pastoral do tempo colonial era uma teologia colonialista. Note-se que os seminaristas do Seminário Maior da Namaacha acusaram a Igreja Católica Colonial, (especialmente da arquidiocese de Lourenço marques), de pregar o colonialismo nas Igrejas. (Serapião, 1972). Felizmente, na Igreja Católica Nacional/Moçambicana houve rotura completa com a teologia pastoral colonialista. Isto é, nunca mais se fez a apologia do colonialismo nas igrejas.
Quanto à referência de que a Igreja Católica Nacional/Moçambicana quis guardar as propriedades que a Igreja Colonial tinha recebido do poder português, não se pode descurar uma outra realidade concreta: o procedimento adoptado em relação às infra-estruturas físicas que o governo colonial deixou no país. Os médicos continuaram a usar os hospitais que os colonialistas deixaram; os políticos passaram a viver e a trabalhar nas residências que os dirigentes colonialistas habitavam. A Igreja Católica Nacional/Moçambicana, como todas as demais instituições no país, assumiu e perpetuou as infra-estruturas religiosas deixadas pelo governo português. No entanto, nunca foi considerado como um privilégio o facto de os médicos usarem as infra-estruturas físicas de saúde herdadas do colonialismo, nem tão pouco um privilégio os governantes do Moçambique pós-colonial passarem a habitar as residências dos antigos chefes colonialistas.
Em toda a África os governos e as sociedades civis continuaram a fazer uso das infra-estruturas físicas deixadas pelos colonialistas. Em Moçambique a ocupação e destruição das igrejas tinha mais como finalidade erradicar aquilo que era o símbolo da espiritualidade do povo moçambicano. É dentro deste contexto, que a Igreja Católica Nacional/Moçambicana reagiu negativamente. Não se tratava de uma questão de defender privilégios herdados do governo colonial, mas antes defender os símbolos da espiritualidade do povo moçambicano. 


In:  Canal de Moçambique-14/09/2012


13 setembro 2012


ELEIÇÕES ANGOLA - 31 DE AGOSTO DE  2012                                     

CAROS CONCIDADÃOS, JUVENTUDE DE ANGOLA E AMIGOS (AS)


