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09 julho 2013

PRESIDÊNCIA SUL-AFRICANA DISTANCIA-SE DAS DISPUTAS NA FAMÍLIA MANDELA

   




A Presidência da África do Sul distanciou-se na sexta-feira das disputas que envolvem a família do antigo presidente  Nelson Mandela, que considerou “lamentáveis”.
 “É lamentável que haja uma disputa entre os membros da família e gostaríamos que fos-se resolvida de forma amigável e tão rápido quanto possível”, disse o porta-voz da Presidência, Mac Maharaj, em entrevista à France Presse-TV.
 “Mas não estamos envolvidos e não podemos ser responsabilizados”, acrescentou.
 Quinze membros da família do antigo presidente, que continua hospitalizado em estado crítico, recorreram à justiça  contra o neto mais velho de Mandela, Mandla, por causa da transladação dos restos mortais de três elementos da família.
 Mandla decidiu unilateralmente, em 2011, transferir os restos mortais do seu pai, de um tio e de uma tia do talhão familiar de Qunu, vila natal de Nelson Mandela e onde este deseja ser enterrado, para o cemitério de Mvezo.
 Chefe tradicional desta localidade, Mandla pretende aí desenvolver um grande projecto turístico.
 Dando razão aos queixosos, um tribunal ordenou na quarta-feira o retorno a Qunu dos corpos dos três filhos de Nelson Mandela, que foram aí sepultados na quinta-feira.
 Em documentos apresentados à justiça para justificar a urgência de uma decisão, pode ler-se que Nelson Mandela “está em estado vegetativo
permanente” e que, a conselho dos médicos, a família equaciona desligar as máqui-nas que o mantêm vivo.
 “Não tenho que divulgar documentos judiciais”, disse Mac Maharaj. “Não divulgámos nenhuns documentos e não temos que dizer se são falsos ou verdadeiros”, acrescentou.
 “Verificámos com a equipa médica e estes médicos negaram que ele esteja em estado vegetativo” actualmente, disse, sem se alongar sobre o estado de saúde de Nelson Mandela na semana passada.
 Os documentos têm a data de 26 de junho, o mesmo dia em que o presidente sul-africano, Jacob Zuma, decidiu cancelar uma viagem ao esTrangeiro após uma visita a Nelson Mandela.
 Herói da liberdade e da reconciliação na África do Sul, Nelson Mandela, que completa 95 anos a 18 de julho, está hospitalizado desde 8 de Junho devido a uma infecção pulmonar recorrente.

MÁQUINAS SÓ SÃO DESLIGADAS EM CASOS DE MORTE CEREBRAL  - ESPECIALISTA PORTUGUÊS
 O neurologista português Francisco Sales lembrou na quinta-feira que os aparelhos que mantêm vivo Nelson Mandela só podem ser desligados quando houver “critérios de morte cerebral”.
 “Só é possível desligar os aparelhos quando houver critérios de morte cerebral, enquanto isso não acontecer os aparelhos não podem ser desligados”, afirmou à agência Lusa o especialista do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.
 Instado a comentar a situação clínica do histórico líder sul-africano, Francisco Sales lembrou que “há várias degradações nos estados de coma” e que um estado vegetativo é “uma forma avançada e grave de coma, que muitas vezes antecede o estado de morte cerebral”.
 Contudo, o neurologista português sustentou que uma pessoa em estado vegetativo “ainda não pode ser considerada morta”, já que “em alguns doentes é possível manter esse estado durante alguns meses ou mesmos anos”.
 “É o que chamamos estado vegetativo persistente”, precisou Francisco Sales, acrescentando, contudo, que essa situação “não é muito frequente - é uma excepção”.

GRAÇA MACHEL AGRADECE MENSAGENS E DIZ QUE MADIBA ESTÁ BEM EMBORA COM DORES
 A mulher do antigo Presidente sul-africano Nelson Mandela disse a semana passada que Madiba está bem, embora «às vezes sinta dores», e agradeceu o apoio e as mensagens recebidas de todo mundo a propósito do estado crítico do marido.
 «Madiba às vezes sente-se desconfortável, sente-se com dor, mas está bem», disse Graça Machel no Centro de Memória de Nelson Mandela, durante a apresentação dos jogos de futebol e de râguebi que farão parte de um tributo a Nelson Mandela, no dia 17 de julho, um dia antes de completar 95 anos.
«Obrigado, obrigado, obrigado», agradeceu Graça Machel na apresentação da mais recente série de eventos em memória de Mandela, numa altura em que o seu marido está internado em estado crítico no hospital de Pretória.
A também viúva do antigo Presidente moçambicano Samora Machel destacou «o amor eterno de Madiba pelas crianças» e sugeriu aos sul-africanos que, além de honrar Mandela com presentes deixados à frente do hospital ou na sua casa, devem fazer doações a projectos de caridade patrocinados pelo Pré-mio Nobel sul-africano.
 «As demonstrações de amor, de caridade, de apoio e de esperança são tomadas nos nossos corações todos os dias», acrescentou.
     
