EVENTOS - GWAZA MUTHINI JÁ MEXE COM
MARRACUENE
O DISTRITO de
Marracuene prepara-se para acolher as festividades do 118 aniversário de Gwaza
Muthini, uma cerimónia que evoca a resistência anticolonial que resultou na
célebre batalha de 1895.
Com efeito, uma dezena
e meia de grupos culturais iniciaram no passado dia 9 de Janeiro corrente os
ensaios assistidos por técnicos dos serviços distritais de Educação, Juventude
e Tecnologia.
De acordo com
informações em nosso poder, os ensaios deverão decorrer até ao próximo dia 31
de Janeiro.
Com já tem sido hábito
nos últimos cinco anos, espera-se que além de artistas locais se juntem à festa
de Marracuene, grupos culturais idos da capital do país, integrados na caravana
“Festival Marrabenta”.
De recordar que Gwaza
Muthini é o nome que se deu à batalha de Marracuene que teve lugar no dia 02 de
Fevereiro de 1895, contra a ocupação colonial portuguesa.
Na Batalha de
Marracuene, as forças lideradas por Nwamatibyana, Zihlahla, Mahazule, Mulungu e
Mavzaya perderam a guerra a favor dos portugueses.
Um ano após a batalha
de Maracuene, em 1896, as autoridades coloniais portuguesas celebraram o Gwaza
Muthini em memória dos soldados portugueses tombados na vitoriosa batalha. E
durante essas celebrações os povos submetidos, gritavam "bayetee" em
sinal de total submissão ao colonialista.
Aquando da
independência, houve apenas três celebrações, nomeadamente em 1974, 1975 e
1976. Em 1976 foi o ano em que marcaram o fim das celebrações de Gwaza Muthini,
uma vez que o então Estado moçambicano achou que 3 de Fevereiro era a data em
que se comemorava toda heroicidade moçambicana e Gwaza também podia caber no 03
de Fevereiro.
Mas por iniciativa do
empresário António Yok Chan, apoiado pelo Governo as comemorações de Gwaza
Muthini foram reactivadas no dia 2 de Fevereiro em 1994. Portanto, o que muda
desde 1974 aos nossos dias é o enfoque da heroicidade. Enquanto durante todo o
tempo colonial OS heróis eram os portugueses tombados na batalha e os
moçambicanos diziam 'bayetee', desde 1974 os heróis eram os moçambicanos
tombados na batalha. E Gwaza, passaria para o símbolo da heroicidade contra a
ocupação efectiva do sul de Moçambique. (Maputo, Quarta-Feira, 16 de Janeiro de 2013:: Notícias)
UKANYI: BEBIDA POPULAR QUE ACOMPANHA
AS FESTIVIDADES DE GUAZA MUTHINI
A REGIÃO sul do país, em particular as províncias de Maputo
e Gaza vivem momentos de euforia com a chegada da época de ukanyi, bebida
mítica que nos meses de Janeiro e Fevereiro proporciona ambiente único e raro
de convivência e harmonia social. É momento único que, inclusive, gente de
diferentes classes sociais se junta no mesmo espaço e bebe do mesmo copo.
Ukanyi, vinho tradicional produzido
a partir da fermentação do suco do fruto do canhoeiro, é uma bebida bastante
apreciada, sobretudo, pelo seu valor sociocultural. Agrega vários preceitos
emanados pela tradição e pela moral cívica.
A frutificação, fabrico e posterior
consumo de ukanyi marca o início do novo ano, mas a sua grande importância está
associada ao fortalecimento das relações sociais e criação de novos laços de
solidariedade. É durante a época de ukanyi que se registam com maior frequência
visitas entre indivíduos pertencentes a uma mesma família, incluindo membros de
diferentes comunidades.
O ritual de ukanyi cria e fortifica
as redes de solidariedade entre habitantes de diferentes ecossistemas, o que
por sua vez se revela importante na resposta às crises provocadas por
calamidades naturais, no âmbito da segurança alimentar ou ruptura de reservas
de sementes para a agricultura.
Mas também o ukanyi se reveste de
uma importância crucial a nível da dimensão espiritual, nomeadamente na
manutenção do equilíbrio social. A época de ukanyi é vista com a fase de maior
aproximação das populações locais aos espíritos dos seus antepassados, para
fazer preces de vária ordem, tendo como finalidade a busca de um equilíbrio
cosmológico.
