23 setembro 2012

MASSACRE DE WIRIAMU


MASSACRE DE WIRIAMU

SÍNTESE
1.
No deslocamento de trabalho que os Comandantes-Chefes Ultramarinos faziam  anualmente a Lisboa, o General Kaúlza de Arriaga manteve-se, nesta cidade, as  primeiras semanas de Dezembro de 1972, regressando a Moçambique nas vésperas do  Natal, para o passar com as Tropas.  Neste período, exerceu interinamente o Comando-Chefe outro Oficial-General.
2.
Quando chegou a Nampula, o Brigadeiro Armindo Videira, Comandante da Zona  Operacional de Tete, informou-o de que havia rumores de, numa operação realizada na área de uma aldeia chamada Wiriamu, entre 16 e 18 de Dezembro, durante a sua estada em Lisboa, as tropas terem tido comportamento incorrecto perante as populações. Logo ordenou que se efectuasse, por entidade do Serviço de Justiça Militar, o normal e devido inquérito. Foi o 1º inquérito de Wiriamu.
Neste inquérito concluiu-se – 1º, que, na referida operação, tinham morrido umas seis dezenas de pessoas, entre terroristas e outros que o não seriam ou que o não eram, e, 2º,  que tudo tinha sido um incidente infeliz mas corrente de guerra, não havendo matéria de crime, nem motivo para maior procedimento. Em consequência despachou – arquive-se até melhor prova.
3.
E, durante 7 meses, ninguém de boa fé mais pensou em Wiriamu. Porém os Padres da Congregação de Burgos, actuante em Moçambique, para não "perderem o comboio", como eles próprios diziam, "alinhavam" com os terroristas, pelo menos dando-lhes refúgio nas suas missões e nelas escondendo material bélico. Teve, o General Kaúlza de Arriaga mesmo de ordenar o encerramento de algumas dessas missões.
Assim, instituindo-se inimigos da presença portuguesa em Moçambique, ou mesmo em África, e numa obcecação irracional e doentia, amoral, resolveram ir mais longe, promovendo, em ligação com a oposição interna ao regime de Lisboa, um golpe político contra Portugal, em Londres, quando da visita já programada, a esta cidade, do Presidente do Conselho de Ministros do Governo Português, Prof. Dr. Marcelo Caetano.
Neste sentido, convenceram um outro Padre, de nome Hastings, a escrever um artigo, falso e explosivo, e convenceram o conceituado jornal The Times a publicá-lo, em 10 de  Julho de 1973, véspera da chegada de Marcelo Caetano a Londres. No artigo, os  acontecimentos de Wiriamu eram, com plena má fé, deturpados, ampliados, agudizados  e mesmo forjados, por forma a torná-los num escândalo internacional, o que em parte  foi conseguido. Tudo isto levou o General Kaúlza de Arriaga a ordenar, por descargo de consciência, a realização de outro inquérito sobre Wiriamu, por outra entidade do  Serviço de Justiça Militar. Foi o 2º inquérito Wiriamu. As suas conclusões foram iguais às do 1º inquérito – um incidente infeliz mas corrente de guerra, sem matéria de crime, nem motivo para maior procedimento. E, decorrentemente, o seu despacho foi o mesmo – arquive-se até melhor prova.
Também e além de lhe ter concedido uma entrevista completa, o General Kaúlza de Arriaga autorizou um representante qualificado do "The Times", enviado por este jornal a Moçambique para averiguação da verdade sobre Wiriamu – o que o "The Times" deveria ter feito antes e não depois da publicação do artigo -, a visitar livremente o que entendesse e a contactar, também livremente, com quem desejasse. O consequente artigo publicado pelo "The Times" foi muito positivo para Portugal.
4.
Já após o regresso definitivo do General Kaúlza de Arriaga a Lisboa e em face de diligências, ainda não explicitadas, do Engenheiro Jorge Jardim, o Presidente Marcelo Caetano mandou, em fins de Agosto de 1973, que se fizesse um novo inquérito sobre Wiriamu, por entidade expressamente enviada de Lisboa, o Brigadeiro Henrique Nunes da Silva, com alguns auxiliares. E, antes deste inquérito finalizado, demitiu, inexplicavelmente e injustificadamente, o Comandante da Zona Operacional de Tete, o já citado Brigadeiro Armindo Videira. Foi o 3º inquérito Wiriamu e a destituição deste Brigadeiro.
O inquérito, como era de esperar, chegou a conclusões idênticas às dos 1º e 2º  inquéritos, sendo, naturalmente, mandado arquivar pelo próprio Presidente Marcelo Caetano. Contudo, em atitude, inexplicável e injustificada, errada e iníqua, foi mantida a exoneração do Brigadeiro Armindo Videira. Contra essa atitude se revoltou até o Engº Jorge Jardim.
5.
Perante três inquéritos com conclusões iguais, realizados por entidades diferentes, incluindo especialistas metropolitanos, nada mais havia a considerar e a proceder. Tudo estava, e por excesso, esclarecido. Wiriamu foi, pois, um incidente infeliz mas corrente de guerra.
6.
E, se alguém, especialmente um oficial das Forças Armadas, aparece, hoje, autoconfessando ter, então, cometido, permitido ou presenciado crimes, deverá ser imediatamente julgado e, se verdadeira a sua confissão, condenado e punido por esses crimes e pelo de os ter conseguido ocultar nos inquéritos. É assunto que compete ao Ministério da Defesa Nacional.
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