UM PERFIL DE EDUARDO CHIVAMBO
MONDLANE: DESMISTIFICAÇÃO OU MERA REFLEXÃO SOBRE AS SUAS INTERACÇÕES NOS EUA
[1]
Eduardo Mondlane (Presidente da Frelimo) e Urias Simango (Vice presidente da Frelimo) |
UM dos aspectos dominantes da memória de
Mondlane é o revolucionário que muitas vezes acaba sendo parte de um mito criado e sustentado ao longo de
muitos anos. No nosso caso, Mondlane tem sido invocado pela FRELIMO, e o
Governo de Moçambique, como sendo uma figura quase divina, cuja memória serve
para lembrar ao povo do sacrifício que um homem fez para o país. Sendo assim,
esta memória serve às vezes de paliativo que obscura a realidade actual do
povo.
Importa-me realçar a distinção entre
lembrar Mondlane como mito político - herói de coragem e integridade indisputável
- e lembrar Mondlane como homem normal, cujo papel na luta contra o
colonialismo Português dependeu em grande parte do encorajamento de outros
seres humanos com enormes capacidades analíticas dos efeitos do colonialismo.
Numa entrevista (Manghezi, 1999), Janet Rae
Johnson, viúva de Eduardo Mondlane, confessa que a imagem de Mondlane foi
invocada, muitas vezes, pelo Governo de Moçambique independente como símbolo de
conveniência. Johnson, revela que “houve outras ocasiões em que se devia
projectar a unidade do país e, nessas ocasiões, iam buscar o Mondlane à
arrecadação e limpavam-lhe o pó.”
Neste artigo, o meu interesse é captar
também o aspecto humano, na medida do possível não mitológica de Mondlane, dai
a intenção de desmistificação.
Louis Krisberg, um professor na Syracuse
University, que conheceu Mondlane aquando da última recepção de despedida de
Mondlane para se dedicar em liderar a FRELIMO, contou-me que a sua memória de
Mondlane é de um indivíduo carismático e dotado de profunda inteligência.
Krisberg é um dos poucos testemunhas da presença e contributo de Mondlane na
Syracuse University.
Outros testemunhas, contemporâneos na mesma
universidade são o Clive Davis, Mashall Segall, e Douglas Armstrong. Mondlane,
no entanto, não se viu como carismático; de facto, uma vez confessou a sua
inabilidade de comunicar efectivamente, ao seu mentor Melville Herskovits,
fundador do Departamento de Antropologia da Northwestern University e fundador
do programa de Estudos Africanos.
Em resposta ao convite feito no dia 23 de
Marco de 1952 por Herskovits para que Mondlane falasse com os seus estudantes
num seminário que teria lugar no dia 28 de Abril, aquando dos seus estudos de
licenciatura na Oberlin College, Mondlane (1952) disse: “Estou certo que os
seus estudantes vão me estimular. Como sabe, não sou bom orador, dai que
ficarei feliz em responder perguntas do que fazer um discurso formal.”
O que foi revelado mais tarde, por
Herskovits foi a importância da perspectiva de Mondlane, pois esta intervenção
seguiria a apresentação, na mesma série, do Lord Hailey.i
Melville Herskovits foi a pessoa que esteve
por detrás da vinda de Mondlane para Northwestern University e se tornou muito
importante para o início da sua carreira política. No dia 11 de Dezembro de
1952, Herskovits (1952) escreveu para Mondlane informando-o dos seus planos
(junto à sua esposa) de visitar a África Ocidental - por dois meses e depois a
África Austral e Oriental - e pediu cartas de apresentação para que usasse em Moçambique,
tanto para membros da família de Mondlane, como para pessoas que o mesmo
achasse que seria vantajoso conhece-los.
No entanto, prometeu discutir com Mondlane,
após regressar, alguns dos problemas que viesse a conhecer em primeira-mão -
talvez uma indicação de que Mondlane e Herskovits já travam conversas sérias
sobre a situação em Moçambique.
Numa carta à Herskovits, aos 12 de Dezembro
de 1952, Mondlane (1952) manifestou interesse em fazer o seu mestrado na
Northwestern University e, confrontado com o obstáculo financeiro, recorreu à
Herskovits para que escrevesse uma carta de recomendação para a administração
da universidade e para o Departamento de Sociologia.
