Luísa Diogo, Aiuba Cuereneia e Manuel Tomé
caem da comissão política
Renovaram mandato na comissão política: Alberto Chipande, Eduardo Mulémbwè, Eneias
Comiche, Raimundo Pachinuapa, José Pacheco (secretário da Comissão de
Verificação), Aires Ali (primeiro-ministro), Margarida Talapa (chefe da
bancada), Verónica Macamo (Presidente do Parlamento), Conceita Sortane e
Alcinda de Abreu.
- A votação continua hoje. Benvinda Levy e
Edson Macuácua são cogitadas novas caras na CP
Pemba
(Canalmoz) – A votação para eleger os membros da comissão política (CP) do
partido Frelimo teve que ser interrompida na madrugada, porque os delegados ao
congresso já estavam cansados.
Eram
já duas horas da manhã, quando Guebuza teve que interromper a sessão que
iniciara as 9 horas da manhã do dia anterior. Por isso a lista dos novos
membros do órgão executivo do partido no poder ainda estão por completar, mas
para já são conhecidos 10 membros que continuam no órgão. Fim do sonho para
Manuel Tomé, Luísa Diogo e Aiuba Cuereneia, que algum dia acalentaram a
esperança de concorrer à Presidência da República pela Frelimo. Sem estar na
comissão Política fica muito difícil – quase impossível – realizar esse sonho.
Conhecidos
os primeiros membros da CP, o desgosto acampou pela madrugada adentro em
Muxara, e alguns dos novos membros do Comité Central tiveram de abraça-lo.
Aiuba Cuereneia (actual ministro da Planificação e Desenvolvimento), Manuel
Tomé (administrador da HCB e membro da Comissão Permanente da Assembleia da
República), Luísa Diogo (ex-primeira ministra e deputada da AR) e Paulina
Mateus Nkunda, (ex-secretária Geral da OMM e deputada da AR) estão fora da
Comissão Política Junta-se a essa lista Teodoro Waty, actual presidente do
Conselho de Administração das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) que nem ao
Comité Central conseguiu se fazer eleger. Lembre-se que de acordo com os estatutos
da Frelimo 40, porcento dos membros da Comissão política devem abandonar o
órgão em cada Congresso para dar lugar aos outros membros.
Pelos
corredores mesmo a madrugada lamentava-se a “queda” de Luísa Diogo que perdeu o
lugar para Alcinda Abreu. Diogo era vista como sendo “futura candidata do
partido” às presidenciais. O facto de ela não ter conseguido manter o nome na
Comissão Política torna complicadas as suas ambições. A eleição dos membros da
Comissão Política decorreu na madrugada de hoje e foi interrompida devido ao
cansaço que já era visível no rosto de todos os presentes em Muxara (o pobre
bairro de Nmpula que por estes dias é a capital política do País).
O
presidente do partido viu-se obrigado interromper os trabalhos parque o cansaço
e sono tomava conta da sala. Assim, só foi sufragada a lista da continuidade,
onde destaque vai para a eleição de Eduardo Mulémbwè e Eneias Comiche, tidos
como da ala de Joaquim Chissano.
As
eleições continuam esta manhã por volta das 10 horas e 30 minutos. Serão
eleitos os candidatos à comissão política pela lista de renovação e
representação provincial. Nomes como do Secretário da Frelimo para a
Mobilização e Propaganda, Edson Macuácua e da actual ministra da Justiça,
Benvinda Levi, são apontados nos corredores como candidatos a Comissão
Política.
