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27 setembro 2012

FIM DE SONHOS PARA A PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA


  FIM DE SONHOS PARA A PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA  

Membros Comité Central da Frelimo

Luísa Diogo, Aiuba Cuereneia e Manuel Tomé caem da comissão política

Renovaram mandato na comissão política: Alberto Chipande, Eduardo Mulémbwè, Eneias Comiche, Raimundo Pachinuapa, José Pacheco (secretário da Comissão de Verificação), Aires Ali (primeiro-ministro), Margarida Talapa (chefe da bancada), Verónica Macamo (Presidente do Parlamento), Conceita Sortane e Alcinda de Abreu.

- A votação continua hoje. Benvinda Levy e Edson Macuácua são cogitadas novas caras na CP

Pemba (Canalmoz) – A votação para eleger os membros da comissão política (CP) do partido Frelimo teve que ser interrompida na madrugada, porque os delegados ao congresso já estavam cansados.
Eram já duas horas da manhã, quando Guebuza teve que interromper a sessão que iniciara as 9 horas da manhã do dia anterior.  Por isso a lista dos novos membros do órgão executivo do partido no poder ainda estão por completar, mas para já são conhecidos 10 membros que continuam no órgão. Fim do sonho para Manuel Tomé, Luísa Diogo e Aiuba Cuereneia, que algum dia acalentaram a esperança de concorrer à Presidência da República pela Frelimo. Sem estar na comissão Política fica muito difícil – quase impossível – realizar esse sonho.
Conhecidos os primeiros membros da CP, o desgosto acampou pela madrugada adentro em Muxara, e alguns dos novos membros do Comité Central tiveram de abraça-lo. Aiuba Cuereneia (actual ministro da Planificação e Desenvolvimento), Manuel Tomé (administrador da HCB e membro da Comissão Permanente da Assembleia da República), Luísa Diogo (ex-primeira ministra e deputada da AR) e Paulina Mateus Nkunda, (ex-secretária Geral da OMM e deputada da AR) estão fora da Comissão Política Junta-se a essa lista Teodoro Waty, actual presidente do Conselho de Administração das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) que nem ao Comité Central conseguiu se fazer eleger. Lembre-se que de acordo com os estatutos da Frelimo 40, porcento dos membros da Comissão política devem abandonar o órgão em cada Congresso para dar lugar aos outros membros.
Pelos corredores mesmo a madrugada lamentava-se a “queda” de Luísa Diogo que perdeu o lugar para Alcinda Abreu. Diogo era vista como sendo “futura candidata do partido” às presidenciais. O facto de ela não ter conseguido manter o nome na Comissão Política torna complicadas as suas ambições. A eleição dos membros da Comissão Política decorreu na madrugada de hoje e foi interrompida devido ao cansaço que já era visível no rosto de todos os presentes em Muxara (o pobre bairro de Nmpula que por estes dias é a capital política do País).
O presidente do partido viu-se obrigado interromper os trabalhos parque o cansaço e sono tomava conta da sala. Assim, só foi sufragada a lista da continuidade, onde destaque vai para a eleição de Eduardo Mulémbwè e Eneias Comiche, tidos como da ala de Joaquim Chissano.
As eleições continuam esta manhã por volta das 10 horas e 30 minutos. Serão eleitos os candidatos à comissão política pela lista de renovação e representação provincial. Nomes como do Secretário da Frelimo para a Mobilização e Propaganda, Edson Macuácua e da actual ministra da Justiça, Benvinda Levi, são apontados nos corredores como candidatos a Comissão Política.