As muitas informações que me têm chegado, sobre as eleições decorridas no dia 31 de Agosto de 2012 em Angola, e  que muito agradeço, parecem confirmar o “labirinto da trama” corroborada por outras atitudes políticas menos justas do ocidente e a Europa ao tratar-se de problemas em território Angolano, no sentido de inviabilizar os legítimos direitos dos povos de Angola, mantendo-os na situação de miséria/escravatura, imposta há 500 anos pelos colonizadores e trinta, pelos novos governantes do País, ao que parece transformados em porta voz dos interesses da neocolonização.
As referidas informações que demonstram a falta de transparência e de respeito pelos Povos de Angola por parte de quem geriu este processo eleitoral que devia salvaguardar em primeira instância os nobres direitos de povos já por si tão sacrificados.
Segundo as leis que orientam o referido processo, das quais tive a oportunidade de conhecer, e que criminalizam  situações  de irregularidades que lesem os direitos cívicos e morais dos povos Angolanos, diz: !que  os autores podem ser punidos até com prisões”!
O que não se entende é como instituições que têm por obrigação gerir com isenção e imparcialidade e prudência, parecem infringir a todo o terreno as leis atípicas propositadamente criadas, contra todos, onde os mais lesados são os povos.
A legitimação do poder em Angola não pode ser feita com base na imposição da força das armas, da hipocrisia, falsidade, crimes e mentiras, na forma de fraude eleitoral, conforme temos vindo a constatar ao longo dos séculos em momentos de legitimação do poder, o que aconteceu no tempo da colonização Portuguesa em momentos de legitimação do Poder Tradicional, em que forças coloniais impunham as suas regras contra direitos dos Povos donos da terra, e recentemente com os governos da República, outra vez integrando protagonistas de outros tempos,  em cooperação com os mais recentes candidatos, a neocolonizadores, e o mais grave por estarem envolvidos aparentemente filhos da Pátria.
O respeito pelos verdadeiros Povos de Angola exige de todos os governantes actuais e seus representantes tradicionais uma postura digna de merecerem a gestão do país através do Poder legitimado pelos povos e não por usurpação através do abuso do poder. Foi por este motivo e em respeito as regras da hierarquia tradicional que muitos dos Representantes do Governo tradicional de Angola, não aceitaram vestir as fardas que o MPLA disponibilizou, (as mesmas que outrora o colono impunha que fossem usadas aos representantes tradicionais, que de alguma forma pela força da violência se deixavam assimilar).
Honra aos representantes tradicionais que não assumiram tais fardas e que nem tão pouco aceitaram fazer parte duma governação que lesa os direitos dos povos, na sua identidade histórica e cultural, integridade física, moral e espiritual, ao impor sistemas que nada nos dizem, sistemas estes, causadores de todos os conflitos, miséria, divisões sociais, e subdesenvolvimento, situação alarmante em que os mais de 85% dos Angolanos hoje vivem, impondo-os a subalternidade dos povos vindos do Ocidente e da Europa, por negligência e cumplicidade de quem usurpa o poder privilegiando os seus familiares, grupos e  expatriados submissos e aos exploradores sem regras dos nossos recursos.
Os documentos divulgados pelos partidos da oposição, bem como outros divulgados por fontes internacionais e, que vêm no sentido de justificar os muitos apelos dos cidadãos Angolanos eleitores, residentes no país e os Angolanos da diáspora limitados de votarem, parecem confirmar as várias e grosseiras anomalias ao longo deste evento que devia ser tratado com a maior responsabilidade nacional, quer ao longo da sua preparação, bem como no decurso do referido acto eleitoral.
O MPLA e seus representantes, falam tanto da necessidade de reabilitar os mais nobres princípios da nossa identidade Angolana, mas parecem desconhecer a história e a tradição hierárquica do poder em Angola.
Foi imposto aos povos sistemas políticos retrógados, autoritários, paternalistas, desumanos, quando na verdade Angola e a África no geral teve uma verdadeira e solidária democracia, antes dos que hoje se dizem democráticos só no papel.
A democracia solidária da África onde a mulher e a crianças e os mancebos e donzelas tinham um lugar cimeiro na hierarquia, visto deles ser a continuidade da sustentabilidade humana País, respeitava os donos das terras, nenhum poder em Angola e assim também no resto da África, era dono de terras, as terras eram pertenças aos Povos, e nunca ao Estado que apenas se limitava a gestão administrativa, mas nunca se apoderaram das terras e dos bens dos povos, como o tem feito o governo independente de Angola, repartindo-a para os seus grupos de interesses, amigos e famílias.
