BLACK ECONOMIC EMPOWERMENT... UM ELEFANTE BRANCO
Secretário Geral do ANC, Gwede Mantashe |
XIPALAPALA por João de Sousa
Os métodos de funcionamento do BEE (Black Economic Empowerment), programa lançado pelo Governo sul- africano como forma de reduzir as desigualdades criadas pelo sistema do apartheid, dirigido particularmente aos empresários de cor negra, começam a ser postos em causa pelo Secretário-Geral do ANC. Gwede Mantashe, cuja permanência neste cargo ainda está em dúvida, diz não concordar com o sistema de benefícios que está a ser concedido aos accionistas. Ele ataca o empresariado negro por “não ser competitivo e não produzir e realizar serviços de qualidade”.
Este não é um problema novo. Há analistas locais que consideram que a política de apoio ao empresariado negro, via BEE, continua a ser obscura.
Este programa, como muitos têm referido, virou um elefante branco. E há quem diga que as políticas definidas estão erradas e dissociadas do actual estado de desenvolvimento do país, a braços com vários problemas, numa altura em que todas as atenções estão viradas para o próximo Congresso do ANC, a ter lugar em Dezembro.
Problemas de insatisfação da população pelas más condições de habitabilidade, das reivindicações salariais e das greves, em sectores como o mineiro, que são “o grande suporte económico do país”, principalmente numa altura em que 12 mil trabalhadores da Anglo American despedidos ameaçam colocar o gigante das minas da África do Sul em tribunal.
Gwede Mantashe ataca o regime anterior, quando diz que “durante 40 anos (de 1948 a 1994) os afrikaaners não foram capazes de formar um único gestor negro para a indústria mineira”. Todos os gestores, segundo palavras suas, eram sul-africanos brancos ou ingleses. Perante esta afirmação, surge, de diferentes quadrantes, a pergunta: “em 18 anos de democracia, quantos gestores negros para o sector mineiro foram formados?” Poucos, muito poucos.
Não deixa de ser interessante uma observação feita pelo Secretário-Geral do ANC, quando se refugia no exemplo da construção duma escola. Se o pedido de construção for feito via BEE o custo é de 20 milhões de randes. Se o pedido for dirigido ao sector privado pode custar entre cinco a 10 milhões de randes. Por isso, adianta, “algo está errado”, porque afinal a construção da escola é relegada para segundo plano, porque a prioridade é facilitar o trabalho dos beneficiários.
Duma forma bem directa, como aliás é o seu estilo, Gwede Mantashe coloca o dedo na ferida e confirma que afinal “o Black Economic Empowerment é de facto um elefante branco”.
In: CORREIO DA MANHÃ – 10.10.2012
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