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Caros amigos o blog Historiando: debates e ideias visa promover debates em torno de vários domínios de História do mundo em geral e de África e Moçambique em particular. Consta no blog variados documentos históricos como filmes, documentários, extractos de entrevistas e variedades de documentos escritos que permitirá reflectir sobre várias temáticas tendo em conta a temporalidade histórica dos diferentes espaços. O desafio que proponho é despolitizar e descolonizar certas práticas historiográficas de carácter eurocêntrico, moderno e ocidental. Os diferentes conteúdos aqui expostos não constituem dados acabados ou absolutos, eles estão sujeitos a reinterpretação, por isso que os vossos comentários, críticas e sugestões serão considerados com muito carinho. Pode ouvir o blog via ReadSpeaker que consta no início de cada conteúdo postado.

28 fevereiro 2013

O COLONIALISMO NUNCA EXISTIU! – ENTREVISTA COM O AUTOR


O COLONIALISMO NUNCA EXISTIU! – ENTREVISTA COM O AUTOR


No seu novo livro, O Colonialismo Nunca Existiu! Colonização, Racismo e Violência: Manual de Interpretação (Gradiva, 2013), Gabriel Mithá Ribeiro questiona interpretações que desde há muito tínhamos por adquiridas, na Academia e fora dela.
O livro é indissociável da trajectória biográfica de Gabriel Mithá Ribeiro e do trabalho de campo que realizou [vem realizando] em Moçambique, desde 1997. Polémico, controverso, talvez até provocatório.
O seu livro tem um título bombástico, «O Colonialismo Nunca Existiu!», que parafraseia, acrescentando-lhe um ponto de exclamação, o título do célebre ensaio de Eduardo Lourenço, O Fascismo Nunca Existiu. Até que ponto ou em que medida podemos afirmar que o colonialismo nunca existiu? É que até na nossa Constituição, no seu artigo 7º, fala em «colonialismo»!
Podemos afirmar que o «colonialismo» nunca existiu até ao ponto em que sejamos capazes de separar, por um lado, o discurso voltado para a instrumentalização do saber com propósitos de intervenção política na realidade imediata de, por outro lado, o discurso ou o pensamento que procure racionalizar os fenómenos sociais e históricos de forma descomprometida e orientado pelo sentido de neutralidade axiológica, como teorizou Max Weber. A palavra «colonialismo» tem inevitavelmente associada a ideia de se segmentar as sociedades, os seus fenómenos e as suas histórias, em inocentes e vítimas. Descontando casos radicais como a inquisição, o nazismo ou o estalinismo, o conhecimento, para ser conhecimento, tem de se libertar do tribunal da história, do tribunal da sociologia, do tribunal da antropologia e assim por diante. Na utilização do termo «colonialismo» mesmo que exista uma parte de razão de ser porque, sem dúvida, qualquer colonização envolve dimensões de violência sobre os colonizados, a ideia de «colonialismo» esgota a complexidade desse tipo de processos históricos na dimensão negativa. Mas em geral, e muito em particular no caso europeu, a colonização ou as colonizações sempre foram muito mais do que isso. Por outro lado, tem de se considerar que o fenómeno da colonização é tão antigo quanto a própria história e foi dos que mais contribuiu para a transformação dos povos. Os critérios e demais instrumentos de análise não podem ser selectivos, isto é, diferentes consoante os ocidentais sejam colonizados ou quando passam ao papel de colonizadores. A história também existe para interpretar fenómenos deste tipo na longa duração. Essa é, aliás, a sua especialidade. O que se verifica é que quando ocorreu a inversão histórica dos europeus passarem de colonizados a colonizadores, e aqui gostaria de destacar o caso dos portugueses, e quanto mais nos aproximamos do século XX, mais se substitui o termo «colonização» pelo correspondente valorativo e depreciativo «colonialismo». E mesmo que se se quisesse ser valorativo, a história e a civilização europeias são de tal modo complexas, tendo oscilado quase sempre entre o bem e o mal (às vezes absolutos), que truncar aprioristicamente uma dessas dimensões na análise de fenómenos complexos de longa duração no tempo induz a deturpação da percepção das realidades enquanto totalidades. Portanto, a ideia de «colonialismo» limita o olhar apenas ao que é negativo e daí que seja, de alguma forma, um conceito adjectivado, isto é, inútil. A colonização europeia em África ou nas Américas, como a colonização romana ou a árabe na Europa e ao longo do Mediterrâneo, não merecem tamanha selectividade ou parcialidade.
O livro agrega três textos, cada qual com uma estrutura própria e a defesa de uma ideia. Quer-nos descrever um pouco melhor o seu conteúdo?
O livro é constituído por três ensaios que se explicam uns aos outros e que correspondem, mais ou menos, a escrever sobre o essencial sobre a colonização, o essencial sobre o racismo e o essencial sobre a violência. Para ser mais preciso, o conteúdo do livro tem a ver com o modo como as universidades, na área das ciências sociais e humanidades, têm elaborado conhecimentos em torno desses temas, conhecimentos que, depois, modelam o pensamento de senso comum e, por essa via, condicionam a vida social. Claro que sobre cada um dos assuntos em causa é possível escrever uns quantos volumes. Mas o que me interessava era focar a atenção, minha e dos leitores, apenas no essencial. Trata-se, em qualquer dos casos, de fenómenos sociais pesados, problemáticos, complexos e, muitas vezes, tratados com excessos de jargão académico. Pretendi fazer uma abordagem que fosse densa de ideias e de rigor terminológico, mas ao mesmo tempo de leitura apelativa para académicos e sobretudo para a opinião pública em geral. Daí a opção por três textos breves sobre três grandes temas. E fi-lo também porque uma das razões que fragiliza a qualidade do saber sobre as sociedades é a opinião pública comum, muitas vezes, não manifestar interesse ou olhar com alguma desconfiança para o trabalho produzido nas universidades. Em sociedades cada vez mais escolarizadas e qualificadas, tentar reforçar o elo com a opinião pública é fundamental na área das ciências sociais e humanidades. A qualidade e o valor do saber sobre as sociedades e sobre a condição humana depende da amplitude da circulação de ideias envolvendo as pessoas comuns. Claro que vários académicos têm mantido essa preocupação, mas só uma parte é inovadora. O meu livro não é mais do que um contributo nesse sentido. Acrescento que o preço da internacionalização do saber académico está a levar a que se use e abuse das publicações em inglês, mesmo quando estão em causa estudos sobre sociedades que têm outras línguas maternas. Significa excluir as pessoas comuns do acesso a um saber que lhes diz directamente respeito, que tem a ver com as suas vidas e sociedades. Se o conhecimento escrito estiver bem elaborado, será tanto útil para leigos, quanto para doutos, mesmo que seja exigente. Essa é uma marca das sociedades escolarizadas a que o trabalho universitário deve dar mais atenção. É uma forma nobre de respeitar as sociedades. Isto não é uma crítica à internacionalização do saber. Mas importa que sejamos ponderados, verificando até que ponto o padrão dos idiomas internacionais é útil, até porque o português é um deles.