DEDICAÇÃO E DIGNIDADE DE GRAÇA MACHEL DESTACADAS PELA IMPRENSA SUL-AFRICANA
Sob o título “A vigília de amor de Graça”, o semanário “City Press” de Joanesburgo destacou ontem, domingo, em primeira página na sua peça principal o amor e dedicação de Graça Machel ao ex-presidente Nelson Mandela, que se mantém em estado crítico num hospital de Pretória.
 À semelhança de outros artigos, publicados na última semana na Imprensa sul-africana, a peça do “City Press” realça não só o amor incondicional que Graça Machel tem dedicado a Madiba, como também a dignidade pela qual a activista moçambicana tem pautado as suas acções desde que o marido foi admitido, a 8 de junho, no hospital, com uma infecção pulmonar.
 Em contraste, a comunicação social, amigos e um número crescente de sul-africanos anónimos têm condenado em uníssono as acções recentes de membros da família de Nelson Mandela, que na semana passada esgrimiram mesmo em tribunal argumentos sobre quem tem direito a ditar o local onde Madiba será sepultado um dia.
 Poucas semanas antes, algumas das filhas do Prémio Nobel da Paz e primeiro presidente negro da História sul-africana tinham já recorrido aos tribunais pedindo acesso a uma parte da sua fortuna pessoal.
 Madiba havia-lhes negado tal direito em 2008 quando despediu um advogado que alegadamente facilitava o acesso às suas contas às filhas, substituindo na condução da fundação com o seu nome e das suas finanças por dois homens de confiança, o advogado George Bizos e um actual membro do governo, Tokyo Sexwale.
 “A África do Sul tem com Graça Machel uma tremenda dívida de gratidão pela alegria que ela deu à vida de Nelson Mandela desde o seu casamento. Ela não emprestou apenas alegria a Madiba como tentou com todas as suas forças unir a família Mandela”, refere num testemunho recolhido pelo “City Press” o arcebispo emérito Desmond Tutu.
 Faz precisamente 15 anos que Nelson Mandela e Graça Machel casaram.
 Segundo fontes contactadas pelo jornal, Graça Machel dorme numa cadeira, ao lado da cama de Mandela no Mediclinic - Heart Hospital desde que o ícone da luta anti-”apartheid” foi admitido no hospital há um mês, e nunca se ausentou por períodos superiores a três horas desde então.
 Para a ex-assistente pessoal de Nelson Mandela, Zelda la Grange, a presença de Graça é vital para o ex-presidente, que celebra 95 anos no dia 18 deste mês.
 “Madiba quer sempre saber se Graça está por perto. Ela dá estabilidade emocional não só a ele, mas também a muitos de nós”, disse La Grande ao jornal.
 Pumla Mogodo-Madikizela, uma académica e investigadora da Universidade do Free State (UFS), assinou no início da semana um artigo de opinião no “Mercury” de Durban, no qual enalteceu as virtudes de Graça Machel e a dignidade com que ela sempre conduziu a sua relação com o herói da luta de libertação dos sul-africanos.
 “Quando Madiba necessitou de apoio físico porque não podia andar sem ajuda, Graça sempre esteve ao seu lado, nunca negando desempenhar o papel de apoio físico. Sempre de forma gentil e elegante - um toque aqui, um olhar apaixonado ali, uma mão para ele se apoiar ou um abraço amoroso. Nenhuma memória do amor inconfundível de Machel pelo nosso Madiba ressalta de forma tão vívida como a sua última aparição pública no início do Mundial de futebol de 2010. Ambos impecavelmente vestidos para o frio intenso das noites de Junho. Graça Machel e Madi-ba a juntarem-se com a multidão, o seu amor tão visível nos gestos mais subtis, nos toques entre ambos, tornados ainda mais visíveis à distância pelos gestos de ternura de Machel com as suas mãos imaculadamente tratadas”, escreveu aquela académica.
 Pumla Mogodo-Madikizela destaca que “Graça Machel partilha com Madiba um dom especial de amor e que continua a dar-lhe a dignidade e os cuidados de qualidade que ele não teria na sua ausência”.

In:  O Século de Joanesburgo, 8 de Julho de 2013

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