RENAMO COMPLETOU E CELEBROU 36 ANOS DA SUA EXISTÊNCIA NO ÚLTIMO SÁBADO
Por Bernardo Álvaro
A Renamo, a segunda maior formação política moçambicana
com representação parlamentar, comemorou no último sábado, dia 5 de Janeiro
corrente, no distrito de Gorongosa, os 36 (trinta e seis) anos da sua
existência, segundo apurou a Reportagem do Canal de Moçambique junto de
Jeremias Pondeca, chefe de Departamento da Administração Interna e Poder Local
da Renamo.
A Renamo, como movimento, segundo reza a história, foi
criada a 05 de Janeiro de 1977, por André Matade Matsangaice.
De acordo com Jeremias Pondeca, chefe de Departamento da
Administração Interna e Poder Local da Renamo, entidade encarregue da história
daquele partido, consta que André Matsangaice antes da sua fuga teria recebido
ordens de prisão vindas de Dias Esperança, então chefe Provincial de Material
Militar das então FPLM, em Sofala.
De acordo com a fonte, a Renamo foi fundada, para além de
André Matsangaice, por um grupo que integrava ainda Mateus Dhlakama, na altura
pertencente à Força Aérea, Calisto Nhiwane e António Bonis Tembe, também
conhecido por Cara Alegre, que mais tarde viria a ser usado pelo regime da
Frelimo, como espião contra os seus colegas, culminando com a prisão de André
Matsangaice durante 15 dias no quartel de BC 16 na cidade da Beira.
Na ocasião, Afonso Dhlakama, que também já era militar da
Frelimo antes de aderir à Renamo, teria sido convidado pelo regime a seguir
para a República
Socialista da Bulgária a fim de aprender técnicas de
espionagem, tendo ele recusado o convite evocando razões óbvias.
De acordo com fonte do Canal de Moçambique que presenciou
o facto, Afonso Dhlakama viria mesmo a ser detido na Beira, por ordens do então
comissário político da FRELIMO em Sofala, Omar Juma, de seu nome de guerra, ou
Tomé Eduardo, de seu nome verdadeiro. Na circunstância Afonso Dhlakama era
chefe da manutenção militar das FPLM, numas instalações que antes haviam
pertencido ao exército colonial, junto das oficinas da Auto-Industrial, ao lado
da Carpintaria da Duguid & Ivo.
Em Dezembro de 1976, André Matsangaice foge da prisão e
parte para exterior, concretamente para a Rodésia do Sul, actual Zimbabwe.
Na Rodésia, Matsangaice foi novamente preso e
interrogado, para além de ter revelado os nomes dos seus colegas e solicitado
apoio militar para combater o regime da Frelimo, então dirigido por Samora
Machel.
Em resposta ao seu pedido, recebeu das autoridades
militares do regime rodesiano de Ian Smith, uma pistola. Em 2 de Janeiro de
1977, André Matsangaice entra em Moçambique através da província de Manica,
fazendo o primeiro ataque militar a um machimbombo.
Na sequência da operação e da perseguição empreendida
pelas Forças Populares de Libertação de Moçambique (FPLM), André Matsangaice
viria a ser novamente preso em Messica, distrito de Manica, província do mesmo
nome.
No dia seguinte à sua prisão, na companhia de Sebastião
Janota, evadiram-se dos calabouços.
Novamente entra na Rodésia do Sul, onde desta vez recebe
duas armas do tipo AKM-47 e regressa a Moçambique. De regresso ao País,
encontra-se com os seus companheiros Marcos Amaro Bárue e Manuel Muntumbela Lapson.
A 5 de Maio de 1977, André Matsangaice e seus
companheiros chegam ao distrito de Gorongosa onde efectuam o seu outro ataque
militar destruindo e queimando barracas e colocam em liberdade 400 presos no
campo de reeducação de Sacuzi. Posto isto, seguiu ao campo de treino militar de
Kase River no Zimbabwe, onde chegou com 200 homens dentre eles o falecido
general Vareia e o general Olímpio Cardoso, actual vice-chefe do Estado-Maior
das FADM, tendo os primeiros treinos militares começado com 22 homens divididos
em dois grupos e durado 30 dias. Daí seguiu-se para Moçambique para o começo da
guerra. Em Junho de 1977, o actual presidente da Renamo, Afonso Dhlakama,
junta-se ao grupo, depois de passar pelo distrito de Chibabava para se despedir
dos seus próprios pais.
Mas antes de Gorongosa, Dhlakama na companhia de outras
duas pessoas então elementos das FPLM, nomeadamente João Capa e Vida Manhungue,
viajam da Beira à província de Manica, usando uma autorização de missão de
serviço.
Em Manica, os três (03) hospedaram-se no Hotel Guida no
período de 15 dias, estudando as formas de atravessarem a fronteira com o
actual Zimbabwe, para além de terem aproveitado para fazerem amizades.
Estudados os mecanismos da fronteira, mandam voltar o
motorista que os levava, e às 22 horas de 21 de Agosto partem os dois para a
Rodésia. No dia 22 de Agosto entram na Rodésia, mas antes sofrem revistas sem
consequências e inclusive oferecem-lhes pão com manteiga.
Da fronteira, foram transportados num helicóptero militar
para Mutare onde ficaram presos por 15 dias.
Na cadeia de Mutare onde se alimentavam de pão e manteiga
adoecem enquanto decorria o interrogatório a cerca das suas reais intenções.
Da cadeia foram levados ao Hotel Cissine onde foram se
reencontrar com André Matsangaice que lá se encontrava.