Na democracia africana os representantes africanos não eram hipócritas ao ponto de manipularem seus cidadãos para, violarem a integridade política, territorial e cívico dos povos, mandando preparar fraudes eleitorais, propagandas eleitorais, roubos, e desaparecimento de povos para garantirem a continuação e subserviência de povos.
A atitude da Rússia, da China, da Europa e da América neste cenário eleitoral de Angola, mostra bem a dificuldade que têm em lidar com os negros povos de África e respeitar o seu direito a Autonomia, a independência política e económica, no sentido de garantir o bem estar dos seus povos. Os governantes e gentes que se apoderaram do poder económico Ocidental/Europa têm feito tudo para manter os negros de África subalternos, uma vez que já o conseguiram fora dela.
Esta usurpação do poder político e dos mais nobres direitos dos Povos que é a nomeação dos seus representantes governamentais, não pode ser usurpado pelo abuso de poder, pelo que exige-se a sua reposição legal no modo das práticas justas e transparentes de eleição, em respeito aos parceiros partidários e, em respeito aos povos de Angola, pois só a eles competente o direito de o legitimar aos seus representantes.
Sabemos que a China e a Rússia e todos os envolvidos na estagnação do desenvolvimento de África, intentam uma nova desestabilização, com o apoio de governantes que parecem instalar-se em lugares de decisão político-governamental. Angola tem um País debilitado, com grande parte do seu território minado estrategicamente por uma guerra criada  por governantes destes países, que hoje  continuam a engendrar novas formas de perpectuar  o sofrimento dos povos de Angola. A China e outros Países deste grupo neocolonizador, têm em Angola um número considerado de cidadãos e mercenários, a incitarem a desestabilização agredindo os jovens e políticos Angolanos, parece com o consentimento de quem governa o país e dos que deviam pronunciarem-se em defesa dos povos se calam na cumplicidade. Diz-se:  “que tão corrupto  e desonesto é aquele que tendo a capacidade  e dotado dos meios para questionar e defender não o faz”.
Ao invés de ouvirmos intelectuais negros a defenderem a causa dos povos de Angola e de África a dizerem disparates nos meios de comunicação que se prestam para isso, “intelectuais” estes, que até deixam ficar mal as próprias escolas Ocidentais/Europeias por onde estudaram! Um Universitário, alguém que se considera intelectual, deve acima de tudo conhecer a história dos seu País, do seu continente e a história universal, e ser suficientemente culto mostrando ser alguém com a mente livre, instruído o suficiente para saber distinguir e analisar onde começa a manipulação mental de massas e como nasce o fanatismo! Ser amigo não é aquele que diz constantemente “vivas e bate palmadinhas nas costas”, quem gosta do MPLA ou seja de que partido for é aquele que aponta as falhas e que ajuda a corrigir, nunca violando o fundamental os direitos dos povos porque só eles têm a legitimidade de fazer levantamentos e impor a demissão de quem mal governa. Alguns destes comentadores que parecem pagos para dizerem o inconveniente, nunca deviam leccionar em escolas Angolanas, nem tão pouco serem tidos como intelectuais, porque fazem lembrar alguns dos “cientistas” europeus/ocidentais que achavam que os negros africanos não tinham o direito a viverem com dignidade como ser humanos, por lhes considerar como bichos! Infelizmente é esta a consciência de alguns negros formatados na Europa/Ocidente que instruiu há muitos de nós, mas que nos deu a capacidade de discernir e escolher entre o bem e o mal e a ser-se honesto ou a deixarmo-nos corromper ao ponto de parecermos gentes sem massa cinzenta e como tal sem neurónios!
Nada justifica tal comportamento de fanatismo político pelo facto de terem estudado fora do País, em África ou no Ocidente, a maioria de tais comentadores foram financiados com o dinheiro de Angola e logo de todos os Angolanos, por isso deviam ter mais respeito pelos povos. Em qualquer instituição por onde se passa é nos dada a suficiente margem de escola, o de escolhermos ser cidadãos livres ou manipulados. E o que escolhe ser manipulado é  incapaz de apoiar no desenvolvimento seja do que for, porque um seguidista é alguém mal formado, sem carisma, um “mercenário” do seu povo e de todos os povos no mundo!
São portanto pessoas a quem não se podem confiar. E são estas mesmas pessoas que destruirão os sistemas políticos sem caboucos, e que subsistem na base da imposição da força, ameaças e incompetência, ou pela compra da consciência por dinheiro.
Há uns anos que tenho vindo a alertar ao mundo dos manipuladores e especialmente aos que estão a tentar destruir a estrutura histórica de Angola, que serão envergonhados como nunca o pensaram um dia vir acontecer, pois que a verdade tarda, mas não falha. A todos os Países envolvidos neste embaraço da fraude eleitoral, não pensem que ganharão e terão os Angolanos nas correntes da nova escravatura, é bom que ao invés de se preocuparem com Angola, cuidem dos vossos países, porque tarde ou cedo provareis bastante do sofrimento que tendes imposto directa e indirectamente aos Angolanos, apoiando regimes desumanos.