Um órgão nevrálgico
A luta
pela entrada na Comissão Política tem sido renhida e marcada pela presença de
pesos pesados do partido. De acordo com os estatutos do partido a comissão
política é composta por um número ímpar, entre quinze (15) e vinte e um membros
(21) e é o órgão que orienta e dirige o Partido no intervalo das sessões do
Comité Central. Pelos estatutos, compete à Comissão Política: a) Velar pelo
cumprimento das deliberações dos órgãos superiores do Partido; b) Realizar
análises sobre questões da vida nacional, internacional e do Partido, tomar
decisões e propor linhas de actuação ao Comité Central; c) Deliberar sobre
questões urgentes e inadiáveis, prestando posteriormente contas dessas decisões
ao Comité Central; d) Convocar o Comité Central; e) Preparar e apresentar nas
sessões ordinárias do Comité Central relatórios sobre a acção política do
Partido; f) Preencher as vagas no Comité Central pela ordem de eleição dos
membros suplentes; g) Sob proposta do Secretário-Geral, definir a composição do
Secretariado do Comité Central; h) Apreciar os curricula e sancionar as
propostas de candidaturas a Primeiros Secretários Provinciais; i) Designar,
ouvido o Comité de Verificação do Comité Central, os Primeiros Secretários
Provinciais substitutos; j) Homologar a designação de candidatos a presidentes
de Conselhos autárquicos; k) Deliberar sobre a atribuição de medalhas e
distinções; l) Criar e extinguir os órgãos de informação do Partido e autorizar
as publicações locais; m) Aprovar a linha editorial dos órgãos de Informação do
Partido e nomear os respectivos directores; n) Aprovar a política e o plano de
formação de quadros; o) Aprovar o programa das escolas do Partido e nomear os
respectivos directores; p) Apreciar e aprovar a candidatura da FRELIMO a
Presidente da Assembleia da República; q) Pronunciar-se sobre a composição do
Governo da FRELIMO; r) Deliberar sobre a participação do Partido em coligações
governamentais e para os órgãos autárquicos; s) Deliberar sobre a participação
em associações partidárias e sobre a adesão em organizações; t) Aprovar
directivas; e u) Criar, sob proposta do Secretariado do Comité Central,
Comissões de Trabalho necessárias ao estudo e acompanhamento pelo Partido dos
grandes sectores da vida nacional e eleger os respectivos Presidentes e Secretários
entre outras atribuições chave. (Matias Guente, enviado do
Canalmoz e Canal de Moçambique à Pemba)
Secretário Geral da Frelimo
Paúnde renova mandato no meio de turbulência
e contestação
Pemba
(Canalmoz) – Homem de gafes políticas e de discurso pouco convincente, Filipe
Paúnde conseguiu renovar o mandato de Secretário Geral do Partido Frelimo,
graças ao apoio e Guebuza, mas mesmo assim não escapou o vexame de ver 10
membros do (novo) Comité Central a depositar seus votos em branco.
Mas se
em política o que importa são os fins, Guebuza pode cantar a vitória. Tanto ele
como o seu (preferido) SG conseguiram renovar os mandatos em Pemba e se
fizermos fé na teoria das alas dentro da Frelimo, podemos dizer que a ala de
Guebuza venceu, embora sem convencer. Os votos em branco são um recado claro
para dentro e para fora.
Paúnde
conseguiu 94 porcento dos votos, mas da elite do comité central, há 10 pessoas
membros que tiveram a coragem de manifestar que não queriam Paúnde a continuar
SG. Mas como não tinham outra opção – Paúnde foi o candidato único - preferiram
dizer o “não” a Paúnde deixando o boletim de voto em branco. Não aceitaram se
sujeitar as preferências de Guebuza…pelos menos na eleição.
Comenta-se
nos corredores do grande edifício de Muxara, que a eleição de Paúnde é fruto do
temor que se tem à figura de Armando Guebuza, pois foi quem propôs o “homem de
Sofala” como seu braço direito. Paúnde é tido como fiel a Guebuza e por isso
mesmo caiu nas suas graças no IX congresso em Quelimane. De lá para cá, Paúnde
tem movido céus e terras para não desapontar Guebuza…e tem conseguido. Como
prémio ganhou a renovação do cargo de secretário-geral por mais cinco anos.
À
entrada para o Congresso, Luísa Diogo era tida como uma das prováveis
candidatas ao cargo de SG do “partidão”. Pelos corredores comentava-se que logo
que Guebuza ganhou as eleições a presidente do partido, a ex primeira-ministra
desistiu de se candidatar alegadamente por “não haver condições para trabalhar
com Guebuza”.
Pacheco “tira” Mulémbwè
Ainda
na madrugada de ontem foi eleito em Muxara, José Pacheco, actual ministro da
Agricultura, e um dos apadrinhados de Guebuza, para secretário da comissão de
verificação de Mandatos do Comité Central. Pacheco substitui do cargo, Eduardo
Mulémbwè que na tarde de ontem renovou a sua continuidade no Comité Central e
pela madrugada renovou o lugar na Comissão Política.
