TRIBUTO -
JUSTINO CHEMANE: A CHAMA QUE SE APAGOU HÁ NOVE ANOS
O MAIOR maestro de todos os tempos na história de
Moçambique, o maestro Justino Chemane, deixou de connosco partilhar o génio que
ele era há nove anos, completos sábado, 19 de Janeiro.
Chemane
foi o compositor do primeiro hino nacional “Viva, Viva a Frelimo”, que vigorou
durante 27 anos, participou também na elaboração do mais recente, “Pátria
Amada” e na criação do hino da Comunidade para o Desenvolvimento da África
Austral (SADC).
Justino
Chemane foi autor de mais de 150 canções gravadas e difundidas pela Rádio
Moçambique (RM), maior parte das quais registadas em fita magnética versando
sobre temáticas relevantes nos domínios da educação cívica, política e
histórico-cultural.
Na
altura da sua morte o maestro encontrava-se a recuperar de uma fractura no pé
esquerdo depois de ter ficado hospitalizado durante cerca de dois meses, após
um atropelamento por uma viatura de transporte semi-colectivo de passageiros na
cidade de Maputo.
Elevado
ao estatuto de Herói Nacional, os seus restos mortais foram depositados na
cripta consagrada aos heróis moçambicanos, em Maputo.
As
suas canções sempre foram um instrumento importante na exortação para os
moçambicanos se erguerem com orgulho e cumprirem as tarefas que se impõem ao
seu desenvolvimento, e para que, unidos, escutando a voz dos seus heróis, que
por si deram as suas vidas, levantassem bem alto o seu país, empenhando-se nas
tarefas que sublinhavam o facto de os donos de Moçambique serem os próprios
moçambicanos.
O
seu nome foi atribuído a uma das ruas na capital moçambicana, após aprovação de
uma proposta apresentada nesse sentido pelo Conselho Municipal da Cidade de
Maputo.
Com
efeito, o programa “Fio da Memória”, produzido por João de Sousa e Carlos Silva
e transmitido todos os domingos na Antena Nacional da RM, a partir das 20:00
horas prestou no domingo uma singela homenagem ao maestro-mor.
Homem que se
recusou a viver no anonimato
“Justino
hoje dia 15 de Outubro é um grande dia para ti, para a tua família e para
todos. Dia grande porque celebras neste 15 de Outubro o teu 80º aniversário
natalício. Há oitenta anos, no ano de 1923, portanto, Chidenguele, província de
Gaza, testemunhou o nascimento de um menino que se recusou a viver no
anonimato, que se recusou a ser mais uma estatística”. Estas foram as palavras
pronunciadas pelo então Presidente da Republica de Moçambique, Joaquim
Chissano, em 2003, por ocasião do octogésimo aniversário do maestro.
Passados
pouco mais de dois meses, Joaquim Chissano, voltou a destacar as qualidades do
maestro Chemane, mas daquela vez como numa homenagem póstuma, quando o corpo de
Justino Chemane foi conduzido à última morada, a Praça dos Heróis
Moçambicanos.
Caracterizado
como “um autodidacta, e com espírito de sempre melhor e mais fazer, que gravou
a sua primeira canção lá no longínquo ano de 1940. Mais obras vieram para
construir o teu riquíssimo palmarés de que todos nós nos podemos orgulhar, em
que todos nós podemos nos inspirar. Através do canto, através de temáticas de
intervenção social quiseste dar a tua contribuição, para a educação cívica e
moral dos cidadãos para o reforço da consciência de trabalho colectivo, e da
complementaridade entre membros de uma colectividade.
Inspirador de
grandes nomes
Há
quem diga que Justino Chemane teve influências do maestro Daniel Marivate, tido
como um dos mestres do canto coral. Contudo, importa frisar que Justino Chemane
como maestro trouxe para o canto coral moçambicano um estilo próprio e único,
que vai do clássico ao tradicional, passando pelo moderno.
Justino Chemane não só se destacou como maestro, mas também
contribuiu para o aparecimento de grandes nomes da música moçambicana, como são
os casos de Amélia Moyana, Arão Litsuri, Hortêncio Langa, Cândida Mata,
Gonzana, as belas vozes da Companhia Nacional de Canto e Dança, os grupos que
formou na Igreja Presbiteriana e fora dela, até o grupo de canto coral
Majescoral, tido como um dos melhores da actualidade.
Maputo, Quarta-Feira,
23 de Janeiro de 2013:: Notícias
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