20 setembro 2012

GEOGRAFIA DO PATRIMÓNIO CULTURAL DE MOÇAMBIQUE


GEOGRAFIA DO PATRIMÓNIO CULTURAL DE MOÇAMBIQUE

Por Leonardo Adamowicz- Maputo,  2003

 INTRODUÇÃO


O presente dicionário, surge, primeiramente, com o objectivo de tornar mais acessíveis os termos e conceitos contidos  na Lei no 10/88 de 22 de Dezembro sobre a Protecção do Património Cultural de Moçambique. Pretende  contribuir para:

padronizar termos e conceitos usados para a identificação, inventariação, classificação e registo de monumentos;

formular um vocabulário sobre monumentos e suas diferentes categorias que sejam adaptáveis à realidade Moçambicana;

divulgar conhecimentos  gerais inerentes às disciplinas sobre monumentos como, história, arqueologia e arquitectura, através da definição destes conceitos.

Destinado a técnicos da área de protecção do património cultural de Moçambique, que têm como responsabilidade a preservação e valorização dos monumentos nacionais, é igualmente útil  para os estudantes de história, de geografia do turismo e de arquitectura. O público em geral poderá também beneficiar deste dicionário, familiarizando-se com a terminologia sobre património cultural. 

Procurou-se, ao longo deste trabalho, apresentar não sómente os termos e seus significados como também exemplifica-los, na medida do possível.

A partir de algumas palavras- chave como Locais Históricos e Arqueológicos sugere-se, neste dicionário, um conjunto de termos classificatórios sobre monumentos, que poderão ser usados de forma flexível e criativa, a partir dos seguintes princípios:

Locais e Sítios e suas diferentes categorias ( estação arqueológica, locais históricos, etc). Para estação arqueológica por sua vez ( gruta, estação ao ar livre, pinturas rupestres, estação sub-aquática, etc)

Arqueologia ( arqueologia de campo, gabinete e laboratório/ arqueologia experimental, de salvaguarda e funcional)

Tradição Arqueológica (Kwale- Matola, Broedestroom- Lydenburg, Gokomere- Ziwa, Monapo e Nampula)

Estabelece-se também o cruzamento de termos classificatórios, como acontece na definição de conceitos, conforme os exemplos seguintes:

Estilos arquitectónicos ( fortificação em arquitectura e em arquelogia);
Swahili (estação arqueológica e arquitectura);
Zimbábwé ( tradição arqueológica e estilos arquitectónicos), etc.;

Dentro da classificação sugerida, fornecemos ainda a descrição de exemplos como:

Locais Sagrados;
Locais Históricos;
Estação Arqueológica;
Arte Rupestre;
Amuralhados; 
Ruínas históricas, etc.

Sempre que na definição de um conceito se faz referência a outros termos usados neste dicionário colocam-se as palavras em itálico apresentando-se ainda, em alguns casos, as notas de rodapé. 

Os exemplos sobre termos e conceitos dos países regionais que o dicionário apresenta como do Zimbáwé, África do Sul, Botswana, Tanzania e Quénia surgem na medida em que estes se encontram relacionados com Moçambique.

As informações para a elaboração deste dicionário foram recolhidas durante as pesquisas do autor durante a realização do Projecto Arqueo-Antropologico no Norte de Moçamboique (1980 – 1994), no Departamento de Museus da Direcção Nacional do Património Cultural, no Arquivo do Património Cultural, no Arquivo Histórico de Moçambique, na Biblioteca do Departamento de Arqueologia e Antropologia da Universidade Eduardo Mondlane. Foram ainda consultadas algumas pessoas para esclarecimento  do significado de um e outro termo ou conceito sobre os monumentos. 

Das fontes usadas destacamos o arquivo de documentos da antiga Comissão dos Monumentos Nacionais e Relíquias Históricas (anterior à Independência Nacional), o roteiro histórico, resultante da Campanha Nacional de Preservação e Valorização do Património Cultural (1979- 82), bem como a Lista Preliminar de Monumentos de Moçambique elaborada em 1988, pelo extinto Serviço Nacional de Museus e Antiguidades.

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A

ABRIGO ROCHOSO - Local protegido das inclemências do clima por uma protecção lateral e no topo em rocha. Este tipo de local foi largamente utilizado pelos homens para o estabelecimento de acampamentos, realização de rituais e arte rupestre (cujos vestígios são descobertos através de um aturado trabalho de pesquisa arqueológica). É um tipo de estação arqueológica.

ACAMPAMENTO - No caso da Idade da Pedra Inferior conhecem-se sobretudo acampamentos ao ar livre (isto é uma instalação mais ou menos prolongada) com frequência  situados próximo de fontes de água (como lagos, rios, etc.) e de caça abundante. Há igualmente alguns artefactos e vestígios ósseos de animais usados na alimentação. De referir contudo que o homem habitava também com relativa frequência grutas e abrigos rochosos.

ACHEULENSE - Termo derivado da estação de St. Acheul, em França, onde as primeiras características tecnológicas deste período do Paleolítico/ Idade da Pedra Inferior foram inicialmente reconhecidas. O complexo industrial acheulense (pois que possui várias variantes industriais como a Sangoano, Fauresmith, etc.) é identificado através da presença de vários artefactos bifaciais característicos deste período, com especial destaque para os 'handaxex' e 'cleavers'.

ACRÓPOLE - É assim chamada a parte mais elevada do monte onde assenta uma das ruínas do Grande Zimbabwé. Todavia a Acrópole do Grande Zimbabwe, designada também por “Ruinas de Montanha” (Hill Ruins) não tinha a função de fortificação como, por exemplo, nas antigas cidades da Grécia, mas constituia um dos símbolos de poder da elite dirigente do estado Zimbabwé.

A.D. – (Ano Domini – lat. : Ano do Senhor) Designação usada para a periodização. Corresponde a “nossa era – n.e.” isto é a partir do ano 1 (um) da nossa era.   

ADOBE - (do árabe atob) - Terra argilosa trabalhada à mão ou em moldes e depois seca ao ar ou ao sol, mas não cozida. É utilizado para o fabrico de tijolos ou empregue directamente na construção de edifícios. Introduzido em Moçambique apenas a partir do século XX, o seu uso foi muito comum no Norte de Moçambique. Na zona Sul do país devido ao facto de a terra ser arenosa usava-se mais cimento ou terra cimento do que adobe na construção. A técnica de construção em adobe foi ensinada nas escolas de Artes e Ofícios para a formação de pedreiros, em Moçambique, durante o tempo colonial .



         ALDEIA - Povoação; pequeno lugar povoado, com casas, no meio rural. Tem sido usada no sentido de um conjunto de casas pertencentes a indivíduos ou grupos, economicamente independentes, embora reconheçam antepassados comuns. Os grupos desenvolvem ocasionalmente algumas actividades em conjunto (em geral ritos religiosos, e, eventualmente, defesa contra o exterior). Em pré-história, designa locais onde se fixaram as primeiras comunidades sedentárias agro-pastoris da África a Sul do Sahara, durante a Idade do Ferro Inferior. São exemplos, em Moçambique as estações de, Matola, Murrapaniwa, Muhekani, Mavita, Hola-Hola, Zitundo, etc. Com o desenvolvimento da criação de gado, comércio e mineração do ouro, a aldeia dá lugar mais tarde às cidades e aos centros estatais, como por exemplo em Manyikeni.

ALTAR- Local onde eram efectuados sacrifícios e oferendas aos deuses. É também assim denominada a parte do edifício de culto onde é realizado o serviço religioso; santuário.

ALUVIÃO- Utilizado geralmente no plural- aluviões. Sedimentos depositados por inundação (em cursos de água). Ex: ouro de aluviões, nas províncias de Manica e Tete.

ALVENARIA- Arte de construir em pedra e cal ou cimento; conjunto de pedras e outros materiais de construção ligados por argamassa.

AMEIA- Cada um dos pequenos parapeitos, separados por intervalos, na parte superior das muralhas, como nas ruinas de Quisiva.

AMURALHADO ZIMBÁBWÉ (“dry stone”)- Estrutura em pedras, geralmente de granito, sobrepostas sem argamassa a uní-las. Tinha como função delimitar a zona onde viviam os chefes, como símbolo de poder e prestígio. (ex: Grande Zimbábwé, Manyikeni). Entre os séculos XV-XVIII, assiste-se ao aparecimento de amuralhados com função defensiva, do estilo fortificação. Os tipos de amuralhados, geralmente coincidem com as fronteiras de olaria, no contexto da Idade do Ferro.
É vulgarmente conhecido como estrutura de pedra seca (“dry stone”). Para alguns autores amuralhado é um termo que significa “recintos muralhados ou murados”, englobando todas as ruínas de empedrado constituídas por complexos,   recintos, fortins, simples ou desmoronados, torres cónicas, sepulcros, bases onde assentaram palhotas habitacionais, etc.
Em Moçambique conhecem-se melhor  os amuralhados  de Nhamara (ou Niamara), Magure, Songo e Manyikeni. Outros amuralhados de Moçambique (província de Manica) são de datação e estilo arquitectónico incertos.
A maioria dos amuralhados Zimbabwe de Moçambique, conservam-se hoje como locais de culto.

Ver também: Ruínas de Messambúzi, Ruínas do Monte Marobsi, Ruínas do Monte Chibanda, Ruínas de Inhamanguene. 

ANGOCHE - Estação arqueológica, situada na província de Nampula. Depois do século XV estava ligada aos estados Maravi e Mutapa, que entraram em competição com os Portugueses para o controle do comércio na costa norte de Moçambique até ao século XX. Nesta altura os principais bens de exportação eram o marfim e os escravos.

ANTIGO - Que existiu outrora; que já passou (ver também arqueologia).

ANTIGUIDADE - Refere-se à época antiga da história das sociedades humana, como a antiguidade oriental e clássica (Grécia e Roma); objecto antigo ou monumento com valor arqueológico; relíquia.
Em Moçambique, o conceito “antiguidade”, aplica-se ainda a todos os prédios e edificações erguidas em data anterior ao ano e 1920, ano que marca o fim da primeira fase da resistência armada à ocupação colonial. Os bens culturais móveis importados e fabricados em data anterior a 1900,  são outros exemplos definidos pela LPPC.

ANTIQUÁRIO - Pessoa que se dedica ao comércio de objectos antigos.

ARINGA - Fortificação no Vale do Zambeze. Designa uma paliçada feita de estacas de madeira circundando um povoado. Mais de 30 aringas são conhecidas no Bárue (Manica); em Macanga no Zumbo, em Guengue/Mutarara (Tete) e em Massingir (Zambézia). (Exemplo: a aringa de Massangano, na confluência do Zambeze e Luenha, construida durante o século XVI. Teve particular importância na luta de Resistência à ocupação colonial).
Massangano fazia parte da via mercantil que conduzia às feiras. O local foi continuamente ocupado até 1880 quando o último dos grandes prazeiros Da Cruz conhecido como Bonga foi derrotado. Foi proclamado Monumento Nacional por portaria de 3 de abril de 1943.
Em Mangaja da Costa existiu outra aringa que também teve papel importante na luta anti-colonial. Esta aringa era conhecida como Linga.
Veja-se também Khokholo, Muconja, Menito, Njinga, ngomene e Geva.

ARQUEOLOGIA - (do grego archaios - antigo e logos - ciência). Este termo foi utilizado pela primeira vez por Platão (425-347 a.n.e.), filósofo Grego, ao se referir à ciência que tinha por campo de acção o estudo das antiguidades.
Hoje em dia este conceito refere-se à ciência que se dedica à prospecção, ao estudo e interpretação dos vestígios materiais deixados pelo homem e seres ancestrais durante a sua existência na terra.
Os arqueólogos podem executar as suas pesquisas em vários níveis e utilizar diferentes métodos tais como nos seguintes exemplos :
Pesquisa ambiental (Arqueologia ambiental) - Campo de pesquisa interdisciplinar envolvendo arqueólogos e investigadores de ciências naturais, com o objectivo de reconstruir formas passadas de plantas e os animais utilizadas pelo homem. Envolve ainda o processo da adaptação das sociedades passadas às alterações das condições do meio ambiente.
Pesquisa de campo - Conjunto de métodos de prospecção e escavação de elementos arqueológicos, descobertos a céu aberto, em grutas ou abrigos e mesmo submersos. Está ligada à arqueologia de laboratório e de gabinete. 
Pesquisa experimental - Método utilizado em arqueologia e que tem por objectivo a reconstituição dos processos de fabrico de artefactos, efectuando igualmente experiências com o fito de esclarecer as tarefas em que estes intervinham, bem como o grau da sua rentabilidade e produtividade.
Pesquisa funcional - Assenta na investigação do modo de fabrico e funções desempenhadas pelos artefactos com base no estudo dos traços de utilização deixados na sua superfície (quer a olho nu, quer através da utilização de microscópios). A partir destes, tenta identificar as actividades económicas em que os artefactos intervieram. É assim possível obter-se uma ideia aproximada do nível de desenvolvimento económico da comunidade, onde os artefactos foram produzidos ou utilizados.
Pesquisa de gabinete - Termo utilizado para caracterizar o estádio de investigação a que o arqueólogo se dedica, para, a partir dos objectos já descobertos, procurar respostas sobre conhecimentos, realizações de povos antigos (istoé, a formulação de hipóteses sobre determinada etapa do desenvolvimento histórico).
Pesquisa de laboratório - Estádio intermédio entre a arqueologia de campo e de gabinete. Inclui a investigação dos achados, sua conservação e restauro, várias análises, etc.

ARQUEOLOGIA DE SALVAGUARDA – É a realização de trabalhos arqueológicos destinados ao estudo  imediato e protecção de elementos, estações e monumentos arqueológicos ameaçados de destruição.

ARQUEOLOGIA HISTÓRICA - Abarca as civilizações dotadas de escrita e que se subdivide em:
Arqueologia clássica (grega, romana ou egípcia),
Arqueologia bíblica,
Arqueologia continental (Africana, Europeia, Americana, Oceânica, Ártica), cujas subdivisões serão quer geográficas quer históricas. Cada uma delas forma um ramo de estudo bem determinado, mas não separado dos outros.
Em Moçambique, como no Planalto do Zimbabwe, a arqueologia histórica é definida como sendo o estudo de estações arqueológicas, que podem ser interpretadas com o auxílio de evidências históricas datadas maioritariamente através de artefactos importados (como missangas, porcelana e outros).

ARQUEOLOGIA SUB-AQUÁTICA - Inclui a examinação de vestígios sub-aquáticos, quer sob toalhas de água doce (rios, lagos), quer no fundo dos mares e oceanos. A maioria dos vestígios sub-aquáticos é constituida por navios que naufragaram; mas encontram-se também restos de edifícios-portos (ex.: porto de Tiro) e mesmo cidades (ex.: Síbaris, na costa Sudeste de Itália). As suas estruturas foram submersas por uma transgressão marítima, abaixamento dos terrenos costeiros, ou ainda sepultadas  sob aluviões fluviais ou lodos lacustres (caso particular dos cenotes). Alguns navios repousam sobre fundos rochosos, sendo relativamente fáceis de escavar (desde que não se encontrem em grandes profundidades, como acontesse ao longo da costa norte Moçambicana). 

"ARQUEOLOGIA" CLANDESTINA - Demasiados amadores, e sobretudo interesseiros, executam escavações arqueológicas por conta própria. Alguns destes escavam clandestinamente, isto é, sem autorização oficial, a fim de satisfazer a sua paixão e encontrar uma resposta para os problemas que põem,  esforçando-se por fazer obra científica (e alguns deles têm capacidades para isso). Outros só fazem arqueologia com interesses lucrativo. Longe de procurar testemunhos, documentos, buscam, perseguem, o objecto. Apenas este lhes interessa, pois poderá ser vendido por boa conta aos antiquários ou aos coleccionadores. Assim, não só, todos os anos se perdem milhares de testemunhos (porque um objecto isolado do contexto é um objecto morto, certamente identificável, mas não utilizável como testemunho), como ainda se destrói um número maior de provas. Escavações remexidas, introdução de elementos estranhos, destruições ocasionais, fazem com que toda a investigação científica posterior seja sabotada: a estação torna-se ininteligível. Por vezes, os escavadores clandestinos estão organizados em bandos muito bem equipados, porque a venda das antiguidades é rendosa. Uma das formas de combater a arqueologia clandestina é a publicação de leis, como é o caso, em Moçambique, da LPPC e do "Regulamento de Protecção do Património Arqueológico". A UNESCO aprovou, em 2001, uma proposta de Convenção sobre a Protecção do Património Cultural sub-aquático.

ARTEFACTO - Qualquer objecto modificado por um conjunto de atributos físicos que podem ser assumidos como resultantes da acção humana.

ARTE PARIETAL - Pinturas e relevos produzidos nas paredes de grutas e abrigos rochosos.

