08 outubro 2013

LINHA POLÍTICA DO REGIME DA FRELIMO ENDURECE AS SUAS POSIÇÕES FACE AO CONTROLE DOS ORGÃOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

Jorge Fernando Jairoce

É preocupante a notícia veiculada que dá conta de que Edson Macuácua, Porta-Voz do Presidente da República, promoveu recentemente, uma reunião com quadros jornalistas e comentadores, vulgo painelistas, dos principais Órgãos de Comunicação Social (OCS) públicos e privados de onde produziu-se uma lista de 40 comentadores autorizados pelo regime para emitir opinião pública nos principais Órgãos de Comunicação Social (OCS) do País face ao desempenho do Governo.
Recorde-se que no ano passado (2012), o Edson Macuácua na qualidade do Secretário de Mobilização e Propaganda do Partido Frelimo, promovera um encontro similar na sede do Comité Central do Partido que segundo a Africa Monitor Intelligence Edson Macuácua como principal orador do encontro referiu o seguinte:

“- Proliferam nos OCS críticas à Frelimo; é preciso moderar ou alterar essa evidência, através de medidas dos responsáveis editoriais.
- Há eleições autárquicas em 2013 e gerais em 2014; para assegurar uma vitória da Frelimo é necessário promover um clima de aproximação do partido com o eleitorado e a população; e as críticas à Frelimo desfavorecem esse desiderato.
- Os responsáveis que não procederem em conformidade com a criação de um clima mais benigno para a Frelimo poderiam estar a pôr em causa os seus lugares, “porque a Frelimo tem esse poder” (sic)”.

Este método maquiavélico demostrado pela Frelimo representado pelo Edson Macuácua e coadjuvado pelo Renato Matusse, Gabriel Muthisse e Alberto Nkutumula (membros presentes no encontro) revela uma cultura antidemocrática, anticonstitucional, de desespero, de intolerância e da ausência de limites partido e o Estado (da qual todos nos participamos e pagamos impostos e como tal ela não é propriedade de nenhum partido político). Fala-se actualmente da liberdade de expressão em vários sectores da sociedade, aliás é um direito humano universal, que deve funcionar na família, igreja, escola, enfim, em todos outros espaços públicos, então não se justifica que em pleno século XXI haja cidadãos em Moçambique que querem destruir o pouco que já conseguimos em Moçambique em termos de liberdade de expressão. Hoje a preocupação é silenciar os OCS, o meu receio é que esta cultura evolua e amanhã comecem a silenciar os intelectuais nas universidades, os religiosos nas igrejas e outros espaços que trabalham com a opinião pública, aliás é um fenómeno que já tem estado a ocorrer porque o regime julga-se proprietária dos órgãos dos públicos e estatais. O período de totalitarismo, fascismo, nazismo, stalinismo e corporativismo estatal já passou na história do mundo. Parece ainda existirem saudosistas destes tempos. É necessário que estes cidadãos não se que esqueçam que a cultura corporativista estatal sempre trouxe consequências negativas para o mundo com a morte de milhares de pessoas. Podem silenciar as pessoas de falar, mas jamais poderão silenciar a capacidade de pensar e exprimir seus pensamentos em outros fóruns. Os indivíduos que pretendem regredir o País quanto a liberdade de expressão candidatam-se a entrar como vilões na História do País, aliás, há um ditado popular que diz: “a justiça dos homens prescreve, mas a justiça da história ela é permanente”, isto para referir que estes cidadãos demagogos têm o seu espaço na História. O mundo está repleto de relatos de consequências nefastas do silenciamento da imprensa. É só observar o caso da Síria, Tunísia, Líbia, China, só para citar alguns exemplos. Deixemos que os jornalistas e os comentadores façam o seu trabalho. Ter receio de críticas é sinónimo de insegurança, de desespero e fraqueza espiritual, pelo contrário deveríamos estimular e aproveitar a crítica para melhorar o nosso desempenho profissional. O desenvolvimento do país depende destas análises e críticas (entendido como debates de ideias) porque só assim é que podemos enxergar as nossas deficiências e lacunas e através de diálogo e tolerância promovermos acções mais eficazes para o almejado desenvolvimento. Será que Edson Macuácua e a cúpula tem consciência do que erro que estão a cometer?
Gostaria por fim de recordar a famosa frase que deu título ao livro de Marcelo Mosse e Paul Fauvet “É proibido pôr as algemas nas palavras”. Esta frase esta bem patente na memória dos cidadãos moçambicanos.
Consulte a lista dos principais comentadores autorizados:
http://macua.blogs.com/files/savana-1020.pdf

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