Nesta altura, a reputação de Mondlane como
orador sobre os problemas da África já se fazia sentir. No entanto, foi nesta
carta que Mondlane fez uma confissão profunda do seu despertar político sobre
os problemas do continente Africano; uma confissão que demonstra profunda
introspecção e reflexão sobre as suas origens como Africano, seu presente e seu
futuro em relação aos problemas do continente Africano.
Mondlane viu na educação em Sociologia, o
facto da Northwestern ter a combinação de Sociologia e Antropologia e a
existência do Instituto para os Estudos Africanos como um locus com potencial
de aprendizagem que o ajudaria neste dilema, dai a seguinte confissão:
Este semestre tenho dividido o meu tempo
entre estudos e palestras em todo este estado (de Ohio). Muitas organizações
estão ficando mais e mais interessadas nos problemas da África do Sul. Estou
tentando muito ser o mais objectivo possível. Quanto mais falo da África, mais
necessidade sinto de estudar os problemas envolvidos; pois embora seja fresco
de África, como gostaria de acreditar, há muitas coisas sobre as quais ainda
não estou claro.
No âmbito dessa mesma confissão, Mondlane
mostrou determinação em ingressar no programa da Northwestern University, sem
abandonar a possibilidade de voltar para casa (Moçambique) para trabalhar por
alguns anos, caso não fosse possível realizar este desejo. Não havia dúvida na
sua mente que, para ele, a solução jazia no estudo directo de Sociologia, e
mais especificamente, com foco na “mudança social” e “problemas rurais e
urbanos”.
Dentro deste contexto de troca com
Herskovits, devo realçar que o comentário de Marshall Seagal, durante a nossa
entrevista, de que Mondlane nunca o deu a impressão de ser revolucionário,
corrobora esta confissão. De facto, uma conclusão a que cheguei depois de uma
entrevista com Segall foi o facto de que o elemento humano muitas vezes se
perde em narrativas políticas.
Marshall Segall diz ter conhecido Mondlane
na Northwestern University, como colega de escola. Este, por seu turno, foi
instrumental na ida de Mondlane à Syracuse University para ocupar a cadeira de
docente. Segall era na altura o director dos Estudos da África Oriental na
Syracuse University. Foram colegas na Northwestern University nos finais de
1950 durante os estudos de pós-graduação e diz ter passado um tempo com ele em
Dar-Es-Salaam pouco antes do seu assassinato. Segundo Segall, a Syracuse
University foi a única universidade nos Estados Unidos da América a dar “leave
of absence” (ausência) a um membro da faculdade para liderar uma revolução.
Segall caracteriza Mondlane como sendo “charmoso, bondoso, inteligente,
caloroso, sincero, e amigável” e alguém que “não servia a imagem estereotipada
de um revolucionário fogoso, i.e., do tipo levantador de rebeldia...” uma
característica que desconfia ter influenciado na direcção da FRELIMO e as
eventuais divisões dentro da mesma.
Segall é testemunha do facto de que
Herskovits, que segundo ele foi o fundador do primeiro programa de Estudos
Africanos nos Estados Unidos da América, teve grande influência no ingresso de
Mondlane à Northwestern University. O programa foi financiado pela Ford
Foundation. Segall conta que Herskovits organizou um seminário sobre África e
escolheu como local para o seminário um edifício, cujo doador tinha como
critério não permitir entrada de Judeus e Africanos no edifício. Herskovits era
Judeu, o tema do seminário era “África”, e alguns dos estudantes eram Africanos
(entre eles Mondlane, que participou activamente no seminário) e
Africano-Americanos tal como o próprio Segall.
O presidente da universidade opôs-se ao uso
da instalação, mas como Herskovits ameaçou retirar os fundos (milhões de
Dollars) da Ford Foundation, o presidente não teve outra alternativa senão
deixar que o seminário se realizasse.
O foco de Mondlane pareceu mais académico
do que político, mas foi via à exposição aos assuntos de África durante as
aulas e discussões em palestras e actividades relacionadas que o interesse
concreto na libertação do continente Africano emergiu.
Herskovits pareceu muito instrumental neste
processo de transição para a Política, segundo a sua descrição na carta de
referência que escreveu em suporte do mesmo aquando da inscrição para o
programa de mestrado na Northwestern University (Herskovits, Carta de
Referencia Para Eduardo C. Mondlane, 1952). Na carta, Herskovits profetizou que
o papel de Mondlane será “de grande significado, ambos pelo ponto de vista do
serviço que prestará quando regressar a casa e a contribuição que ele pode
fazer na situação dinâmica que caracteriza a África Sub-Sahariana.” Como
resultado, Mondlane recebeu uma bolsa da Carnegie (Carnegie Scholarship) no
valor de $750.00 para o ano lectivo de 1953-1954, que inclui $225.00 em
dinheiro líquido e $525.00 em propinas. Após a conclusão do mestrado e ainda
determinado a ver o seu sonho académico realizado, Mondlane fez requerimento para
a bolsa de estudo para o nível de doutoramento.