ARTE RUPESTRE - Conjunto de manifestações artístico-simbólicas representados nas paredes e tectos de cavernas e abrigos rochosos (arte parietal). As principais manifestções consistem em pinturas e há várias interpretações sobre o significado da arte rupestre, como as seguintes:
teoria da "arte pela arte", que defende a hipótese segundo a qual os nossos antepassado se dedicariam à arte pelo simples prazer estético;
para outros estas representações simbólicas estariam ligadas a práticas de magia ou feitiçaria: é a teoria mágica ou simbólica (pretendiam, por exemplo, apelar aos antepassados e deuses para a obtenção de bons resultados no decurso de uma caçada);
certos investigadores defendem a ideia de estas práticas artísticas estarem relacionadas com uma procupação psicológica ligada à sexualidade (necessidade de reprodução social).   

Em Moçambique foram até agora descobertas várias pinturas rupestres nas zonas montanhosas das províncias de Manica, Zambézia, Tete, Nampula e Niassa. A sua variedade, tanto no estilo como no conteúdo, permite-nos deduzir que foram realizadas ao longo de várias épocas, desde a Idade da Pedra Final até às Primeiras Comunidades Agro-Pecuárias, altura em que os povos Bantu povoaram esta região. 

Exemplos de pinturas rupestres existentes em Moçambique:

Pinturas rupestres do Monte Chinhamapere, na Serra do Vumba (província de Manica) - Devem ter sido feitas há cerca de 8000 anos. O tão conhecido friso dos seis caçadores com arco e aljava, pintadas a ocre escuro, situa-se na parte superior de um grande painel com cerca de 3m2. Podem observar-se dezenas de figuras de animais e humanas, todas pintadas em várias cambiantes de ocre, laranja, castanho e vermelho. Esta pintura faz-nos lembrar essas intermináveis marchas dos caçadores em linha, pelos carreiros de África, de arco na mão e aljava às costas, a procura de caça.
Por toda a Serra Vumba, existem vários pequenos abrigos rochosos. Evidenciam-se, através deste tipo de manifestação artística, a presença humana em tempos remotos.

Ainda no monte Chinhamapere, relativamente próximo do painel anterior, está um magnífico antílope representado quase em tamanho natural. Destaca pelo seu realismo e pela delicadeza do traço com que foi executado.

Pinturas rupestres do monte Musé, perto de Iapala (província de Nampula). Apresentam também figuras humanas de caçadores assim como animais, pintados a ocre escuro. Instrumentos de pedra encontrados em pesquisas arqueológicas sugerem que estas pinturas deverão remontar ao período final da Idade da Pedra.

Pinturas rupestres da Serra de Riane (província de Nampula). Apresentam um estilo característico, de certo modo homogéneo e diferente das outras pinturas atrás referidas (Serra do Vumba e Musé). Escavações arqueológicas demostram que este local foi habitado ao longo de várias épocas a partir de há cerca de cinco mil anos, data mais antiga recolhida. A sua decifração é muito mais enigmática, pois, dá-nos a ideia de que um grande simbolismo que transparece em cada imagem. Parece evidente que inúmeros motivos apresentados se relacionam com a fertilidade, enquanto outras mostram homens lidando com animais. Trata-se possivelmente de povos pastores. Nota-se grande sobreposição de figuras, muitas das quais já quase indecifráveis, que atestam igualmente a utilização deste abrigo rochoso durante um período bastante longo. 

Pinturas rupestres de Namolepiwa (província de Nampula, Distrito de Monapo). Podem ser consideradas a "arte moderna" da pintura rupestre. Os seus motivos simbólicos e geométricos pintados a branco, fazem lembrar uma escrita indecifrável. No entanto, podem ser identificadas diversas figuras tais como dois lagartos, instrumentos utilizados na agricultura e mesmo certos distintivos já de influência colonial como a cruz, que atestam a data relativamente recente da sua execução.

Pinturas rupestres de Chiúta (província de Tete), onde estão gravadas patas de muitos animais. 
Pinturas rupestres do monte Chinkópalé, (província de Tete, Localidade de Tsungo, Distrito de Moatize), onde está gravada a palma da mão de uma pessoa.
Pinturas rupestres de Furancungo (província de Tete, Distrito de Macanga).

A maioria das pinturas rupestres  de Moçambique, conservam-se hoje como locais de culto.

ÁRVORE DOS ANTEPASSADOS - Designa um local de culto, praticado debaixo de uma árvore, em algumas regiões de Moçambique. Como as pessoas viajam ou mudam do local habitual de residência utilizam esta árvore como local de culto em substituição das sepulturas:
Na província de Tete (Boroma) são praticados dois tipos de culto:

Culto ocasional - É restrito a família (para solicitar a protecção dos antepassados em caso de viagem, doença, etc.);
Culto periódico - É geral (para solicitar aos antepassados boa colheita, chuva, etc.).
Nas linguas shangana e shope a árvore dos antepassados é denominada Ganzelo, termo que designa o altar onde se fazem libações (em árvores de fruto como mafurreira, canhoeiro, maçala,etc.).
Os Yaos, makhua - metho e lomwe (Zambézia)   praticam o culto numa arvore denominada Musolo.
Entre os Ngunis os túmulos dos antepassados eram sinalizados com certas plantas.
Em quase todo o país é utilizado o embondeiro como árvore dos antepassados.

ATRIBUTO- Trata-se da característica mínima de um artefacto, de tal modo que esta não possa ser subdividida. Os atributos são normalmente definidos pela forma, côr, estilo, decoração e matéria prima.


B

BAMBANDYANALO - Estação arqueológica situada no vale do Rio Limpopo, na zona norte do Transvaal (África do Sul), onde uma ocupação da Idade do Ferro teve lugar entre os séculos XI-XII a.n.e. Uma grande colina representa os vestígios deixados por ocupações sucessivas (sob a forma de grandes povoados), cuja economia estava assente na criação de gado bovino.
Esta estação está associada ao complexo Mapungubwe.
A cerâmica e outros artefactos sugerem fortes afinidades com estações contemporâneas na região do Bulawayo (Zimbabwe).

BANTU – Designação dada por um filólogo Alemão, Withelm H.I. Bleek no século XIX: Kintu e Bi-ntu=coisa. Mn-nto e bantu= homem ou pessoas. Bantu é, assim, um catálogo linguístico. Crê-se que os Bantu são originários dos Camarões. A sua dispersão na  África Sub-Sahariana é associada, pelos arqueólogos, ao uso generalizado de utensílios de ferro e à origem da agricultura e pastorícia. Todavia, o modo da sua  dispersão deu lugar a correntes de migração bantu divergentes, entre os arqueólogos. 

BASE DA LUTA ARMADA DE LIBERTAÇÃO NACIONAL (Província de Niassa) - Local Histórico, classificado por lei (LPPC). Trata-se da primeira base operacional da Frente de Libertação de Moçambique durante a luta armada de libertação nacional, localizada no Monte Chitanda, Distrito de Mavango (província do Niassa). Daqui partiam os guerrilheiros da Frelimo para atacar zonas ocupadas.

Base Ngungunyane – Local Histórico da Luta Armada de Libertação Nacional que se localiza no Distrito do Lago, Niassa.

BAZARUTO - Arquipélago situado na região centro-meridional de Moçambique, na província de Inhambane. Subordina-se aos distritos de Vilankulo e Inhassoro.
O arquipélago de Bazaruto é conhecido há séculos, pela sua riqueza em recursos faunísticos, marinhos, beleza das suas praias e segurança para os naufrágios. É classificado à luz da LPPC como elemento natural.
Em 1890 na Ilha existia o "comando militar do Bazaruto".
Em 1891 foi fundada a companhia de pesca da Pérola de Bazaruto.
Em meados do século XX, Joaquim Alves, iniciaria uma inovação na Ilha, a actividade turística, incluindo também as áreas de Inhassoro e Vilankulo.
A existência de espécies zoológicas únicas no oceano Índico e Pacífico determinou que em 1971 se criasse o Parque Nacional do Bazaruto, constituido pelas ilhas de Santo António, Santa Isabel e Bangué.
Há, no local, estações arqueológicas pertencentes à “Constelação Hola-Hola”.

BENS CULTURAIS IMÓVEIS (BCI)  - Compreendem as seguintes categorias:
- Monumentos, conjuntos, locais ou sítios e elementos naturais. Estes bens podem ser classificados  (por possuirem um valor excepcional e  gozarem de uma protecção especial por parte do Estado. São exemplos, os prédios e edificações erguidos em data anterior ao ano de 1920, e os monumentos arqueológicos, como as pinturas rupestres, as ruínas Swahili, Zimbábwè, de entre outros).
Os BCI, de acordo com a sua importância, podem ainda figurarem na lista de bens classificados do Património Mundial, mediante proposta de candidatura feita pelo país à UNESCO (Organização das Nações para a Ciência, Educação e Cultura), como por exemplo a Ilha de Moçambique.

BENS CULTURAIS MATERIAIS - São bens culturais tangíveis imóveis e móveis com valor arqueológico, histórico, bibliográfico, artístico e científico.

BILENE - Estação arqueológica  localizada no distrito do mesmo nome, a norte da província de Gaza. Situa-se no topo da primeira duna ao sul de um elevado arenito costeiro de calcário perto da saída da lagoa de Bilene. É a única nesta parte da costa que se encontra ligada periódicamente ao mar.
Foram encontrados nesta estação cinco concheiros, contendo olaria e artefactos de pedra.
Reveste-se de grande importância para o estudo das primeiras comunidades de agricultores, a sul de Moçambique.

B.P. – Significa “before present”, isto é antes do presente. Sigla usada para a periodização na datação do radio-carbono (C14) a partir do ano 1950.    

BROEDERSTROOM - Aldeia das Primeiras Comunidades Agro-Pecuárias situada perto de Pretória, na África do Sul. É datada entre 350 a 600 anos A.D. O tipo de olaria presente sugere que estas populações se encontravam em contacto com outras que viviam mais para o norte e leste (como Zitundo, em Moçambique).

C

CABACEIRA GRANDE e CABACEIRA PEQUENA - Dois povoamentos antigos situados de fronte da Ilha de Moçambique para norte, cujas características arquitectónicas são idênticas  às da Ilha de Moçambique. Algumas das construções patentes é possível que incorporem as construções swahili antigas. Mais investigações arqueológicas são necessárias para demonstrar claramente esta hipótese.

CAMADA CULTURAL – É a camada de terra contendo achados arqueológicos, ou a modificação do solo devido a actividades humanas.

CAMPUS UNIVERSITÁRIO -  Estação situada no campo principal do Campus Universitário (da Universidade Eduardo Mondlane), na cidade de Maputo.
Localizada no topo com uma vista para o mar e coberta de areia vermelha é de todas as estações da tradição Matola a que apresenta a maior ocorrência de vestígios arqueológicos.
Encontra-se numa área privilegiada para a exploração dos recursos marinhos e terrestres, numa distância de cerca de 15 Km da linha directa da estação arqueológica de Matola e a 30 km ao longo da costa.

CANTARIA - Pedra rija lavrada regularmente para construções.

CARBONO 14 (C14 ou rádio-carbono)- Método de datação absoluta para achados orgânicos. Os organismos vivos contém uma quantidade constante de C14 (carbono radioactivo), idêntica à da atmosfera e que pode ser medida. Quando os organismos morrem, cessa a aquisição daquele C14. Com o tempo a reserva acumulada, vai diminuindo, em proporção sempre igual, uma vez que não pode ser substituída. Com base na análise do C14 existente, é possível calcular a época em que o organismo morreu, desde que se tenha conservado sem contaminações. Este método permite datar vestígios de 5-10.000 até 40-70.000 anos (madeira, carvão vegetal, turfa, couro, tecidos, conchas, marfim, ossos, etc).
Quando um objecto é datado a partir deste método, a datação obtida apresenta-se da seguinte forma: 3621±180 anos (onde 180 representa a derivação standard). Significa que a data pode variar entre 3441 e 3801).  

CAVERNA- Cavidade subterrânea; gruta, onde existem estações arqueológicas.

CENOTE- Poço natural, utilizado com fins religiosos.

CENTRO HISTÓRICO- Lugar onde determinado acontecimento foi notável e digno de figurar na história. Lugar mencionado pela história ou relativo à história.

CENTRO REGIONAL- Refere-se aos centros históricos que dependiam de um estado central como o Estado Zimbabwe ( século XIII-XIV). Pagavam tributos para o sustento da elite diriginte do estado central.

CENTROS DE MINERAÇÃO DE OURO- Designam locais históricos na província de Manica e Vale de Zambeze. Tiveram um papel importante para o estabelecimento das feiras, em Moçambique, entre os séculos XVI e XVII.

CERÂMICA -  É o barro depois do aquecimento a uma temperatura superior a 400oC- suficientemente elevada para poder provocar uma alteração química, ou seja a expulsão da água das molécolas da argila. O barro é misturado com uma quantidade de matéria arenosa chamada têmpera. A têmpera pode ser de palha, pó de areia, pedras, conchas, ou mesmo cacos reduzidos a pó. Existem três maneiras de fabrico do vaso de argila:
- feita à mão;
- roda de oleiro (ver olaria);
- por meio de molde.
 É difícil saber como foi inventada. No Paleolítico Superior o homem já sabia fabricar figurinos de barro. No entanto só com a sedentarização é que a invenção da cerâmica se deu simultâneamente em várias regiões. 

CHAIMITE- Local Histórico na província de Gaza, distrito de Chibuto.
O nome provável desta região era Ixali-Mithe, o que significa transplantar árvores. A povoação de Chaimite foi fundada por Sochangana (1821-1858) que existiu em 1895 a alguns quilómetros do túmulo de Sochagana. Sochangana fundou em Chaimite o estado de Gaza. O monumento Ixai- Mithe fica perto da estrada que sai do distrito do Chibuto em direcção ao distrito de Guijá. É uma construção em alvenaria, feita em 1941 no lugar onde se encontrava a palhota do rei Ngungunyane, preso pelos Portugueses, em 28/12/1895.
Após a sua prisão, os Portugueses ergueram no local um monumento com estátua de Ngungunyane, uma das mulheres e um dos filhos, onde Mouzinho de Albuquerque tem um punhal na mão.
Chaimite é o local onde o rei Manukusse ou Sochangana, tinha estabelecido o seu reino, encontrando-se a sua sepultura.
O monumento de Chaimite foi destruído pela população local em 1974.

CHIBUENE- Estação arqueológica localizada na Baía de Vilankulo, a cerca de 50 km de Manykeni, na província de Inhambane. A sua identificação e escavação arqueológica veio enriquecer substancialmente os dados relativos aos inícios das transacções mercantis no Índico. Entre os objectos encontrados aparecem exemplares de loiça vidrada dos séculos IX a X A.D.

Os achados encontrados em Chibuene demonstram conclusivamente que o sul de Moçambique estava integrado na antiga rede comercial do Oceano Índico. Eles sugerem que os estabelecimentos costeiros a sul do rio Save matinham ligações com o norte e que Chibuene constituiria um possível local de penetração de mercadorias destinadas às sociedades da Idade do Ferro Inicial no interior, assim como as pertencentes à tradição Kutama do planalto do Zimbabwe e do vale do Limpopo.

Dos materiais analisados, o vidro parece ser de origem Persa. A porcelana é igualmente de fabrico Persa ou Chinês e as missangas possivelmente Indianas. A fonte mais óbvia do ouro que foi encontrado, testemunhado por objectos, é naturalmente o planalto do Zimbabwe.

A fase de ocupação tardia em Chibuene compreende um povoado bastante extensivo contemprâneo com Manykeni e a parte tardia da Tradição Zimbabwe.
Chibuene é considerado o maior concheiro conhecido, até agora na África Austral.

CHICOA- Ruínas Zimbabwe, localizada na província de Tete, na Velha Chicoa. Seria uma das cidades fortificadas, juntamente com os outros Zimbabwes localizados nas margins do Rio Zambeze, o de Songo e  M’ire Nhantékwe.
Encontra-se submerso devido a construção da albufeira de Cahora-Bassa.

CHONGOENE- Concheiro da costa localizada na província de Gaza (perto da cidade de Xai-Xai). É conhecido pelos seguintes sub-grupos:

Chongoene I- Localiza-se a cerca de 1.300 metros do Hotel da praia do Chongoene, seguindo pela estrada Nacional nº 1 do Xai-Xai, no topo de uma duna antiga já consolidada.
Chongoene II- Localiza-se a 300 metros do Hotel da praia do Chongoene em direcção da antiga praia Sepúlveda (Xai-Xai). Foi identificado num pequeno vale entre dunas, através do vulgar anontoado de conchas.
Chongoene III- Seguindo pela estrada da costa a cerca de 1.500 metros do Hotel da praia do Chongoene o concheiro aparece numa encosta ligeira.