No mês de Setembro de 1979 foi aberta a primeira base
militar em território nacional, concretamente no distrito de Gorongosa,
província de Sofala, por André Matsangaice. Por razões que se dizem
estratégicas, a base foi reestruturada tendo Afonso Dhlakama ficado como
vice-presidente do movimento.
Em 1977, os fundadores do movimento já tinham definido a
RNM (Resistência Nacional Moçambicana) como seu nome e mais tarde em 1982
passaram a chamar-lhe Renamo (Resistência Nacional Moçambicana).
No decurso das suas incursões para divulgar as acções, a
Renamo utilizou a estação radiofónica então denominada África Livre e que era
radiodifundida a partir da Rodésia do Sul em várias línguas.
A 17 de Outubro de 1979, André Matsangaice morre em combate
na então Vila Paiva de Andrade, hoje Gorongosa. Apesar do seu corpo não ter
sido encontrado por alegadamente ter sido levado pelos combatentes da Frelimo,
fontes da Renamo dizem que André Matade Matsangaice teria sido queimado e as
cinzas enterradas onde actualmente se encontra instalada a antena dos Serviços
de Meteorologia de Gorongosa para não permitir vestígios. Outra versão, indica
para um sítio onde hoje está construída uma casa desde os Acordos de Paz.
Depois da morte de André Matsangaice, o movimento entrou
em crise devido a deserções dos combatentes maioritariamente provenientes da
província de Manica, prossegue Pondeca.
É então que o vice-chefe ou vice-presidente do MNR ou
RNM, Afonso Marceta Macahco Dhlakama, assume o comando da guerrilha, conseguindo
a reorganização das forças e a retomada das operações militares. João Fombe
Djakata torna-se vice-presidente. Faleceu há dias em Marínguè.
Ainda no ano de 1979, as FPLM e seus aliados lançam um
ataque de grande envergadura no Regulado de Santunjira, na zona de Mussancule,
matando 50 guerrilheiros da Renamo e em contrapartida perdendo mil homens.
A segunda ofensiva viria a ocorrer em Agosto de 1980 e a
terceira, com a duração de 15 dias de combate em Outubro de 1981 na província
de Manica.
Em Agosto de 1985 o “exército da Frelimo”, como se
chamava então as FAM-FPLM, numa outra grande ofensiva ataca a Casa Banana onde
estava a base principal da Renamo. Antes da ofensiva, a Renamo teria
interceptado as informações do plano de ataque, tendo por isso se retirado
estrategicamente do local um mês antes.
Na sua retirada, a Renamo deixou na Casa Banana algum
material bélico como, por exemplo, carros de assalto que teriam sido capturados
às FPLM nas anteriores operações.
No rescaldo de todas as operações, Samora Machel, ciente
de que a guerrilha se tornava cada vez mais forte no plano militar ensaia
negociações a partir do Governo sul-africano então do apartheid.
Por outro lado, Samora Machel afasta do Comando Militar o
falecido general Sebastião Marcos Mabote, na ocasião chefe do Estado Maior
General das FPLM/
FAM, mandando-o à República de Cuba para estudar. Nunca
mais viria a servir à instituição militar que dirigira. Em 1989 tropas
estrangeiras aliadas às FPLM levam a cabo ofensivas contra as bases de Marínguè
e Massala.
Em todo o seu percurso a Renamo teve apoios de cidadãos
moçambicanos de origem portuguesa, como Orlando Cristina que em 1980 teria sido
recrutado a trabalhar na Rádio África Livre e que mais tarde morreria
assassinado na África do Sul, e Evo Fernandes, morto pelo SNASP em Portugal.
Também Boaventura Bomba entra na Renamo no ano de 1981 e
veio a ser assassinado.
Países como Grã-Bretanha, de Margaret Tatcher, Alemanha,
Estados Unidos da América, de Ronaldo Reagan, que apoiavam os partidos ou
movimentos da direita ensaiaram um isolamento ao movimento Renamo.
Na sequência disso, em 1981, Jonas Malheiro Savimbi,
líder da UNITA de Angola, detestava e tratava com desprezo o líder da Renamo,
Afonso Dhlakama.
Entre 1987 e 1988, o presidente do Zimbabwe, Robert
Gabriel Mugabe, pede secretamente conversações com a Renamo, com o objecto de
travar os ataques da guerrilha ao território zimbabweano.
Ainda em 1988 são levados a cabo os primeiros contactos
entre o Governo da Frelimo e a Renamo em Berue Kiplirgote, no Quénia, com apoio
do presidente Daniel Arap Moi.
No prosseguimento dos contactos que envolveram igualmente
a Igreja Católica moçambicana, a Comunidade de Sant’Egidio de Roma, o Conselho
Cristão de Moçambique (CCM) entre outras entidades, em 4 de Outubro de 1992,
eram assinados os acordos gerais de Paz na capital italiana, entre o Governo e
a Renamo, que já duram há 20 anos e que hoje são reivindicados pela Renamo como
devendo ser objecto de revisão, exigência que o Governo diz ser “inconsistente
porque está incorporado na Constituição da República” que está a ser objecto de
revisão por uma comissão had-hoc parlamentar supradimensionalmente dominada
pela Frelimo que ainda não trouxe ao público o que pretende rever.
Esta é a versão de Jeremias Pondeca.
Canal de Moçambique – 09.01.2013
Boa tarde eu filho de de joao fombe Djakata ,naisi na base de dombe em susundenga chamo de xadreque joao fombe ,extou pedir boss Ajuda extou abando nado em maringue
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