X CONGRESSO CONSAGRA GUEBUZA COMO TODO
PODEROSO
Nova Comissão Politica eleita no Congresso de Pemba |
Pemba
(Canalmoz) – Longe do propósito oficial (consagração da auto-estima), o X
Congresso do partido Frelimo, cujo pano caiu na última sexta feira na cidade de
Pemba, consagrou Guebuza como “o todo poderoso”.
Armando
Guebuza é sem dúvidas, o grande vencedor do Congresso ao alcançar todos os seus
objectivos: eliminou quase todos os camaradas que criticavam a sua direcção no
partido e no País, e conseguiu colocar seus delfins em lugares estratégicos, na
direcção do partido. Ainda testemunhou a agradável eleição da sua filha querida
para o comité central.
Do comité
central, Guebuza conseguiu “eliminar” do Comité Central, alguns dos históricos
“incómodos” como Jorge Rebelo, que era das poucas vozes que conseguiam criticar
publicamente Armando Guebuza. Mas a ala Guebuziana conseguiu mais grande feitos
neste X congresso. Faz eleger Guebuza, sem concorrência, ao cargo de presidente
do partido; fez eleger, sem concorrência, Filipe Paúnde, como secretário-geral
do partido; e como uma cereja no topo do bolo, e também sem concorrência,
conseguiu colocar José Pacheco como Secretário da Comissão de Verificação de
Mandatos. Todas condições criadas para Guebuza continuar a mandar na Frelimo e
no País… sem vozes que o contrariem, pelo menos de dentro.
Uma
comissão política à medida de Guebuza
A marcha
para a grande vitória de Guebuza começou na quarta-feira, com a sua reeleição
para a presidência do partido. Mas o dia da consagração foi quinta-feira, com a
eleição dos membros da comissão política, da lista da continuidade. No momento
mais aguardado, viu-se Luísa Diogo, uma das vozes críticas à actual liderança e
mais achegada a Chissano, a cair da comissão política, depois de ter sido
dada como certa concorrente de Paúnde ao cargo de secretário geral. A queda da
ex-primeira-ministra foi o assunto mais debatido nos corredores do congresso e
nos cafés de Pemba.
Sexta-feira
Guebuza selou a sua vitória. Muxara só assistiu à subida à comissão política,
de membros que são tidos como “vassalos” de Guebuza. Subiram à comissão política,
na sexta-feira, Alberto Vaquina (Governador de Tete), Sérgio Pantie,
(secretário para área de organização e quadros do partido), Cadmiel Muthemba
(ministro das Obras Públicas e Habitação), Carvalho Muária (Governador de
Sofala), Esperança Bias (ministra dos recursos minerais), e Lucília Hama
(Governadora da cidade de Maputo). São todos subordinados de Guebuza, por ele
nomeados para ministros e governadores - excepção a Sérgio Pantie. A estes
juntam-se os que haviam sido eleitos na noite da quinta-feira: Alberto
Chipande, Eduardo Mulémbwè, Eneias Comiche, Raimundo Pachinuapa, Verónica
Macamo, Margarida Talapa, Conceita Sortane e Alcinda Abreu.
Mulémbwè e
Comiche: os sobreviventes
Como se pode
ver na lista, dos novos membros da Comissão Política, “há dois nomes estranhos”
às preferências e objectivos do grupo de Guebuza. São Eduardo Mulémbwè, antigo
presidente da Assembleia da República e Eneias Comiche, antigo presidente do
Conselho Municipal de Maputo, que a opinião pública comenta que foi afastado por
ser competente e ter se recusado a prestar favores a alguns camaradas, enquanto
edil.
Para o caso
de Mulémbwè, começou a ser combatido abertamente logo no primeiro dia do
congresso, quando deu entrevista a jornalistas manifestando disponibilidade
para ser candidato da Frelimo às presidenciais, “caso o partido o propusesse”.
Mal os jornais saíram no dia seguinte com entrevista de Mulémbwè, o secretário
para Mobilização e Propaganda mandou recolher todos os jornais que circulavam
no recinto do congresso, alegadamente por motivos de segurança. Talvez
segurança política. Estava claro que Mulémbwè seria combatido até as últimas
consequências. Mas resistiu e os seus detractores tiveram que o engolir a ser
eleito e com uma margem folgada para continuidade na Comissão Política.
Comité
Central não quer Edson Macuácua na Comissão Política
Era dada
como certa a eleição de Edson Macuácua, o actual secretário para Mobilização e
Propaganda, que de resto tem se notabilizado na reprodução do discurso do
presidente do partido e um fiel servidor da ala de Guebuza. Concorreu para a
Comissão Política para ocupar uma das quatro vagas juntamente com Alberto
Vaquina, Sérgio Pantie, Cadmiel Muthemba, Carvalho Muária e Hermenegildo
Infante (primeiro secretário da cidade de Maputo). Edson foi o menos votado da
lista, e ficou de fora juntamente com Hermenegildo Infante.
Logo que foi
anunciada a lista dos aprovados pelo Comité Central para a Comissão Política
começaram a ser construídas explicações para as preferências de voto segundo
interesses estratégicos de Guebuza. Eis a lógica que ouvimos fora da sala do
Congresso e registamos: Esperança Bias e Albero Vaquina são tidos como
estratégicos para Guebuza no âmbito do controlo da exploração mineira e
assinatura de contratos com as multinacionais. Cadmiel Muthemba antigo fiel
servidor de Guebuza nos interesses ligados à pesca e agora tramita o mesmo
expediente nas Obras Públicas. Carvalho Muária tramita o expediente do
presidente do partido no dossier portos e caminhos-de-ferro (linha de sena)
como governador de Sofala. No caso de Sérgio Pantie, é um novo quadro (trabalha
na organização de quadros) que está a ganhar confiança do presidente: tratou do
expediente que levou Benedito Guimino a ganhar eleições em Inhambane.
Como se pode
ver, todos que entraram para a comissão política como novos, tem alguma
afinidade de interesse junto do Chefe do Estado. Sem explicação fiou a eleição
de Lucília Hama, mas que é a governadora da capital, nomeada por Guebuza.
Aires Ali
e Aiuba Cuereneia: os grandes derrotados
A luz da
teoria de “membros ligados a Guebuza” não tiveram sorte dois delfins de
Guebuza, nomeadamente, Aires Ali (primeiro-ministro) e Aiuba Cuereneia
(ministro da Planificação e Desenvolvimento). Aliás, o primeiro era visto como
preferência de Guebuza para candidato a Chefe de Estado. O Comité Central disse
não a estas duas figuras para a Comissão Política e acabaram saindo pela porta
pequena de Muxara. Entraram poderosos e saíram com o povo. Para o caso de Aires
Ali, vai continuar (mas sem direito a voto) na Comissão Política só por
inerência de funções na qualidade de primeiro-ministro. Se não conseguir
renovar o posto de PM no próximo mandato, dirá adeus ao grande e restrito
centro do poder político e consequentemente económico.
(Redacção- CanalMoz- 01 de Outubro de 2012)
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