O consumo de ukanyi segue algumas
regras costumeiras, nomeadamente três rituais fundamentais (kuphahla ukanyi,
xikuwha e kuhayeka mindzeko), ou seja, as fases de abertura, festa e
encerramento, respectivamente.
Estes rituais condicionam, na visão
comunitária, o sucesso de toda a época de ukanyi, pois, supõe-se que esta
bebida também alimenta os antepassados.
Com efeito, a partir do pretérito
fim-de-semana iniciou em algumas comunidades o processo de “kuphahla ukanyi”
(cerimónia tradicional de abertura da época de ukanyi), a exemplo do distrito
de Marracuene, onde o acto teve lugar sábado.
Entretanto, a precipitação que vem
se registando nos últimos dias pode vir a comprometer a presente época pois,
segundo os entendidos, a chuva faz apodrecer rapidamente o fruto do canhoeiro.
Em consequência antevê-se um período
curto de consumo de ukanyi, dada a pouca oferta do fruto.
Também aponta-se em algumas regiões,
a problemática de acesso aos locais onde abunda o canhoeiro, na sequência das
inundações, entre outras situações provocadas pelas chuvas.
Importa, entretanto frisar, numa
situação normal a época do ukanyi também é breve, não vai para além das
seis/oito semanas.
VISÃO
DO HISTORIADOR EGÍDIO VAZ SOBRE GWAZA MUTHINI
Dos factos
1-A batalha de Marracuene que teve lugar no dia 02 de Fevereiro de 1895 foi uma de uma série de combates que se deram no local, no âmbito da conquista portuguesa para a ocupção efectiva. Do ponto de vista português, essas batalhas eram conhecidas por Campanhas de Pacificação. Para os locais era resistência á ocupação portuguesa.
2-Na Batalha de Marracuene, as forças lideradas por Nwamatibyana, Zihlahla, Mahazule, Mulungu e Mavzaya perderam, em parte devido a:
a) Superioridade bélica dos portugueses
b) Traição dos Mavota e Matsolo, que cederam os portugueses para que usassem as suas regiões como posto avançado das suas forças e na fase decisiva, os Mavota guiaram as forças portuguesas rumo ao combate de Marracuene
c) Indisciplina no seio dos guerreiros de Nwamatibyana e seus súbditos e
d) Divisões no seio das chefaturas de então, que foram optimizadas pelos portugueses.
Das Celebrações do Gwaza Muthini
1-A celebração desta data não é de todo original do Estado Moçambicano. Um ano após a batalha de Maracuene, em 1896, as autoridades coloniais portuguesas celebraram o Gwaza Muthini em memória dos soldados portugueses tombados na vitoriosa batalha. E durante essas celebrações os povos submetidos; os marracueneses diziam "bayetee" em sinal de total submissão ao colonialista.
2-Aquando da independência, houve apenas três celebrações, nomeadamente em 1974, 1975 e 1976. 1976 Marcou o FIM das celebrações de Gwaza Muthini, uma vez que o então Estado Socialista Moçambicano achou que 3 de Fevereiro era a data em que se comemorava toda heroicidade moçambicana e Gwaza também podia caber no 03 de Fevereiro.
3-Mas por iniciativa de António Yok Chan, um dos leais filhos da terra apoiado pelo Governo as comemorações de Gwaza Muthini foram reactivadas no dia 2 de Fevereiro em 1994.
4-Portanto, o que muda desde 1974 aos nossos dias é o enfoque da heroicidade. Enquanto durante todo o tempo colonial OS HERÓIS eram os portugueses tombados na batalha e os moçambicanos diziam Bayetee, desde 1974 os heróis eram os Moçambicanos tombados na batalha. E Gwaza, passaria para o símbolo da heroicidade contra a ocupação efectiva do sul de Moçambique.
Da História, da Política e do Problema
Em termos historiográficos, a batalha de Marracuene marcou o princípio do fim do império de Gaza. A partir dai, os portugueses avançaram em direcção ao kraal de Ngungunyana, terminando com o assalto final a 28 de Dezembro de 1895, data em que Ngungunyana, sete das suas tantas mulheres, tio e filhos - entre eles Godide, foram presos por Mouzinho de Albuquerque e posteriormente deportados a Portugal onde foram encarcerados até a sua morte na Ilha Terceira em Açores.
