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14 janeiro 2013

RENAMO COMPLETOU E CELEBROU 36 ANOS DA SUA EXISTÊNCIA NO ÚLTIMO SÁBADO


RENAMO COMPLETOU E CELEBROU 36 ANOS DA SUA EXISTÊNCIA NO ÚLTIMO SÁBADO


Por Bernardo Álvaro
A Renamo, a segunda maior formação política moçambicana com representação parlamentar, comemorou no último sábado, dia 5 de Janeiro corrente, no distrito de Gorongosa, os 36 (trinta e seis) anos da sua existência, segundo apurou a Reportagem do Canal de Moçambique junto de Jeremias Pondeca, chefe de Departamento da Administração Interna e Poder Local da Renamo.
A Renamo, como movimento, segundo reza a história, foi criada a 05 de Janeiro de 1977, por André Matade Matsangaice.
De acordo com Jeremias Pondeca, chefe de Departamento da Administração Interna e Poder Local da Renamo, entidade encarregue da história daquele partido, consta que André Matsangaice antes da sua fuga teria recebido ordens de prisão vindas de Dias Esperança, então chefe Provincial de Material Militar das então FPLM, em Sofala.
De acordo com a fonte, a Renamo foi fundada, para além de André Matsangaice, por um grupo que integrava ainda Mateus Dhlakama, na altura pertencente à Força Aérea, Calisto Nhiwane e António Bonis Tembe, também conhecido por Cara Alegre, que mais tarde viria a ser usado pelo regime da Frelimo, como espião contra os seus colegas, culminando com a prisão de André Matsangaice durante 15 dias no quartel de BC 16 na cidade da Beira.
Na ocasião, Afonso Dhlakama, que também já era militar da Frelimo antes de aderir à Renamo, teria sido convidado pelo regime a seguir para a República
Socialista da Bulgária a fim de aprender técnicas de espionagem, tendo ele recusado o convite evocando razões óbvias.
De acordo com fonte do Canal de Moçambique que presenciou o facto, Afonso Dhlakama viria mesmo a ser detido na Beira, por ordens do então comissário político da FRELIMO em Sofala, Omar Juma, de seu nome de guerra, ou Tomé Eduardo, de seu nome verdadeiro. Na circunstância Afonso Dhlakama era chefe da manutenção militar das FPLM, numas instalações que antes haviam pertencido ao exército colonial, junto das oficinas da Auto-Industrial, ao lado da Carpintaria da Duguid & Ivo.
Em Dezembro de 1976, André Matsangaice foge da prisão e parte para exterior, concretamente para a Rodésia do Sul, actual Zimbabwe.
Na Rodésia, Matsangaice foi novamente preso e interrogado, para além de ter revelado os nomes dos seus colegas e solicitado apoio militar para combater o regime da Frelimo, então dirigido por Samora Machel.
Em resposta ao seu pedido, recebeu das autoridades militares do regime rodesiano de Ian Smith, uma pistola. Em 2 de Janeiro de 1977, André Matsangaice entra em Moçambique através da província de Manica, fazendo o primeiro ataque militar a um machimbombo.
Na sequência da operação e da perseguição empreendida pelas Forças Populares de Libertação de Moçambique (FPLM), André Matsangaice viria a ser novamente preso em Messica, distrito de Manica, província do mesmo nome.
No dia seguinte à sua prisão, na companhia de Sebastião Janota, evadiram-se dos calabouços.
Novamente entra na Rodésia do Sul, onde desta vez recebe duas armas do tipo AKM-47 e regressa a Moçambique. De regresso ao País, encontra-se com os seus companheiros Marcos Amaro Bárue e Manuel Muntumbela Lapson.
A 5 de Maio de 1977, André Matsangaice e seus companheiros chegam ao distrito de Gorongosa onde efectuam o seu outro ataque militar destruindo e queimando barracas e colocam em liberdade 400 presos no campo de reeducação de Sacuzi. Posto isto, seguiu ao campo de treino militar de Kase River no Zimbabwe, onde chegou com 200 homens dentre eles o falecido general Vareia e o general Olímpio Cardoso, actual vice-chefe do Estado-Maior das FADM, tendo os primeiros treinos militares começado com 22 homens divididos em dois grupos e durado 30 dias. Daí seguiu-se para Moçambique para o começo da guerra. Em Junho de 1977, o actual presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, junta-se ao grupo, depois de passar pelo distrito de Chibabava para se despedir dos seus próprios pais.
Mas antes de Gorongosa, Dhlakama na companhia de outras duas pessoas então elementos das FPLM, nomeadamente João Capa e Vida Manhungue, viajam da Beira à província de Manica, usando uma autorização de missão de serviço.
Em Manica, os três (03) hospedaram-se no Hotel Guida no período de 15 dias, estudando as formas de atravessarem a fronteira com o actual Zimbabwe, para além de terem aproveitado para fazerem amizades.
Estudados os mecanismos da fronteira, mandam voltar o motorista que os levava, e às 22 horas de 21 de Agosto partem os dois para a Rodésia. No dia 22 de Agosto entram na Rodésia, mas antes sofrem revistas sem consequências e inclusive oferecem-lhes pão com manteiga.
Da fronteira, foram transportados num helicóptero militar para Mutare onde ficaram presos por 15 dias.
Na cadeia de Mutare onde se alimentavam de pão e manteiga adoecem enquanto decorria o interrogatório a cerca das suas reais intenções.
Da cadeia foram levados ao Hotel Cissine onde foram se reencontrar com André Matsangaice que lá se encontrava.