Chongoene IV – Durante a construção do Hotel da praia do Chongoene a abertura das suas fundações pôs à vista um concheiro denominado “Chongoene IV”.

CIDADE- Povoação que, pelo seu crescimento, deu origem a novas actividades, para além da agricultura e criação de gado. Todavia, o número de habitantes não é suficiente para caracterizar uma cidade. É a complexidade organizacional e económica que permite mais fielmente caracterizar uma cidade. O comércio, as actividades artesanais e/ou indústriais, a existência de centros religiosos e uma acentuada diferenciação social acompanham o desenvolvimento das cidades.

CIDADELA- Recinto fortificado no interior de uma cidade fortificada.

CIVILIZAÇÃO - Entende-se muitas vezes por este termo a etapa em que se encontram certas culturas no decurso do desenvolvimento da história da humanidade.
Para certos autores como Gordon Childe, uma civilização distingue-se de uma cultura pelo aparecimento de cidades (ditos “centros urbanos”), como centro das actividades comerciais, económicas e políticas.

CLASSES DOS AMURALHADOS- Refere-se aos estilos arquitectónicos propostos por Anthony Whitty, a partir dos estudos efectuados no Grande Zimbábwé. A técnica de construção dos amuralhados evoluíu desde a pobre “P”, qualificada “Q” e a rústica “R”, e ainda a “PQ”.
O amuralhado da classe P é construido de forma regular com blocos estendendo-se horizontalmente, mas com muita inconsistência nas camadas de pedra.
Em contraste, os amuralhados da classe “Q “são mais regulares, com blocos aproximadamente rectangulares, bem nivelados e com aparência de alvenaria.
As muralhas da classe “R” são de novo mais grosseiras na sua construção, com alguns blocos da classe “P” ou “Q” interseptados por fragmentos irregulares de pedra. A classe “PQ” parece ser intermediária entre as classes “P” e “Q”, com algumas das feições de ambos os estilos.
 Alguns autores, todavia, como Kundishora Chipunza consideram esta classificação antiquada.

CLASSICISMO- Qualidade do que é clássico. Tendência arquitectónica baseada na imitação dos modelos da antiguidade grega e romana.

“CLEAVER”- Instrumento maciço em lasca que apresenta um largo bisel (que forma o gume) transversal, resultante do encontro de duas superfícies de lascagem. Este gume transversal é limitado por dois bordos retocados, apresentando o artefacto a forma de U ou V. Trata-se de um artefacto característico do acheulense. Por vezes é designado em Português por machadinha.

COCOLENE- veja Khokholo.

COMPLEXO- Grupo consistente de artefactos que pode ser indicativo de um conjunto de actividades económicas ou de uma tradição cultural comum.

COMPLEXO ARQUEOLÓGICO - Conjunto de estações arqueológicas num mesmo local ou de um mesmo período.
Os complexos arqueológicos podem ser também considerados abertos ou fechados. No caso dos complexos fechados os objectos foram deixados na mesma altura num determinado local. No caso dos complexos arqueológicos ditos abertos, estes representam não um instante, mas um período de tempo (uma vez que os objectos foram acumulados paulatinamente). Exemplos: 
Massingir, onde instrumentos líticos foram produzidos noutros locais, transportados por águas do Rio dos Elefante e se acumularam por aluviões.
Complexo arqueológico de Chifumbázi, designação dada pelo arqueólogo, David Phillpson quando se referia a todo o período da Idade do Ferro Inferior da África Austral e Oriental. O termo “Chifumbázi”, foi atribuído após a identificação da gruta do mesmo nome na província de Tete, por Carl Wiese, em 1907. Nesta estação foi escavada, pela primeira vez, a olaria característica do I milénio A.D.
Entram dentro do “Complexo Chifumbázi”, todas as tradições arqueológicas das Primeiras Comunidades Agro-Pecuárias, em Moçambique (designadamente, Kwale-Matola, Broesdestroom-Lydenbur, Gokomere-Ziwa e Nampula).

COMPLEXO INDUSTRIAL- Refere-se a um agrupamento de indústrias consideradas como representando elementos de um mesmo conjunto.

COMUNIDADE DE AGRICULTORES E PASTORES (OU AGRO-PECUÁRIAS/PASTORIS)- Designação dada pelos arqueólogos na África Austral, em substituição da Idade do Ferro. Os arqueólogos dividem estas comunidades entre o período inicial (Primeiras comunidades) e tardio. Estes períodos correspondem ao primeiro e segundo milénios A.D., respectivamente.  Todavia, estes são termos cronológicos no sentido restrito. Referem-se também a unidades arqueológicas com certos estilos de cerâmica e tipos de economia.
Cronológicamente, as Comunidades de agricultores e pastores são agrupadas em “Primeiro milénio” e “Segundo milénio”, respectivamente:
O período inicial (0-1000 anos) compreende os primeiros utilizadores do ferro- agricultores falantes de Bantu e seus descendentes imediatos. O surgimento destes agricultores varia de região para região. Nunca partilharam um estilo de cerâmica comum ao longo da África Austral e Oriental. As divisões dentro deste estilo, conhecido como Complexo Chifumbázi – são frequentemente disputadas. Há, todavia, uma similaridade e relações históricas genéricas que este Complexo representa. Tal consenso não existe para o período tardio (1000-1900 anos). Alguns arqueólogos acreditam que uma tradição singular de cerâmica e nova economia se espalhou virtualmente ao longo de todo o continente Africano nos finais do primeiro milénio A.D. Outros apontam para mudanças de cerâmica em diferentes períodos e lugares. Outros insistem que as relações de produção mudaram, sem que houvesse qualquer movimentação de pessoas ou mudança de cerâmica.
As relações entre unidades de cerâmica na África Austral e Oriental constituem uma sequência cultural e histórica que se estabeleceu ao longo do tempo. A interpretação desta sequência dividiu a opinião, principalmente, entre os arqueólogos, David Phillipson e Thomas Huffman. 

CONCHEIROS - Restos de cozinha e de desperdícios diversos, fundamentalmente constituídos por conchas. Encontram –se sobretudo junto à costa, como por exemplo, Chongoene e XAI-XAI, na província de Gaza e Chibuene, na província de Inhambane.
Na generalidade, localizados no topo de dunas costeiras, os concheiros reconhecem-se pelas enormes quantidades de conchas que contêm e dão ao local uma fisionomia absolutamente típica. O estudo dos concheiros reveste-se de grande importância para o esclarecimento dos primeiros povoamentos costeiros, em Moçambique.

CONFIGURAÇÕES ESPACIAIS - São as formas como o espaço físico são concebidos  de maneira a respeitar qualquer organização social, política ou económica. O Kraal, obedecia a estas formas, onde a casa do chefe da família ficava no centro, as casas das mulheres em torno, entre outros exemplos.

CONGERENGE - Edifício histórico,  localizado na província do Niassa, no distrito de Mandimba, em Mitande. Foi a primeira Sede da então “Companhia Colonial de Algodão do Niassa”. Foi um Centro bastante famoso, devido ao empreendimento da produção algodoeira, sobretudo, devido ao nefasto sistema de recrutamento de mão de obra ora empregue.

CONJUNTO- Um grupo de artefactos que ocorrem no mesmo local e espaço temporal, representando a soma das actividades humanas aí desenvolvidas.

CONSTELAÇÃO HOLA-HOLA (“HOLA-HOLA CLUSTER”)- Designa o agrupamento de estações arqueológicas na região sul-centro do país, pertencendo à Tradição Gokomere-Ziwa. Fazem parte desta constelação, as estações do complexo Bazaruto (Duna de Bazaruto, Ponta Dundo 1 e 2), Chibuene, Nhanchengue, Hola-Hola e Mavita. O termo deve-se a Paul Sinclair.

CONSTRUÇÃO (CONSTRUÇÕES) - Designa edificações de diversas formas e volumes (quadrados, circulares, piramidais,etc.), feitas de diversoas materiais, de acordo com os estilos arquitectónicos.

CONTEXTO: É a compreensão do objecto ou achados arqueológicos, em relação com:
O achado em si e outros achados
O achado e a situação em que se encontra

CONVENTO - Edifício onde habita uma comunidade religiosa. Exemplo: Convento de S. Domingos, na Ilha de Moçambique. O primeiro convento de S. Domingos foi construído em  1578, mas foi destruído em 1607 pelos Holandeses. O segundo convento, ainda existente, foi constuído em 1662. Em 1799 foi nele instalada  a primeira escola oficial primária de Moçambique. Até 1821 serviu de alojamento aos padres. Em 1826 metade do edifício foi transformado em quartel e 1840 foi aqui instalada a primeira fiação de algodão em Moçambique. Em 1875 foi nele alojada a Repartição de Obras Públicas, sucedendo-lhe, em 1935, o tribunal da Comarca.

COOLELA- Local Histórico, na província de Gaza, distrito de Manjacaze:
Antes da chegada dos N’gunis e Portugueses, a região de Coolela não era zona residencial, mas uma simples planície. Neste local, o rei dos N´gunis ordenava os seus indunas e guerreiros descansar, realizando as suas diversas cerimónias familiares. Os N’gunis para não se esquecerem de um lugar que se lhes apresentou com condições apreciáveis chamavam-no “Khumbye”, porque o rei assim se dirigia aos seus súbitos: “ A Mihambe Musse Khumbye”.
Pensa-se que o nome “ Khumbye” teria, assim, derivado desta forma e que mais tarde os Portugueses veriam a designá-lo Coolela pelo qual a regiãpo passou a designar-se.
As primeiras habitações em Coolela, foram construídas pelos Portugueses  quando estes travaram guerra contra Ngungunyane. Sabe-se que, os Portugueses sabendo da presença de Ngungunyane em  Mandlakaze, fixaram-se em Coolela onde traçaram os seus planos de combate e partiam para atacar Ngungunyane.
Nesta região, durante o período das guerras de resistência, travou-se a grande batalha de Coolela, onde milhares de Moçambicanos, entregaram as suas vidas contra a penetração colonial Portuguesa.
Após a prisão de Ngungunyane, os Portugueses regressaram novamente a Coolela onde se fez a campanha de recolha dos ossos dos guerrilheiros Portugueses. 
Os Portugueses obrigaram homens, mulheres e crianças para carregarem pedras, das quais foi construido o monumento em 7 de Novembro de 1895. Foram guardados os cachões dos ossos pertencentes aos guerrilheiros Portuguese, até 1975 ( ano da independência Nacional), quando o monumento foi destruído.

CORRENTES DE MIGRAÇÃO BANTU- Existem várias opiniões sobre a migração Bantu. Um grande debate tem havido entre os arqueólogos David Phillipson, o qual defende duas correntes, e Thomas Huffman, que considera haver três correntes de migração Bantu:
- David Phillipson. Sugere que toda a Idade do Ferro Inferior da África Oriental e Austral deverá ser denominada Complexo Chifumbáze. Dentro do complexo Chifumbáze, Phillipson identifica a “face ocidental”, a qual inclui colecções de cerâmica da Zâmbia ocidental e do Zaire. A face oriental, por ele identificada, é subdividida pelo grupo costeiro, sinónimo das estações da Matola e um grupo do interior, que inclui a olaria de Gokomere.
Phillipson sugeriu ainda que os falantes de Bantu se moveram em duas direcções: O primeiro grupo moveu-se ao longo do norte e depois do oriente florestal, adquirindo gado e cereais de falantes do Sudão Central. Este grupo é responsável pela produção da olaria Urewe. As línguas Bantu faladas por este grupo hoje foram esquecidas, embora os contactos e influências do Sudão se preservem ainda como relíquia. O segundo grupo falante da língua Bantu viajou dos Camarões através da floresta equatorial para Angola e norte da Namíbia, constituindo o grupo ocidental linguístico. No fim do primeiro milénio estas comunidades espalharam-se para o leste, levando consigo a olaria da Idade do Ferro Superior e as línguas do Oriente, incluindo o Shona, Sotho-tswana e Nguni. Estas línguas são faladas até hoje.

 - Thomas Huffman. Vê na primeira corrente uma ligação entre a olaria da África Oriental e Austral, incluindo a cerâmica conhecida como Urewe e Nkope da África Oriental e Central, e da Matola (ou Silver Leaves), tradição a sul do Limpopo. A datação do radiocarbono das estações do Transval e da costa para o norte de Durban varia entre os anos 200 e 400 A.D. A segunda corrente é distinta da primeira. Passa através do Zimbábwe cedo no primeiro milénio e é representada pela olaria conhecida por Bambata, e depois atravessa o Rio Limpopo para o Transval, Natal e Zululândia. A olaria deste grupo foi denominada Tradição Lydenburg. O radiocarbono varia entre 400 e 900 anos A.D. A segunda corrente é vista como substituíndo a primeira e é a a forma mais espalhada e duradoira da Idade do Ferro Inferior  a sul do Limpopo. A terceira corrente de Huffman vem ao Zimbábwe para substituir a olaria Bambata. Estas novas cerâmicas foram designadas Tradição Gokomere, situando-se no final do primeiro milénio. Esta tradição é contemporânea da Tradição Lydenburg, formando a Idade do Ferro Inferior, entre os rios Limpopo e Zambeze.

Tem havido igualmente um desacordo entre David Phillipson e Thomas Huffman no que se refere a transição da Idade do Ferro Inferior para a Idade do Ferro Superior. Um ponto de vista é que houve uma completa ruptura no fim do primeiro milénio, com a nova olaria vindo de novo do norte. Huffman argumenta ao contrário, indicando que a evidência da cerâmica sugere uma situação de longe mais complexa. No lugar de um simples movimento do norte para o sul, Huffman argumentou que, por causa do crescimento da população a sul oriental, os sucessores da Tradição Lydenburg movimentaram-se de volta para o norte, recolonizando o Zimbábwe e deixando uma olaria que Huffman designou Tradição Kutama. Esta interpretação deu lugar à controversa teoria do sul sobre a migração Bantu de Huffman.

CORTE- Residência de um soberano (rei ou chefe).

CREMATÓRIO- Local onde se pratica a incineração. Em   Moçambique é praticada, essencialmente pelos crentes da religião Hindu.

CROMÁTICO- Relativo a cores.

CULTURA- Conjunto de conhecimentos e comportamentos (técnicos, económicos, religiosos, rituais, etc.) que caracterizam uma determinada sociedade humana.
O conceito de cultura foi desenvolvido com vista a descrever os distintos sistemas de adaptação utilizados pelas diferentes sociedades. A cultura é assim tratada como a forma primária de adaptação ao meio-ambiente.

CULTURA ARQUEOLÓGICA - Conjunto cultural específico, definido geralmente através de  um grupo de estações arqueológicas com as mesmas afinidades ou aparências nos atributos e padrões de artefactos, como na decoração da olaria ( veja tradição arqueológica).
Certas culturas arqueológicas da Idade do Ferro, na África Austral, são caracterizadas por evidências de fundição de ferro, criação de animais domésticos, uso da enxada para o cultivo, presença de povoamentos (aldeias) e olaria.

D

DHAKA- Termo  de  origem  Nguni, que  significa  argila  dura.  A  sua função é de barrear ou maticar soalhos e paredes de certas construções  como a maioria de palhotas em Moçambique, em especial a casa shona de arquitectura tradicional. Este termo é vulgarmente utilizado dentro do estudo da arquitectura dos zimbabwes.
DEGUE- Bairro perto da cidade de Tete. O nome do local está associado com uma das aringas do Vale do Zambeze. Nas suas proximidades, em Mufa, foi identificada uma estação arqueológica.  Prospecções e  escavações arqueológicas levadas a cabo desde 1999 evidenciaram  olaria local e importada (incluindo outros objectos, como missangas e garrafas de vidro, também importados). A olaria local encontrada é heterogénea, mas a presença de objectos importados testemunha interacções culturais, através de trocas comerciais, no Vale do Zambeze. Esta estação é conhecida por Degue-Mufa.


DESCOBERTAS FORTUÍTAS- São todos os vestígios materiais e elementos arqueológicos que tenham sido descobertos ocasionalmente. Incluem-se os que são detectados em trabalhos de escavação, remoção de terras e outros,  que não visem directamente a investigação arqueológica.

DHLO-DHLO (ou DANAMGOBE)- Ruínas  Zimbawe, situadas a 80 km a leste de Bulawayo (Zimbabwe). O nome deriva de Dlodlo, que significa em língua Ndebele “isibongo” ou “ nome de louvor”.

A principal construção consiste em duas plataformas enormes, sendo a ocidental de forma subrectangular e a oriental subtriangular. À semelhança de Khami, as ruínas de Dhlo-Dhlo são estruturas complexas.
E

EKWATI OKUSI CLEVALANE- Local de culto, onde se imagina haver uma cobra com 7 cabeças, na província de Cabo Delgado.