Da relevância do Gwaza Muthini
Como historiador, não poria em causa a celebração do Gwaza Muthini como símbolo da heroicidade dos Marracueneses, na sua saga contra a penetração colonial. Casos idênticos houvera um pouco por todo o território, como em Niassa, com os Mataka, os Namarrai na Zambézia, os Makombe-Manica, Sofala e Tete, entre outros, sem discriminação espacio-temporal. Para os Marracueneses como o Yok Chan essa batalha reveste-se de grande utilidade política, na medida em que colocam na agenda política o seu nome e sua honra. Portanto, estamos perante uma questão de autoestima.
O questionamento viria porém quando o Governo lhe dedica uma festa de estado, conferindo assim uma dimensão nacional. Por mim, Gwaza Muthini deve permanecer um evento local, apoiado pelas autoridades locais e aderida por quem está interessado em lá ir.
Não vejo mal nenhum muito menos inconstitucionalidade em o Estado e Governo Moçambicanos apoiar a celebração da data. Mas ao mesmo tempo que apoio, apelo que o mesmo Estado e Governo moçambicanos comecem já a apoiar e considerar com mesma ênfase outras batalhas importantes, travadas por guerreiros de outras latitudes que hoje faz um único Moçambique. O mesmo apelo vai também para os outros filhos, que sigam o exemplo de Antonio Yok Chan. Mas para tal, a História deve ser conhecida; outro grande desafio.
Da política
Um dos grandes desafios que a nossa classe política enfrenta é a sua falta de consciência histórica. Tanto os que estão na oposição como os no poder. O povo também ajuda nesse sentido, dado estar ele a padecer de uma amnésia colectiva.
O 02 de Fevereiro ou "Gwaza Muthini" não constitui nenhum feriado Nacional e sim uma data em que se comemora a heroicidade dos povos de Marrracuene, que pode muito bem caber no dia 03 de Fevereiro, como aliás cabem outras "batalhas", incluindo as anónimas.
A falta do esclarecimento sobre o folclore de Marracuene contribui em grande medida para o entendimento da dimensão histórica de que esse evento se reveste, daí a percepção enviesada de ela ser a data representativa de "todas batalhas de resistência primária" travadas ou no sul de Moçambique ou a nível nacional.
É por isso necessário divulgar a bem da nação e da unidade nacional, todas batalhas relevantes em que filhos dessa pátria participaram de forma heróica e vitoriosa contra a penetração mercantil portuguesa, contra a ocupação efectiva e contra o colonialismo português. A documentação dessas batalhas, detalhes e divulgação, deverá tomar em conta o interesse constitucional do fortalecimento da Unidade Nacional bem como na redução progressiva da assimetria do conhecimento sobre a heroicidade de todo povo moçambicano e ainda na promoção equitativa e equilibrada dos feitos históricos e a contribuição de cada região, província, inclusive distrito, para a independência do país. Essa é tarefa dos políticos; é tarefa política e os historiadores estão ai para ajudar.
O ponto político que quero deixar aqui é de que esta História de Moçambique tem partido; tal como se reconhece nas primeiras páginas do Vol I da primeira versão da História de Moçambique. A História Oficial de Moçambique também é regionalmente falando, tendenciosa e madrasta ao mesmo tempo e isso tudo contribui em grande medida para a assimetria do conhecimento de que estou a falar. Isso deve mudar.
Do problema
Postas as coisas como estão e tomando em conta o exposto na primeira parte deste texto (os factos) alguns problemas podem ser levantados.
O Gwaza Muthini era uma celebração dos colonialistas portugueses, alusivo a sua vitória contra os marracueneses. Após a independência os moçambicanos de Marracuene tomaram a "tradição" e desta feita, mudaram do herói. Agora os heróis eram "todos aqueles que tombaram, derrotados" na batalha de Marrracuene.
a) Faz sentido celebrar uma batalha perdida? Lembre-se que a Batalha de Marracuene foi uma rasia autêntica. Em todas batalhas de resistência contra a penetração colonial o Império de Gaza de Ngungunyana perdeu: Coolela, Chaimite, Marracuene...
b) Albino Magaia conhecido intelectual moçambicano é da mesma opinião que a minha, de que celebrar Gwaza Muthini é uma humilhação visto que históricamente os "reis locais" faziam Bayetee, prostrando-se á humilhação portuguesa.
c) Por causa da nossa fraca imaginação política e falta da consciência histórica, ergue-se hoje um "Gwaza" de heróis dissociada de toda sua história; e apenas útil para o ego de alguns políticos.
d) Quando o Presidente da República nos seus discursos nos diz que Moçambique é pátria de Heróis é porque é mesmo. A nossa missão como historiadores e intelectuais e servos deste país é trazer esses heróis ao conhecimento das gerações contemporâneas e futuras.