No final, termina com uma condenação da violência, seja ela qual for, dizendo, na última frase «não existe violência boa e violência má». Considera que a violência é sempre ilegítima? Mas, assim sendo, como deveremos enquadrar a violência dos movimentos anticoloniais?
Não pretendo ser moralista na matéria até porque a ideia de estado enquanto instituição reguladora da vida das sociedades implica inevitavelmente a existência de uma violência legítima. O que está em causa nessa frase é a violência enquanto instrumento de transformação social. É para mim um dado adquirido que a violência, a esse nível revolucionário, é em absoluto condenável. Todavia, trata-se de uma conquista da história que se aplica ao presente e não é indiferente ao factor tempo quando a projectamos no passado. Num contexto em que o padrão eram as ditaduras, a dominação colonial, o apartheid ou a guerra fria, admito que a luta pela justiça social em determinados contextos pudesse legitimar a violência enquanto prática que visava alvos específicos e para atingir propósitos bem determinados de maior dignificação de pessoas e sociedades. Com isso pretendo distinguir, por um lado, a violência que tenha um fundo de legitimidade de, por outro, a violência indiscriminada que sustenta o terrorismo. O último é sempre ilegítimo. Mesmo no contexto a que me reporto e que marcou a época contemporânea até à última década do século XX, Gandhi, Martin Luther King ou Nelson Mandela foram capazes de enveredar por métodos não violentos e, por isso mesmo, bem mais legítimos, bem mais humanos, bem mais sustentáveis no tempo, bem mais construtivos. A questão é que no século XXI, o século pós-colonial, pós guerra fria e pós apartheid, o século em que a democracia se tornou um modelo hegemónico não violento de gestão das relações de poder dentro e entre as sociedades, voltar a convocar a violência como forma de legitimação do que quer que seja parece-me aberrante. Essa frase «não existe violência boa e violência má», tal como surge no livro, tem também a ver com o problema da falta de autonomia em algumas áreas das ciências sociais e humanidades entre o campo político ou do activismo cívico e o campo do saber académico propriamente dito. Uma parte do trabalho académico não só não se liberta dessa associação, como tende a reforçá-la. Isso pode ser útil para o debate e para a acção política, mas é extremamente prejudicial para a qualidade do conhecimento e para a credibilidade do trabalho universitário.
Trata-se de um livro controverso. Que reacção espera vir a ter e que críticas antecipa?
É muito difícil fazer previsões sobre o modo como as pessoas vão reagir ou sobre o impacto que o livro possa ter. De qualquer modo, no meu ponto de vista a obra não é controversa, antes inovadora na perspectiva em que aborda os temas, uma vez as reflexões são sustentadas num trabalho académico que se estende por mais de uma década. E não se pode confundir o título da obra com o conteúdo. O título é apenas um sinal de chamada à leitura e à reflexão. Quem abordar o conteúdo com intenção de captar o que está para lá do rótulo, perceberá que este é um livro que tenta ser sobretudo racional, equilibrado, pensado, cuidado, respeitador de diferentes sensibilidades. Claro que ser o autor a dizer isto pode não ser muito credível, posto que ninguém é bom juiz em causa própria. Mas é o que penso. Até porque o livro visa exactamente separar o pensamento livre e crítico do pensamento emotivo, valorativo ou activista. Quando estão em causa questões sociais sensíveis como a colonização europeia, o racismo ou a violência, as sociedades, e estranhamente as universidades, habituaram-se a viver de tal maneira dominadas pela dimensão emotiva ou afectiva que as leva a que não consigam pensar certo tipo de assuntos com distanciamento crítico. Conseguir isso seria fazer avançar efectivamente o pensamento para o século XXI. Como na alegoria da caverna, quem vive por hábito num certo ambiente pode não se aperceber da sua natureza. E esse ambiente emotivo, afectivo ou valorativo que nos dominada quando estão em causa certos temas relevantes para a vida social é precisamente o maior obstáculo à renovação do saber e, por essa via, um forte obstáculo à reinvenção do social que aponte para o reforço da maturidade na relação entre povos e no interior das próprias sociedades. Isso não se consegue sem a renovação do saber. Não temos de renegar o conhecimento que está para trás. Apenas renovar a abordagem crítica a partir do presente para o passado. Num outro plano, suponho que a melhor resposta às interpelações suscitadas por este livro não é responder de imediato e com paixão. Isso significará que não conseguimos sair do mesmo. A forma mais séria de resposta ao livro da minha parte e de quem o criticar é reforçar e renovar a investigação académica nas áreas abordadas no livro para ver até que ponto as ideias que ele defende serão fiáveis. Tal não se resolve com meros «acho que» ou «não concordo» que muitos prontamente disparam antes de ler, antes de pensar, antes de estudar empiricamente os assuntos. Se cheguei a este ponto foi porque tive essa preocupação durante muito tempo. Pessoalmente, sinto que este não é um livro do fulgor da juventude intelectual, antes da tranquilidade de alguém que, dentro das suas muitas limitações, sabe que atingiu uma certa dose de maturidade para pensar e escrever com convicção sem atentar contra a dignidade dos outros, seja dos antigos povos colonizados (essa é a minha origem), seja das minorias raciais (em qualquer parte do mundo onde viva eu e pessoas como eu jamais deixaremos de pertencer a uma minoria).