O papel de Mondlane como revolucionário
começa a desenrolar-se com clareza depois da sua graduação. Numa carta que
escreveu à Herskovits aos 9 de Setembro de 1957, após concluir os estudos de
doutoramento e aceitar emprego na Trusteeship Division das Nações Unidas,
Mondlane informou a Herskovits sobre a ida do seu muito bom amigo, como o
descreve, à Chicago, o Senhor Joseph Biroli-Baranyanka ii que, segundo
Mondlane, era filho dum importante chefe supremo duma região de Rwanda-Urundi
iii.
A carta foi acompanhada de um documento
intitulado “A Study Group of Congo African Problems: An Introduction to the
Principles and Programme of the Organization” que descrevia a agenda política
do grupo de estudos Alfred Marzorati, cujo nome era de um então antigo
administrador Belga em África. No documento, o grupo manifestava interesse num
processo de transição suave e passivo e à liberdade dos Africanos e a criação
duma nova relação política via programas construtivos, isto como alternativa
àquilo que o grupo designava como “o desejo dos povos Africanos em tomar os
seus destinos nas suas próprias mãos.” Dois objectivos caracterizavam a agenda:
a criação do grupo de estudo e o desenvolvimento de líderes do futuro. É provável
que algumas ideias deste grupo tenham tido grande efeito na linha política de
Mondlane ou apenas ressoavam com as ideias que este já abraçava, pois o grupo
visava a inclusão de Belgas e Africanos, bem como de indivíduos de qualquer
raça e religião. Não seria surpreendente se o apelo académico e cristão foi a
razão porque Mondlane mostrou-se entusiasmado em relação ao Biroli-Baranyanka
segundo o qual (iv), a nossa intenção é fazer um contributo ao crescimento do entendimento mútuo
entre os diversos grupos em África e à apreciação própria das complexidades de
problemas particulares que enfrentamos no continente. A nossa perspectiva é ao
mesmo Africana e Cristã - uma harmonia entre Africano e o Ocidente, o qual
estamos apostados a proteger contra os perigos do comunismo ou de qualquer
outra invasão à liberdade da democracia. (1957).
A intenção do grupo de estudo estava muito
clara, quer em termos teórico-ideológicos, como em termos práticos - a educação
superior de Africanos nos Estados Unidos da América seria a solução para a
África face aos perigos do comunismo e ao inevitável crescimento do
descontentamento das massas com o colonialismo.
Infelizmente, Herskovits não estava em
Chicago na altura em que Biroli-Baranyanka devia ter lá estado e nem ouviu
sobre a sua vinda. Pelo contrário, Herskovits vira a atenção de Mondlane para o
Alioune Diop, então editor da revista Présence Africaine e comenda Mondlane pela posição
nas Nações Unidas, manifestando um optimismo na posição estratégica em relação
a questões emergentes sobre a África Portuguesa.
Não é possível constatar se a viragem em
assunto seria indicação de que Herskovits tinha reservas ou indiferença em
relação ao entusiasmo de Mondlane na Agenda do Biroli-Baranyanka ou se era uma
forma de voltar a atenção de Mondlane a um fórum mais importante para o seu
trabalho intelectual-político (e não o inverso), a revista de Diop. A outra
possibilidade é que Biroli-Baranyinka expressava, categoricamente, que a sua
agenda era Cristã; enquanto que Mondlane era menos dogmático nesse sentido - o
que para Herskovits, como Judeu, talvez a postura de Mondlane fosse mais
deleitável, pois o que eles tinham em comum, i.e., o interesse na causa da
África e a intelectualidade, deveria se manter o foco da sua relação.
Aos 22 de Maio de 1958, Herskovits reage a
um artigo intitulado “Eduardo Mondlane, Um Português Moçambicano” que Mondlane
o enviou e que havia sido escrito por Simões de Figueiredo e publicado no
Diário de Notícias de Lourenço Marques aos 16 de Maio de 1958. Herskovits,
talvez para o desapontamento de Mondlane que parecia entusiasmado pelo artigo,
informa-o em duas instâncias no primeiro parágrafo - como que para enfatizar -
que quase não o pode reconhecer no artigo de Figueiredo, mas supunha que tal
coisa (imagem ou publicidade) não o prejudicaria. Mais uma vez, Herskovits vira
a atenção à recente visita dum tal Teixeira que teve dificuldades em responder
a algumas perguntas sobre Moçambique, feitas durante o almoço. A carta termina
com uma lembrança a Mondlane para terminar a sua tese.
