GUEBUZA DESTACA PAPEL DA IGREJA
PRESBITERIANA DE MOÇAMBIQUE (IPM) NA AFIRMAÇÃO DO NACIONALISMO MOÇAMBICANO
Centro Junod em Ricatla-Marracuene |
O Presidente da República, Armando Guebuza,
enalteceu hoje o papel da Igreja Presbiteriana de Moçambique (IPM) pelo seu
papel na afirmação do nacionalismo moçambicano, elemento que foi fundamental
para a libertação do país do colonialismo português.
A IPM é a atinga Missão Suíça, organização que surgiu em Moçambique em 1887 na
sequência das expedições de missionários europeus para África. Hoje, os
milhares de crentes e simpatizantes da IPM provenientes de diversos pontos do
país e do estrangeiro juntaram-se na Paróquia da Antioca, distrito de Magude,
para celebrar o jubileu da igreja pela passagem dos 125 anos após a sua
criação.
Igualmente, esta cerimónia, que foi celebrada sob o lema “125 Anos: Transformando Vidas em Jesus Cristo”, contou com a presença de membros do governo, encabeçados pelo Chefe do Estado, Armando Guebuza.
Falando na ocasião, Guebuza disse que a Missão Suíça desempenhou um papel fundamental na cristalização da matriz identitária e na forja do nacionalismo em Moçambique, ao despertar e acarinhar a vontade dos moçambicanos libertarem-se da dominação estrangeira.
Igualmente, esta cerimónia, que foi celebrada sob o lema “125 Anos: Transformando Vidas em Jesus Cristo”, contou com a presença de membros do governo, encabeçados pelo Chefe do Estado, Armando Guebuza.
Falando na ocasião, Guebuza disse que a Missão Suíça desempenhou um papel fundamental na cristalização da matriz identitária e na forja do nacionalismo em Moçambique, ao despertar e acarinhar a vontade dos moçambicanos libertarem-se da dominação estrangeira.
“Desde os seus primórdios, a igreja realizou trabalhos que culminaram com o desenvolvimento e padronização da ortografia das línguas africanas com que entrava em contacto. O primeiro livro publicado em Tsonga foi o Buku la Xikwembu (Livro de Deus), em 1883”, disse Guebuza.
Segundo referiu, a publicação do livro foi um passo importante para o início de alfabetização nestas línguas, um programa em que esta igreja também foi pioneira. Nesse mesmo quadro, a Missão Suíça iniciou a formação de professores para a alfabetização e para o ensino primário.
Contudo, Guebuza lembrou que o Decreto 168 de Agosto de 1929 viria a impor muitas restrições à construção, localização e gestão dessas escolas e às qualificações para ser professor das mesmas.
Em consequência disso desse decreto, segundo o presidente, muitas escolas foram encerradas e centenas de alunos perderam a oportunidade de ter alguma formação.
“É no contexto destas restrições que interpretamos a introdução dos ‘mintlawa’, em 1932, mecanismo que se viria a revelar como alternativa não-formal, mas eficiente, porque inspirado e informado pela nossa cultura”, disse o estadista moçambicano.
Na ocasião, o Chefe de Estado sublinhou que “os ‘mintlawa’ cultivavam o sentido de liderança; hierarquia; e de higiene e aprumo dos seus membros e organização interna do grupo; bem como a cooperação; o respeito mútuo; o sigilo; e a solidariedade entre os seus membros”.
Igualmente, a Missão Suíça realizou estudos etnográficos, sociológicos e antropológicos sobre a população que evangelizava, o que permitia a documentação dos sistemas de valores e as tradições dessas comunidades.
O Presidente da República disse igualmente que a Missão Suíça integrava as igrejas que comungavam do ecumenismo, uma prática que contribuiu para o florescimento da consciência de unidade entre moçambicanos crentes de diferentes igrejas.
A título de exemplo, ele disse que o Núcleo dos Estudantes Secundários Africanos de Moçambique (NESAM) foi fruto dessa unidade entre os moçambicanos. Esta organização foi criada em 1949 pelo nacionalismo moçambicano Eduardo Mondlane, obreiro da unidade nacional.
“Devido aos seus ensinamentos progressistas e libertadores, a Igreja Presbiteriana de Moçambique foi o berço de muitos nacionalistas que se juntaram à FRELIMO, a força política que este ano celebra o seu jubileu de ouro, a força política que mobilizou e enquadrou os moçambicanos para lutar pela liberdade e independência”, disse Guebuza.
O estadista moçambicano também destacou o facto de a IPM não se limitar a divulgação do evangelho, já que parte das suas paróquias possuem escolas, internatos e hospitais, o que permite a aquisição de novos saberes úteis na comunidade e locais de combate e tratamento de doenças.
Uma das maiores igrejas do país, a IPM começou as suas actividades em Moçambique na Missão de Ricathla, distrito de Marracuene, província de Maputo, na altura ainda com a designação de Missão Suíça. Por muitos anos, esta igreja esteve apenas a operar nas províncias de Maputo e Gaza, sul do país, mas agora está presente em todo o país, contando com mais de cem mil crentes.
No âmbito social, esta igreja intervém nas áreas da saúde, incluindo no combate ao SIDA, no abastecimento de água, bem como na educação através da construção e gestão de escolas, incluindo as do ensino vocacional e profissional e oferta de bolsas de estudo.
MM/le
AIM – 15.07.2012
NOTA:
Leia aqui, de Severino Elias NGOENHA, Lusotopie
1999, pp.
425-436, “Os missionários suíços face ao nacionalismo moçambicano - Entre
a tsonganidade e a moçambicanidade“: Download
Missionariossuicos_ngoenha
Interessante esta passagem:
“Eduardo Mondlane, figura por excelência do
nacionalismo moçambicano, era um chope, grupo que resistiu heroicamente, quer
ao último rei nguni, Ngungunhane, quer aos portugueses. Mesmo depois da
derrota, os chopes nunca aceitaram a submissão, preferindo muitas vezes um
exílio voluntário na África do Sul. No Chitlango, filho
de chefe (Clerc
& Chitlango Khambane 1990), Mondlane, membro das elites inconformistas
chopes, teria recebido da sua mãe o mandato de ir à escola dos brancos, para
aprender o que Cheik Hamidou Kane (1961) na Aventura ambígua chama a « arte de ganhar sem
ter razão ». Como Samba Diallo de C.H. Kane, Mondlane teria ido à escola
europeia (a missão protestante) em obediência a lógicas nativas.”
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE
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