António Araújo – nasceu em Lisboa, em 1966. Jurista e historiador, autor de vários livros e artigos sobre Direito Constitucional, Ciência Política e História Contemporânea. Edita actualmente o blogue Malomil.

26 fevereiro 2013

NOVO ROMANCE DE MIA COUTO PROCURA DESVENDAR A FIGURA DE NGUNGUNHANA


NOVO ROMANCE DE MIA COUTO PROCURA DESVENDAR A FIGURA DE NGUNGUNHANA 


O escritor moçambicano Mia Couto está escrever um romance que abordará "as construções mitológicas sobre o império de Gaza", que se localizou no sul de Moçambique, em que pretende questionar o personagem de Ngungunhana.

"Há pinturas que são feitas (à volta da figura do imperador Ngungunhana) e a pergunta é essa: quem era esse verdadeiro personagem do Ngungunhana?", diz Mia Couto, em entrevista exclusiva à Lusa, sobre a nova produção literária.
O escritor mais traduzido de Moçambique está, desde o ano passado, a escrever o livro, que, garante, "muito certamente não será acabado este ano", pelo que pretende trabalhar o romance ainda sem título mais um ano.
"A grande preocupação que eu tenho é mostrar que essa História, a grande História com H maiúsculo, a história oficial de um país é sempre construída - não só no nosso caso, em todos os casos do mundo - a partir de pequenas mentiras, pequenas ilusões. A necessidade de fabricarmos grandes heróis, personagens que estão acima de um humano tem que ser de alguma maneira desconstruída", diz.
Contudo, assinala Mia Couto, a ideia não é atacar os mitos, porque, diz, entende "que um país precisa de heróis, mitos fundadores, mas, por outro lado, é preciso que a gente saiba que eles são fabricações".
As proezas de Ngungunhana já tinham sido narradas em livro, em 1987, pelo escritor moçambicano Ungulani Ba Ka Khosa num romance intitulado Ualalapi, que, em seis episódios, narra os excessos daquele chefe após assumir o trono do império de Gaza, substituindo o seu irmão.
"O Ualalapi foi um grande livro inspirador para este mesmo livro. Esta desconstrução da imagem que foi construída ideologicamente do Ngungunhana, quer dizer, é muito curioso, porque a personagem Ngungunhana é reconstruída do ponto da elaboração mítica, tanto pelos portugueses, como por nós, moçambicanos", afirma Mia Couto.
O romance de Ungulani Ba Ka Khosa integra a lista dos 100 maiores romances do século passado. 
  • Lusa




PRISÃO DE GUNGUNHANA FOI UM “GOLPE DE SORTE”, AFIRMA HISTORIADOR



Mouzinho de Albuquerque "seria hoje condenado por crimes contra a humanidade", afirmou o historiador Paulo Jorge Fernandes, autor de uma nova biografia do militar que prendeu Gungunhana e garantiu o domínio português sobre Gaza (Moçambique).
Intitulado "Mouzinho de Albuquerque - Um soldado ao serviço do Império", o livro procura "contextualizar Mouzinho na mentalidade da época em que viveu".
"Mouzinho de Albuquerque hoje seria condenado por crimes contra a humanidade, falando de uma forma ligeira, mas na sua época os seus actos não foram interpretados de tal forma, pois o contexto mental e social era diferente", declarou.
A operação militar em Chaimite foi o culminar de um conjunto de vitórias militares ao longo de 1895, depois de sucessivas derrotas das tropas portuguesas, no contexto do Ultimato e da Conferência de Berlim. 
O investigador sublinhou que a detenção de Gungunhana, conhecido como “o Leão de Gaza”, em 1895, "foi um golpe de sorte e não passou de uma bravata militar em que não participaram mais de meia centena de homens e não houve qualquer chacina dos dois lados", declarou.