ELEMENTOS ARQUEOLÓGICOS - São todas as evidências e bens  materiais móveis e imóveis, ou qualquer traço de existência do homem, que tenha sido detectado ou possa vir a ser detectado à superfície, no sob-solo, leito de águas interiores e plataforma continental. A partir destas evidências  podem ser extraidas informações arqueológicas sobre o passado da Humanidade. Os elementos arqueológicos são protegidos por Lei, e só possíveis de ser removidos ou escavados, com recurso a meios científicos e técnicos apropriados e lincenciados pela autoridade competente, incluindo:

objectos produzidos pelo homem,  como instrumentos e artefactos de pedra ou ferro, cêramica, vestígios de adornos em metal, vidro ou osso, vestígios de construções, edifícios e obras, emtre outros;
vestígios humanos, antigos cemitérios, jazigos ou locais de enterramento;
vestígios paleontógicos, geológicos e outros vestígios naturais de fauna ou flora, associados aos objectos e vestígios humanos;
outros vestígios que podem auxiliar em questões de datação e esclarecimento.

ELEMENTOS NATURAIS – São formações físicas e biológicas que tenham particular interesse do ponto de vista estético ou científico, incluindo:
as informações geológicas e fisiográficas e áreas que constituam o habitat de espécies ameaçadas de animais ou plantas de grande valor do ponto de vista da ciência e da conservação da natureza;
as áreas delimitadas de reconhecido valor sob o ponto de vista da ciência ou de conservação da natureza, nomeadamente parques e reservas, (como o “Parque Nacional do arquipélago do Bazaruto”)

ELÍPTICO (construção elíptica)- Designa o tipo de construção em elipse, que é comum em certo tipo da arquitectura tradicional e pré-colonial (zimbabwes). Está representada em Moçambique, na forma curva, plana e fechada de algumas palhotas e outras construções. A curva é uma cónica, simétria em relação  a dois eixos perpendiculares, um dos quais comtém dois eixos.

ENTRESPOSTO COMERCIAL - Grande armazém ou depósito de mercadorias existente na antiga feitoria e centros comerciais mercantis.

ESCAVAÇÃO ARQUEOLÓGICA – É qualquer acção de escavar, explorar vestígios raros ou retirar testemunhos de estações arqueológicas. Tem o objectivo de descobrir e estudar evidências históricas, antropológicas, paleontológicas e outros elementos associados.

ESTAÇÃO AO AR LIVRE - Podem ser assim designadas as estações situadas a céu- aberto, ao contrário das que se localizam em grutas ou abrigos rochosos. Podendo ser estações com grandes sequências estratigráficas (indicadores de prolongados períodos de habitação) ou apresentar apenas um pequeno número de artefactos, constituindo assim a prova de existência de uma estação ao ar livre de curta duração. Exemplo: Estação arqueológica de Matola.

ESTAÇÃO ARQUEOLÓGICA - Qualquer local onde se encontrem vestígios evidentes de antigas actividades humanas.
Podem ser encontradas estações arqueológicas de superfície (geralmente estações situadas a céu - aberto ( ao ar livre), ao contrário das que se encontram situadas nas grutas  ou abrigos rochosos. Caracterizam-se pela distribuição superficial do material ou com estratigrafia (disposição do material por horizontes arqueológicos distintos).
As estações situam-se a céu- aberto, em grutas ou abrigos rochosos ou ainda em águas de mares, lagos, etc. (estações submarinhas)

ESTAÇÃO SUBMARINA (OU SUB-AQUÁTICA)- Veja arqueológia sub-aquática.

ESTRATIGRAFIA - Estudo da deposição e características das camadas geológicas sobrepostas. O estudo dos estratos fornece ao arqueólogo possibidades de investigação e datações comparativas dos vestígios aí encontrados.


F

FEIRAS - Centros de trocas comerciais relacionadas com a expansão Portuguesa em Moçambique, entre os séculos XVI e XVII A.D.  As feiras localizavam-se em encruzilhadas do comércio inter-comunal, perto de águas perenes e nas proximidades dos centros de mineração de ouro ou de outros depósitos minerais como o cobre e pedras preciosas.

FEITORIA- Grandes estabelecimentos comerciais com características de colónias comerciais dos árabes que existiram ao longo do litoral de Moçambique. 
Feitoria, traduzido em francês “Comptoir arabes”, o que significa armazém com administração para venda. O termo feitoria foi mal empregue em Moçambique porque a maior parte dos comerciantes árabes tinha quantidades limitadas de mercadorias. O que existia eram povoações de marinheiros, pescadores da costa, onde outros comerciantes podiam hospedar-se.
No  século XVI havia navios inteiros com vários comerciantes, que junto à uma povoação estabeleciam um acampamento e punham artigos à venda (barracas temporárias).
No século XIX, no período das oleoginosas, quase toda a costa de África estava cheia de feitorias- casas com armazém. Fazia-se a compra e venda de mercadorias.
Exemplos: feitoria da Casa Regi (em Quelimane); feitorias de Inhambane (1890); feitoria Holandesa, Britânica, entre outras.
A feitoria Portuguesa centralizava as operações comerciais, as contas da Fazenda Real, a vigilância da entrada e saída, de carga e descarga dos navios. Controlava as relações diplomáticas, etc.

FORNOS DE FUNDIÇÃO DE FERRO- A origem da técnica de fundição de ferro na África Austral e Oriental está associada  às estações arqueológicas das Primeiras Comunidades Agro-Pecuárias e com a expansão Bantu. Exemplos: Estação arqueológica de Matola. Na província do Niassa foram identificados os seguintes fornos de fundição de ferro:
Muapula, em Maúa; Ngaúma, em Ngaúma; Nanlicha, em Marrupa; Titande, em Mandimba; Massangano, em Massangulo e Itepela, em Ngaúma.
FORNOS DE FUNDIÇÃO DE FERRO DA CHINTIWI- MARÁVIA- Nos distritos de Angónia, Macanga, Chiúta, Marávia, Zumbo e Cahora-Bassa (provínia de Tete) existem restos de fornos  de fundição de ferro. Alguns aparecem semi-enterrados com uma vegetação por cima já desenvolvida, o que indica a antiguidade da Idade do Ferro. Em alguns locais da província é ainda empregue o processo tradicional de fundição de ferro para a produção de utensílios de trabalho (tais como machados, enchadas, setas para caça, facas e outros utensílios de uso doméstico).

FORTALEZA - Construção de arquitectura militar constituida por um muro rijo de defesa, do tipo de um castelo. Exemplo: a Fortaleza de São Sebastião, na Ilha de Moçambique.

FORTIFICAÇÃO- Construção de arquitectura militar de resistência aos ataques dos inimigos do género de um castelo.
Estilo Fortificação- Em arqueologia emprega-se o termo fortificação para designar um edifício militar, como o dos amuralhados zimbabwe, que se caracteriza pelos seguintes aspectos:
Fortificação simples como em Mapungubwè, na África do Sul: os amuralhados geralmente circundam palhotas, sendo as paredes colocadas bruscamente face a face.
Fortificação caracterizada pela existência de buracos nos amuralhados “loopholed stone structure”, como os encontrados nos montes de Muchekayawa e Chegurve, a norte de Harare e em Nyanga no Zimbabwe. É assim designada usando os seguintes critérios:
o Relatos escritos e orais sobre incursões armadas na área;
o Localização no topo do monte de difícil acesso;
o Entradas mostrando evidência de trabalhos de defesa;
o Uso de penhascos como defesas naturais;
o Presença de furos/buracos.

FÓSSIL - Designação dada a todo e qualquer resto ou vestígio de animais, plantas ou pegadas de épocas muito remotas. Os vestígios aparecem conservados (petrificados) nas rochas. O termo fóssil abrange restos de insectos; pegadas e impressões de folhas, mas é usado com mais frequência para as ossadas conservadas no solo devido a um processo químico.
Este processo, designado fossilização, transforma-os em rocha, substituindo a sua substância natural por minerais, mas conservando a sua configuração exacta e mesmo a sua textura.

FOSSO- Escavação aberta para impedir o acesso às fortificações e entrincheiramentos por parte do inimigo.


FUSÃO ETNO-CULTURAL PRÉ-BANTU-  Hipótese levantada por Senna Martinez, referindo-se à associação do período pré-bantu com elementos já Bantu. Esta hipótese foi colocada com base no exame de vestígios cerâmicos de concheiros de Moçambique.

G

GEVA- Em língua tsonga (ou chopi) significa vala ou circunvalação, com funções de aringa. Exempo: Geveni de Nhareluga em Inharrime.

GOKOMERE- Estação arqueológica das Primeiras Comunidades Agro-Pecuárias, datada do século V-VII A.D. Situa-se no Centro do Zimbabwe e relaciona-se com estação a de Ziwa. Em Moçambique esta tradição é mais conhecida através das estações de Hola-Hola, Mavita e Ponta-Dundo.

GOMENE-  Ruínas Swahili.

GRAFITOS- Sinais, palavras (e mais raramente frases) gravadas em objectos de cerâmica, no estugue, pedras, etc..

GRUTA- Caverna natural ou artificial. Exemplo: gruta de Changalane, na província de Maputo.



H

“HAND- AXE”- (literalmente “machado de mão)- Instrumento característico da nova etapa de desenvolvimento tecnológico da humanidade, o acheulense. Trata-se de um isntrumento (fabricado a partir de um pedaço de rocha, num calhau ou numa lasca), de talhe bifacial (com um topo aguçado. Possui uma base direita, oval ou côncova), com a consequente utilização da técnica de retoque para o aperfeiçoamento final dos seus gumes (geralmente um dos extremos é ponteagudo).

HOLA-HOLA- Estação arqueológica das Primeiras Comunidades Agro-Pecuárias, localizada nas margens do rio Save. Datada do século IX A.D., está mais próxima da tradição de penetração planáltica das populações do Zimbabwe (tradição Gokomere-Ziwa). As evidências são de molde a afirmar a existência de maiores e mais permanentes agregados populacionais em áreas privilegiadas para a agro-pecuária. Em Hola-Hola ainda são visíveis 27 montículos resultantes da acumulação de detritos de alimentação, celeiros e das antigas unidades de habitação da aldeia. Esta estação foi identificada em 1977.


HORIZONTE ARQUEOLÓGICO- É a unidade estratigráfica e cultural mínima que pode ser definida em qualquer estação arqueológica. Um horizonte arqueológico é representado pela distribuição num determinado estrato e numa determinada área, de traços idênticos ou de artefactos.
I

IDADE DA PEDRA (PALEOLÍTICO)- Termo proposto por vários investigadores a partir de meados do século XIX. Refere-se ao período em que os artefactos de pedra eram acompanhados de faunas hoje extintas (neste caso com o mesmo significado que Paleolítico (do grego Paleos –antigo e lithos –pedra, o que significa literalmente “período da pedra antiga”).
Todavia este termo aplica-se para o desenvolvimento característico deste período na Europa e na Ásia-Próximo Oriente).

A Idade da Pedra é assim a etapa inicial do processo de desenvolvimento humano, em que a matéria-prima principal utilizada para o fabrico  de artefactos é a pedra.

Este termo é usado a sul do Sahara, dentro de uma sequência tripartida:

Idade da Pedra Inferior;
Idade da Pedra Médio;
Idade da Pedra Superior.

Em Moçambique, a maior parte das estações da Idade da Pedra, ao sul do rio Save se encontra situada ao longo das bacias dos rios que atravessam a região:

Rio Maputo- Uma estação;

Rio Tembe (com os seus afluentes mais importantes: Maziminhane Changalane)- 14 estações; 

Rio Incomáti (que tem como afluentes da margem direita a ribeira do Major, e da esquerda o Sabié, Massintonto, Uanetze e Maimechopes)- 41 estações;
(Todos estes rios desaguam na baía de Maputo)

Rio Limpopo (com o Rio dos Elefantes (ou Balul) e Changane como afluentes)- 18 estações;

Rio Save - Uma estação.

IDADE DO FERRO - Na região Austral de África conhece-se grosso modo o período do ferro, no contexto do desenvolvimento tecnológico da idade dos metais (cobre, bronze e ferro). A Idade de Ferro é caracterizada pela utilização maciça de instrumentos fabricados deste metal, subdividindo-se em:
Idade do Ferro Inferior ;
Idade do Ferro Superior.

A Idade do Ferro, é muitas vezes, definida pelas culturas ou tradições.

Para a região da África Austral, vários investigadores preferem o uso do termo  Comunidades de Agricultores e Pastores, no lugar da Idade do Ferro.

IGREJA- Construção religiosa; templo cristão. Exemplos: a igreja de Boroma, na Província de Tete, a igreja da Misericórdia, na Ilha de Moçambique e a igreja de Nossa Senhora do Livramento, na província da Zambézia.

ILHA DE MOÇAMBIQUE- Situa-se na província de Nampula, a Norte de Moçambique. Tem cerca 3 km de comprimento por 200 a 500 m de largura. Possui uma ponte que serve de ligação com o continente.
 A Ilha de Moçambique tornou-se um entreposto chave para a actividade comercial no Oceano Índico quando os Portugueses lá se estabeleceram no século XVI. Foi capital de Moçambique até ao século XIX.
A arquitectura da cidade criada ao longo de 400 anos é notável pela sua homogeneidade: alvenaria em pedra calcária, ocre colorido e telhados planos para acumulação da água das chuvas. Reflecte vários estilos arquitectónicos, nomeadamente:  Swahili, Árabe,  Indiano,  Português e Indo-Português.
Os principais edifícios históricos da Ilha de Moçambique (século XVI-XIX) são: 
- Fortaleza de São Sebastião e a Capela de Nossa Senhora do Baluarte
- Palácio de São Paulo
- Convento de São Domingos
- Igreja da Misericórdia
- Fortaleza e Igreja de Santo António
- Fortim de São Lourenço
- Igreja Hospital
- Hospital
- Mesquita

Embora não haja dúvidas da presença de influências de arquitectura Swahili, especialmente em  relação às mesquitas, as construções que podemos considerar como evidência da arquitectura swahili antiga ainda não foram encontradas na Ilha de Moçambique. Somente a realização de escavações arqueológicas extensivas poderão revelar a evidência de povoamentos antigos na Ilha de Moçambique.
É um conjunto urbano, englobando a Cidade de Macúti e a Cidade de pedra e cal. Por sua vez, o conjunto urbano está inserido numa micro-região que integra a parte insular e uma porção significativa do continente adjacente (cidade de Lumbo). Entre as partes integrantes há uma certa interação e interdependência.
É um bem do Património Mundial proclamado pela UNESCO, em Dezembro de 1991, de acordo com os critérios (iv)e (vi):
O critério (iv) aplica-se às obras que representam um tipo de construção ou um conjunto arquitectónico que ilustra um período histórico significativo.
O critério (vi) refere-se à ligação entre eventos históricos que tenham tido significado universal e o lugar em avaliação.
A proclamação  da Ilha de Moçambique como bem do Património Mundial significa o reconhecimento internacional pelo valor histórico, natural e ambiental deste local, testemunhado pela rica herança patrimonial, que chegou até aos nossos dias.
Há  uma placa comemorativa, com os seguintes dizeres:
“Conjunto Urbano da Ilha de Moçambique Património Cultural da Humanidade. UNESCO, Dezembro de 1991”.
A placa foi inaugurada pelo então Ministro da Cultura e Juventude de Moçambique,  Doutor José Mateus Muária Katupha, em Julho de 1992.
A partir dos trabalhos arqueológicos levados a cabo em 1994, os arqueólogos concluiram que toda a Ilha de Moçambique é uma  estação arqueológica. A escavação revelou uma importante colecção de olaria local e importada ( principalmente porcelana), como também de ossos e carvão para datação. A maioria da porcelana e exemplares de olaria importada é de origem Europeia ou Chinesa. Este espólio é datado dos séculos XVIII a XIX A.D. Estes resultados mostram a necessidade de se levar a cabo investigações mais detalhadas, na área.

INCINERAÇÃO- Tipo de sepultura em que os restos mortais de um elemento de uma dada comunidade são queimados, inteira ou parcialmente. As cinzas são por vezes jogadas à água (Índia), ou depositadas em urnas, em fossas, monumentos, etc.

INDÚSTRIA- Designa, em arqueologia, o conjunto de todos os objectos manufacturados por uma população numa dada região e num lapso de tempo preciso. Exemplo: Indústria lítica (da Idade da Pedra).

“IN SITU” (PRESERVAÇÃO “IN SITU”)-Diferentemente dos bens culturais móveis que são coleccionados e depositados num museu, os bens culturais imóveis são preservados “in situ”, isto é, no próprio local onde foram encontrados.

