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06 setembro 2012

MEMÓRIAS DE UM COMBATENTE E A VERDADE SOBRE A FUNDAÇÃO DA RESISTÊNCIA NACIONAL MOÇAMBICANA, DE JOÃO FERRO DIAS E RODRIGO CARLOS GUEDES


MEMÓRIAS DE UM COMBATENTE E A VERDADE SOBRE A FUNDAÇÃO DA RESISTÊNCIA NACIONAL MOÇAMBICANA, DE JOÃO FERRO DIAS E RODRIGO CARLOS GUEDES


  O combatente, na primeira pessoa
Concretizo, por fim, ao cabo de longos anos, um sonho antigo. O sonho de transpor para a escrita as memórias de tempos difíceis.
Primeiro em Moçambique, onde nasci, passando pelaRodésia, pelo Congo, por Angola e, por último, Portugal.
Anos de luta, de sacrifícios, de medos, de derrotas, vitórias.
Dos amigos que fiz, dos que perdi.
Das   manipulações,   aproveitando   homens  íntegros, inexperientes, idealistas, patriotas.
Das perseguições, dos combates, das lutas desiguais, dos avanços e recuos. Das mortes, das feridas que teimavam em não sarar, dos gritos de dor. Dos pesadelos, de alguns sonhos, da liberdade.
Das famílias que ficaram para trás, dos filhos que não vimos crescer, alguns ainda por nascer.
Este livro reúne todas estas vivências, sustentadas em factos verídicos, e em documentos que tive a sorte e honra de preservar.
Ao materializar esta obra, não poderia deixar de homenagear o Eng° Pires Carvalho, homem de ideais e convicções, como eu, que assumiu papel preponderante no início do movimento de resistência em  Angola, contra russos e cubanos.
Em sua memória, dedico-lhe uma mensagem de profundo apreço, pelo homem que foi, pela integridade de que nunca prescindiu, pela amizade e profundo sentido de camaradagem que emprestava à sua maneira de ser, junto daqueles que lhe eram queridos e com quem conviveu nas boas e nas más horas.
Uma outra palavra de sincera gratidão e enorme respeito, igualmente a título póstumo, para o Coronel Gilberto Santos e Castro. Pessoa de rara inteligência, invulgar sentido patriótico e ligado para sempre à história dos Comandos em Portugal, por ter sido o seu fundador. O seu legado vai muito para além dos anos que viveu. Permanecerá junto de nós e de todos aqueles que tiveram o alto privilégio de com ele privar.
Sobre o Orlando Cristina, parceiro de aventuras e desventuras, algarvio de gema e resistente moçambicano, seria impossível nada referir. Bravo como poucos, morto por gente desprovida de coragem. Estarás comigo para sempre, meu grande amigo!
Um voto de merecidíssimo louvor ao antigo secretário-geral da Renamo Evo Fernandes, cobardemente assassinado em Cascais, em 1987, por Alexandre Chagas, um ex-agente da PIDE. Estendo este louvor à viúva, Ivete Fernandes, digna lutadora, corajosa, guerreira.
Ao grande André Matsangaissa, primeiro comandante da Resistência Nacional Moçambicana, morto pela Frelimo a 17 de Outubro de 1979. Um grande homem, um líder, estratega como poucos, um destemido soldado.
Uma palavra de apreço ao antigo inspector da unidade rodesiana de polícia CID, Henry Elliot, que nos prestou - a nós, verdadeiros fundadores da Resistência - um precioso apoio, e nos transmitiu força e ânimo, até nas horas mais difíceis.
Aos bravos mentores da Resistência, camaradas de combate, de cumplicidades, de derrotas e vitórias: João Póvoa, Rui Silva - fuzilado em Maputo -, Zeca Oliveira, Silva, Godinho, Graciano e, por último, o grande amigo - em tudo o que de mais nobre existe quando nos referimos a uma amizade -Pedro Rodrigues, o Brasileiro. Tanto em Angola como em Moçambique, testemunhei a sua coragem, a sua conduta, a sua entrega.
Injusto seria não registar, nestas linhas, uma merecida homenagem a Afonso Dhlakama, actual líder da Renamo, homem profundamente solidário, astuto guerrilheiro, um líder sábio, que prezo como amigo, e que mantém viva a mais nobre causa que levou à criação da Resistência: a implantação da verdadeira democracia em Moçambique.
Referência ainda para o meu pai, a quem a expressão "amigo do seu amigo" assentou que nem uma luva. Sinto falta dos seus conselhos, sei o que me diria ao ler este livro: até que enfim, filho!
A minha ex-mulher, mãe dos meus dois filhos, que em conjunto com eles conseguiu suportar, naquele tempo, as minhas longas ausências. Souberam esperar pelo marido e pai, que tardava em voltar.
A minha companheira Maria José, a quem devo em grande parte a concretização deste projecto, que comigo perdeu muitas horas em pesquisas, recolhas, serões, recordações. Veio dela o grande impulso para finalmente avançar, com ela ganhei a coragem para seguir em frente com esta ideia. Bem hajas, por estares presente ao meu lado!
Por último, a todos os colegas e amigos que comigo lutaram, aos que sobreviveram e, acima de tudo, aos que lá ficaram, tombados no chão de uma pátria que também foi deles.
Portimão, Novembro de 2008 Rodrigo Carlos Guedes -email rcarlosguedes@sapo.pt

Fonte: macua.blogs.com

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