Após a sua captura, Gungunhana foi despojado dos seus haveres, afastado das suas tradições, transportado para Portugal, onde sofreu humilhações públicas. Com este feito, Portugal garantiu o domínio sobre Moçambique.
Fundado por um ramo zulu fugido à guerra que alastrava a Sul, o reino de Gaza sobreviveu à cobiça europeia durante mais de sete décadas.
Quando Gungunhana foi preso por Mouzinho de Albuquerque em Chaimite, em 1895, parte do seu exército ainda conquistava terreno aos tsongas, aos chopes, aos vandaus e aos bitongas, empurrados sucessivamente para Norte.
No seu esplendor, o império de Gaza espraiava-se do rio Incomáti à margem esquerda do Zambeze, do oceano Índico ao curso superior do rio Save. Era o segundo maior reino africano do século XIX, um território que, no mapa actual, ocuparia mais de metade de Moçambique e um bom pedaço do Zimbabué, entrando ainda pela África do Sul. Há cem anos, tinha uma população entre os 500 mil e os dois milhões de habitantes.
Rádio de Moçambique – 28.05.2010

"EU QUERO OS MEUS HERÓIS"


GENES MACUA  de: Sebastião Cardoso
Eu quero os meus heróis. Gungunhana, era neto de Soshangane, um general zulu que se revoltou contra o Imperador Tchaka.
Derrotado por este, em 1819, foge com o seu exército para Moçambique, subjugando, submetendo e absorvendo numerosos povos especialmente na área costeira desde o Limpopo ate ao Save, fundando, assim, o Império de Gaza. Humilhou, varias vezes, os portugueses, conquistando Lourenço Marques e Inhambane. A questão aqui é: Soshangane pode ser considerado uma figura da nossa Historia com que papel? Invasor zulu ou fundador machangane? Morre em 1858, sucedendo-lhe Muzila.
Vou saltar Muzila e escrever um pouco sobre o neto, Gungunhana, cuja fama ultrapassou fronteiras.

Após a morte de seu pai, em 1884, não sendo ele o legitimo herdeiro, assassina o seu irmão e obriga os outros dois a fugirem para o exílio.
Um fratricida no poder...arrepiante mas, nenhuma novidade na História do mundo.
Iniciam-se, 10 anos de terror, especialmente entre as populações.  Até hoje, estranhamente, até os maronga e matswa partilham ressentimentos e, dificilmente, se identificam com os machanganes. Porque com as duas potencias estrangeiras interessadas na região, Gungu ia fazendo acordos, que nunca cumpria. Os portugueses davam-lhe aguardente e os ingleses libras de ouro.
Existem registos de algumas batalhas contra os portugueses, sempre com o heróico povo maronga na linha da frente, mas o balanço é francamente negativo, contrariamente ao seu avô. Chegou a ser nomeado Coronel do exercito português, recebeu a farda e uma bandeira!!! Pouco tempo depois, queimou estes dois símbolos de submissão, invocando que passavam doenças venéreas as suas mulheres.
Hilariante.
Jogando com um pau de dois bicos, ora juntava-se aos portugueses, ora juntava-se aos ingleses e manteve-se no poder até 1895.
E' abandonado pelos ingleses, cansados das suas qualidades camaleonicas e as atitudes de alcoólatra teem como consequência um exército completamente fragmentado, esfomeado e desmotivado.
Chegando esta oportunidade, os portugueses, comandados por Mouzinho de
Albuquerque ( o que levou tareia em Nampula) marcham em sua perseguição e
capturam-no à mão, em Chaimite, local sagrado onde seu avô estava sepultado.
É exibido em Lourenço Marques como troféu às populações, num acto politico de
vitoria.
Dão-lhe o estatuto de prisioneiro politico, enviam-no para Lisboa com as suas 7 mulheres e um cozinheiro. Ali, é, novamente exibido em público com a mesma finalidade política. O Leão de Gaza, está horrorizado. Chora, manda-se para o chão, promete o que já não tem: ouro, marfim, escravos, mulheres e terra em troca da sua liberdade. Nesta altura, encontrava-se debilitado e foi tratado num hospital de Belém com regalias de oficial.
Não sabia que o seu futuro, até nem seria muito mau.
É enviado, em Junho de 1896, para as paradisíacas ilhas dos Açores, sem as 7
mulheres, devido a intolerância pela poligamia, mas com o seu cozinheiro e dois companheiros que sempre se portaram com dignidade. Com ordens bastante terminantes de ser absolutamente respeitado, vive com uma reforma de oficial, em crescente liberdade, alimenta-se a base de carnes e embriaga-se regularmente com vinhos do Porto e da Madeira, visita semanalmente o bordel da cidade, caca coelhos no monte Brasil e como hobby faz cestos de palha que vende a população local. Passados 10 anos, em 1906, morre alcoolizado, alfabetizado e baptizado com o nome de Roberto Frederico Gungunhana.
Se fosse possível, hoje, teria a curiosidade de lhe perguntar:
- Beto, o que gostaste mais? Os 10 anos de Leão de Gaza ou os 10 anos nos Açores?
A saga de Gungunhana ainda envolve um último acto. Num acordo entre Machel e
Ramalho Eanes, uma urna contendo areia do local onde foi sepultado, com o peso de 225 kgs é trasladada para Maputo.
Em Junho de 1985, 79 anos após a sua morte, o Leão de Gaza ou Roberto Frederico Gungunhana, não sei, é recebido em Maputo com honrosas cerimonias de herói nacional e consegue, finalmente, a proeza de entrar na Fortaleza da ex. Lourenço Marques, tendo como companhia a estátua do homem que o apanhou à mão, Mouzinho Albuquerque!!!
Eu quero os meus heróis.
Há sete instituições de ensino superior em Nampula!!! Não há nenhum departamento que pesquise e investigue História?!
Por favor, dêem-me os meus heróis.
WAMPHULA FAX – 25.08.2010
NOTA:
Porque considerar Gungunhana herói moçambicano? Não há uma só palavra dele que ilustre, defina ou defenda o conceito de Moçambique (país ou nação). Estrangeiro, descendente de 2ª geração de conquistadores (como os portugueses), mas, de longe, com muitos mais massacres de populações locais que os imputados aos portugueses. Aliás, se Gungunhana vitorioso, aí acabava o Moçambique que hoje existe e conhecemos.
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE

TRIBUTO - ODE AO MESTRE ALEXANDRE LANGA


TRIBUTO - ODE AO MESTRE ALEXANDRE LANGA


“Hoyo-hoyo Masseve/ Hoyo-hoyo masseve, hoyo-hoyo masseve/ Ashi rwalo shawu canhi shi cala ngopfu masseve/ Hinga tsama hi lani nitaku rungulissa
Nitaku rungulissa/ Nitaku rungulissa/ A xi nhimu xa wena xa navelissa masseve hinga tsama hi lani niatku rungulissa/ Ni ta rungulissa/ Ni tarunguilissa/Hoyo-hoyo masseve, hoyo.hoyo masseve”. Alexandre Langa


Hoyo-hoyo masseve; Uma nota de boas vindas que insinua o intimismo. É assim que hoje recordamos Alexandre Langa. 
Alexandre Langa nasceu no Chibuto, província de Gaza, no dia 26 de Fevereiro de 1943. Se fosse vivo, completaria agora os seus 70 anos de idade.
A sua paixão pela música expõe-se aos quinze anos, quando na companhia da sua viola, feita de lata de azeite de oliveira, inicia uma brilhante carreira que viria a ser interrompida com a sua morte, em Dezembro de 2003.
Ele ajudou no ganho da consciência nacionalista. Fez canções de luta contra alguns males da sociedade, tais como a prostituição, a candonga, o banditismo, o alcoolismo, a ociosidade e a corrupção.
Muitos consideram-no como um dos maiores guitarristas moçambicanos e um dos melhores compositores da música moçambicana. Em palco, Alexandre Langa, era elegante, grave, fechado, praticamente imóvel, mas muito competente.
Foi parceiro e líder da banda do velho Fany Mpfumo, o Rei da Marrabenta, e é o mais influente dos guitarristas moçambicanos, tendo o seu estilo moldado a música ligeira moçambicana do período pós-independência.
Uma das suas maiores produções discográficas foi o álbum, “Magasso ya Mpfundla”, considerado pela crítica “de uma obra-prima absoluta”. Uma mistura de Marrabenta e Magika e ritmos sul-africanos – onde Alexandre Langa viveu e tocou – impressionante, um álbum perfeito. Com oito grandes músicas. De “Xiguevenga” a “Mpfula”, é um desfile sucessivamente impressionante de músicas brilhantes, com referências à queda do Império de Gaza (“Ngungunhana”), odes à independência do Zimbabwe (“Tinena”), lamentos de misérias sociais (“Madlaya Nhoka”), comentários sobre a guerra civil moçambicana (“Magasso ya Mpfundla”), relatos de violência em ambientes de bebedeira (“Va Bandzanile”), ironias contra a má escolha de parceiros amorosos (“Xiguevenga”), descrições do ambiente e comportamento rural de sua zona de origem, em comparação ao ambiente urbano, quanto às práticas alimentares (“Mpflula”) para além da condenação da incompreensão e descriminação de que eram vítimas os músicos na sociedade moçambicana (“Mugunda”).




Maputo, Quarta-Feira, 27 de Fevereiro de 2013:: Notícias

PÔSTERES DE MOÇAMBIQUE: HISTÓRIA


PÔSTERES DE MOÇAMBIQUE: HISTÓRIA

Em 25 de Junho de 1962, em Dar es Salaam, na Tanzânia, vários indígenas  que faziam parte dos movimentos de libertação de Moçambique uniram-se no único movimento- a  Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique). Depois de uma longa luta Moçambique conquistaram a independência de Portugal em 1975. Sob a liderança da Frelimo marxista-leninista, Moçambique foi posteriormente transformado em uma república de  operários e camponeses.
O Internacional Institute of Social History (IISH)  detém uma bela colecção de cartazes moçambicanos de arquivos do Nederlands Instituut voor Zuidelijk Afrika (Dutch Institute of Southern Africa, NIZA). A propaganda era uma arma importante na luta pela independência, para ganhar apoio dentro e fora de Moçambique. Do final dos anos 1960 em diante, o sector de propaganda da Frelimo (Departamento de Propaganda e Informaςão - DIP) utilizou cartazes políticos como um meio de propaganda. Nos primeiros anos os cartazes às vezes eram um pouco estranho (n º 1), mas graças a artistas talentosos como José Freire, João Craveirinha e Milhafre Agostinho, ao longo dos anos tornaram-se mais sofisticados. Após a independência cartazes políticos permaneceram como importante meio de propaganda e passaram ser produzidos sob a supervisão da Direcςão Nacional de Propaganda e Publicidade (DNPP), mas com os mesmos artistas que produziram os  cartazes anteriores.
Os cartazes pré-1975 enfatizavam a crueldade dos governantes coloniais, os objectivos da luta e a coragem e auto-sacrifício dos combatentes da libertação. Depois da independência, a ênfase deslocou-se para a necessidade de reconstruir e desenvolver o país, sob a orientação da Frelimo e do socialismo. Assuntos frequentes foram a comemoração do Dia da Independência (25 de Junho), visitas de chefes de estado, a homenagem a morte do primeiro presidente da Frelimo Eduardo Mondlane e outros "heróis da luta de libertação", anúncios de congressos da Frelimo, bem como campanhas contra a violência doméstica, doenças venéreas e do analfabetismo, e as campanhas de vacinação e do primeiro censo nacional.
A linguagem visual dos cartazes foi parcialmente derivado da arte de propaganda socialista da União Soviética, Cuba, China e Coréia do Norte, incluindo o uso de símbolos como bandeiras vermelhas, o martelo e enxada (uma variação do martelo e foice), estrelas vermelhas e os punhos cerrados, e do uso de estereótipos socialistas, como os trabalhadores resistentes, soldados, enfermeiros, estudantes e camponeses que marchavam em diante, unidos para um futuro feliz. Mas também a influência da arte do cartaz político ocidental e comercial pode ser detectado no uso de fotomontagem, as modernas técnicas de deslocamento, e o idioma design moderno dos anos sessenta e setenta (n º 8). Os cartazes foram principalmente concebidos por artistas moçambicanos, mas às vezes os estrangeiros também (artistas norte-coreanos, por exemplo): os resultados são imediatamente reconhecíveis por sua composição rígida e estereotipada em branco (n º 10).