Sabemos que a turma envolvida nesta fraude em que aparece apenas a Rússia, a China e Portugal é grande, mas sereis vós a denunciarem os vossos actos, até que percais a vontade de continuar a viver a custa do sofrimento de povos (matando, assassinando, roubando e agindo com hipocrisia).
Nós somos Angolanos, a China deve se ter esquecido da História do passado e era preciso que se lembrassem de quando ousaram colonizar o Egipto negro! A Rússia também deve lembrar-se do passado da sua História, porque o que foi é o que é, mas desta vez estais a tocar na fonte e não se esqueçam perecereis! Portugal deve lembrar-se da História, porque serão os seus povos a denunciar a ganância e a submissão do vosso governo e de alguns políticos ao poder central que comanda o fracasso económico do Ocidente e da Europa, que não ficará por aqui, caso continuei a brincar com Angola e com os Angolanos.
A Alemanha deve lembrar-se também da sua história passada, assim como a França, a Inglaterra, a USA, a Bélgica do fantasma Leopoldo e da chacina que criaram na nossa África criando o Ruanda, o Biafra, o Kongo Kinhasa e Norte de Angola, o Brasil com esta cumplicidade neocolonial, é preciso lembrar que está a pisar em solo sagrado!
Angola não fabrica armas, mas temos a maior a arma da consciência humana que revoluciona a Natureza  das coisas, fazendo acontecer (estudem as leis da metafísica, se sois assim tão inteligentes) e é esta revolução que está em marcha, onde o vosso poder falhará e vereis os vossos planos desnudados, como o espelho mostra o rosto que nele mira!
É preciso que ponderem bem os vossos actos e que respeitem os Angolanos e os Povos de África. A comissão eleitoral, os Tribunais e agentes políticos Angolanos devem perceber que ao aceitarmos a imposição de interesses externos, manipulando direitos internos, acreditem que nunca ganhares o respeito, nem dos povos, nem tão pouco dos que pensais serem parceiros de cooperação. Angola é um dos únicos países em África e talvez no mundo com Governo multiétnico, não percebo qual intenção desta manipulação constante! O que pode-se concluir-se: que estará intrínseca nestas atitudes a vontade da subalternidade do negro perante o “branco”! É um erro este pensamento, é altura de o combatermos veemente, pois, o Ocidente continua a não entender que acabou o tempo da usurpação de África e que Angola tem povos.
Parece também que ainda não entenderam que os negros são os povos que felizmente, podem geneticamente gerar filhos de todas as cores, e que a muito são considerados por nós, património deste continente sangue do nosso sangue, havendo a necessidade da partilha humana e nunca e jamais com a usurpação, que este bloco do “poder económico mundial tem pretendido manter, manipulando os negros que estão no poder, para os incriminar pelos erros e subdesenvolvimento de Angola. Foi assim no Ruanda está a ser no Kongo Kinhasa com a invasão dos Ruandeses comandados por interesses ocidentais! Na verdade muitos destes corruptos e gananciosos pelo poder, só são negros na pele, mas são na verdade reencarnados desorientados que ressurgiram para pagarem o que faltaram. Noutras épocas.
Srs (as), governantes dos países envolvidos na manipulação do subdesenvolvimento de Angola, saibam que acabou a era do “Safari, Chinês, Russo, Alemão, Português, Brasil, Francês, EUA, Brasileiro) em Angola, os povos estão conscientes de quem são os países que têm vindo subtilmente a manter o subdesenvolvimento do País, conhece os seus cúmplices internos, e tomarão conta do desenrolar de toda a dinâmica nacional. Não foi o MPLA, nem nenhum político individualmente que conquistou a paz de Angola e que a tem mantido, foi e tem sido Os povos de Angola, foram eles que lutaram e defenderam o país de forças militares estranhas que mutilaram e transformaram o nosso País no segundo Vietname, foram estes governos que juntos se aproveitaram e venderam armas e diamantes de guerra a todos os envolvidos no conflitos e sem excepção, a guerra foi feita pelos três partidos em consequência da usurpação do poder pelo MPLA e hoje o que aconteceu nestas eleições demonstram “quem é quem”.
Queremos acreditar que o desejo dos políticos de Angola seja na verdade uma reconciliação nacional,por isso solicita-se:
1-    Que os partidos da oposição reajam com verdade e transparência denunciando estes actos, exigindo que as Entidades competentes nacionais tomem as devidas medidas, e caso não acatando e esgotando os recursos internos, se reclame internacionalmente. Angola não pode continuar a ser o celeiro mundial para a exploração económica para sustento de economias externas, mantendo os seus jovens, crianças maltratadas, sem um futuro digno.
2-    É importante que os partidos da oposição cumpram os trâmites exigidos para esta reclamação, impugnação e que se mantenham isentos até a conclusão da situação.
