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Caros amigos o blog Historiando: debates e ideias visa promover debates em torno de vários domínios de História do mundo em geral e de África e Moçambique em particular. Consta no blog variados documentos históricos como filmes, documentários, extractos de entrevistas e variedades de documentos escritos que permitirá reflectir sobre várias temáticas tendo em conta a temporalidade histórica dos diferentes espaços. O desafio que proponho é despolitizar e descolonizar certas práticas historiográficas de carácter eurocêntrico, moderno e ocidental. Os diferentes conteúdos aqui expostos não constituem dados acabados ou absolutos, eles estão sujeitos a reinterpretação, por isso que os vossos comentários, críticas e sugestões serão considerados com muito carinho. Pode ouvir o blog via ReadSpeaker que consta no início de cada conteúdo postado.

16 setembro 2012

LINHA POLÍTICA DO REGIME DA FRELIMO ENDURECE AS SUAS POSIÇÕES FACE AO CONTROLE DA COMUNICAÇÃO SOCIAL


LINHA POLÍTICA DO REGIME  DA FRELIMO ENDURECE AS SUAS POSIÇÕES  FACE AO CONTROLE DA  COMUNICAÇÃO SOCIAL

Por Jorge Fernando Jairoce


Brasil/Porto Alegre- É preocupante a notícia veiculada pela Africa Monitor Intelligence na edição número 692 de 11 de Setembro de 2012 (também publicado no Jornal Savana no dia 13 de Setembro de 2012),  que dá conta de que Edson Macuácua, secretário para a Mobilização e Propaganda da Frelimo, promoveu recentemente, na  sede do Comité Central em Maputo, uma reunião com quadros jornalistas e comentadores, vulgo painelistas, dos princípais Orgãos de Comunicação Social (OCS) públicos e privados com o objectivo de  endurecer a acção  do regime face ao trabalho dos OCS.
Segundo a Africa Monitor Intelligence Edson Macuácua principal orador do encontro referiu o seguinte:
“- Proliferam nos OCS críticas à Frelimo; é preciso moderar ou alterar essa evidência, através de medidas dos responsáveis editoriais.
- Há eleições autárquicas em 2013 e gerais em 2014; para assegurar uma vitória da Frelimo é necessário promover um clima de aproximação do partido com o eleitorado e a população; e as críticas à Frelimo desfavorecem esse desiderato.
- Os responsáveis que não procederem em conformidade com a criação de um clima mais benigno para a Frelimo poderiam estar a pôr em causa os seus lugares, “porque a Frelimo tem esse poder” (sic)”.
Este método maquiavélico demostrado pela Frelimo representado pelo Edson Macuácua  e coadjuvado pelo Renato Matusse, Gabriel Muthisse  e Alberto Nkutumula (membros presentes no encontro) revela uma cultura anti-democrática, anti-constitucional, de desespero, de intolerância e da ausência de limites partido e o Estado (da qual todos nos participamos e pagamos impostos e como tal ela não é propriedade de nenhum partido político). Fala-se actualmente da liberdade de expressão em vários sectores da sociedade, aliás é um direito humano universal, que deve funcionar na família, igreja, escola, enfim,  em todos outros espaços públicos, então não se justifica que em pleno século XXI haja cidadãos em Moçambique que querem destruir o pouco que já conseguimos em Moçambique em termos de liberdade de expressão. Hoje a preocupação é silenciar os OCS, o meu receio é que esta cultura evolua e amanhã comecem a silenciar os intelectuais nas universidades, os religiosos nas igrejas  e outros espaços que trabalham com a opinião pública, aliás é um fenómeno que já tem estado a ocorrer porque o regime julga-se proprietária dos orgãos dos públicos e estatais. O período de totalitarismo, fascismo, nazismo, marxismo e corporativismo estatal já passou na história do mundo. Parece ainda existirem saudosistas destes tempos. É necessário que estes cidadãos não se que esqueçam que a cultura corporativista estatal sempre trouxe  consequências negativas para o mundo com a morte de milhares de pessoas. Podem silenciar as pessoas de falar, mas jamais poderão silenciar a capacidade de pensar e exprimir seus pensamentos em outros fóruns. Os indivíduos que pretendem regredir o País quanto a liberdade de expressão candidatam-se a entrar como vilões na História do País, aliás, há um ditado popular que diz: “a justiça dos homens prescreve, mas a justiça da história ela é permanente”, isto para referir que estes cidadãos demagogos tem o seu espaço na História. O mundo está repleto de relatos de consequências nefastas do silenciamento da imprensa. É só observar o caso da Síria, Tunísia, Líbia, China, só para citar alguns exemplos. Deixemos que os jornalistas e os comentadores façam o seu trabalho. Ter receio de críticas é sinónimo de insegurança, de desespero e fraqueza espiritual, pelo contrário deveriamos estimular e aproveitar a crítica para melhorar o nosso desempenho profissional. O desenvolvimento do país depende destas análises e críticas (entendido como debates de ideias) porque só assim é que podemos enxergar as nossas deficiências e lacunas e através de diálogo e tolerância  promovermos acções mais eficazes para o almejado desenvolvimento.  Será que Edson Macuácua e a cúpula tem consciência do que erro que estão a cometer ?
Gostaria por fim de recordar a famosa frase que deu título ao livro de Carlos Cardoso “é proibido pôr as algemas nas palavras”. Esta frase esta bem patente na memória dos moçambicanos.

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