Outras leituras:
·         Sahlström Berit . Cartazes políticos na Etiópia e Moçambique. Imagens visuais em um contexto revolucionário. Uppsala 1990 (IISH nr de chamadas.1993/352 fol)

·         Sahlström Berit, António Sopa - Catálogo dos Cartazes de Moςambique, Catálogo de Pôsteres moçambicanos . República Popular de Moςambique, 1988 (IISH nr de chamadas.  2011/3893)

Pôsteres de Moçambique:

Foto 10: Defender a pátria / Combater o  subdesenvolvimento / Construir o socialismo / IV Congresso do Partido Frelimo
(Moçambique, 1983) chamada IISH nr: BG E24/140 


Foto 1:  Na zona ocupada: opressão, na zona liberada: a liberdade (Tanzânia, Maputo, Moçambique, ca 1972) IISH chamada nr: BG D41/590



25 de Abril,1974 Projeto Ricardo Rangel (foto) e José Freire, o Grupo dos Democratas de Moçambique (Moçambique, 1974) chamada IISH nr: BG E9/723




 Dia da Independência de Moçambique, 25 de junho de 1975  Desenho José Freire, DNPP (Moçambique, 1975) chamada IISH nr: BG E9/737




Fundação comemoração do SNASP, 11 de outubro de 1981  Serviço Nacional de Segunça Popular (Moçambique, 1981) chamada IISH nr: BG E35/311






 Primeiro Censo Nacional  Ministério da Informação, Moçambique, DNPP (Moçambique, 1980) chamada IISH nr: BG E9/733




Dia da luta contra a SIDA 



 Dia de comemoração da morte de Eduardo Mondlane (Tanzânia, a Frelimo, 1973) chamada IISH nr: BG D17/472




Visita amigável por Fidel Castro (Moçambique, DNPP, 1977) IISH nr chamada: BG D41/577




 Primeiro Congresso Nacional de Agricultura (Moçambique, 1975) IISH nr chamada: BG D17/480





Temos que planejar a produção para melhorar nossas vidas no caminho para o socialismo! (Moçambique, 1978) chamada IISH nr: BG E35/301





7. III Congresso da Frelimo design José Freire (Moçambique, 1977) IISH chamada nr: BG H2/868





Rovuma - Maputo, 03 de fevereiro de 1975 Desenho José Freire (Moçambique, 1975) chamada IISH nr: BG D17/482




Foto 8: Comemoração da Revolução de Moçambique, 1973  design Agostinho Milhafre (Tanzânia, a Frelimo, 1973) chamada IISH nr: BG D17/463


Comemoração de cinco anos da independência Projeto João Craveirinha (Moçambique, 1980) chamada IISH nr: BG E35/308