Mas a
eleição de Pacheco para o lugar do “homem de bom verbo” é vista como concretização
do plano de Guebuza para votar à insignificância os homens fortes de Joaquim
Chissano. Tal como aconteceu com Guebuza e Paúnde, há pessoas que não quiseram
Pacheco como secretário na “Verificação”. Houve sete membros do Comité Central
que preferiram deixar os boletins de voto em branco. (Matias Guente, enviado do Canal de Moçambique/Canalmoz a Pemba)
Filha de Guebuza eleita para comité central é contestada
Valentina Guebuza
concorreu pela lista de antigos combatentes do sexo feminino. Quando foi
anunciada como membro do Comité Central o tom das ovações reduziu
contrariamente quando foram chamados outros jovens
Pemba
(Canalmoz) – A filha mais vistosa de Guebuza, Valentina Guebuza, não é só
delfim do pai nos negócios da família tida como a mais rica do país. Tem também
ambições políticas. Tal como Samora Machel Junior e Nyelety Mondlane,
respectivamente (da Frelimo) filhos dos presidentes Eduardo Mondlane e Samora
Machel, Valentina Guebuza concorreu e foi eleita membro do comité central, mas
não reuniu consenso.
Muitos
jovens de fora da Frelimo manifestaram a sua indignação à eleição da Valentina,
por via de Facebook e Twiter, as redes sociais mais usadas no pais, mas também
os comentários em cafés e locais de concentração da juventude era sobre a
“princesa milionária”.
Porém,
mais uma vez, se consideramos que os fins é que contam, fica para a história o
facto de Valentina ter sido eleita membro do CC, apadrinhada pelo seu pai. Ela
concorreu como antiga combatente – estatuto que lhe é conferido pelo pai.
Valentina
foi apadrinhada pelo pai que é presidente do partido, actual presidente da
República e presidente da Associação dos Combatentes da Luta de Libertação Nacional
(ACLN), a princesa segundo a Revista americana Forbes, Valentina Guebuza
concorreu pela lista dos antigos combatentes do sexo feminino.
A
eleição da “princesa milionária” – como foi descrita pela revisra Forbes África
de Agosto de 2012 - criou um “sururú” até entre os delegados aos congresso, que
estranharam o facto de Valentina ser “antiga combatente”.
Nem as
explicações dadas - ligada aos estatutos da associação dos antigos combatentes
- segundo as quais, os descendentes dos antigos combatentes têm direitos de
combatentes, não foram suficientes para serenar comentários dos que viram na
candidatura da filha do presidente a base para fundação da “dinastia Guebuza”
no partido. Afinal era o primeiro caso do género e logo envolvendo a “filha
querida do chefe”.
Concorreram
na mesma lista que a filha do presidente do partido Frelimo, Ágata Eduardo, Ana
Simate e Geraldina Mwitu. Foram eleitas Valentina Guebuza e Ágata Eduardo.
Celso Correia também investe em política via Guebuza
Outra
cara nova é a do empresário Celso Correia, um jovem que caiu nas graças de
Guebuza e foi visto a chegar ao cargo de presidente do Conselho de
Administração do Banco Comercial de Investimentos através do grupo Insitec (uma
das vacas leiteiras do Chefe do Estado). Sem experiência alguma comprovada na
política, Celso Correia entra para o Comité Central concorrendo para Áreas
Económicas e Sociais. Correia deixou fora do Comité Central, gestores de topo
como Paulo Muxanga, actual PCA do HCB. Entram para o Comité Central para a mesma
área Teodato Hunguana (PCA da Mcel e TDM), Rosário Mualeia (PCA CFM), e José
Psico (PCA do Instituto Nacional do Turismo).
Alberto Nkutumula é o jovem mais votado do Comité Central
Nova
cara do CC é também a do actual vice-ministro da Justiça, Alberto Nkutumula.
Foi, de resto, o jovem mais votado em números que exprimem a sua popularidade e
aceitação no seio dos membros. A ovação à sua eleição testemunha a sua a
quantidade de adeptos que tem. Entram também pela lista juvenil os jovens
“camaradas” Henriques Mandava, António Niquice, Osvaldo Pitersburg, Cahimo
Raul, Dulce Canhemba, Catarina Dimande, Suzete Dança.
Refira-se
que fazem parte do CC 180 membros e 18 suplentes. O Congresso só elegeu 56
membros propostos pela anterior Comissão Política e os restantes 124 foram
eleitos a nível das conferências provinciais.
Não
foi disponibilizada a lista completa dos membros, mas recentemente poderemos
publica-la no website (www.canalmoz.co.mz) do jornal, assim que estiver
compilada e conferida. (Matias Guente, enviado do Canal de Moçambique/Canalmoz a Pemba)