3-    Nenhum responsável partidário seja ele da oposição deve ser empossado sem que os povos sejam esclarecidos desta situação de fraude e sem que haja reposição legal do acto eleitoral.
4-    Os povos naturalmente que esperam que partidos da oposição não  encerrem este processo aceitando os lugares na Assembleia Nacional e o dinheiro que compete aos partidos, como forma de resolução desta situação, pois os povos poderão e com razão se isto vier a acontecer “concluir que o único objectivo da oposição são os milhares de dólares que recebem por partido com assento na Assembleia”. Este será um assunto que a seu tempo a futura Assembleia deverá analisar. Os governantes não são eleitos para se tornarem milionários a custa do poder legislativo, numa Angola em que os povos morrem de fome, falta de água, luz, e onde nem todos têm condições económicas para frequentarem uma formação.
5-    Os povos esperam que os representantes da oposição os defenda até as “ultimas consequências” como afirmaram nas suas comunicações através da Imprensa. Os povos de Angola merecem mais que qualquer dinheiro, afinal este dinheiro a todos eles pertence.
6-    A CNE deve responder aos partidos da oposição todas as queixas apresentadas, assim também aos cidadãos que solidários requererem informações sobre este acto, para o apuramento da verdade, com a isenção que ela merece. Está em causa a dignidade de povos com milénios de história de existência, e por cumplicidade de certas pessoas que a ignoram ou se sentem complexadas em defendê-la, têm vindo a impor os povos a escravatura ao longo de séculos no seu próprio país.
7-    Os Angolanos exigem um pronunciamento do Tribunal Constitucional em toda esta matéria que nada dignifica as instituições de direito. Uma vez que a CNE diz não ter competências quando noutras diz segundo o veiculado nos órgãos de informação, “não aceitar reclamações dos partidos referentes ao acto eleitoral”.
8-    É obrigação dos tribunais defenderem os direitos cívicos, morais e de cidadania dos povos de Angola sejam eles negros, ou mistos, bem como a defesa histórica e da sua integridade territorial e política. A situação de omissão que se viveu durante meses na questão da Dra Suzana Inglês foi muito grave para a instituição jurídica de Angola.
9-     Quem integra um corpo jurídico dos tribunais de Angola, país de África, deve conhecer a história desta e a sua estrutura hierárquica tradicional, para melhor entender e defender os povos, a falta desta atenção tem vindo a perturbar a ordem comunitária desta Nação, que tem tudo para viver uma paz e prosperidade entre os seus povos na sua diversidade.
10-           Angola não pode continuar a ter leis criadas durante a colonização em que nós os Angolanos eramos tratados como escravos na nossa terra. Mantendo-se certas leis como estão, continuará a privilegiar terceiros e não os povos de Angola.
11-           Os representantes  administrativos  com competência para dar posse ao novo corpo governamental, que o faça só depois de toda esta situação estar resolvida e informados os Povos sobre as decisões que delas recaíram.
12-           É responsabilidade do governo tradicional de Angola estar isento de qualquer interesse partidário, ou alheios aos anseios dos povos, mas estar com os povos de Angola de Kabinda ao Kunene. São eles os verdadeiros donos do território e do poder de Angola, competindo-lhes apoiar todas as dinâmicas positivas com todas as forças políticas nacionais, no sentido do equilíbrio social e a restauração dos valores superiores da nossa identidade cultural.
13-           Também é justo referir que quando me pronuncio sobre a implantação da neocolonização em Angola e em África, refiro- me aos governos envolvidos neste acto e seus cúmplices. Lamentavelmente os povos têm sido sempre as vítimas de governantes “tiranos” ao longo dos séculos o que importa que se despertem as consciências para que a tirania se afunde na vergonha dos seus actos. Afinal todos os impérios desmoronam! Estamos no caminho certo e os Povos vencerão, não só os de Angola, mas os do mundo inteiro.” Quem não sente não é filho de boa gente” diz o ditado Português.
Os Angolanos têm o direito a indignação pela violência de vida imposta!
A verdade tarda mas não falha, até que a mentira se envergonhe e  se retire de cena!
Por uma Angola unida, mais justa, solidária na sua diversidade cultural, multiétnica, e desenvolvida em, defesa do futuro― com atenção aos jovens e crianças.
Angola tem, Angola pode.
Com esta intervenção, faço  o que todos os Angolanos livres e conscientes podem e devem fazer, o exercício do seu dever legítimo de cidadania, num País que é nosso, que custou a vida e o sangue dos nossos Antepassados, e que merece que os seus filhos e filhas vivam com dignidade sem ter de mendigar seja a quem for. “o carro com uma roda não anda-um governo sem os povos do seu lado é como o carro só com uma roda”!
Saudações com apreço,