22 fevereiro 2013

Líderes tradicionais influenciam resultados eleitorais – estudo

Líderes tradicionais influenciam resultados eleitorais – estudo

Os líderes tradicionais em Moçambique influenciam o sentido do voto e a participação eleitoral nas zonas onde se encontram, indica um estudo do investigador português João Morgado.
“A influência das Autoridades tradicionais no processo eleitoral em Moçambique” é uma investigação de João Morgado que conclui que os líderes exercem uma “forma de poder muito relevante” e capaz de influenciar os resultados eleitorais e mesmo a afluência às urnas durante processos eleitorais.
“O meu estudo indica o impacto que estas autoridades tradicionais têm nas áreas de influência da Frelimo, mas é muito provável que a mesma coisa se passe em áreas de influência da Renamo. São pessoas que são muitas vezes a única autoridade em muitas localidades”, disse à Lusa o economista João Morgado, da Universidade Nova de Lisboa.
A investigação incide sobre 161 localidades nas regiões de Gaza, Maputo, Cabo Delgado e Zambeze, e estudou 1.154 líderes tradicionais com “poder muito significante em áreas onde não há estradas nem serviços públicos”. A Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), depois da independência, em 1975, decidiu banir as autoridades tradicionais porque considerava estarem ligadas às autoridades coloniais portuguesas que as utilizavam, nas áreas rurais, para a coleta de impostos e para o recrutamento de mão-de-obra. “Por esse motivo, a Frelimo decidiu ilegalizá-los e substitui-los por uma entidade mais integrada no espírito de Estado socialista que eles queriam montar e que se chamavam Grupos Dinamizadores”.
“Isto não resultou bem e os líderes tradicionais nunca deixaram de existir e quando começa a guerra civil, a Renamo começa a utilizar, nas áreas que começa a controlar, os líderes tradicionais, partindo do descontentamento por terem sido ilegalizados como base de apoio”, explica o investigador.
Depois dos acordos de Roma, em 1992, a Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) ainda estava bastante associada aos líderes tradicionais, mas a Frelimo acaba por mudar de posição sobre os líderes tradicionais em 1995, adianta o investigador. “O então presidente Chissano, após uma reunião com líderes tradicionais, diz à imprensa que os líderes tradicionais existem e logo depois é aprovado um decreto-lei que restitui parte dos poderes com a atribuição de um subsídio pela ajuda na coleta de impostos”, diz João Morgado. O estudo indica também os poderes de facto dos líderes tradicionais em localidades isoladas, onde, entre outros, existe inclusivamente a possibilidade de alocação de terras. “No contexto atual, o líder tradicional pode ser um ex-combatente, quer da luta pela libertação quer da guerra civil, e o sistema de nomeação pode variar de região para região, mas, na maior parte das vezes, é dinástico. Noutras regiões, são simplesmente apontados por serem uma pessoa com mais idade, um veterano, e às vezes pode até dar-se o caso de serem apontados por influência política, quer pela Frelimo quer pela Renamo”, refere o autor do estudo, que sublinha que em Moçambique não há partidos étnicos mas sim formações políticas nacionais. A tese de João Morgado vai ser apresentada na quinta-feira na Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa. As eleições autárquicas em Moçambique realizam-se este ano e as eleições gerais em 2014.
LUSA – 21.02.2013

Diamantes de Sangue: Carta ao presidente de Angola

Diamantes de Sangue: Carta ao presidente de Angola
Pretória (Canalmoz) – O defensor dos direitos humanos Rafael Marques endereçou, a 15 de Fevereiro passado, uma carta ao Presidente da República, José Eduardo dos Santos, denunciando a denegação de justiça por parte da Procuradoria-Geral da República em investigar os casos de assassinatos e tortura nas zonas diamantíferas das Lundas.
Nove generais encontram-se entre os denunciados como os autores morais de centenas de crimes de tortura e homicídio. Os generais são accionistas da Sociedade Mineira do Cuango e da empresa privada de segurança Teleservice.
O general Manuel Hélder Vieira Dias “Kopelipa”, ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente, lidera o grupo de oficiais generais. Do grupo constam o inspector-geral do Estado-Maior General das FAA, Carlos Alberto Hendrick Vaal da Silva; o chefe da Direcção Principal de Preparação de Tropas e Ensino das FAA , Adriano Makevela Mackenzie; o governador de Benguela, Armando da Cruz Neto; o deputado do MPLA, António dos Santos França “Ndalu”; bem como os generais inactivos João Baptista de Matos, Luís Pereira Faceira; António Pereira Faceira, António Emílio Faceira e Paulo Pfluger Barreto Lara.
A petição, dirigida a José Eduardo dos Santos, na qualidade de mais alto magistrado da Nação, apela à investigação imparcial dos casos denunciados, e lembra que os casos de crime de homicídio, à luz da legislação angolana, nunca se encerram, “ficando sempre pendente de investigação ou a aguardar melhor prova.”
Os casos denunciados fazem parte do livro Diamantes de Sangue: Tortura e Corrupção em Angola, de Rafael Marques, publicado em Portugal, em 2011. Dois meses após o seu lançamento, o autor apresentou, em Novembro de 2011, uma queixa-crime contra os generais.
A Procuradoria-Geral da República arquivou o caso após uma investigação preliminar, em que ouviu apenas quatro vítimas e testemunhas, das dezenas que deveria ter ouvido.
Recentemente, o Ministério Público português arquivou um processo de difamação e injúria contra Rafael Marques e a editora do livro, Tinta da China, interposto pelos referidos generais. As autoridades portuguesas consideraram que a publicação da obra se encontra protegida pelos direitos de liberdade de expressão e informação.
A carta entregue a José Eduardo dos Santos a semana passada é apenas a última de várias tentativas para levar as autoridades angolanas a investigar as graves violações de direitos humanos nas Lundas. A 9 de Janeiro, uma delegação de altas autoridades tradicionais das Lundas deslocou-se a Luanda, para entregar uma petição ao Procurador-Geral da República, General João Maria Moreira de Sousa, denunciando a violação sistemática dos direitos humanos nas suas comunidades e apelando à reabertura do inquérito preliminar.
De forma extraordinária, o gabinete do Procurador-Geral recorreu a uma falsa notícia, publicada no semanário O Continente, para emitir um comunicado contra Rafael Marques e publicamente revelar que não reabriria o inquérito, apesar da diligência dos sobas.
“Quando a Procuradoria-Geral da República, um órgão com a função de zelar pela legalidade usa um ardil tão baixo, como o de uma falsa notícia, para se pronunciar através da comunicação social do Estado, bem podemos aferir a falta de responsabilidade e sensatez de quem a dirige. É simplesmente ridículo”, disse Rafael Marques. (Maka Angola , Fevereiro 21, 2013)



19 fevereiro 2013

ARTES - "NA MÃO DE DEUS" DE PAULINA CHIZIANE ADAPTADA PARA O CINEMA


ARTES - "NA MÃO DE DEUS" DE PAULINA CHIZIANE ADAPTADA PARA O CINEMA
Paulina Chiziane


Um documentário sobre a vida e obra da escritora moçambicana, Paulina Chiziane vai ser rodado em Maputo, numa iniciativa do jovem cineasta, Aldino Languana.

