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03 julho 2013

ENCONTRO COM PR: DHLAKAMA DISPONÍVEL MAS EXIGE GARANTIAS

 
Dhlakama falando a jornalistas em Satungira (Gorongosa) no dia 2 de Julho de 2013

O LÍDER da Renamo, Afonso Dhlakama, reafirmou ontem estar disponível para um encontro aberto  e produtivo com o Chefe do Estado, Armando Guebuza, mas colocou duas condições.

A primeira, que o encontro poderá ter lugar em Maputo se houver garantias de segurança que passam pela retirada da Força de Intervenção Rápida (FIR)  no perímetro de Satungira onde se encontra aquartelado. A segunda, que o encontro se realizaria em Gorongosa, se as garantias da primeira condição não fossem concretizadas.
Dhlakama fez estes pronunciamentos, em Satungira, na serra de Gorongosa, Sofala, onde se encontra a viver desde 15 de Outubro do ano passado, depois de receber, no final da manhã de ontem, uma delegação do Observatório Eleitoral, uma plataforma de organizações da sociedade civil de carácter religioso, da área dos direitos humanos e de promoção de cidadania.
No encontro, de cerca de duas horas que manteve com a delegação do Observatório Eleitoral, chefiada pelo respectivo presidente, o bispo Dinis Matsolo, foi tornado público que ainda neste sábado  uma delegação da sociedade civil constituída por Dom Dinis Sengulane e o Reitor do Instituto Superior Politécnico e Universitário (ISPU), Lourenço do Rosário, que ele designou de facilitadores, vai se encontrar com o líder da Renamo para também buscarem formas de aproximação de posições entre Dhlakama e o Presidente Guebuza.
Falando a jornalistas,  Dinis Matsolo, disse que o importante é que há abertura para um diálogo construtivo entre ambas as partes. "Tivemos uma conversa totalmente aberta que nos mostra que há vontade de diálogo e temos que avançar para encontrar os melhores caminhos para a paz. Como moçambicanos, temos que nos articular mais num diálogo aberto. Encontramos uma abertura total em qualquer que seja a possibilidade de achar formas de ultrapassar o impasse e estamos bastantes satisfeitos com isso", sublinhou.
Aquele prelado referiu que o Observatório Eleitoral ainda vai, igualmente, articular com o Chefe do Estado, porque não há tempo para parar  e que o impasse não leve mais tempo. "O importante é que as pessoas falem honestamente sobre os assuntos e com respeito mútuo num processo de diálogo, que não é propriamente uma confrontação, mas uma oportunidade de ouvir-se a outra parte".
Fundamentalmente, Dhlakama considera que o problema essencial desta instabilidade deve-se à Lei Eleitoral que, no caso de sua revogação, a Renamo irá participar imediatamente no pleito autárquico  de 20 de Novembro, sendo que os outros assuntos na mesa do diálogo com o Governo podem ir sendo gradualmente resolvidos como forma de garantir a manutenção da paz duradoira.
Entretanto, o líder da Renamo voltou a dizer que não mais haverá guerra em Moçambique, sublinhando que “quero tranquilizar a todos, mas quero convidar o Governo, em particular ao Presidente Guebuza, que eu não tenho problema”.
“Já dei esta garantia depois da guerra dos 16 anos e o Presidente Chissano pode testemunhar isso. Não é hoje que vai ser difícil”, disse.
Na conferência de Imprensa, Dhlakama assumiu a autoria dos recentes ataques registados ao longo da Estrada Nacional Número Um e que resultaram no assassinato de civis e destruição de seus bens. Ele disse que mandou os seus homens atacarem como forma de eliminar a logística da aproximação do Exército e que o alvo  eram os soldados governamentais. Porém, indicou que as imagens chocantes e confrangedoras  das vítimas civis e indefesas, sobretudo a de uma mulher desesperada e o seu bebé a chorar depois de cair na emboscada da Renamo, levou-o a mandar parar com as incursões armadas.
Todavia, declinou responsabilidade da Renamo quanto ao assassinato dos elementos das FADM e do ataque ao paiol de Dondo, ao mesmo tempo que minimizava o impacto sobre este assunto pelo facto de no local do assalto não viverem crianças, mas sim forças militares.
Recordou que os louros sobre o ambiente de paz que o país desfruta depois dos 16 anos da guerra de desestabilização promovida pela Renamo também lhe pertencem, pois que tal se deveu muito à sua postura política.
“Aquelas medalhas que os outros ganham também me pertencem. Nunca as pedi, porque reconheço o meu papel. Não tenho que fazer “lobbies” para isso. Gostaria, por isso, que a Imprensa transmitisse correctamente que não à guerra no país e que no dia em que Guebuza mandar retiras as forças que cercam Satungira e Gorongosa eu vou imediatamente a Maputo. Pode ser já amanhã”, concluiu. 
  • Rogério Sitoe e Horácio João
In: Notícias,  Maputo, Quinta-Feira, 4 de Julho de 2013:: 


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