Timbila, patrimonio mundial da humanidade |
MOÇAMBIQUE ratificou em 2006 as convenções 2003 e 2005 da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) respeitantes à “Salvaguarda do Património Cultural” e à “Promoção da Diversidade das Expressões Culturais” respectivamente. No entanto, o país continua a marcar passo, uma vez que, volvido cerca de sete anos, ainda não dispõe de políticas, legislação e estratégia para a respectiva implementação.
A
situação torna-se preocupante quando se sabe que o país tem inscrito na lista
do património universal duas expressões culturais, nomeadamente a Timbila e o
Nyau, que a devem ou deviam estar protegidas dentro dos princípios da Convenção
2003 sobre a salvaguarda do património cultural e imaterial.
Aliás,
por falta de instrumentos de implementação daquelas convenções o país tem perdido
muitos fundos, segundo revelou Ofélia da Silva, oficial do Programa da Cultura
na UNESCO-Moçambique.
Segundo
ela, a UNESCO tem fundos que vão até 100 mil dólares americanos para apoiar
actividades relativas a salvaguarda do património imaterial, por exemplo, 25
mil dólares americanos para proclamar uma determinada expressão como património
imaterial. Entretanto, segundo disse, muitos países ou Estados parte das
Convenções não têm solicitado os fundos ou não tem feito uma aplicação
satisfatória, pelas razões acima descritas ou por falta de capacidade técnica e
de recursos humanos.
Em
face dessa situação aquele organismo do sistema das Nações Unidas, fez um
levantamento em várias partes e concluiu que ao invés de continuar a dar fundos
para actividades cujos resultados não eram visíveis, devia potenciar os Estados
membros e parte das convenções para ter capacidade de implementa-las.
Neste
contexto, foi definido uma estratégia global de capacitação dos países membros
sobre como implementar as convenções. De referir que a UNESCO tem sete
convenções, das quais Moçambique apenas ratificou três. A Convenção 1972, sobre
“Protecção e Promoção do Património Natural e Cultural”, a 2003 (Salvaguarda do
Património Cultural) e 2005 (Promoção da Diversidade das Expressões Culturais).
Com
efeito, sob os auspícios do Instituto Nacional de Investigação Sócio - Cultural
(ARPAC), em coordenação com a Organização das Nações Unidas para Educação,
Ciência e Cultura (UNESCO), iniciou na última semana em Maputo, um processo de
formação de pessoal técnico em torno da implementação da Convenção de 2003
sobre salvaguarda do património cultural.
Depois
da formação teórica, o mesmo grupo iniciou esta segunda-feira, no distrito de
Manica, província do mesmo nome, um treinamento prático que inclui princípios e
métodos de inventário do património imaterial baseados na comunidade.
A
intenção é que alguns dos participantes venham tornar-se facilitadores em
formações similares a serem realizadas futuramente no país e em outros países
africanos de língua portuguesa.
NA LIDERANÇA DOS PALOP
No
quadro da estratégia global de capacitação institucional que esta a ser
desenvolvida pela UNESCO, o nosso país foi escolhido para liderar o processo a
nível dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).
A
escolha do nosso país, segundo Ofélia da Silva é porque se apresenta
relativamente mais avançado que os restantes PALOP.
Trata-se
do projecto de fortalecimento das capacidades dos oficiais da Cultura nos
PALOP, o qual visa melhorar as capacidades de funcionários da Cultura na
implementação e gestão eficaz da Convenção de 2003.
Para
garantir a materialização do projecto, dos técnicos que estão a ser formados
desde semana, três serão seleccionados para replicar os conhecimentos
adquiridos nos restantes países dos PALOP.
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