Em 1958, Mondlane candidatou-se a uma
posição de docente em Ghana e a Inter-University Council for Higher
Education Overseas enviou
um pedido, datado Junho 17, à Herskovits para que este escrevesse uma carta de
recomendação, pois Mondlane havia dado o seu nome para tal (Maxwell, 1958). A
recomendação de Herskovits mais uma vez salientou a capacidade intelectual de
Mondlane, apesar de o mesmo reconhecer não estar à par do estado da tese de
PhD.
Não foi possível estabelecer o desfecho da
situação da tese de Mondlane na correspondência com Herskovits; mas, em Janeiro
de 1968, o então Dr. Eduardo Mondlane apareceu como um dos convidados para
falar no simpósio para examinar a “violência”, num evento organizado e
financiado pelos estudantes da Northwestern University. Entre os oradores
estavam: Charles Hamilton, Stanley Milgram, professor de psicologia na City
College of New York; Ernest Chambers, barbeiro e porta-voz da Black
Militancy em
Omaha, Nebraska; Staughton Lynd, professor na Illinois State Teachers College;
Vincent Harding, presidente do departamento de Historia na Spellmen
College; James Lawson, vice-presidente da Fellowship of
Reconciliation, uma organização pacifista religiosa, e ex-conselheiro do Dr.
Martin Luther King, Jr.; Robert Theobald, Autor; Leslie Fielder,
Autora-critica-educadora; e Bosley Crowther, ex-funcionário da New York Times.
É provável que Mondlane participou em alguns destes simpósios - em 1964/65 o
tema foi “Rebelião”; em 1965/66, “Diminuindo o Homem”2 ; e, em 1966/67 “A Nova
Urgência” - e que os tais o teriam influenciado.
A sessão de Mondlane foi sobre o tema
“Violence as Outlet”3 e argumentou, na qualidade de presidente da FRELIMO, que
o recurso à violência numa revolução é aceite somente quando for imperativa. Um
ano antes, i.e., numa carta aos 10 de Abril de 1967, Mondlane reconheceu à
Gwendolyn Carter que a rara oportunidade que tiveram em Northwestern, de serem
influenciados por professores “cabeças-duras” que os forçaram a olhar para os
factos básicos do comportamento humano estava a ser útil na renhida luta
armada. Mais uma evidência de que a atmosfera do programa da Northwestern
University influenciou Mondlane para uma carreira política que culminou na sua
visão e seu papel na libertação de Moçambique. Na carta, Mondlane passa
cumprimentos ao Ray Mack, ao Don Campbell, e à Sra. Frances Herskovits e não há
menção de Melville, o que indica que nessa altura ele já havia falecido.
_____________________
1 Este artigo foi publicado em Italiano.
Cossa, J. (2011). Al di là del “mito”: un ritrato di Eduardo Chivambo Mondlane
negli Stati Uniti d’America. In Luca Bussotti and Severino Ngoenha (Eds), Le
Grandi Figure dell'Africa Lusofona. Fra storia e attualità, Aviani Editore, Udine.
2 “Diminishing Man”
3 Violência como recurso
i Lord Hailey trouxe uma contribuição intellectual de enorme significado em
torno da questão das independencies dos países Africanos (Hailey, The Role of
Anthropology in Colonial Development, 1944); e (Hailey, A Turning Point in
Colonial Rule, 1952), na qual destacou o seguinte:
In terms of strict constitutional idiom, the future of units
attaining self-government can be expressed either as complete autonomy, or as
autonomy only in their internal affairs. It would be polite, even were it not
also politic, to let them know now which of these alternatives we propose for
them.
