REINO UNIDO PONDERA COMPENSAÇÃO DAS
VÍTIMAS MAU MAU
O governo britânico está a negociar a
compensação de milhares de quenianos que dizem ter sido maltratados pelos seus
colonizadores durante a década 50 na insurreição do grupo Mau Mau, reporta o
jornal “The Guardian” na sua edição de hoje.
Segundo uma carta enviada aos advogados que representam algumas das vítimas, o Gabinete dos Negócios Estrangeiros está a adiar um recurso contra uma decisão do Tribunal Supremo que deu luz verde às vítimas para intimar o governo.
Por outro lado, o governo britânico diz estar disposto a negociar com eles, diz o relatório.
“As partes estão agora a explorar a possibilidade de resolver a questão trazida a lume pelos nossos clientes,” disse Dan Leader, parceiro da companhia de advogados Leigh Day ao “The Guardian”.
“Claramente, dado o actual estágio das negociações não podemos fornecer mais detalhes.”
Por sua vez, o Gabinete dos Negócios Estrangeiros disse ser “inapropriado” avançar detalhes sobre as negociações.
“Acreditamos que deve haver um debate sobre o passado,” disse um porta-voz do gabinete.
“É uma página da nossa democracia que queremos aprender da nossa história. Reconhecemos e entendemos a dor daqueles que por ambos os lados, estiveram envolvidos nos divisos e sangrentos eventos da Emergência do Quénia. É justo que aqueles que acham ter uma causa a colocar o façam perante os tribunais.”
“O nosso relacionamento com o Quénia e o seu povo tem sido contínua e é caracterizada por estrita cooperação e parceria, baseada na nossa história partilhada,” acrescenta o documento.
O Tribunal Supremo ouviu ano passado alegações de que Paulo Muoka Nzili, Wambungu Wa Nyingi, e Jane Muthoni Mara foram sujeitos a torturas e mutilação sexual.
Os advogados do trio disseram que Nzili foi castrado, Nyingi foi espancado barbaramente e Mara foi sujeito a abusos sexuais em campos detenção durante a rebelião dos Mau Mau.
Um quarto indivíduo, Susan Ngondi, morreu desde que começaram as démarches legais.
O governo britânico na altura aceitou que as forças britânicas torturaram os prisioneiros mas disse estar “desapontado” com o julgamento.
O governo alertou sobre “a possibilidade de implicações legais”.
Londres tinha inicialmente argumentado que todos os custos seriam transferidos aos novos governantes do Quénia quando o país ascendeu à independência.
Pelo menos 10 mil pessoas morreram durante a rebelião dos Mau Mau 1952-1960, enquanto outras fontes reportam números muito mais altos.
Dezenas de milhares foram presos, incluindo o avô do actual do presidente dos Estados Unidos, Barak Obama.
The Guardian/bm/sg
AIM – 06.05.2013
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