A CIDADE de Macuti, na Ilha de Moçambique, está em risco de desaparecer.
Tudo por causa de os moradores desta área da Ilha, deixarem de cobrir as suas
residências com as folhas de palmeiras, conhecidas por macuti, a favor das
chapas de zinco.
E esta não era a prática em toda aquela zona, que acabou sendo denominada
por “Cidade de Macuti”, pelo facto de todas as residências ali existentes serem
cobertas de macuti, que é o principal material usado pelos ilhéus na construção
das suas casas.
Com efeito, segundo apurou a nossa Reportagem no local, a “Cidade de
Macuti” pode deixar de existir porque as folhas das palmeiras estão a escassear
na Ilha, para além de que as poucas que ainda existem são vendidas a preços
incomportáveis para os moradores daquela zona, que acolhe a maior parte da
população da Ilha de Moçambique.
Esta situação preocupa as autoridades locais por a zona ser uma das
principais atracções turísticas, pois representa uma marca cultural desta parte
da ilha.
O presidente do Município da Ilha de Moçambique, Saide Amur, disse que para
mitigar o problema, criado pela escassez e o custo das folhas de palmeira, que
chega a superar o das chapas de zinco, a Associação dos Amigos da Ilha de
Moçambique está a subsidiar a aquisição daquele material.
Esta acção está a coberto do projecto denominado “Macuti Homestay” e é
feito pela associação em coordenação com uma Organização Não-Governamental
Tecno Serve. Para além de subsidiarem a aquisição de macuti, ajudam igualmente
na reabilitação de algumas residências, tendo já intervido em pelo menos 20
delas.
Alguns moradores da Cidade de Macuti arrendam as suas casas para os
turistas que visitam a Ilha de Moçambique, o que contribui para gerar renda
para as respectivas famílias, melhorando, deste modo, as suas condições de
vida.
Divisão arquitectónica
A Ilha de Moçambique está dividida em duas partes: Uma denominada Cidade de
“Macuti”, onde as cerca de 1200 casas, de construção precária, estão cobertas
com folhas de palmeiras (Macuti). Aqui vive a maior parte da população. A outra
é a chamada “Cidade de Pedra”. Nesta localizam-se as residências oficiais,
serviços governamentais, unidades hoteleiras e de restauro, entre outras
infra-estruturas sociais e económicas.
A Ilha de Moçambique tem cerca de três quilómetros de comprimento e perto
de 400 metros de largura.
Devido ao seu valor histórico, que se traduz no valor arquitectónico, em
1991 a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO)
classificou a Ilha de Moçambique como Património Mundial da Humanidade. A
partir dai iniciou a difícil jornada de restauro das infra-estruturas ali
existentes, tendo mais incidido na zona da “Cidade de Pedra”.
Contudo, apesar de o número de infra-estruturas reabilitadas estar a
registar um crescimento, o Conselho Municipal reconhece que ainda persistem
algumas ruínas pertencentes a singulares e instituições do Estado.
“A contínua degradação de imóveis deriva do facto de, por um lado, a maior
parte dos seus proprietários não se importarem com a sua reabilitação e, por
outro, da falta de um dispositivo legal que pressione aqueles a realizar obras
de restauro”, explica Amur.
Como propostas para se ultrapassar o cenário, a edilidade sugere a
afectação na Ilha de Moçambique de um oficial residente da UNESCO, que poderá
ajudar a fazer a reabilitação das obras e restauro dos imóveis. O mesmo oficial
poderá ainda, segundo proposta do Presidente do Município da Ilha, formar
quadros que poderão reforçar a capacidade humana e técnica do Gabinete do
Restauro da Ilha de Moçambique.
ASSANE ISSA
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