ii Devido a falta de dados acessíveis, isto é assumindo que existam algures,
não me foi possível traçar a historia do Biroli-Baranyanka de modo a constatar
a legitimidade da informação na carta de Mondlane, i.e., primeiro Africano numa
universidade Belga. O que foi possível constatar foi o facto de que em 1949 e
1950 um grupo de ilustres figuras nativas visitou a Bélgica pela primeira vez e
que parte dos benefícios foi a educação de vários membros da classe media e
jovens na Bélgica (Ruanda-Urundi, 1960). No entanto, esta ausência de
suficientes factos históricos sobre Biroli-Baranyanka é do género que “levanta
sobrancelhas” pois não pude encontrar um único facto na Internet, na Université
catholique de Louvain, ou na St. Anthony’s College at Oxford que corrobora a
descrição do Biroli-Baranyanka dada por Mondlane à Herskovits (1957). Os traços
que pude achar foram em relação (a) ao facto de um tal Joseph Biroli, um dos
dois filhos do chefe Baranyanka (o outro, seu gemio, chamava-se Joseph
Ntintendereza), ter co-fundado o Parti Démocrate Chrétien (PDC) que travou
lutas renhidas com o partido de Ragwasori, UPRONA (l’Union et du Progres National)
(Lemarchand, Rwanda and Burundi, 1970), uma rivaldade herdada do ódio que os
Hutus tinham para com o seu pai devido ao favoritismo Belga que este gozou
enquanto chefe (Lemarchand, 1996); (b) o facto de que Biroli-Baranyanka teve
uma formacao académica na Bélgica, embora a instituicao citada por Lemarchand
(1970) seja L’institut universitaire des territorre d'outre-mer, em vez da
Universidade de Louvain. Lemarchand tende a exaltar o Joseph Biroli, afirmando
que este frequentou Oxford e Harvard, de modo a afirmar a sua superioridade
intelectual sobre o seu rival politico Ragwasori. Mondalne, por seu turno,
providencia mais detalhes sobre a instituicao em Oxford onde Biroli estava na
altura a completar a tese de Ph.D.—St. Anthony College at Oxford—e a natureza
de business em Harvard, “ele veio a este pais [Estados Unidos da America] nos
principios deste verao para a Harvard University Institute of International
Economic and Political Sciences (algo de genero)”.
iii Ruanda-Urundi foi uma suserania Belga de 1916 até 1924,
Mandato de Class B da Sociedade das Nacoes desde 1924 até 1945 e depois
Territorio das Nacoes Unidas até 1962, quando se tornou nos estados
independentes de Rwanda e Burundi (Ruanda-Urundi, 1960). Suserania é um
território em que o suserano exerce o seu dominio. Suzerano diz-se do soberano
de um Estado com respeito aos de outros Estados que, subsistindo em condições
de aparente autonomia, lhe rendem contudo vassalagem ou lhe pagam tributo.
(veja o “Dicionario Priberam da Lingua Porguesa”).
iv Parte da minha pressuposição extende-se ao facto de que a associação de
Mondlane a Biroli-Baranyanka, como Cristao e com a democracia (Americana) como
linha política, reflete-se também na fé que Mondlane mais tarde pós nos
Reverendos Urias Simango, apesar de mais tarde ter suspeitado o mesmo de
ambição de poder, e Mateus Ngwengere, apesar deste ter sido uma espinha na
carreira política de Mondlane (Manghezi, 1999). Ned Munger expressa que
Mondlane foi fortemente influenciado pelo Ocidente e pelo Cristianismo e Luís
Serapião argumenta que Mondlane era nacionalista que manteve laços fortes com o
Ocidente (1985). Mondlane, incidentalmente, acusava os Angolanos do MPLA de
esconderem a sua ligacao espiritual-material com os Estados Unidos por detrás
dum “anti-Americanismo” (Manghezi, 1999). Segundo o mesmo, esta posição da
FRELIMO só mudou depois do “Bando de Argel” (McGowan, 1979) ter influenciado a
política da FRELIMO ao anti-Ocidente, a favor do Marxismo-Leninismo.
SOBRE O AUTOR
José Cossa (colaboração), é um estudioso moçambicano residente em
Syracasa, Nova Iorque, nos Estados Unidos. É Ph.D em Educação Comparativa e
Internacional, autor do livro Power, Politics, and higher Education in Southern
Africa: International Regimes, Local Governments, and Education Autonomy, e do
livro African Renaissance and Higher Education: A view through the Lenses of
Christian Higher Education e autor de várias obras académicas/científicas,
técnicas e jornalísticas. Foi docente de Metodologias de Investigação e docente
de liderança organizacional na Loyola Univesity Chicago e na Dominican
University em Chicago, docente de educação comparativa internacional na Colgate
University, consultor da National Center for Women and Information Technology e
consultor do Banco Mundial.
- José Cossa –
colaboração
In:
Maputo, Quarta-Feira, 24 de Outubro de 2012:: Notícias
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