No mês de Setembro de 1979 foi aberta a primeira base militar em território nacional, concretamente no distrito de Gorongosa, província de Sofala, por André Matsangaice. Por razões que se dizem estratégicas, a base foi reestruturada tendo Afonso Dhlakama ficado como vice-presidente do movimento.
Em 1977, os fundadores do movimento já tinham definido a RNM (Resistência Nacional Moçambicana) como seu nome e mais tarde em 1982 passaram a chamar-lhe Renamo (Resistência Nacional Moçambicana).
No decurso das suas incursões para divulgar as acções, a Renamo utilizou a estação radiofónica então denominada África Livre e que era radiodifundida a partir da Rodésia do Sul em várias línguas.
A 17 de Outubro de 1979, André Matsangaice morre em combate na então Vila Paiva de Andrade, hoje Gorongosa. Apesar do seu corpo não ter sido encontrado por alegadamente ter sido levado pelos combatentes da Frelimo, fontes da Renamo dizem que André Matade Matsangaice teria sido queimado e as cinzas enterradas onde actualmente se encontra instalada a antena dos Serviços de Meteorologia de Gorongosa para não permitir vestígios. Outra versão, indica para um sítio onde hoje está construída uma casa desde os Acordos de Paz.
Depois da morte de André Matsangaice, o movimento entrou em crise devido a deserções dos combatentes maioritariamente provenientes da província de Manica, prossegue Pondeca.
É então que o vice-chefe ou vice-presidente do MNR ou RNM, Afonso Marceta Macahco Dhlakama, assume o comando da guerrilha, conseguindo a reorganização das forças e a retomada das operações militares. João Fombe Djakata torna-se vice-presidente. Faleceu há dias em Marínguè.
Ainda no ano de 1979, as FPLM e seus aliados lançam um ataque de grande envergadura no Regulado de Santunjira, na zona de Mussancule, matando 50 guerrilheiros da Renamo e em contrapartida perdendo mil homens.
A segunda ofensiva viria a ocorrer em Agosto de 1980 e a terceira, com a duração de 15 dias de combate em Outubro de 1981 na província de Manica.
Em Agosto de 1985 o “exército da Frelimo”, como se chamava então as FAM-FPLM, numa outra grande ofensiva ataca a Casa Banana onde estava a base principal da Renamo. Antes da ofensiva, a Renamo teria interceptado as informações do plano de ataque, tendo por isso se retirado estrategicamente do local um mês antes.
Na sua retirada, a Renamo deixou na Casa Banana algum material bélico como, por exemplo, carros de assalto que teriam sido capturados às FPLM nas anteriores operações.
No rescaldo de todas as operações, Samora Machel, ciente de que a guerrilha se tornava cada vez mais forte no plano militar ensaia negociações a partir do Governo sul-africano então do apartheid.
Por outro lado, Samora Machel afasta do Comando Militar o falecido general Sebastião Marcos Mabote, na ocasião chefe do Estado Maior General das FPLM/
FAM, mandando-o à República de Cuba para estudar. Nunca mais viria a servir à instituição militar que dirigira. Em 1989 tropas estrangeiras aliadas às FPLM levam a cabo ofensivas contra as bases de Marínguè e Massala.
Em todo o seu percurso a Renamo teve apoios de cidadãos moçambicanos de origem portuguesa, como Orlando Cristina que em 1980 teria sido recrutado a trabalhar na Rádio África Livre e que mais tarde morreria assassinado na África do Sul, e Evo Fernandes, morto pelo SNASP em Portugal.
Também Boaventura Bomba entra na Renamo no ano de 1981 e veio a ser assassinado.
Países como Grã-Bretanha, de Margaret Tatcher, Alemanha, Estados Unidos da América, de Ronaldo Reagan, que apoiavam os partidos ou movimentos da direita ensaiaram um isolamento ao movimento Renamo.
Na sequência disso, em 1981, Jonas Malheiro Savimbi, líder da UNITA de Angola, detestava e tratava com desprezo o líder da Renamo, Afonso Dhlakama.
Entre 1987 e 1988, o presidente do Zimbabwe, Robert Gabriel Mugabe, pede secretamente conversações com a Renamo, com o objecto de travar os ataques da guerrilha ao território zimbabweano.
Ainda em 1988 são levados a cabo os primeiros contactos entre o Governo da Frelimo e a Renamo em Berue Kiplirgote, no Quénia, com apoio do presidente Daniel Arap Moi.
No prosseguimento dos contactos que envolveram igualmente a Igreja Católica moçambicana, a Comunidade de Sant’Egidio de Roma, o Conselho Cristão de Moçambique (CCM) entre outras entidades, em 4 de Outubro de 1992, eram assinados os acordos gerais de Paz na capital italiana, entre o Governo e a Renamo, que já duram há 20 anos e que hoje são reivindicados pela Renamo como devendo ser objecto de revisão, exigência que o Governo diz ser “inconsistente porque está incorporado na Constituição da República” que está a ser objecto de revisão por uma comissão had-hoc parlamentar supradimensionalmente dominada pela Frelimo que ainda não trouxe ao público o que pretende rever.
Esta é a versão de Jeremias Pondeca.
Canal de Moçambique – 09.01.2013

Um comentário:

Anônimo disse...

Boa tarde eu filho de de joao fombe Djakata ,naisi na base de dombe em susundenga chamo de xadreque joao fombe ,extou pedir boss Ajuda extou abando nado em maringue