Os objectos que constituem parte integrante de um bem imóvel  que têm de ser protegidos como monumento, deverão ser deixados dentro do monumento. Esta é a  prática normal de conservação.
 A remoção do monumento ou parte deste e seu reassentamento noutro local, como princípio, não deve ser encorajada. A principal função dos profissionais e instituições responsáveis pela conservação do patriomónio cultural deve ser a de assegurar a conservação deste no seu contexto histórico.

O verdadeiro contexto do monumento e elementos que o compõem é o local onde este foi construido.

INUMAÇÃO (do latim humus-terra)- Tipo de sepultura em que os restos mortais são enterrados, encerrados ou preservados num monumento.


J
JAZIDA- 
JAZIGO- Lugar de sepultura. Pode também ser considerado o lugar de acumulação mineral cuja importância permite uma exploração lucrativa.


K

KALAMBO FALLS - Estação arqueológica situada perto da espetacular queda de água de Kalambo Falls, no Lago Tanganyika (na fronteira entre a Zâmbia e a Tanzania). Aqui foi encontrada uma boa sequência de depósitos arqueológicos que se estendem do acheulense final (190-60.000 anos), do Sangoano, e até a Idadedo Ferro (até finais do primeiro milénio da nossa era). Foi aqui que foram descobertos os vestígios mais antigos de madeira fóssil em África. Estes objectos de madeira mostram ter sido trabalhados pelo fogo. Nesta estação foram ainda descobertas umas covas, interpretadas como locais para dormir. Eram protegidas por um quebra-vento construído em pedra.

KATUTA MABWE- Nome porque é conhecido o Zimbabwe do Songo, significando em Shinhugwe ( uma das línguas da província de Tete) “carregar pedras”.

KHAMI - Veja Zimbabwe.

KHOKHOLO-  Forticação de paliçada do século XVIII usada no Distrito da Manhiça ( Província de Maputo). Corresponde ao termo Muconja na língua bitonga do início do século XIX , tendo funções de aringa.

KRAAL- É uma sebe geralmente de forma circular feita de pau-a-pique ou de árvores e arbustos espinhosos. Serve para a defesa tanto contra inimigos espirituais -feiticeiros- como  animais ferozes e expedições armadas de povos estranhos.

KWALE - Estação arqueológica encontrada no Quénia, cuja olaria datada de 100-200 A.D. Tem formas aparentadas com Urewe (Tanzania), distribuindo-se por toda a costa oriental, representada pela olaria “canelada”. A distribuição de olaria aparentada evidencia a expansão de um grupo Bantu ao longo da costa Oriental da África e por uma pequena faixa interior acompanhando o Lago Niassa. A sul é evidenciada por estações com olaria característica de Matola.


L

LACA-LACA- Material de construção que consiste em vergas atadas com que se fazem as casas, principalmente na zona costeira do norte de Moçambique e em Sofala. Tem influência Swahili e Portuguesa.

LEI DE PROTECÇÃO DO PATRIMÓNIO CULTURAL (LPPC) - Lei nº 10/88 de 22 de Dezembro sobre a Protecção do Património Cultural de Moçambique. Define os conceitos fundamentais, indica os órgãos e mecanismo para os diversos procedimentos e cria o quadro jurídico e institucional necessário à efectiva salvaguarda e defesa do património cultural de Moçambique. O Conselho Nacional do Património Cultural foi criado pela LPPC.

LYDENBURG - Estação arqueológica da Idade de Ferro Inferior situada no Transvaal (África do Sul), ocupada por agricultores durante o século VI A.D. Foram encontrados povoamentos do primeiro milénio, sendo o melhor exemplo conhecido “Lydenburg Heads Site”. 
 A tradição Lydenburg ocorre nos espólios de Zitundo, Caimane, Tembe e Inhaca (estações da Tradição Matola). Como Zitundo está reflectido em Matola foi deduzido que Lydenburg constitui a corrente ocidental da Tradição Matola, relacionada com a migração Bantu.

LISTA DO PATRIMÓNIO MUNDIAL- Documento da UNESCO onde estão assinalados os bens culturais e naturais que se consideram de valor universal excepcional. Em virtude desse facto, os bens merecem ser especialmente protegidos para as futuras gerações. Exemplo: a Ilha de Moçambique.

LISTA TENTATIVA- É a lista de bens do património cultural e natural que um país submete à UNESCO para a candidatura de bens capazes de integrar a Lista do Património Mundial.
Em 1990, Moçambique submeteu à UNESCO a lista tentativa de bens culturais e naturais de Moçambique (como, a Ilha de Moçambique, Ilha do Ibo, em Cabo Delgado, Pinturas Rupestres de Riane, em Nampula e de Serra Vumba, em Manica, o Zimbabwe de Manyikeni, em Inhambane e o “Great Inselberg Archipelago”, em Nampula e Zanbezia).
Desta lista foi aprovada, por enquanto, a Ilha de Moçambique como bem classificado do Patrimómio Mundial da UNESCO. 

LOCAIS DE CULTO- Lugares sagrados onde se fazem cerimónias religiosas aos antepassados, santos e a Deus. Exemplos:  árvore dos antepassados,  mesquitas, igrejas, capelas, entre outros.

LOCAIS HISTÓRICOS - São locais ou sítios conhecidos essencialmente com base em fontes escritas ou orais. Exemplos: Chaimite e Coolela, na província de Gaza, (nos Distritos de Chibuto e Manjacaze, respectivamente).

LOCAIS OU SÍTIOS  - São obras do homem ou obras combinadas do homem e da natureza e ou áreas confinadas de reconhecido interesse arqueológico, histórico, estético, etnológico ou antropológico.

Consideram-se locais ou sítios:
Estação arqueológica;
Centros de poder das sociedades pré-coloniais, suas capitais e principais aglomerados populacionais, locais de culto entre outros; 
Centros de mineração de ouro; fornos de ferro;
Lugares em que se registaram acontecimentos históricos importantes das sociedades pré-coloniais ( nomeadamente os campos de batalha das guerras de resistência contra a penetração colonial, os locais de massacres e os locais históricos da luta armada de libertação nacional);
amuralhados, ruínas, aringas;
Lugares relacionados com o tráfego de escravos;
Entrepostos comerciais e feitorias;
Lugares de antigas feiras ou centros comerciais de troca;
Lugares  que contenham objectos de interesse antropológico, arqueológico ou histórico.

LUMBO - Existem duas estações arqueológicas no Lumbo (Província de Nampula): Lumbo Ponte e Lumbo Praia. A estação de Lumbo Ponte está situada perto da actual localidade deste nome na parte Norte do princípio da ponte que dá acesso à Ilha de Moçambique. Esta estação apresenta um extenso concheiro, cortado pela estrada.
A estação de Lumbo Ponte é importante porque foi a primeira a providenciar uma colecção significante de olaria, que permitiu a caracterização de uma tradição arqueológica  comum a um número considerável de estações localizadas na zona costeira das províncias de Nampula e Cabo Delgado. É designasa “Tradição Lumbo”.
A estação Lumbo Praia apresenta uma olaria relacionada com a “Tradição Sancul”( Veja Sancul).

M
MABVENI- Aldeia das primeiras comunidades de agricultores e pastores, situada no planalto do Zimbabwe, perto de Masvingo. Fica entre dois montes de granito, perto de um pequeno curso de água. Foram encontradas as estruturas mais antigas de habitação construídas pelos primeiros agricultores na África Austral.

MACALOE - Macaloe (12º00’ S 40º35’ E) situa-se na parte mais setentrional do arquipélago das Quirimbas, onde se encontra um forte português do século XVIII-X-X.
No local foi encontrada uma Estação arqueológica da Tradição Lumbo.

MACHEMA- Estação arqueológica,  localizada no vale do Limpopo pertecente ao estilo tardio Khami (Zimbabwe).

MACÚTI – Construção de pau-a-pique, com cobertura de quatro-águas, assente em bambú. O tecto é retocado e feito em mangal ou bambú. As paredes exteriores são constituidas por uma fileira de estacarias de madeira espetadas no chão no intervalo de 50 cm e reforçadas com canas de bambú atadas horizontalmente com cordel de sisal ou fibras de vegetais. São rebocadas com argamassa de cal  ou barro em ambas as faces e posteriorimente caiadas com cal pigmentada.
O lado maior de macúti forma a fachada para a rua, com a porta principal ao centro.
Sob o amplo beiral do telhado e ao longo de toda a sua extensão, encontra-se um patamar levantado ou uma plataforma de pedra, que funciona como uma zona de estar semi-privada. Daqui os moradores podem  assistir ao que se passa na rua e meter conversa com quem passa. Na época quente, as varandas são também utilizadas como áreas de dormir e as relações sociais na rua tornam-se mais intensas.
A casa caracteriza-se pela existência de um corredor central que faz a ligação entre as varandas abrigadas e o quintal nas traseiras da casa. Possui também um pequeno quarto de banho com lavatório e urinol junto de cada quarto ou para cada dois quartos.

MAGUDE A e B- Estação arqueológica, localizada no distrito de Magude, província de Maputo. Situada na margem esquerda do rio Incomáti, a 45-50 m sobre o mar foi posta a descoberto com a abertura da trincheira para a passagem do caminho de ferro, logo a seguir à ponte.
Sobre o grés erosionado pelo mar, encontra-se a camada arqueológica coberta por areias vermelhas de origen eólica. Aquela camada tem fornecido em abundância peças típicas e perfeitas do Acheulense Superior, não roladas nem polidas, ligeiramente patinadas. Pertecem, provávelmente, ao Sangoano e ao Fauressmith.
O mar que erosionou o grés deve ser o da transgressão anterior ao  “Older Gravels” e as areias que cobriam o grés devem ter sido depostas durante o grande interpluvial que se seguiu ao “Younger Gravels”.
É assim uma estação de boa referência não só para o estudo da arqueologia pré-histórica regional mas também da cronologia do Quaternário.
Contém ainda indústrias mais antigas com utensílios rolados, do Paleolítico Inferior, algumas das quais  foram reaproveitadas mais tarde.
Aquando da visita efectuada por elementos do Departamento de Arqueologia e Antropologia, em 1978, foi referenciada uma nova estação a cerca de 500 m a montante da ponte do caminho de ferro.
MAGUE - Nome de um distrito, localizado na província de Tete, traduzido da palavra “Mábué”, que na língua local significa “pedras”.

MAGURE - Ruínas Zimbabwe situadas a 8 milhas a sudeste de Nhamara. Estas ruínas não se localizam no topo de uma alta montanha como as de Nhamara, mas numa elevação, quase na planície. Há 8 fundações de habitações. Estudos comparativos da arquitectura de Magure e Nhamara, mostram que ambas pertecem ao mesmo  período e tradição.

MANYIKENI (Zimbabwe de Muabsa/Estação arqueológica)-  localiza-se no sudeste de Moçambique, na província de Inhambane. Olaria e outros elementos encontrados em Manyikeni- habitado entre 1200  e 1600 A.D. - ilustram a sua estreita semelhança com o Grande Zimbabwé e outras estações desta tradição.
Manyikeni teria, possivelmente, constituído um entreposto comercial interior-costa, controlando a Baía de Vilankulo e assegurando um rápido escoamento de mercadorias. Entre os produtos importados contam-se inúmeras missangas de vidro colorido, porcelanas, loiça vidrada e finas garrafas de vidro. De possível manufactura local existem braceletas de cobre e ferro, colares de conchas marinhas, enxadas, pregos, um elegante gongo, contrapesos de roca de barro para fiação de algodão e consideráveis quantidades de olaria. São todos eles produtos semelhantes dos restantes centros regionais e do Grande Zimbabwè.
As ruínas de Manyikeni foram proclamadas monumento e relíquia histórica por portaria de 21 de Novembro de 1959 e nova publicação ractificada: BO nº 22, 1ª série, 28 de Maio de  1960.

Em 1979, foi inaugurado no local um Museu ao ar livre, designado também Museu de campo (“site museum”). O museu arqueológico de Manyikeni é o primeiro deste tipo, em Moçambique.

MAPUNGUBWÉ (complexo arqueológico)- é uma pequena colina de granito, situada na margem sul do rio Lipompo, a norte do Transvaal. A população que habitou o local, de acordo com evidência linguísticas, era shona, venda e sotho (de origem Bantu).
A colina é ladeada por um pequeno monte de Mapungubanyana (pequeno Mapumgubwe) e contém três  rampas de acesso.
Uma pequena colina para o sul e ocidente de Mapungubwe é conhecida por “Bambandyanalo”. O período de ocupação de Mapungubwe é de 250 anos. Datações radiocarbónicas indicam que as primeiras construções surgiram abaixo do monte no século XI A.D. e a cidade estendeu-se ao longo do topo de Mapungubwe no início do século XII A.D.
O desenvolvimento do povoado em Mapungubwe está relacionado com a denominada “revolução de gado”, embora o comércio com o Índico tenha jogado um papel importante.
A presença de objectos significativos relacionados com ritos sagrados, sugerem  que Mapungubwe se teria constituido  como um importante centro religioso.
Mapungubwe  ficou proeminente porque a bacia do Limpopo foi a primeira área no interior da África Austral a ser integrada na rede comercial com o oceano Índico.
Mapungubwe foi sucedido por Grande Zimbabwè e outros centros políticos (estados) que se desenvolveram, a partir do século XIII A.D. e mais tarde (séculos XV-XVIII A.D.) como, Mutapa, Torwa e Rozvi.
Em Mapungubwe construiram-se amuralhados que se crê de origem similar do Zimbabwe, cuja arquitectura inclui os seguintes tipos ou estilos:

Tipo Mapungubwe: as pedras numca assentam uma em cima da outra, nem estão colocadas regularmente. Consistem em blocos colocados sem observar qualquer método de construção, sendo os espaços entre si preenchidos com pequenos fragmentos de pedras. Não há ornamentação. O amuralhado é de forma circular.
Tipo Dhlo-Dhlo: a alvenaria consiste em finas pedras juntas e colocadas regularmente, geralmente bem niveladas e bem colocadas. Existe ornamentação. A similaridade entre estes amuralhados com Dhlo-Dhlo e Naletale (ou Nanatali), em Zimbabwe sugere uma origem comum.
Tipo Fortificação: geralmente similar ao Mapungubwe, mas tardio, evidenciado pelos objectos encontrados (Veja fortificação).
Tipo Dzata (antiga capital dos Vendas):  não há, ou a construção é aparente, sendo as pedras escolhidas para serem colocadas uma em cima da outra, sem preencher uma camada de pedra. A ornamentação por vezes está presente embora pouco frequente. O fim das muralhas é frequentemente quadrado.

MARYLAND- Estação arqueológica,  localizada no vale do Limpopo, com amuralhado do tipo Dhlo-Dhlo, pertecente ao complexo Mapungubwe.

MASSINGIR- Designação de várias estações arqueológicas, situadas na província de Gaza, no vale do rio dos Elefantes. Há espólios que vão da Idade da Pedra Inferior à Idade do Ferro (Comunidades de Agricultores e Pastores). 
Sugere-se que uma sociedade de criadores de gado e agricultores alí esteve estabelecida por um determinado período. Praticava o comércio a longa distância: Estações 1/72 e 2/75. A estação arqueológica 1/72, datada pelo carbono 14 do ano 900 d.C., apresenta as mais antigas evidências em Moçambique de criação de gado bovino. Há missangas de cobre importadas, evidenciando a existência de comércio regional, provavelmente com Palaborwa, região produtora de cobre na África do Sul. A ocorrência de missangas de vidro e conchas marinhas na estação 2/75, mostra a integração posterior desta sociedade no sistema comercial internacional através do Oceano Índico.

MATOLA- (Estação arqueológica) -  Estação ao ar livre da Idade do Ferro Inicial, localizada perto da cidade de Maputo, no sul de Moçambique. A sua descoberta em 1975, foi o início do estabelecimento de relações entre diferentes estações com base na semelhança entre as colecções de framentos de olaria encontrada.
Tornou-se evidente a estreita semelhança entre os processos de decoração dos recipientes de barro e a sua forma, numa grande região que se estende desde o sul de Moçambique ao Quénia, incluíndo estações como Silver Leaves no norte do Transvaal e Kwale no Quénia.
- (Tradição arqueológica)- datada do primeiro  ao quarto século n.e- é conhecida através de estações localizadas ao longo da costa de Moçambique e arredores. Reveste-se de particular interesse porque representa a primeira expressão conhecida das comunidades de agricultores e pastores na África Austral.

MAVITA - Estação arqueológica das Primeiras Comunidades agro-pecuárias. Foi descoberta por Ricardo Teixeira Duarte perto da cidade de Chimoio, em 1975. Apresenta os primeiros indícios de extensão para a costa de Moçambique  da Tradição de olaria designada por Gokomere, que se espalha pelo planalto interior do Zimbábwe

M’BIRE NHANTEKWE-  Ruínas zimbabwe, localizada no distrito do Zumbo na província de Tete, na fronteira com a República do Zimbabwe. O amuralhado de Nhantékwe era de argila medindo cerca de 500 m de circunferência. Encontrou-se no local uma tumba de argila e pedra, localizada a sul de um embondeiro “muito alto”. Toda a área era vista como sagrada. Há  uma arma de fogo provavelmente de origem Goesa juntamente com armas do rei de Portugal D. Manuel, incluindo a de origem Árabe.
Alguns autores consideram M’bire Nhantekwe como uma das capitais do Estado de Mutapa.