Rosa Mayunga (Descendente da Autoridade Tradicional de Angola
Mestranda em Desenvolvimento e Saúde Global
Especialista em Medicina Tradicional Chinesa
Licenciada em Análises Clínicas e Saúde Publica
Dirigente de Cooperativa - Organização Não Governamental para o Desenvolvimento-Afro-Luso-Brasileira)

A INTOXICAÇÃO IDEOLÓGICA E CULTURAL AO SERVIÇO DA HEGEMONIA


A INTOXICAÇÃO IDEOLÓGICA E CULTURAL AO SERVIÇO DA HEGEMONIA

…Não se descure o que a Coca-Cola, Hollywood e os Hamburgers fazem…

Num país em que logo que se descubram recursos minerais como rubis, diamantes são as esposas de presidentes que se arvoram proprietários das mesmas se não são outros elementos com fortes ligações a liderança política governamental. Temos de ser honestos e afirmar que essa cobiça e vontade de açambarcar tudo, fere os interesses mais legítimos dos moçambicanos e dos africanos.

Maputo (Canalmoz) - Na luta pela hegemonia o tipo de armas utilizadas varia consoante a agenda de momento.
Aos africanos até o acesso ao tratamento com anti-retrovirais era a tempos negado ou condicionando com alegações de que não havia conhecimento suficiente ou condições técnicas para implementar os programas protocolares relacionados com o combate com o HIV/SIDA.
Os contratos internacionais tanto de acesso a fundos de crédito como para realização de obras de infra-estruturas são controlados e condicionados a regras estabelecidas pelos outros.
A posição generalizada dos africanos é de esperar, depender e de aceitar tudo o que lhe “ofereçam”.
Como se pode julgar atendendo ao que se passa na maioria dos países o desenvolvimento tarda em arrancar. Governos sucessivos chegam ao poder executivo e proclama-se a solução para os seus países. Passado algum tempo o que se observa é a continuação de uma miséria atroz, instabilidade e coerção.
Na ausência de actores políticos de envergadura, pessoas interessadas em participar nos debates globais da actualidade África foi sendo colocada na periferia. As antigas alegações de que a colonização era a causa do atraso continental foi perdendo consistência e agora está claro que as culpas residem em África.
Numa situação em que os países funcionam com base em realismo e que as diversas relações que estabelecem entre si têm essa base, rapidamente a tese das consequências nefastas com origem no colonialismo passado perdeu qualquer consistência que ainda pudesse ter.
A acção concreta das chancelarias internacionais dos países poderosos age concertadamente e utiliza todo o tipo de meios e recursos para continuar a dominar.
Numa ingenuidade recorrente, são os africanos que colocam os recursos dos seus países como “pasto rico” pago ao desbarato por todos que entendem aqui estabelecer os seus negócios.
A desordem não para de aumentar nos diferentes países africanos. Ora são questões de natureza étnica, ora é compartilha dos recursos naturais que provoca guerras e adia o desenvolvimento nacional. Quase sempre o que se verifica é que os africanos estão longe da tolerância política e quando estão na política é para resolverem seus problemas pessoais.
Num país em que logo que se descubram recursos minerais como rubis, diamantes são as esposas de presidentes que se arvoram proprietários das mesmas se não são outros elementos com fortes ligações a liderança política governamental. Temos de ser honestos e afirmar que essa cobiça e vontade de açambarcar tudo, fere os interesses mais legítimos dos moçambicanos e dos africanos.
Com cobertura e concertação com as multinacionais que se dedicam a extracção de petróleo, gás e carvão, milhões de dólares são desviados dos cofres públicos sem conhecimento dos parlamentos locais.
Sempre que os africanos se colocam em posição de sujeito das acções em seus territórios aparecem logo vozes os catalogando de incompetentes. Em geral quando aparece uma figura política perseguindo uma agenda de cariz nacionalista, não demora que forças opostas, com apoio internacional de certas chancelarias, em geral ocidente, famosas como Paris, a financiar uma revolta, um golpe de estado sob os infames justificativos.
Sabe-se ou imagina-se, pois provas são quase impossíveis de reunir, qual tem sido a interferência directa e indirecta na concretização de estratégias e agendas dos poderosos. Quando as armas não são suficientes utilizam-se as telecomunicações, as tecnologias de ponta, o GPS, para fornecer informações vitais aos opositores e beligerantes. Casos de conflitos têm terminado abruptamente sem que tenha havido uma vitória de uma das partes. De fora tanto se diz e se manda combater como se manda parar com os combates. Aos teimosos e recalcitrantes sugere-se uma eliminação cirúrgica, conveniente para que os negócios prosperem.
E para que seja assegurado que as coisas aconteçam e seja aceites com normalidade pelo público tanto africano como do resto do mundo, montam-se ofensivas mediáticas visando condicionar o entendimento que os cidadãos têm dos assuntos africanos.
Quantas vezes não é dito aos africanos, através de fundos estatais, orçamentos parcialmente ou quase na totalidade financiados com fundos externos que o melhor caminho é continuar a votar em governos que não conseguem produzir resultados palpáveis.
A entrada e proliferação de mensagens culturais dos mais diversos tipos nos países africanos, a invasão cinematográfica, os vídeos de filmes que assaltam salas de cinema e os mercados informais de bens pirateados tudo se combina para intoxicar os africanos. É bom tudo o que os outros fazem e aquilo que é produção local não tem valor.
As vezes o grau de intoxicação é de tal forma grave que é comum encontrar africanos com saudades fortes dos tempos de dominação colonial. Face a incapacidade de ver resultados por parte dos seus governantes, as pessoas recorrem ao saudosismo para alimentar a sua mente.
Amontoados de lixo, bairros de lata, estradas esburacadas, valas de drenagem com águas paradas, escolas secundárias e primárias sem carteiras, hospitais sem medicamentos ou sofrendo rotura de stocks periodicamente, mediocridade generalizada caracteriza muitos dos países africanos senão a grande maioria.
Por mais altas que sejam as doses de caridade internacional e filantropia isso não passa de mais uma forma de mostrar e revelar o descalabro da governação em África. Verdade que milhões de pessoas devem a sua sobrevivência a esse tipo de apoios mas verdade maior é que apoiando resolutamente esforços democratizantes não haveria necessidade de tal caridade ou filantropia.
A libertação de África ainda não é uma realidade enquanto subsistirem todos os factores que concorrem para a desagregação de países, enfraquecimento programado da capacidade de decisão e controlo dos recursos.
África já é suficientemente adulta para deixar de ser alvo de manchetes noticiosas pela negativa.
É vergonhoso que se tenha tudo para sermos países viáveis e que volta e meia tenhamos que nos ajoelhar aos poderosos para recebermos mais um pacote de financiamentos. Não nos emprestam o que realmente precisamos para sair da dependência mas aquilo que garante que continuemos na dependência.
E como o processo de endividamento de nossos países está fora do controlo dos cidadãos e de seus representantes a dívida só asfixia e mata os milhões de cidadãos empobrecidos, adoentados e sem esperança.
Denunciar a intoxicação ideológica e cultural é um imperativo pela libertação e democratização de África.
O verbo habitual de que não somos capazes é obra de uma confraria de interesses ao estilo de Rupert Murdoch do “News of the World”. Planificam-se campanhas nos mídia e utilizam-se os mais variados meios tudo para garantir que nada se altere.
Cabe aos africanos libertarem-se mais uma vez pois a ascensão à independência trouxe um novo tipo de dependência e condicionalismos.
E como se tem visto ao longos anos corromper africanos é bastante fácil. Presentes e prémios têm “dobrado” os mais resistentes… (Noé Nhantumbo)