Um órgão nevrálgico

A luta pela entrada na Comissão Política tem sido renhida e marcada pela presença de pesos pesados do partido. De acordo com os estatutos do partido a comissão política é composta por um número ímpar, entre quinze (15) e vinte e um membros (21) e é o órgão que orienta e dirige o Partido no intervalo das sessões do Comité Central. Pelos estatutos, compete à Comissão Política: a) Velar pelo cumprimento das deliberações dos órgãos superiores do Partido; b) Realizar análises sobre questões da vida nacional, internacional e do Partido, tomar decisões e propor linhas de actuação ao Comité Central; c) Deliberar sobre questões urgentes e inadiáveis, prestando posteriormente contas dessas decisões ao Comité Central; d) Convocar o Comité Central; e) Preparar e apresentar nas sessões ordinárias do Comité Central relatórios sobre a acção política do Partido; f) Preencher as vagas no Comité Central pela ordem de eleição dos membros suplentes; g) Sob proposta do Secretário-Geral, definir a composição do Secretariado do Comité Central; h) Apreciar os curricula e sancionar as propostas de candidaturas a Primeiros Secretários Provinciais; i) Designar, ouvido o Comité de Verificação do Comité Central, os Primeiros Secretários Provinciais substitutos; j) Homologar a designação de candidatos a presidentes de Conselhos autárquicos; k) Deliberar sobre a atribuição de medalhas e distinções; l) Criar e extinguir os órgãos de informação do Partido e autorizar as publicações locais; m) Aprovar a linha editorial dos órgãos de Informação do Partido e nomear os respectivos directores; n) Aprovar a política e o plano de formação de quadros; o) Aprovar o programa das escolas do Partido e nomear os respectivos directores; p) Apreciar e aprovar a candidatura da FRELIMO a Presidente da Assembleia da República; q) Pronunciar-se sobre a composição do Governo da FRELIMO; r) Deliberar sobre a participação do Partido em coligações governamentais e para os órgãos autárquicos; s) Deliberar sobre a participação em associações partidárias e sobre a adesão em organizações; t) Aprovar directivas; e u) Criar, sob proposta do Secretariado do Comité Central, Comissões de Trabalho necessárias ao estudo e acompanhamento pelo Partido dos grandes sectores da vida nacional e eleger os respectivos Presidentes e Secretários entre outras atribuições chave. (Matias Guente, enviado do Canalmoz e Canal de Moçambique à Pemba)



 Secretário Geral da Frelimo  
Paúnde renova mandato no meio de turbulência e contestação

Pemba (Canalmoz) – Homem de gafes políticas e de discurso pouco convincente, Filipe Paúnde conseguiu renovar o mandato de Secretário Geral do Partido Frelimo, graças ao apoio e Guebuza, mas mesmo assim não escapou o vexame de ver 10 membros do (novo) Comité Central a depositar seus votos em branco.
Mas se em política o que importa são os fins, Guebuza pode cantar a vitória. Tanto ele como o seu (preferido) SG conseguiram renovar os mandatos em Pemba e se fizermos fé na teoria das alas dentro da Frelimo, podemos dizer que a ala de Guebuza venceu, embora sem convencer. Os votos em branco são um recado claro para dentro e para fora.
Paúnde conseguiu 94 porcento dos votos, mas da elite do comité central, há 10 pessoas membros que tiveram a coragem de manifestar que não queriam Paúnde a continuar SG. Mas como não tinham outra opção – Paúnde foi o candidato único - preferiram dizer o “não” a Paúnde deixando o boletim de voto em branco. Não aceitaram se sujeitar as preferências de Guebuza…pelos menos na eleição.
Comenta-se nos corredores do grande edifício de Muxara, que a eleição de Paúnde é fruto do temor que se tem à figura de Armando Guebuza, pois foi quem propôs o “homem de Sofala” como seu braço direito. Paúnde é tido como fiel a Guebuza e por isso mesmo caiu nas suas graças no IX congresso em Quelimane. De lá para cá, Paúnde tem movido céus e terras para não desapontar Guebuza…e tem conseguido. Como prémio ganhou a renovação do cargo de secretário-geral por mais cinco anos.
À entrada para o Congresso, Luísa Diogo era tida como uma das prováveis candidatas ao cargo de SG do “partidão”. Pelos corredores comentava-se que logo que Guebuza ganhou as eleições a presidente do partido, a ex primeira-ministra desistiu de se candidatar alegadamente por “não haver condições para trabalhar com Guebuza”.

Pacheco “tira” Mulémbwè

Ainda na madrugada de ontem foi eleito em Muxara, José Pacheco, actual ministro da Agricultura, e um dos apadrinhados de Guebuza, para secretário da comissão de verificação de Mandatos do Comité Central. Pacheco substitui do cargo, Eduardo Mulémbwè que na tarde de ontem renovou a sua continuidade no Comité Central e pela madrugada renovou o lugar na Comissão Política.
Mas a eleição de Pacheco para o lugar do “homem de bom verbo” é vista como concretização do plano de Guebuza para votar à insignificância os homens fortes de Joaquim Chissano. Tal como aconteceu com Guebuza e Paúnde, há pessoas que não quiseram Pacheco como secretário na “Verificação”. Houve sete membros do Comité Central que preferiram deixar os boletins de voto em branco. (Matias Guente, enviado do Canal de Moçambique/Canalmoz a Pemba)