MBWESI- Ruína histórica existente na ilha de Vamise.

MONAPO - Pela observação de alguns fragmentos de olaria foi evidenciado o parentesco do material da tradição Kwale-Matola com o de Monapo. É o caso por exemplo da olaria encontrada na estação de Muakoni, a escassos quilómetros da costa, perto da Ilha de Moçambique. Parece que esta olaria se estende para o interior da província de Nampula.


MONOLITISMO- Sistema de construções monolíticas, ou em pedras muito grandes, como por exemplo as existentes no monumento arqueológico do Grande Zimbabwe.

MONOLITO-  Obra ou monumento  formado de uma só pedra, simbolizado, por exemplo, no Grande Zimbabwe o poder e privilégio de elite dirigente. Os monolitos representam um estilo arquitectónico de construção da tradição do Zimbabwe.

MONUMENTAL/MONUMENTALIDADE- Grandioso; próprio ou digno de Monumento.

MONUMENTO(S) - Originalmente o termo “monumento” era usado para descrever um objecto comemorativo de um indivíduo particular ou evento histórico. Actualmente este conceito quer significar apenas um grupo de monumentos designados monumentos memoriais ou comemorativos, como por exemplo o Monumento dos mortos da Primeira Guerra Mundial (1914-18),  na Praça dos Trabalhadores, localizada na Baixa Antiga de Maputo.

Na Europa apenas no século passado se fundou um Departamento Governamental, com a nomeação em 1875 de Victor de Stuers como Ministro do Interior da então Nederlândia, hoje Holanda. Este Departamento tinha como tarefa cuidar das antiguidades, incluindo os edifícios históricos e outros monumentos. Era uma reacção às mudanças gerais durante e após a ocupação Francesa na Nederlândia, a qual tinha resultado na demolição de numerosos edifícios históricos. Muitos castelos, portões de cidades, igrejas e mesmo residências medievais e fortificações foram destruídas porque já não tinham uma função activa na sociedade da época.
A oposição à demolição de edifícios históricos ganhou ímpeto ao longo do século XIX, mas apenas a partir de 1875 a preservação de monumentos históricos e artísticos se tornou um objecto oficial da política governamental.
Para finalidade de estudo e documentação os monumentos podem ser categorizados em:
(i) Monumentos vivos- São os que ainda estão em uso para a finalidade em relação a qual foram originalmente concebidos. Podem incluir construções religiosas e seculares de variada magnitude e concepção.
(ii) Monumentos não vivos- São os que estão em estado de ruína e que não estão a ser usados. Esta categoria inclui ruínas de antigas construções/edificações e estações arqueológicas.
(iii) Monumentos históricos - São os que são classificados de acordo com padrões históricos.
(iv) Monumentos nacionais - São os que por natureza ou destino, cuja conservação represente, pelo seu valor histórico, arqueológico ou artístico-arquitectónico, interesse nacional. Exemplos:


- Fortaleza de São Sebastião, localizada na Ilha de Moçambique.

- Núcleo Urbano Antigo da Ilha do Ibo, com excepção da zona ocupada por construções sem carácter permanente.

Os monumentos têm, em geral, no panorama urbano, uma função bem definida como “pontos focais”, isto é, marcos de referência que ajudam a identificar os locais, e dão carácter a áreas menos definidas.

MONUMENTO ARQUEOLÓGICO -  Refere-se a elementos arqueológicos classificados, incluindo a zona protegida (zona de protecção) e vias de acesso, onde existam indícios evidentes de vestígios de bens materiais móveis e imóveis ou qualquer outro traço da existência do homem. São detectados ou podem vir a ser detectados à superfície, no subsolo, leito de águas interiores e plataforma continental. 

MONTE MITUKUE- Estação arqueológica localizada no topo do monte Mitukue, na província do Niassa, distrito de Amaramba. Pertence provávelmente à Idade do Ferro Inferior. Há fragmentos  de olaria, que se assemelham aos encontrados em Nkope, no Malawi. Pensa-se que terá relações com o material do tipo Silver Leaves, que também aparece na costa sul de Moçambique, nomeadamente na estação de Matola. É  uma estação de grande valor e riqueza arqueológica.

MPÚBIA- Árvore utilizada no distrito de Ancuabe (Cabo Delgado), como local de culto tradicional.

MUCONJA- Fortificação de paliçada do século XIX usada em Inhambane, com funções de aringa.

MURALHA- Veja muro.

MURO - Parede de pedra, tijolos, ou outros materiais de construção, que serve para vedar ou proteger qualquer recinto. É qualquer lugar ou construção que separa ou defende; muralha ou amuralhado.

MUSEU - De acordo com o ICOM (Conselho internacional dos Museu), Museu é toda a instituição permanente, sem fins lucrativos, ao serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, aberta ao público, que adquire, conserva, pesquisa, comunica e expõe com finalidade de estudo, educação e entretenimento, a evidência material do homem e o seu meio ambiente.
As funções do museu são:
- aquisição de colecções
- documentação
- conservação
- comunicação/exposição
- educação/informação/divulgação.

O principal critério que distingue o museu das demais instituições culturais é a exposição. O museu usa a exposição como meio de divulgação dos resultados da investigação que são visualizados. É um meio informal de ensino. Sem exposição o museu seria apenas um depósito, um tipo de arquivo de colecções.
Existem vários tipos (ou perfis de museu), sendo o mais comum usado para a preservação de monumentos o chamado “site museum” (museu de campo). Ver Manyikeni.

MUSEU DE HISTÓRIA NATURAL - Localiza-se na província de Maputo, cidade de Maputo. Foi  fundado a 9 de Julho de 1913 com a designação de Museu provincial pelo capitão Alberto Graça, professor na então escola 5 de Outubro (hoje Josina Machel) e à qual o Museu ficou agregado. Em Dezembro de 1916, por decisão do Governador Dr. Álvaro de Castro, o Museu é transferido para a Vila Jóia. Em 1928 o Museu provincial foi anexado ao Liceu 5 de Outubro. Em 1932 o Museu passou a chamar-se Museu Doutor Álvaro de Castro altura em que foi transferido para o edifício em que actualmente se encontra. Ficou, a partir de 1957, dependente dos Serviços de Instrução Pública.
Um ano mais tarde passou a ser subordinado ao Instituto de Investigação Científica de Moçambique. Em 1963 foi construída uma nova ala destinada a gabinete  de trabalho, biblioteca e laboratórios, graças ao apoio da fundação Gulbekian. A partir de 1975 o Museu passou a chamar-se Museu de História Natural e dependente da Universidade Eduardo Mondlane.

MUSEOLOGIA -  O aprofundamento da definição “museu” tem trazido vários conceitos sobre a museologia, de que destacamos as seguintes escolas ou teorias:
A primeira escola, define literalmente a museologia como “uma simples ciência de museus”.
A segunda escola, define-a como se segue: “ Museologia compreende todo o complexo de teoria e prática, envolvendo a guarda e uso do Património Cultural e natural”.
A terceira escola, “ainda não concordou com a existência de um único ramo de museologia” e identifica-a como uma ciência multidisciplinar.
Todavia, todas as escolas convergem num ponto, que a museologia se relaciona principalmente com a colecção e salvaguarda do Património cultural e natural.
Em suma, a museologia é uma ciência sobre a relação específica do homem com a realidade, a qual se expressa em coleccionar, documentando e investigando esta realidade, ou partes desta, e comunicando os seus resultados ao serviço da comunidade. A museologia, por conseguinte, não é uma pura disciplina académica, mas consiste num corpo de conhecimentos aplicáveis para áreas escolhidas do trabalho de museus. A museologia é uma ciência aplicada.

MUSITO- Designa floresta; refúgio em matas no vale do Zambeze, com funções de aringa.

N

NAMPULA – Conjunto de 18 estações arqueológicas das primeiras comunidades agro-pecuárias no interior da Província de Nampula (século I BC – 9 AD). O material aqui encontrado apresenta algumas afinidades com as Tradições de Kilwa-Matola (século I BC – III AD) e mais tarde com  a Tradição Gokomere (século IV – VI AD), embora possa ser individualizada. Esta estação relaciona-se com a de Monapo localizada na costa. Ambas as estações foram identificadas por Leonardo Adamowicz.

N.E. - Sigla que significa “nossa era” (que inicia com nascimento de Cristo). O mesmo que d.C., sigla que significa “ depois de Cristo”. a.n.e. significa “antes da nossa era”. O mesmo que a.C., sigla que significa “antes de Cristo”.

NEOLÍTICO-  (do grego neo-novo, isto é, “período da pedra nova”). Período da vida da Humanidade em que os homens usavam já instrumentos de pedra polida. Dedicavam-se à tecelegem e cestaria. O que, no entanto, melhor caracteriza o período Neolítico, é a passagem do nomadismo à sedentarização: os homens já cultivam a terra e domesticam os animais. A introdução deste termo ficou a dever-se igualmente a John Lubbock. Ele usou este termo no sentido de fazer referência ao período caracterizado pela existência de objectos de pedra polida acompanhados de faunas ainda hoje existentes.
Em 1941, Gordon Childe usou, pela primeira vez, o termo “Revolução neolítica” para designar o período em que a Humanidade começou a produzir os seus próprios alimentos. Este período envolveu também comportamentos sociais, políticos e crenças religiosas. 

NDARE- Termo Shona que designa o espaço destinado a discussão dos assuntos do Estado, como o que foi encontrado no Grande Zimbábwe.

NGOMENE- Termo de origem Swahili (utilizado em Cabo- Delgado, Nampula e Sofala). Significa muro, edifício em pedra  ou fortificações de aringa. Somaná era conhecida como Ilha de Ngomene.
O amuralhado de Ngomene, sito no distrito de Mecúfi, junto à praia, na província de Cabo- Delgado foi proclamado como Imóvel de Interesse Público por portaria de 16 de Maio de 1972.

NKOPE - Estação arqueológica das Primeiras Comunidades Agro-Pecuárias e que se localiza no Maláwi. Representa a Tradição arqueológica que se distribui ao longo das margens  do lago Niassa, evidenciada no Monte Mitukwe  em Moçambique. Testemunha a movimentação do grupo Bantu estreitamente aparentado com os que avançavam pela costa oriental (Kwale-Matola).

NJENGO- Termo usado em Chiúre (Cabo- Delgado) que em língua Swahili significa edifício, com funções de aringa.

NHAMARA (NIAMARA)-  Ruínas Zimbabwé situada na província de Manica, no distrito de Báruè, perto da fronteira com o Zimbabwe. Encontra-se no topo de uma montanha e divide-se em duas partes: a remota e a  principal. A anterior é circundada por uma muralha baixa e contém  fundações em dhaka de antigas habitações. A seguinte é composta de vários amuralhados alguns dos quais contêm estruturas de dhaka.
Nhamara teve, provávelmente, algumas ligações com Dhlo-Dhlo, Khami e Naletali. Foi construído cerca do século XVIII AD.

NHANCHENGUE- Estação arqueológica, localizada na aldeia do mesmo nome, perto da estrada Nacional n.º 1, na província de Inhambane. A estrada divide ao meio esta estação. Pertence à Tradição Gokomere-Ziwa.

NUNU-MUANA- Local de culto significando “ Ponta do Diabo”, na província de Cabo- Delgado.

NYANGA- Além dos Zimbabwes, uma variedade de construções em pedra são conhecidas em  Nyanga no Zimbabwe. Possívelmente espalharam-se também em Moçambique, na província de Manica.
Nyanga consiste em estruturas de pedra subdividida em:
terraços para agricultura;
fortificações (estruturas de pedra com buracos);
cercados para gado;
fornos de fundição de ferro

As datações do radiocarbono mostram que estas estruturas foram construídas e usadas nos século XVII e XVIII AD.

O

OCRE- Óxido de ferro ou hematite, geralmente com coloração vermelho acastanhada ou amarela. Utilizado como pigmento natural em pinturas rupestres, cerâmica, ritos funerários (possivelmente para conferir uma impressão de vida do corpo), etc.

OLARIA - Termo genérico utilizado para designar vasos de cerâmica, constituindo o principal critério para definir as Culturas ou Tradições arqueológicas do Neolítico ou das Primeiras comunidades agro-pecuárias da África Austral .

P

PALEOLÍTICO- Veja  Idade da Pedra.

PALHOTA- Tipo de construção da arquitectura tradicional, feito de pau-a-pique previamente escolhido e enterrado em buracos abertos e depois reforçados com ripas de bambu ou outras madeiras cuidadosamente amarradas com fibras de vegetais. As suas paredes são posteriormente maticadas com barro (matope/dhaka) . Tanto o modo de barrear as paredes, como a forma das casas  e de cobertura variam de região para região. 

PANGANE (ruínas)- Situa-se a 12º00’ S e 40º32’ E. As ruínas de Pangane encontram-se numa península no lado leste da ilha de Macaloe, a mais setentrional do arquipélago das Qirimbas. Há uma aldeia moderna, onde as ruínas se  extendem numa área de cerca de 10 hectares.
Devido ao tamanho e natureza destas ruínas, Pangane parece ser uma das importantes estações swahili do norte de Moçambique.
As ruínas de Pangane são datadas dos séculos XVII, XVIII e XIX. Embora seja possível um período de ocupações mais antigo.
Pangane foi possivelmente habitada pelos Portugueses após o abandono swahili.

A olaria local pertence à Tradição Sancul.

PARQUE NACIONAL- Refere-se a um ou vários ecossistemas protegidos da alteração natural causada pela ocupação e explorações humanas, como o Arquipélago do Bazaruto.

PATRIMÓNIO ARQUEOLÓGIO - É o conjunto de bens móveis e imóveis de valor arqueológico, paleontológico, antropológico ou geológico, relacionados com as gerações antepassadas. São encontrados quer por meio de descobertas fortuitas, prospecções ou escavações arqueológicas. O património arqueológico inclui ainda os estudos, registos e resultados de análises laboratoriais.

PATRIMÓNIO CULTURAL (de Moçambique)– É o conjunto de bens culturais materiais (móveis e imóveis) e imateriais criados ou integrados em Moçambique, ao longo da sua história, com relevância para a definição da identidade cultural Nacional.

PEDRA FUNDAMENTAL- É a primeira pedra lançada de um edifício, como a que foi encontrada no Hotel Clube (cidade de Maputo) com a seguinte inscrição:
“Aos 30 dias do mez de junho de 1898 Sua Excia o Sr. João de Mascarenhas Caivão governador do Distrito de Lourenço Marquês assentou a Pedra Fundamental D’este Clube, sendo Governador Geral e Commissário Régio da Província de Moçambique Sua Excia o Major do Exército Português Joaquim Mouzinho  D’Albuquerue Forão Architecos-e-Construtores Wells & Ing. C.E.M.A. Rochelles e smith. Lourenço Marques de Johannesburg”.

PEDRA TUMULAR- Lápide; pedra que se coloca por cima de um túmulo.

PEGADA- Vestígio do pé; sinal que o pé deixa impresso no solo. É um tipo de vestígio arqueológico; fóssil. Exemplo: Pegadas de animais existentes no monte Zóbue, distrito de Macanga, na província de Tete.

PERIODIZAÇÃO ARQUEOLÓGICA- Divisão do passado histórico da  Humanidade em etapas ou estádios arqueológicos essencialmente com base no estudo do desenvolvimento da cultura material.
A periodização arqueológica divide-se grosso modo em duas grandes etapas: A Idade de Pedra (que durou cerca de mais de 2.500.000 de anos) e  a Idade dos Metais (últimos 6-7.000 anos). Existe igualmente toda uma série de tentativas de periodização a partir do desenvolvimento  económico da sociedade, desenvolvimento cultural, etc.
Os arqueólogos consideram dois períodos arqueológicos que se sucederam na África Subsahariana: a Idade da Pedra e Idade do Ferro/ Comunidade de Agricultores e Pastores (esta última coincide com povoamento Bantu, que decorreu nos últimos dois milénios).
A periodização arqueológica é importante para a  classificação de Monumentos arqueológicos, situando-os no tempo. Ajuda a categorizar o bem  a ser classificado e registado.

PINTURA-RUPESTRE - Veja Arte-rupestre.

PINTURA MURAL  -  Pintura numa parede.

PIRICA - Árvore utilizada no distrito de Ancuabe (Cabo- Delgado), como local de culto tradicional.

