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10 outubro 2012

BLACK ECONOMIC EMPOWERMENT... UM ELEFANTE BRANCO


BLACK ECONOMIC EMPOWERMENT... UM ELEFANTE BRANCO
Secretário Geral do ANC, Gwede Mantashe

XIPALAPALA por João de Sousa
Os métodos de funcionamento do BEE (Black Economic Empowerment), programa lançado pelo Governo sul- africano como forma de reduzir as desigualdades criadas pelo sistema do apartheid, dirigido particularmente aos empresários de cor negra, começam a ser postos em causa pelo Secretário-Geral do ANC. Gwede Mantashe, cuja permanência neste cargo ainda está em dúvida, diz não concordar com o sistema de benefícios que está a ser concedido aos accionistas. Ele ataca o empresariado negro por não ser competitivo e não produzir e realizar serviços de qualidade”.
Este não é um problema novo. Há analistas locais que consideram que a política de apoio ao empresariado negro, via BEE, continua a ser obscura.
Este programa, como muitos têm referido, virou um elefante branco. E há quem diga que as políticas definidas estão erradas e dissociadas do actual estado de desenvolvimento do país, a braços com vários problemas, numa altura em que todas as atenções estão viradas para o próximo Congresso do ANC, a ter lugar em Dezembro.
Problemas de insatisfação da população pelas más condições de habitabilidade, das reivindicações salariais e das greves, em sectores como o mineiro, que são “o grande suporte económico do país”, principalmente numa altura em que 12 mil trabalhadores da Anglo American despedidos ameaçam colocar o gigante das minas da África do Sul em tribunal.
Gwede Mantashe ataca o regime anterior, quando diz que “durante 40 anos (de 1948 a 1994) os afrikaaners não foram capazes de formar um único gestor negro para a indústria mineira”. Todos os gestores, segundo palavras suas, eram sul-africanos brancos ou ingleses. Perante esta afirmação, surge, de diferentes quadrantes, a pergunta: “em 18 anos de democracia, quantos gestores negros para o sector mineiro foram formados?” Poucos, muito poucos.
Não deixa de ser interessante uma observação feita pelo Secretário-Geral do ANC, quando se refugia no exemplo da construção duma escola. Se o pedido de construção for feito via BEE o custo é de 20 milhões de randes. Se o pedido for dirigido ao sector privado pode custar entre cinco a 10 milhões de randes. Por isso, adianta, “algo está errado”, porque afinal a construção da escola é relegada para segundo plano, porque a prioridade é facilitar o trabalho dos beneficiários.
Duma forma bem directa, como aliás é o seu estilo, Gwede Mantashe coloca o dedo na ferida e confirma que afinal “o Black Economic Empowerment é de facto um elefante branco”.

In: CORREIO DA MANHÃ – 10.10.2012

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