05 junho 2014




A CIDADE de Macuti, na Ilha de Moçambique, está em risco de desaparecer. Tudo por causa de os moradores desta área da Ilha, deixarem de cobrir as suas residências com as folhas de palmeiras, conhecidas por macuti, a favor das chapas de zinco.
E esta não era a prática em toda aquela zona, que acabou sendo denominada por “Cidade de Macuti”, pelo facto de todas as residências ali existentes serem cobertas de macuti, que é o principal material usado pelos ilhéus na construção das suas casas.
Com efeito, segundo apurou a nossa Reportagem no local, a “Cidade de Macuti” pode deixar de existir porque as folhas das palmeiras estão a escassear na Ilha, para além de que as poucas que ainda existem são vendidas a preços incomportáveis para os moradores daquela zona, que acolhe a maior parte da população da Ilha de Moçambique.
Esta situação preocupa as autoridades locais por a zona ser uma das principais atracções turísticas, pois representa uma marca cultural desta parte da ilha.
O presidente do Município da Ilha de Moçambique, Saide Amur, disse que para mitigar o problema, criado pela escassez e o custo das folhas de palmeira, que chega a superar o das chapas de zinco, a Associação dos Amigos da Ilha de Moçambique está a subsidiar a aquisição daquele material.
Esta acção está a coberto do projecto denominado “Macuti Homestay” e é feito pela associação em coordenação com uma Organização Não-Governamental Tecno Serve. Para além de subsidiarem a aquisição de macuti, ajudam igualmente na reabilitação de algumas residências, tendo já intervido em pelo menos 20 delas.
Alguns moradores da Cidade de Macuti arrendam as suas casas para os turistas que visitam a Ilha de Moçambique, o que contribui para gerar renda para as respectivas famílias, melhorando, deste modo, as suas condições de vida.
 Divisão arquitectónica

A Ilha de Moçambique está dividida em duas partes: Uma denominada Cidade de “Macuti”, onde as cerca de 1200 casas, de construção precária, estão cobertas com folhas de palmeiras (Macuti). Aqui vive a maior parte da população. A outra é a chamada “Cidade de Pedra”. Nesta localizam-se as residências oficiais, serviços governamentais, unidades hoteleiras e de restauro, entre outras infra-estruturas sociais e económicas.
A Ilha de Moçambique tem cerca de três quilómetros de comprimento e perto de 400 metros de largura.
Devido ao seu valor histórico, que se traduz no valor arquitectónico, em 1991 a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) classificou a Ilha de Moçambique como Património Mundial da Humanidade. A partir dai iniciou a difícil jornada de restauro das infra-estruturas ali existentes, tendo mais incidido na zona da “Cidade de Pedra”.
Contudo, apesar de o número de infra-estruturas reabilitadas estar a registar um crescimento, o Conselho Municipal reconhece que ainda persistem algumas ruínas pertencentes a singulares e instituições do Estado.
“A contínua degradação de imóveis deriva do facto de, por um lado, a maior parte dos seus proprietários não se importarem com a sua reabilitação e, por outro, da falta de um dispositivo legal que pressione aqueles a realizar obras de restauro”, explica Amur.
Como propostas para se ultrapassar o cenário, a edilidade sugere a afectação na Ilha de Moçambique de um oficial residente da UNESCO, que poderá ajudar a fazer a reabilitação das obras e restauro dos imóveis. O mesmo oficial poderá ainda, segundo proposta do Presidente do Município da Ilha, formar quadros que poderão reforçar a capacidade humana e técnica do Gabinete do Restauro da Ilha de Moçambique.
ASSANE ISSA


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