PLATAFORMA - Estilo arquitectónico  de construção característico do Zimbabwe arqueológico  de Khami. Os amuralhados são construídos,  em forma  plataforma ou estilo “bolo de noiva”.

PONT DRIFT- Estação arqueológica, localizada no vale do Limpopo, datada de 800 e 1100 n.e. Relaciona-se com a chamada “revolução de gado”, a qual deu lugar ao desenvolvimento  de Mapungubwè. O amuralhado característico é do tipo fortificação.

PONTA-DUNDO- Estação arqueológica  da Tradição Gokomere-Ziwa, localizada no arquipélago do Bazaruto.
Subdivide-se em:
Ponta Dundo 1 (21º47’30” S - 35º27’00”E), onde coexistem ambos os períodos antigo e tardio da olaria das primeiras comunidades de  agricultores e pastores do Sul de  Moçambique;
Ponta Dundo 2 (21º47’05” S - 35º27’00”E), a norte de Ponta Dundo 1, ao longo da costa. Análises preliminares de olaria aqui encontrada indicam a sua similaridade com a estação de Hola-Hola e com tipos de Ponta Dundo 1.

PORCELANA- Tipo de cerâmica vidrada bem cozida que se torna translucida quando vista contra a luz. Elaborada com base numa mistura refractéria de argila branca (caulino) e feldespasto. É geralmente de côr branca. Um dos  exemplos mais conhecido  é a porcelana Chinesa azul e branca, desenvolvida no início do ano 1300, durante a dinastia Yuan. A porcelna azul e branca é comum nas estações arqueológicas, ou antigas povoações de Moçambique, evidenciando a prática do comércio a longa distância com o Índico. Exemplo: Zumbo, no Vale do Zambeze.

PÓRTICO- Átrio amplo com tecto sustentado por colunas ou pilares. Entrada de um edifício nobre ou templo.

PÓRTICO DAS DEPORTAÇÕES - Situa-se defronte da Avenida Eduardo Mondlane e atrás da rua de Chiomoio, na cidade de Inhambane. Relaciona-se com o tráfico de escravos,  que se praticou em Inhambane, entre 1910 e 1922, tal como aconteceu em vários pontos de Moçambique.  Os  escravos eram deportados através da Companhia Americana sediada em Inhambane, denominada “Companhia Thedine Borror”. A busca dos escravos tinha lugar durante a noite e tinha como recrutadores os régulos e indunas. Os escravos, enquanto aguardavam pela deportação, eram concentrados na sede da companhia (Borror), que ocupava uma das famílias Teixeira. O navio que os transportava ancorava em Linga-Linga (outro centro de tráfico de escravos), a poucas milhas de Nhafokweni. Para a entrada e saída do navio tinha como orientador o ex-funcionário da Capitania de Inhambane chamado Massambi. Nessa altura, a capitania de Inhambane possuía um barco a motor denominado “Linga-Linga”, cuja função era puxar os barcos a remo conhecidas localmente por “Mandingue”, que transportava os escravos para o local onde se encontrava o navio. Para não reconhecerem a direcção em que o barco ia, os escravos eram tapados a vista com lenços amarrados na cara, desde a Companhia até a entrada no navio  e só se destapavam quando o barco se encontrasse no alto mar e após ter percorrido longa distância.

POVOADO -  Lugar com casas habitadas ou aldeia.

PRÉ-HISTÓRIA - A pré-história surge geralmente definida como o estudo do desenvolvimento  das primeiras sociedades humanas, desde o surgimento do homem até à invenção  da escrita.
A pré-história assume-se assim como o mais recuado período  da história da Humanidade. Ao nível metodológico a pré-história baseia-se principalmente (e com especial destaque para as épocas mais remotas) nos conhecimentos fornecidos pela arqueologia, disciplina esta que alia uma pesquisa de terreno (que permite a escavação e o reconhecimento do material a estudar) as classificações tipológicas ou automáticas bem como as análises naturais e físico-químicas, cada dia mais numerosas. Por seu turno, a um outro nível, ocorrerem interpretações de comportamento económico, social ou religiosos. Ao nível cronológico, a definição de pré-história deverá inevitavelmente ser adaptada em função das áreas geográficas consideradas ou das situações presentes.

PROSPECÇÃO ARQUEOLÓGICA- É qualquer trabalho de pesquisa  e investigação realizado, à superfície, no leito de águas interiores ou plataforma continental. Tem o objectivo de descobrir, explorar ou registar elementos, estações ou monumentos arqueológicos, desde que os mesmos não  envolvam a escavação arqueológica ou a remoção de elementos arqueológicos (Veja Regulamento de Protecção do Património Arqueológico).


Q

QUILOA (KILWA)-  Cidade situada na ilha do mesmo nome, Quiloa dos Portugueses e agora Kilwa Kisawani, como oposto aos mais recentes povoados de Kilwa Kivinge e Kilwa Masoko no continente.
Kilwa está situada a cerca de 350 km a sul de Zanzibar (Tanzania). Durante  cerca de três séculos,  e antes da chegada dos Portugueses  (isto é, até início de século XVI), Kilwa foi entreposto comercial da África Oriental.
Kilwa importou grandes quantidades de cerâmica Islâmica e porcelana Chinesa, que eram trocados com o interior (em Mapungubwe e estações do mesmo complexo). Existem também evidências de comércio com Madagáscar. Kilwa foi entreposto principal para o comércio com o interior da África Oriental e Central, incluindo o Zimbabwe. 
O declínio do poderio económico de Kilwa no século XV é associado à chegada dos Portugueses.

QUISIVA- A ilha de Quisiva (12º 35’ S 40º 38’ E), é a mais meridional do arquipélago das Quirimbas (veja Ilha do Ibo), com uma pequena aldeia de pescadores. Perto da aldeia existem ruínas que no passado teriam constituído uma grande construção. Esta construção encontra-se num estado deplorável de conservação,  com apenas duas porções de muralha ainda de pé. Estas possuem umas ameias estreitas no topo e algumas  fendas muito estreitas. Outros vestígios das muralhas desmoronadas consistem em restos de uma construção elaborada que mostra características de arquitectura Swahili e da antiga arquitectura Portuguesa. No interior existem vestígios de uma grande cisterna. As muralhas têm cerca de 5 metros de altura.
A construção foi transformada e alargada várias vezes, durante épocas diferentes, sendo a última da ocupação dos Portugueses.

QUILWA- Ruína histórica existente na Ilha de Vamise.

R

RATHO - Estação arqueológica, localizada no vale do Limpopo, com um amuralhado do tipo fortificação, pertencente ao complexo Mapungúbwe.

REGULAMENTO DE PROTECÇÃO DO PATRIMÓNIO ARQUEOLÓGICO- Primeiro regulamento específico da Lei de Protecção do Património Cultural de Moçambique. Foi aprovado pelo  Conselho de Ministros de Moçambique, em 1994.
É composto por 10 capítulos e 32 artigos que contém, para além das “Disposições Preliminares”, outras instruções sobre, “autorização para trabalhos arqueológicos”; “descobertas fortuitas e arqueologia de salvaguarda”; “bens classificados  do património cultural provenientes dos trabalhos arqueológicos”; “preservação e controle do património arqueológicos”; “responsabilidades na conservação dos elementos arqueológicos”; “supervisão e fiscalização”; “uso de elementos arqueológicos classificados”; “sanções e penalidades “ e “disposições finais”.
É dever dos organismos competentes de Moçambique  divulgar e fazer cumprir este regulamento em benefício do património arqueológico do país.
“RIFT VALLEY” (VALE DO RIFT)- Região que se estende de Norte a Sul da região Oriental de África, desde a Etiópia até ao Norte de Moçambique (ao longo do Oceano Índico). Ocupa uma extensão de cerca de 5.000 km, correspondendo à uma zona de grande fragilidade da Crusta Terrestre.
Nesta região foi descoberta grande parte das estações arqueológicas  contendo as mais antigas colecções de artefactos de pedra.

RUÍNA HISTÓRICA- Resto de construção desmoronada que esteja ligada à história ou lugar mencionado pela história. Exemplos: ruínas arqueológicas Zimbabwe e Swahili, ambas representadas em Moçambique. 
Para certos autores “ruína” é qualquer coisa construída pelas mãos  do homem, a qual foi completamente destruída que não pode ser nunca restaurada de novo na sua função original.

RUÍNAS DE MESSAMBÚZI- Situam-se no distrito de Sussundega, em Manica, no monte Chinademba.  constituídas por blocos de granito, possuem uma Torre cónica. As paredes da muralha têm cerca de um metro de altura por 0,70 metros de espessura. Olhando ao topo da Torre cónica para o espaço que divide os montes já próximo de Rotanda, vê-se no meio dos dois montes o pico da serra do Zembe. Foram encontrados muitos alcaravizes (tubos de barro) e escória ferruginosa.

RUÍNAS DO MONTE MAROBSI- O monte Marobsi faz parte da serra do Zeme, localizado no distrito de Chimoio, em Manica. O amuralhado é constituído por um complexo que ocupa uma área com cerca de 20 metros de comprimento no lado maior. Está localizado no cabeço do Monte que lhe deu o nome. Do lado sudeste localiza-se a muralha principal com cerca de quatro metros de altura por 14 metros de comprimento. Está edificado entre três maciços graníticos, seguindo o contorno dos mesmos, com pedras sobrepostas, sem argamassa a uní-las. A noroeste existe a base de uma possível Torre cónica desmoronada com um diâmetro de base de 5 metros. É provável que a torre tivesse esta altura. A noroeste do complexo, existe uma cadeira escavada em árvores a que chamam chicondes. Está assente sobre três pedras de granito. À frente da cadeira existe um pequeno recinto arborizado. Tem vários caminhos assinalados com pequenos amuralhados, na maioria desmoronados.

RUÍNAS DO MONTE CHIBANDA- Localizam-se no distrito de Chimoio, em Manica. O recinto amuralhado tem forma oval com 10 metros no comprimento maior. A altura máxima das paredes é de 1,5 metros e a mínima de 70 centímetros, nas partes desmoronadas. A espessura varia entre 80 a 90 centímetros. Tem uma entrada com cerca de 1, 30 metros de largura. Há vestígios de várias escavações sem qualquer método. As pedras que compõe as paredes são de granito do afloramento local. As paredes tem vestígios de dhaka. Foi encontrado no local um pedaço de escória de ferro.

RUÍNAS DE INHAMANGUENE (Fortim)- Localizam-se no distrito de Sussundenga, em Manica, na área de Mavita, perto da estrada que conduz, a sul do Rio Nhamanguene, no sopé de um serro em serpentina. Foram recolhidos no local, pedaços de olaria, uma mó e dois raspadores de pedra.

S

SANCUL- As estações arqueológicas de Sancul (15º41’S 40º39’E) incluem uma série de concheiros distribuídos perto do farol de Sancul.
As características específicas desta estação, chamada “Tradição Lumbo”, são comuns às outras estações do século XVII a XIX distribuídas ao longo desta área.

SANGOANO- Designação que deriva do nome Baía de Sango, no Lago Victória-Uganda. É utilizada para fazer referência a um grupo bastante heterogéneo de indústrias líticas da África Oriental,  Central e Austral, que se seguem  ao Acheulense. Kalambo Falls  é considerada uma das estações típicas do Sangoano.

SANTUÁRIO- No contexto da arquitectura tradicional, designa uma construção frequentemente no centro da aldeia ou kraal. Desempenha a função de  altar de uma povoação para fazer oferendas e preces aos antepassados.

SEBE-  Vedação feita de ramos ou varas entrelançadas para defender um terreno. Obstáculo formado por estacas cravadas no solo e ligadas por arame farpado.

SEPULCRO- Grupo de sepulturas pertencentes a uma mesma cultura e a um mesmo período; túmulo. Exemplo: Sepulcro  de Chikuse pertencente a Zimtambira, rei e guerreiro Nguni existente em Folotia, no distrito de Angónia, província de Tete. A cerimónia anual realiza-se no mês de Outubro.



SEPULTURA- Cova para enterramento de um ou vários cadáveres. Os modos  de como se procede à realização de um funeral dependem dos credos religiosos de cada sociedade.
Pela maneira como são tratados os cadáveres, distinguem-se dois tipos de sepulturas; por incineração ou por inumação.
Com base no tipo de construção de sepulturas também é possível elaborar uma classificação.
As primeiras sepulturas conhecidas datam de  meados do Paleolítico (essencialmente as dos homens de Neanderthal).


SEPULTURA DE ENTRADA- Sepultura efectuada  no montículo de um túmulo já existente.

SEPULTURA PRINCIPAL- Refere-se à sepultura que se encontra sob o túmulo. Trata-se da sepultura que deu origem à construção do túmulo.

SHONGOENE “CAVE”- (onde se situa actualmente a cidade Sul Africana de Durban). Constitui um exemplo de um antigo povoamento das primeiras comunidades de agricultores e pastores. A sua interpretação pelo  radiocarbono é  um problema complexo.

SILVER LEAVES- Estação arqueológica da Idade do Ferro Inferior, cuja  olaria se distribui pela costa do Índico, encontrando-se a Sul (Maputo), como em Matola. É assim conhecida pelos povoados (aldeias) no planalto do Transvaal que se evidenciam na olaria descoberta em Silver Leaves, datada de 300 n.e.

SOMANÁ- Ruínas Swahili.

SONGO (KATUTA MABWE)- É um Zimbabwe localizado no Vale do Zambeze, no planalto do Songo perto de Cabora-Bassa (província de Tete).
Trata-se de uma construção de pedra solta de forma sub-elíptica. A plataforma superior, apresenta numerosos vestígios de ocupação, sobretudo objectos líticos (de pedra), fragmentos de cerâmica (olaria), algumas estruturas de habitação, formas de argila (provavelmente dhaka). As ruínas medem, ao nível da plataforma superior, cerca de 78 metros de comprimento e,  na sua maior largura, que se situa a leste da estrada, 60 metros.
Para Miguel Ramos, arqueólogo que efectuou a primeira campanha de exploração arqueológica no local, em 1971, os dados recolhidos convergem a favor de uma nítida influência Zimbabwè-Monomotapa no Songo. A existência de uma construção em plataforma evidencia certas similaridades com as ruínas de Khami, datado entre os séculos XVI  e XVIII A.D.
É também conhecido, localmente, por “Katuta Mabwe”, o que significa em chinhungwe “carregar pedras”.SWAHILI - Designa estações arqueológicas características da região costeira do norte de Moçambique, importantes para estudos dos primeiros contactos comerciais com outros povos da região do oceano Índico.
 Especial destaque é dado às ruínas de Somaná, perto da cidade de Nacala, pela sua importância como exemplo único da antiga arquitectura monumental Swahili em Moçambique. A olaria aqui encontrada pertencente à Tradição Lumbo, datada do século XVII-XVIII A.D. As afinidades no que respeita  à forma e decoração de olaria da Tradição Lumbo, evidenciam o parentesco  entre os habitantes das estações da Idade do Ferro Final no norte de Moçambique.
A olaria é decorada com muita frequência por bandas com triângulo  e outras formas geométricas e estampadas (estação Lumbo Ponte). A ocorrência de taças com base em forma de pé, imita, provavelmente a loiça importada, o que testemunha as ligações com o exterior (estação de Lumbo Praia).
Teriam sido, provávelmente, os fabricantes desta olaria, os construtores do amuralhado do Gomene, perto do Mecúfi, na província de Cabo- Delgado.
A principal porta de Somaná pode ser tomada como exemplo da arquitectura swahili encontrada nestas estações. Esta porta exibe um estilo nitidamente individual  o qual é evidente nas decorações  de coral esculpidas.
Peter Garlake, primeiro arqueólogo que estudou sistematicamente  a arquitectura da costa Oriental de África observou que existe uma unidade básica, a homogeneidade em todos os elementos, que combinam para formar  um estilo comum em toda a costa do oceano Índico.
Muitas feições unem Somaná com outras estações swahili ao longo da costa. As paredes evidenciam a construção em camadas,  similares às fortificações muradas do século XIV perto do palácio Husuna Kubua em Kilwa, Tanzania, cujas paredes também mostram diferentes camadas de construção.
O telhado em Somaná  evidencia buracos para o sustento da traves, características de todas as construções swahili, com excepção dos edifícios senhoriais. Outra feição característica comum são os painéis de nichos, presentes no interior  das casas swahili ao longo da costa.
Somaná é nitidamente uma construção swahili.
A fortificação do século XIX de Gomene, todavia, é completamente diferente no estilo e tecnologia. A muralha é feita de blocos sem uso de argamassa e esta muralha tem maiores similaridades com zimbabwé do que com uma  construção swahili. Na realidade esta similaridade de Gomene  com os zimbabwè conduziu a algumas interpretações erradas acerca da origem da estação.
T

TÉCNICA - Conjunto de processos bem definidos e transmissíveis que se destinam a produção de certos resultados considerados úteis.

