Mais do que
um momento de exibição e exaltação da cultura moçambicana, os festivais
nacionais da cultura vão-se assumindo, a cada edição, como ocasiões de
transmissão da nossa identidade cultural às novas gerações e de preservação do
património cultural tangível e intangível de Moçambique.
Foi o que se
testemunhou no VIII Festival Nacional da Cultura que decorreu em Inhambane, de
14 a 19 deste mês, no qual artistas de diferentes gerações partilharam a sua
experiência naquele que é o maior palco e a maior festa cultural do país.
Com muita
responsabilidade e patriotismo, aquela província acolheu as onze delegações
nacionais e nove estrangeiras, em que se destacaram seis países, nomeadamente
Suazilândia, Egipto, Turquia, China, Maurícias e França.
Durante os
seis dias do evento, Inhambane tornou-se num preferencial destino para
artistas, académicos, turistas, agentes económicos e muitos outros que para lá
se deslocaram para assistir ao festival e desfrutar das belas paisagens, locais
históricos e da rica gastronomia nacional.
E viu-se um
pouco de tudo: música, dança, poesia, cinema, humor, moda e cinema. Estas
expressões contaram com uma participação massiva de jovens talentos que
demonstraram que há cada vez mais interesse no seio dos artistas de
palmo-e-meio em aprenderem a nossa cultura.
A
coreografia da dança Zore, apresentada por 1500 crianças, que culminou com o
traçado da palavra “Wuyani” (que significa bem-vindos em bitonga), marcou a
recepção aos participantes do evento, na cerimónia de abertura, realizada no
Estádio Municipal de Muelé, na cidade de Inhambane.
Aquele
recinto desportivo, recentemente reabilitado, foi o palco principal do evento,
onde desfilaram algumas das maiores estrelas da nossa música e dança, com
destaque Jimmy Dludlu, Jaco e Otis, e também as bandas Timbila Muzimba,
Gorwane, Djaakas,Valongo, Massukos e a Companhia Nacional de Canto e Dança
(CNCD).
Se a cidade
de Inhambane foi a capital da dança e da música, já a da Maxixe, localizada na
margem oeste da baía de Inhambane, acolheu as feiras de gastronomia, palestras
e lançamentos de livros.
Na praça de
Vilankulo, na Maxixe, o ambiente era caracterizado por uma grande procura de
pratos nacionais, tanto por cidadãos nacionais e estrangeiros que viram aquela
como sendo uma oportunidade única para se deliciarem da gastronomia
moçambicana.
O lançamento
dos livros “Dentro da Pedra ou a Metamorfose do Silêncio”, do poeta moçambicano
Japone Arijuane; e “Fany Mpfumo e Outros Ícones”, da autoria de Samuel Matuss,
marcaram igualmente o evento. Houve também palestras e oficinas de cultura,
destacando-se a sobre a candidatura do Tufo, Xigubo e Mapiko à Lista do
Património Cultural Imaterial da Humanidade. A mesma foi proferida pelo
director-adjunto da Direcção Nacional da Acção Artística do Ministério da
Cultura, Almeida Nhampa.
Entretanto,
foi com a dança Xigubo, apresentada por 500 crianças do distrito de Morrumbene,
que, desenhando a palavra “Salane” (que quer dizer adeus em xitswa), no relvado
sintético do Estádio Municipal de Muelé, que Inhambane se despediu dos artistas
e do público, marcando o fim do VIII Festival Nacional da Cultura.
SOFALA
INSPIRA-SE EM INHAMBANE
Depois de o
primeiro-ministro, Alberto Vaquina, anunciar a província de Sofala como a
anfitriã do IX Festival Nacional da Cultura, o chefe da delegação daquela
província, Inácio Alice, falou ao “Notícias” manifestando a sua felicidade e
surpresa por ter a sua terra a acolher o próximo festival, em 2016.
Na ocasião,
o nosso interlocutor prometeu que Sofala tudo faria para fazer um festival
melhor, inspirando-se em Inhambane, que foi, segundo ele, uma província
hospitaleira e acolhedora.
Não era para
menos, Inhambane tinha-se preparado ao detalhe, e a Sofala só resta apreender
os aspectos positivos e aplicá-los daqui a dois anos, e saber dignificar o nome
e a honra daquela província do centro do país.
“Não
esperávamos ser escolhidos para acolher o próximo festival. O que nos resta
agora é nos inspirarmos em Inhambane para fazer um festival melhor. A nossa
estadia nesta cidade foi agradável. Não temos motivos para lamentar e
prometemos retribuir a hospitalidade em 2016”, disse.
No VIII Festival
Nacional da Cultura, Sofala fez-se representar por 80 artistas provenientes dos
13 distritos daquela província, numa disputa que envolveu 300 participantes.
FESTIVAL
POSITIVO
Falando a
jornalistas numa conferência de Imprensa de balanço do VIII Festival Nacional
da Cultura, Armando Artur afirmou que o objectivo do evento foi atingido, o
qual passava por levar as manifestações culturais moçambicanas às comunidades.
O ministro
da Cultura destacou como principais factores que contribuíram para o sucesso do
festival a entrega abnegada dos artistas, a hospitalidade do povo de Inhambane,
bem como a afluência do público aos locais onde decorreram as actividades
culturais.
Para o
timoneiro da pasta da Cultura, as enchentes que se verificaram nos locais de
actuação das delegações provinciais nas cidades da Maxixe e Inhambane e no
distrito de Jangamo são um sinal encorajador para o pelouro que dirige e os
estimula a reunir esforços para fazer um festival melhor em 2016. “Sinto que a
missão foi cumprida e este cumprimento nos coloca naturalmente um desafio de
fazer com que os próximos festivais superem este que agora terminou. O nosso
objectivo é ter um sucesso contínuo”, disse Armando Artur.
O ministro
Cultura destacou também como outro ponto positivo o registo da maior
participação de delegações estrangeiras num Festival Nacional da Cultura, em
número de seis, e acrescentou que houve necessidade de restringir a vinda de
outros grupos por razões de logística, visto que Inhambane tem uma capacidade
limitada de alojamento, mas também porque já se tinha atingido o número de
participantes pretendido.
Entretanto,
Artur vê como falhas na organização do festival a fraca participação do público
em eventos como lançamento de livros e palestras sobre literatura, motivada
pela fraca divulgação dos eventos nas universidades e escolas secundárias de
Inhambane, e também o não cumprimento de horários em alguns eventos, por causa
das longas distâncias entre os locais de alojamento e os espaços onde
decorreram as actividades.
Durante a
apresentação do balanço do Ministério da Cultura sobre o festival, os
jornalistas dos diversos Órgãos de Comunicação receberam medalhas de
participação pelo seu empenho na divulgação do evento e porque, conforme
Armando Artur, são, em parte, responsáveis pelo sucesso do mesmo.
VALDIMIRO
SAQUENE, In: Notícias, Quarta, 27 Agosto 2014
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