O documentário terá como base a mais recente obra literária da escritora, intitulada “Na mão de Deus”, editado ano passado, na qual aborda a questão de espiritismo.
"Na mão de Deus", evoca a experiência da autora durante um internamento numa psiquiatria.
Através do relato da personagem Alice, a autora descreve o que lhe aconteceu durante a semana em que esteve internada numa ala psiquiátrica, em 2010, evocando todo o drama que diz ter vivido, desde as perturbações físicas e psíquicas, a “visões e vozes de entidades espirituais que se manifestavam de diferentes formas”.
O facto, segundo a própria escritora descreve numa entrevista que recentemente concedeu à agência Lusa, despertou-lhe para a mediunidade.
"Não existe margem nenhuma entre a Alice e a Paulina Chiziane porque fui eu que fiquei doente, tive um transtorno mental, baixei na psiquiatria uma semana", disse a escritora à Lusa.
A família, que a acompanhou no tratamento da doença, diz, nunca percebeu que se tratava do "despertar da mediunidade", fenómeno que é descrito à Lusa como "a capacidade de se estar num meio entre os planos físicos e extra físico", pela co-autora da obra, Maria do Carmo da Silva, uma médium e estudante de espiritismo.
"A minha família está ligada à cultura ocidental e como todas as famílias julga-se superior. Entretanto, elas não têm capacidade para gerir o invisível que é muito bem gerido pelas tradições africanas e asiáticas, algumas delas, e pelo espiritismo", defende Paulina Chiziane.
"O que pude constatar é que, com a minha doença, eu encontrei respostas muito positivas tanto na esfera tradicional, como tive assistência também do espiritismo", afirma.
Mas durante dois anos, a mulher escritora mais lida e traduzida de Moçambique optou pelo silêncio.
"A omissão tem a ver com o estigma social, que vem da religião cristã. Das tradições africanas nem tanto, porque sabem como lidar com este tipo de problemas. As tradições cristãs, a cultura ocidental onde tudo é palpável, tem que ser visível. Então, quando aparece uma doença causada pelo invisível, então a igreja vem dizer que não", afirma.
De resto, a autora de obras como "A balada de Amor ao Vento" ou "O Alegre Canto da Perdiz", acredita que, neste campo "não há mais esclarecidos".
"Acho que a cultura ocidental é menos esclarecida do que a africana neste campo. Quando um padre, por exemplo, diz que ele sabe, abençoa e que faz, o que é que ele está a fazer? Será que o que ele faz é superior ao que os nossos antepassados faziam?", questiona.
Paulina Chiziane acredita que "o caso da doença levanta todos os aspectos de cultura e tradição desde os tempos mais antigos: se foi o próprio Deus que criou a multiplicidade, porque a expressão divina não pode ser múltipla? Eu sou negra, sou africana, de uma terra lá de Manjacaze (sul de Moçambique). Eu para chegar a Deus não preciso da cultura de outro, porque Deus está em mim".
E, defende, "cada indivíduo deve ter a sua maneira individual, cultural de encontrar o supremo".
"Por que é que tenho que ficar presa a dogmas criados por tantas outras culturas? Temos que nos libertar. Eu rejeito a ideia de um Deus que vem da mão do ocidente. E a minha descrição toda caminha nesse sentido", afirma.


SAMORA O PROFETA” EM PREPARAÇÃO

Entretanto, Aldino Languana vencedor em 2010 do programa DOCTV CPLP com o filme “Timbila e Marimba Chope”, têm no prelo o documentário “Samora o Profeta”, o qual revive as ideias e a visão do primeiro Presidente de Moçambique.
A película reacende as ideias e a visão de Samora Machel sobre o futuro de Moçambique, procurando fazer a ponte entre o passado, presente e futuro do país.
“Samora Machel era um visionário e nalgum momento da sua vida e de governação falou das coisas que hoje estão a acontecer no país”, recorda Aldino Languana.
O documentário também vai revisitar a participação de Samora Machel no processo de luta de libertação nacional.
Para a produção do documentário, Aldino Languana recorreu a vários arquivos, entrevistas a individualidades da vida política, académicos, e cidadãos anónimos para deles obter testemunhos sobre a figura de Samora Machel. Nestes testemunhos recorreu também a algumas imagens do jornal cinematográfico Kuxa Kanema, produzido nos primórdios da independência do país pelo Instituto Nacional do Cinema (INC), incluindo algumas gravações de discursos.
Maputo, Quarta-Feira, 20 de Fevereiro de 2013:: Notícias


"OPERAÇÃO ALBATRÓS" - CAPACETES AZUIS ITALIANOS EM MOÇAMBIQUE(1993/4) (VIDEO)




VEJA AQUI ESTE DOCUMENTÁRIO DA RAI SOBRE A PRESENÇA ITALIANA EM MOÇAMBIQUE NA SEQUÊNCIA DO ACORDO GERAL  DE PAZ EM 1992.


CLICK NA FIGURA PARA INICIAR O VIDEO.