 Filha de Guebuza eleita para comité central é contestada

Valentina Guebuza concorreu pela lista de antigos combatentes do sexo feminino. Quando foi anunciada como membro do Comité Central o tom das ovações reduziu contrariamente quando foram chamados outros jovens

Pemba (Canalmoz) – A filha mais vistosa de Guebuza, Valentina Guebuza, não é só delfim do pai nos negócios da família tida como a mais rica do país. Tem também ambições políticas. Tal como Samora Machel Junior e Nyelety Mondlane, respectivamente (da Frelimo) filhos dos presidentes Eduardo Mondlane e Samora Machel, Valentina Guebuza concorreu e foi eleita membro do comité central, mas não reuniu consenso.
Muitos jovens de fora da Frelimo manifestaram a sua indignação à eleição da Valentina, por via de Facebook e Twiter, as redes sociais mais usadas no pais, mas também os comentários em cafés e locais de concentração da juventude era sobre a “princesa milionária”.
Porém, mais uma vez, se consideramos que os fins é que contam, fica para a história o facto de Valentina ter sido eleita membro do CC, apadrinhada pelo seu pai. Ela concorreu como antiga combatente – estatuto que lhe é conferido pelo pai.
Valentina foi apadrinhada pelo pai que é presidente do partido, actual presidente da República e presidente da Associação dos Combatentes da Luta de Libertação Nacional (ACLN), a princesa segundo a Revista americana Forbes, Valentina Guebuza concorreu pela lista dos antigos combatentes do sexo feminino.
A eleição da “princesa milionária” – como foi descrita pela revisra Forbes África de Agosto de 2012 - criou um “sururú” até entre os delegados aos congresso, que estranharam o facto de Valentina ser “antiga combatente”.
Nem as explicações dadas - ligada aos estatutos da associação dos antigos combatentes - segundo as quais, os descendentes dos antigos combatentes têm direitos de combatentes, não foram suficientes para serenar comentários dos que viram na candidatura da filha do presidente a base para fundação da “dinastia Guebuza” no partido. Afinal era o primeiro caso do género e logo envolvendo a “filha querida do chefe”.
Concorreram na mesma lista que a filha do presidente do partido Frelimo, Ágata Eduardo, Ana Simate e Geraldina Mwitu. Foram eleitas Valentina Guebuza e Ágata Eduardo.

Celso Correia também investe em política via Guebuza

Outra cara nova é a do empresário Celso Correia, um jovem que caiu nas graças de Guebuza e foi visto a chegar ao cargo de presidente do Conselho de Administração do Banco Comercial de Investimentos através do grupo Insitec (uma das vacas leiteiras do Chefe do Estado). Sem experiência alguma comprovada na política, Celso Correia entra para o Comité Central concorrendo para Áreas Económicas e Sociais. Correia deixou fora do Comité Central, gestores de topo como Paulo Muxanga, actual PCA do HCB. Entram para o Comité Central para a mesma área Teodato Hunguana (PCA da Mcel e TDM), Rosário Mualeia (PCA CFM), e José Psico (PCA do Instituto Nacional do Turismo).

Alberto Nkutumula é o jovem mais votado do Comité Central

Nova cara do CC é também a do actual vice-ministro da Justiça, Alberto Nkutumula. Foi, de resto, o jovem mais votado em números que exprimem a sua popularidade e aceitação no seio dos membros. A ovação à sua eleição testemunha a sua a quantidade de adeptos que tem. Entram também pela lista juvenil os jovens “camaradas” Henriques Mandava, António Niquice, Osvaldo Pitersburg, Cahimo Raul, Dulce Canhemba, Catarina Dimande, Suzete Dança.
Refira-se que fazem parte do CC 180 membros e 18 suplentes. O Congresso só elegeu 56 membros propostos pela anterior Comissão Política e os restantes 124 foram eleitos a nível das conferências provinciais.
Não foi disponibilizada a lista completa dos membros, mas recentemente poderemos publica-la no website (www.canalmoz.co.mz) do jornal, assim que estiver compilada e conferida. (Matias Guente, enviado do Canal de Moçambique/Canalmoz a Pemba)




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