Mas isso não implica inventá-los no discurso porque existem ou existiram de facto. É apenas uma questão de compromisso com o saber e com a pátria.
Chegado aqui, resta-me dizer que Gwaza Muthini, na forma como a conhecemos hoje é um BLUFF HISTÓRICO.
1-A batalha de Marracuene que teve lugar no dia 02 de Fevereiro de 1895 foi uma de uma série de combates que se deram no local, no âmbito da conquista portuguesa para a ocupção efectiva. Do ponto de vista português, essas batalhas eram conhecidas por Campanhas de Pacificação. Para os locais era resistência á ocupação portuguesa.
2-Na Batalha de Marracuene, as forças lideradas por Nwamatibyana, Zihlahla, Mahazule, Mulungu e Mavzaya perderam, em parte devido a:
a) Superioridade bélica dos portugueses
b) Traição dos Mavota e Matsolo, que cederam os portugueses para que usassem as suas regiões como posto avançado das suas forças e na fase decisiva, os Mavota guiaram as forças portuguesas rumo ao combate de Marracuene
c) Indisciplina no seio dos guerreiros de Nwamatibyana e seus súbditos e
d) Divisões no seio das chefaturas de então, que foram optimizadas pelos portugueses.
Das Celebrações do Gwaza Muthini
1-A celebração desta data não é de todo original do Estado Moçambicano. Um ano após a batalha de Maracuene, em 1896, as autoridades coloniais portuguesas celebraram o Gwaza Muthini em memória dos soldados portugueses tombados na vitoriosa batalha. E durante essas celebrações os povos submetidos; os marracueneses diziam "bayetee" em sinal de total submissão ao colonialista.
2-Aquando da independência, houve apenas três celebrações, nomeadamente em 1974, 1975 e 1976. 1976 Marcou o FIM das celebrações de Gwaza Muthini, uma vez que o então Estado Socialista Moçambicano achou que 3 de Fevereiro era a data em que se comemorava toda heroicidade moçambicana e Gwaza também podia caber no 03 de Fevereiro.
3-Mas por iniciativa de António Yok Chan, um dos leais filhos da terra apoiado pelo Governo as comemorações de Gwaza Muthini foram reactivadas no dia 2 de Fevereiro em 1994.
4-Portanto, o que muda desde 1974 aos nossos dias é o enfoque da heroicidade. Enquanto durante todo o tempo colonial OS HERÓIS eram os portugueses tombados na batalha e os moçambicanos diziam Bayetee, desde 1974 os heróis eram os Moçambicanos tombados na batalha. E Gwaza, passaria para o símbolo da heroicidade contra a ocupação efectiva do sul de Moçambique.
Da História, da Política e do Problema
Em termos historiográficos, a batalha de Marracuene marcou o princípio do fim do império de Gaza. A partir dai, os portugueses avançaram em direcção ao kraal de Ngungunyana, terminando com o assalto final a 28 de Dezembro de 1895, data em que Ngungunyana, sete das suas tantas mulheres, tio e filhos - entre eles Godide, foram presos por Mouzinho de Albuquerque e posteriormente deportados a Portugal onde foram encarcerados até a sua morte na Ilha Terceira em Açores.
Da relevância do Gwaza Muthini
Como historiador, não poria em causa a celebração do Gwaza Muthini como símbolo da heroicidade dos Marracueneses, na sua saga contra a penetração colonial. Casos idênticos houvera um pouco por todo o território, como em Niassa, com os Mataka, os Namarrai na Zambézia, os Makombe-Manica, Sofala e Tete, entre outros, sem discriminação espacio-temporal. Para os Marracueneses como o Yok Chan essa batalha reveste-se de grande utilidade política, na medida em que colocam na agenda política o seu nome e sua honra. Portanto, estamos perante uma questão de autoestima.
O questionamento viria porém quando o Governo lhe dedica uma festa de estado, conferindo assim uma dimensão nacional. Por mim, Gwaza Muthini deve permanecer um evento local, apoiado pelas autoridades locais e aderida por quem está interessado em lá ir.