TEMBE- Estação arqueológica da Tradição Matola, que tem afinidades com Zitundo. Localizada perto do Rio Tembe, a estação foi reportada por Y. Adam, em 1976.

TOPÓNIMO - Nome de um lugar, sítio, rua, povoação (aldeia), etc.

TOPONÍMIA- Designação dos lugares pelos nomes.  Conjunto dos topónimos.

TORRE/TORRE CÔNICA- Construção alta e fortificada. No monumento arqueológico do Grande Zimbabwè   foi encontrada uma torre cónica, dentro do grande amuralhado. Em Moçambique foram encontradas torres cónicas nas ruínas zimbabwè  do Monte Marobsi e Messabúmzi, ambos localizadas na província de Manica. A torre cónica do Grande Zimbabwe, com 10 metros de altura e 5 metros de diâmetro simbolizava o poder e privilégio da elite dirigente do estado Zimbabwe. Esta torre não tem função defensiva.

TOUTSWE- Estação arqueológica localizada no Botswana, nas margens do Kalahari, sendo datada de cerca de 700 A.D. As comunidades de Toutswe  faziam uso extensivo do gado doméstico e possuiam uma olaria distinta. Foram primeiro descritas no grande centro de Toutswemogala. 

TRABALHOS ARQUEOLÓGICOS - É toda a actividade visando a investigação e protecção do património arqueológico, nomeadamente a prospecção e escavação arqueológica, a preservação, conservação e valorização de elementos e estações arqueológicas e o seu estudo.

TRADIÇÃO -  Um continuum  de mudanças culturais graduais através do tempo, representando o desenvolvimento sequencial de uma dada cultura.
O termo provém do latim “traditione”, sendo aqui entendido como hábito, transmitido de pais para filhos. Neste caso hábitos de manufactura e decoração de utensílios, evidentes em achados arqueológicos. Estes hábitos são especialmente evidentes na forma e decoração dos recipientes de olaria, que permitem a identificação dessas tradições, sua distribuição no espaço e no tempo (Ver tradição arqueológica). Assume-se que as diferentes tradições se identificam com os respectivos grupos populacionais, com uma homogeniedade específica.

TRADIÇÃO ARQUEOLÓGICA- É muitas vezes usado como cultura arqueológica. Todavia, nas tradições arqueológicas, são enfatizadas as conecções numa vasta região e a continuidade ao longo do tempo, como acontece na África Austral e Oriental. Uma tradição distingue-se da outra com base nos atributos dos motivos de decoração e forma dos artefactos, como acontece na  olaria. 
A reordenação das culturas arqueológicas de África Austral e Oriental em tradições marcou cerca de 50 anos de estudo sistemático de estações da Idade do Ferro (Ver Periodização arqueológica).
Em Moçambique são conhecidas quatro grandes tradições arqueológicas: Uma na região costeira e três, centrando-se nos planaltos da África Austral, que se estendem respectivamente ao Sul, Centro e Norte de Moçambique. Essas tradições são designadas pelos nomes  das mais significativas estações  arqueológicas onde foram encontradas as suas evidências, sendo, Kwale-Matola a tradição costeira e Broedestroom-Lydenbug, Gokomere-Ziwa e Nampula, as tradições interiores de Sul para o Norte. Alguns dados recolhidos nestas estações mostram que estes povos praticavam a agricultura e trabalhavam os metais.

TRADIÇÃO BROEDESTROOM/LIDENBUR- Tradição de olaria das Primeiras Comunidades Agro-Pecuárias, localizada no planalto do Transvaal (África do Sul). (ver Broedstroom e Lidenburg)

TRADIÇÃO DE KWALE/MATOLA- Tradição de olaria das Primeiras Comunidades Agro-Pecuárias na zona Oriental de África (ver Matola).

TRADIÇÃO DE GOKOMERE/ZIWA- Tradição de olaria da Idade do Ferro Inicial localizada no Zimbabwe. Estende-se para Moçambique até perto da costa, sendo, provavelmente, responsável pela expansão Shona, no território nacional (ver Gokomere e Ziwa).

TRADIÇÃO DE RUÍNAS- Designa culturas responsáveis pela construção dos amuralhados encontrados no Zimbabwe e partes de Moçambique, África do Sul  e Botswana. Contudo, para certos arqueólogos, este termo não é apropriado, sugerindo-se a utilização, no seu lugar, do termo tradição zimbabwé e Khami.

TRADIÇÃO KUTUMA- É uma tradição arqueológica que inclui uma série de estações arqueológicas localizadas no Transvaal e Sudoeste do Zimbabwe.

TRADIÇÃO LUANGWA- Designação pela qual é conhecida a tradição de olaria da Idade do Ferro Superior que existiu na zona norte, centro e oriental da Zâmbia, desde o século XI  A.D (e até muito recentemente).

TRADIÇÃO LUMBO- Nome dado à tradição de olaria da Idade do Ferro Superior do litoral norte de Moçambique. Esta designação provém da localidade de Lumbo, na província de Nampula, onde foi escavada uma estação arqueológica contendo olaria desta tradição (ver Lumbo).

TRADIÇÃO MONAPO- Tradição de olaria das Primeiras Comunidades Agro-Pecuárias do litoral norte de Moçambique. Tal como o seu nome indica,  foi identificada a partir de material recolhido na zona do Monapo (província de Nampula).

TRADIÇÃO ZIMBABWÈ (ou Grande Zimbabwe)- O termo Tradição Zimbabwe (para outros tradição de ruínas), é um termo global que inclui diferentes entidades arqueológicas.
A difusão geográfica da tradição zimbabwè, foi determinada através de trabalhos arqueológicos realizados em várias estações arqueológicas ao longo do planalto do Zimbabwe e sul de Moçambique. Crê-se que a tradição zimbabwé tenha as suas origens nos grupos culturais do sul da tradição kutuma e a transição para o planalto é melhor conhecida no Grande Zimbabwe (ver Zimbabwe).
Além de outros critérios, a tradição zimbabwe é caracterizada pela presença de diferentes grupos de complexos de amuralhados.

TUMBA- Edifício onde é guardado o caixão com o defunto. Lápide  sepulcral; túmulo; sepultura.

TÚMULO- Eminência construída sobre a sepultura, podendo também conter a sepultura em si (ver sepultura de entrada e sepultura principal).
Para além de outros tipos, em Pré-história são conhecidos os seguintes tipos de túmulos: de poço, catacumba e vigamento. Foram localizados na região das estepes da Euro-Ásia, datados do século III-II a.n.e. Estão associados tanto às sociedades de pastores nómadas, como dos agricultores sedentários.  

TUNGI- Ruínas existentes na Ilha de Vamise. Incluem um palácio, duas mesquitas, um pequeno grupo de casas e dois grupos de tumbas provavelmente do século XVIII. O palácio mostra evidências de trabalhos de reconstrução.
U

UREWE- Estação arqueológica das Primeiras Comunidades Agro-Pecuárias datada de 300-0 a.n.e, e que foi encontrada em Tanzania. A olaria característica tem a forma de base com depressão, (“dimple base”), sendo a mais antiga que se conhece na África Austral. É ancestral da Idade do Ferro na África Austral, sendo aparentada com a olaria de Kwale.

V

VAMIZE (AMIZA)- Na Ilha de Vamise (11º00’ S 40º E) perto de Cabo- Delgado, G. Liessegang escavou amostras de cacos de olaria pertencente à Tradição Lumbo.
As ruínas de Tungi, Quilwa e Mbwesi, mostram uma ocupação Swahili do século XVIII A.D.
Na Ilha de Vamise a olaria de Tradição Lumbo, indica que a ocupação antiga ocorreu entre  os séculos XII e XVI A.D.

VERDUM- Estação arqueológica, localizada no Vale do Limpopo, com um amuralhado do tipo Dzata. Pertencen ao complexo Mapungubwé.

VERULAM- Estação arqueológica, localizada no Vale do Limpopo, pertencente ao estilo tardio Khami (Zimbabwe).

VILANKULO- Esta designação provém da língua tsonga “Bila-Nkulo” significando “Planície-Grande”. Trata-se de uma  das maiores vilas de Moçambique, localizada no norte da província de Inhambane. Constitui um dos centros turísticos de grande  importância da região sul  do país, devido a sua baía.  No distrito de Vilankulo localiza-se igualmente um dos principais parques nacionais constituído  pelo arquipélago de Bazaruto.

VUMBA (BVUMBA)- Estado pré-colonial shona em Manica, na fronteira entre Moçambique e Zimbabwe.
Os Moçambicanos associam Vumba (Bvumba) à serra Vumba, que domina a cidade de Manica. Para muitos Zimbabweanos Vumba é a serra cheia de penhascos a sudeste de Mutare, conhecida pelas suas plantações de café e vistas  panorâmicas  no território Moçambicano.
Vumba cobre uma vasta área e foi nome de um velho reino que existiu pelo menos desde o século XVII. Vumba situa-se ao sul da cidade de Manica (e do velho estado Manyika), ao longo dos Rios Munene e Revué. A leste o mesmo rio que formava a fronteira com Teve. 
X

XAI-XAI- Concheiro da costa localizado na província de Gaza, na cidade de Xai-Xai. É conhecido pelos seguintes subgrupos:

Xai-Xai I: Está situado num vale, entre dunas, na praia de Xai-Xai, a cerca de 30 metros ao sul das instalações da Wenella. Para efeitos de sistematização recebeu a designação de  “Xai-Xai I”;

Xai-Xai II: Na praia do Xai-Xai,  no topo de uma pequena duna, à entrada do parque de campismo, a retirada de areias para construção, pôs à vista um novo concheiro. Este concheiro recebeu a designação de “Xai- Xai II”;

Xai-Xai III a Xai-Xai VII: A sul da “Praia Velha” do Xai-Xai, ao longo da costa, foram identificados cinco concheiros, que se distribuem numa extensão de cerca de um quilómetro. Receberam as designações de “Xai-Xai III a VII”. As suas distâncias relativas são, do primeiro em diante, de cerca de 200, 50, 150, 150 e 200 metros uns dos outros, a partir do Xai-Xai.

Z


ZIMBABWE(S)/ GRANDE ZIMBABWE/ ESTADO ZIMBABWE- (no plural, “mazdimbabwe”), em língua shona significa casas de pedra, derivando da contração de dzimba dza mabwe. Zimbabwe significa “residência do chefe”. (Veja também amuralhado).

Estima-se a existência de mais de 150 complexos de amuralhados de diferentes grupos da “Tradição zimbabwe”, que sobreviveram até aos nossos dias no Zimbabwe, Botswana Oriental, norte do  Transvaal e Moçambique. Provávelmente teriam ainda existido em Angola. Mais de 50 amuralhados foram  destruídos, só no Zimbabwe.

Os amuralhados são conhecidos grosso modo pelo estio arquitectónico “Grande Zimbabwe” (ou Zimbabwe)   e o estilo tardio “Khami”, a maioria dos quais se localiza na República do Zimbabwe e em Moçambique.
A feição característica do estilo “Grande Zimbabwe” é a presença de amuralhados singulares ou múltiplos feitos de pedras secas e sobrepostas, sem argamassa a uní-las.
Outras feições arquitectónicas típicas incluem plataformas e monolíticos.

O tipo de pedra geralmente usado é o granito. Em Moçambique foi também empregue na construção o calcário (Manyikeni) e o xisto (Niamara).
No estilo “Grande Zimbabwe” os amuralhados envolvem as palhotas circulares (elipticas) com paredes de madeira rebocadas de dhaka, com cobertura de colmo.

Um exemplo deste estilo é (Manyikeni) situado na costa de Moçambique, a 50 km do oceano Índico e a cerca de 270 km do Grande Zimbabwe. Manyikeni consiste num amuralhado singular subdividido em amuralhados internos e contém traços de ocupação com soalhos de palhotas feitos de dhaka. Outro  zimbabwe” foi encontrado no Songo, perto de Cabora-Bassa no centro de Moçambique.
Todavia, o que melhor distingue a Tradição deste tipo de construção é a sua olaria típica, grafitada e queimada.
No geral, o estilo de construção zimbabwe é conhecido pela designação “Tipo Grande-Zimbabwe e Khami”. Khami designa o estilo tardio desta tipo de construção.

Entram dentro do estilo tardio “Khami”, para além de Khami os amuralhados Dhlo-Dhlo e Naletali, no Zimbabwe. Este estilo pertence ao período desde os finais do século XV até ao século XVIII A.D. O melhor investigado foi Khami, localizado, em Bulawayo, onde o arqueólogo Keith Robinson escavou partes de construções da elite dirigente.

Khami como o Grande Zimbabwe consistia em casas de camponeses localizadas fora do amuralhado. As construções de elite ocupavam somente uma pequena parte da área total do local, dentro do amuralhado. Em Khami, porém, as habitações da elite foram localizadas no topo da plataforma. Estima-se que a cidade de Khami tinha  cerca de 7.000 habitantes.

Seis estações arqueológicas do Vale do Limpopo (nomeadamente Verdum, Maryland, Machema, Verulam, Pont Drift e Ratho ) e outra no norte de Kruger Park foram também identificadas como fazendo parte do estilo Khami. Estas estações relacionam-se com o complexo Mapungúbwè.

A maior extensão da ocorrência da Tradição Zimbabwe foi encontrada numa região de 50.000 km quadrados no Bostwana Oriental. Há amuralhados e um vasto número de áreas comuns, cujas datações iniciais variam entre o fim do século XIV e início do século XVI A.D.

No período que vai desde o século XV ao XVIII A.D. assiste-se  a emergência do “estilo fortificação” nas construções dOS amuralhados. Estes amuralhados localizam-se grosso modo no topo dos montes, com uma função meramente defensiva, durante o período das incursões armadas. Por possuirem furos nas paredes, estes amuralhados são conhecidos pelo termo em inglês “loopholed stone structures” (ver fortificação).

Grande Zimbabwe – o maior Zimbabwe conhecido até aqui, localizado na República do Zimbabwe, Masvingo. O Grande Zimbabwe era uma cidade com cerca de 18.000 a 20.000 habitantes e faz parte do estilo arquitectónico Grande Zimbabwe ou Zimbabwe.

Os amuralhados espalham-se numa área de 720 hectares. O complexo Grande Zimbabwe inclui a Acrópole; o Pátio, onde se localizam várias ruínas como o Grande amuralhado (ou Templo) e a Torre Cónica e ainda habitações localizadas fora do amuralhado, onde viviam os camponeses.

Estado Zimbabwe- o Grande Zimbabwe era o Estado Central, que existiu entre os séculos XIII-XIV A.D. Era controlado por uma elite sustentada pelo tributo em ouro, marfim e outros produtos pagos pela comunidade dos camponeses.

Na periferia ou longe o Grande Zimbabwe encontravam-se outros Centros regionais como Manyikeni, em Moçambique.

ZITUNDO- Estação arqueológica das Primeiras Comunidades Agro-Pecuárias, no extremo Sul de Moçambique. Representa a extensão costeira da Tradição Broedestroom-Lydenbrug. Zitundo constitui exemplo do “continuum cultural” dentro da Tradição Matola, em Moçambique, a partir de estudos feitos por João Morais. 

ZIWA- Estação arqueológica das Primeiras Comunidades Agro-Pecuarias, localizada no Zimbabwe e que está relacionada com a Tradição Gokomere.

ZONA DE PROTECÇÃO (Património Arqueológico)- Zona circundante a um bem imóvel classificado ou áreas onde haja evidências de elementos arqueológicos de inestimável valor científico. São declaradas zona de protecção total, nos termos do nº 1 do artigo 24 da lei das Terras.

O Regulamento de Protecção do Património Arqueológico (artigo 21) proibe “qualquer alteração física nestas zonas, qualquer alienação, obras de demolição ou de construção, a afixição de cartazes, presença de garagens ou parques de estacionamento de veículos, postes e fios telégrafos ou telefónicos, transformadores ou condutores de energia eléctrica, qualquer construção permanente ou precária e, ainda, a prática de campismo”.

Compete ao Ministro da Cultura autorizar o levantamento de algumas destas interdições ou determinar intervenções que modifiquem, de alguma forma, as condiçoes físicas da zona de protecção, com objectivo de valorizar o elemento classificado.

ZUMBO- Nome de um distrito localizado na província de Tete. Provém do cognome do primeiro rei desta região, que tinha hábito de dizer “Zumbo-Zumbulane”, o que significa na língua local, denunciar ou declarar. No Zumbo foram ainda encontradas evidências da presença Asiática antiga (como a porcelana Chinesa). Há um forte do mesmo nome, não restando quase nada dele. A sua importância prende-se com a penetração Portuguesa inicial para o interior, através do Vale do Zambeze. Foto em baixo: Vestígios da antiga fortaleza do Zumbo.


















































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