LINHA POLÍTICA DO REGIME
DA FRELIMO ENDURECE AS SUAS POSIÇÕES
FACE AO CONTROLE DA COMUNICAÇÃO
SOCIAL
Por Jorge Fernando Jairoce
Brasil/Porto Alegre- É preocupante a
notícia veiculada pela Africa Monitor Intelligence na edição número 692
de 11 de Setembro de 2012 (também publicado no Jornal Savana no dia 13 de
Setembro de 2012), que dá conta de que Edson Macuácua, secretário para a Mobilização e Propaganda
da Frelimo, promoveu recentemente, na sede do Comité Central em Maputo, uma reunião com quadros
jornalistas e comentadores, vulgo painelistas, dos princípais Orgãos de
Comunicação Social (OCS) públicos e privados com o objectivo de endurecer a acção do regime face ao trabalho dos OCS.
Segundo a Africa
Monitor Intelligence Edson Macuácua principal orador do encontro referiu o
seguinte:
“- Proliferam nos OCS críticas à Frelimo; é
preciso moderar ou alterar essa evidência, através de medidas dos responsáveis
editoriais.
- Há eleições autárquicas em 2013 e
gerais em 2014; para assegurar uma vitória da Frelimo é necessário promover
um clima de aproximação do partido com o eleitorado e a população; e as
críticas à Frelimo desfavorecem esse desiderato.
- Os responsáveis que não procederem em
conformidade com a criação de um clima mais benigno para a Frelimo poderiam
estar a pôr em causa os seus lugares, “porque a Frelimo tem esse poder” (sic)”.
Este método
maquiavélico demostrado pela Frelimo representado pelo Edson Macuácua e coadjuvado pelo Renato Matusse, Gabriel
Muthisse e Alberto Nkutumula (membros
presentes no encontro) revela uma cultura anti-democrática, anti-constitucional,
de desespero, de intolerância e da ausência de limites partido e o Estado (da
qual todos nos participamos e pagamos impostos e como tal ela não é propriedade
de nenhum partido político). Fala-se actualmente da liberdade de expressão em
vários sectores da sociedade, aliás é um direito humano universal, que deve
funcionar na família, igreja, escola, enfim, em todos outros espaços públicos, então não se
justifica que em pleno século XXI haja cidadãos em Moçambique que querem
destruir o pouco que já conseguimos em Moçambique em termos de liberdade de
expressão. Hoje a preocupação é silenciar os OCS, o meu receio é que esta
cultura evolua e amanhã comecem a silenciar os intelectuais nas universidades,
os religiosos nas igrejas e outros
espaços que trabalham com a opinião pública, aliás é um fenómeno que já tem
estado a ocorrer porque o regime julga-se proprietária dos orgãos dos públicos
e estatais. O período de totalitarismo, fascismo, nazismo, marxismo e corporativismo
estatal já passou na história do mundo. Parece ainda existirem saudosistas
destes tempos. É necessário que estes cidadãos não se que esqueçam que a
cultura corporativista estatal sempre trouxe consequências negativas para o mundo com a
morte de milhares de pessoas. Podem silenciar as pessoas de falar, mas jamais
poderão silenciar a capacidade de pensar e exprimir seus pensamentos em outros
fóruns. Os indivíduos que pretendem regredir o País quanto a liberdade de
expressão candidatam-se a entrar como vilões na História do País, aliás, há um
ditado popular que diz: “a justiça dos homens prescreve, mas a justiça da
história ela é permanente”, isto para referir que estes cidadãos demagogos
tem o seu espaço na História. O mundo está repleto de relatos de consequências
nefastas do silenciamento da imprensa. É só observar o caso da Síria, Tunísia, Líbia,
China, só para citar alguns exemplos. Deixemos que os jornalistas e os comentadores
façam o seu trabalho. Ter receio de críticas é sinónimo de insegurança, de
desespero e fraqueza espiritual, pelo contrário deveriamos estimular e
aproveitar a crítica para melhorar o nosso desempenho profissional. O
desenvolvimento do país depende destas análises e críticas (entendido como
debates de ideias) porque só assim é que podemos enxergar as nossas
deficiências e lacunas e através de diálogo e tolerância promovermos acções mais eficazes para o
almejado desenvolvimento. Será que Edson
Macuácua e a cúpula tem consciência do que erro que estão a cometer ?
Gostaria por fim
de recordar a famosa frase que deu título ao livro de Carlos Cardoso “é proibido pôr as
algemas nas palavras”. Esta frase esta bem patente na memória dos
moçambicanos.
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