In: CanalMoz-13/09/2012


12 setembro 2012

COLEÇÃO HISTÓRIA GERAL DA ÁFRICA EM PORTUGUÊS (SOMENTE EM PDF)


COLEÇÃO HISTÓRIA GERAL DA ÁFRICA EM PORTUGUÊS (SOMENTE EM PDF)


Publicada em oito volumes, a coleção História Geral da África está agora também disponível em português. A edição completa da coleção já foi publicada em árabe, inglês e francês; e sua versão condensada está editada em inglês, francês e em várias outras línguas, incluindo hausa, peul e swahili. Um dos projetos editoriais mais importantes da UNESCO nos últimos trinta anos, a coleção História Geral da África é um grande marco no processo de reconhecimento do patrimônio cultural da África, pois ela permite compreender o desenvolvimento histórico dos povos africanos e sua relação com outras civilizações a partir de uma visão panorâmica, diacrônica e objetiva, obtida de dentro do continente. A coleção foi produzida por mais de 350 especialistas das mais variadas áreas do conhecimento, sob a direção de um Comitê Científico Internacional formado por 39 intelectuais, dos quais dois terços eram africanos.


Download gratuito (somente na versão em português):

I  ISBN: 978-85-7652-123
    ISBN: 978-85-7652-124-2
  ISBN: 978-85-7652-125-9
  ISBN: 978-85-7652-126-6
  ISBN: 978-85-7652-127-3
  ISBN: 978-85-7652-128-0
  ISBN: 978-85-7652-129-7
  ISBN: 978-85-7652-130-3