Não vejo mal nenhum muito menos inconstitucionalidade em o Estado e Governo Moçambicanos apoiar a celebração da data. Mas ao mesmo tempo que apoio, apelo que o mesmo Estado e Governo moçambicanos comecem já a apoiar e considerar com mesma ênfase outras batalhas importantes, travadas por guerreiros de outras latitudes que hoje faz um único Moçambique. O mesmo apelo vai também para os outros filhos, que sigam o exemplo de Antonio Yok Chan. Mas para tal, a História deve ser conhecida; outro grande desafio.
Da política
Um dos grandes desafios que a nossa classe política enfrenta é a sua falta de consciência histórica. Tanto os que estão na oposição como os no poder. O povo também ajuda nesse sentido, dado estar ele a padecer de uma amnésia colectiva.
O 02 de Fevereiro ou "Gwaza Muthini" não constitui nenhum feriado Nacional e sim uma data em que se comemora a heroicidade dos povos de Marrracuene, que pode muito bem caber no dia 03 de Fevereiro, como aliás cabem outras "batalhas", incluindo as anónimas.
A falta do esclarecimento sobre o folclore de Marracuene contribui em grande medida para o entendimento da dimensão histórica de que esse evento se reveste, daí a percepção enviesada de ela ser a data representativa de "todas batalhas de resistência primária" travadas ou no sul de Moçambique ou a nível nacional.
É por isso necessário divulgar a bem da nação e da unidade nacional, todas batalhas relevantes em que filhos dessa pátria participaram de forma heróica e vitoriosa contra a penetração mercantil portuguesa, contra a ocupação efectiva e contra o colonialismo português. A documentação dessas batalhas, detalhes e divulgação, deverá tomar em conta o interesse constitucional do fortalecimento da Unidade Nacional bem como na redução progressiva da assimetria do conhecimento sobre a heroicidade de todo povo moçambicano e ainda na promoção equitativa e equilibrada dos feitos históricos e a contribuição de cada região, província, inclusive distrito, para a independência do país. Essa é tarefa dos políticos; é tarefa política e os historiadores estão ai para ajudar.
O ponto político que quero deixar aqui é de que esta História de Moçambique tem partido; tal como se reconhece nas primeiras páginas do Vol I da primeira versão da História de Moçambique. A História Oficial de Moçambique também é regionalmente falando, tendenciosa e madrasta ao mesmo tempo e isso tudo contribui em grande medida para a assimetria do conhecimento de que estou a falar. Isso deve mudar.
Do problema
Postas as coisas como estão e tomando em conta o exposto na primeira parte deste texto (os factos) alguns problemas podem ser levantados.
O Gwaza Muthini era uma celebração dos colonialistas portugueses, alusivo a sua vitória contra os marracueneses. Após a independência os moçambicanos de Marracuene tomaram a "tradição" e desta feita, mudaram do herói. Agora os heróis eram "todos aqueles que tombaram, derrotados" na batalha de Marrracuene.
a) Faz sentido celebrar uma batalha perdida? Lembre-se que a Batalha de Marracuene foi uma rasia autêntica. Em todas batalhas de resistência contra a penetração colonial o Império de Gaza de Ngungunyana perdeu: Coolela, Chaimite, Marracuene...
b) Albino Magaia conhecido intelectual moçambicano é da mesma opinião que a minha, de que celebrar Gwaza Muthini é uma humilhação visto que históricamente os "reis locais" faziam Bayetee, prostrando-se á humilhação portuguesa.
c) Por causa da nossa fraca imaginação política e falta da consciência histórica, ergue-se hoje um "Gwaza" de heróis dissociada de toda sua história; e apenas útil para o ego de alguns políticos.
d) Quando o Presidente da República nos seus discursos nos diz que Moçambique é pátria de Heróis é porque é mesmo. A nossa missão como historiadores e intelectuais e servos deste país é trazer esses heróis ao conhecimento das gerações contemporâneas e futuras.
Mas isso não implica inventá-los no discurso porque existem ou existiram de facto. É apenas uma questão de compromisso com o saber e com a pátria.
Chegado aqui, resta-me dizer que Gwaza Muthini, na forma como a conhecemos hoje é um BLUFF HISTÓRICO.
porque nao colocar a cerimonia gwaza muthini como simbolo de heroicidade dos marracuenenses
ResponderExcluir