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Caros amigos o blog Historiando: debates e ideias visa promover debates em torno de vários domínios de História do mundo em geral e de África e Moçambique em particular. Consta no blog variados documentos históricos como filmes, documentários, extractos de entrevistas e variedades de documentos escritos que permitirá reflectir sobre várias temáticas tendo em conta a temporalidade histórica dos diferentes espaços. O desafio que proponho é despolitizar e descolonizar certas práticas historiográficas de carácter eurocêntrico, moderno e ocidental. Os diferentes conteúdos aqui expostos não constituem dados acabados ou absolutos, eles estão sujeitos a reinterpretação, por isso que os vossos comentários, críticas e sugestões serão considerados com muito carinho. Pode ouvir o blog via ReadSpeaker que consta no início de cada conteúdo postado.

11 agosto 2013

O PROJECTO PESSOAL E POLÍTICO DE EDUARDO MONDLANE



PEDRO BORGES GRAÇA

Centro de Estudos Africanos e Brasileiros. Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas. Universidade Técnica de Lisboa
bgraca@iscsp.utl.pt
Resumo
Eduardo Mondlane foi pastor, "muleque", estudante, catequista, emigrante, operário, professor, funcionário das Nações Unidas e finalmente guerrilheiro e diplomata, "pai fundador" do projecto nacional moçambicano. A sua biografia não é contudo suficientemente conhecida. Quem não o confunde com um antropólogo? Ou com um sociólogo? Na verdade, toda a sua formação académica e investigação se centrou na área da Psicologia Social, em questões de percepções sociais, conscientemente preocupado com o problema do impacto da modernidade e da mudança cultural no comportamento dos indivíduos agregados em comunidades. Quem não o toma por um revolucionário marxista-leninista? Na verdade nunca se posicionou claramente como tal e defendia que os africanos tinham de desenvolver os seus próprios e específicos modelos de sociedade. Eduardo Mondlane foi sem dúvida um grande líder nacionalista africano, culto, homem de pensamento e de acção, singular, como nos revelam as palavras que deixou escritas e o virtual projecto político para Moçambique que podemos vislumbrar com actualidade. Essa foi a razão pela qual em Moçambique, durante o longo período revolucionário após a Independência, a sua figura foi sobretudo exaltada sob a forma estética e simbólica. Por exemplo, o seu primeiro livro, “Chitlango, Filho de Chefe”, escrito com cerca de 25 anos, só seria publicado em Moçambique quinze anos após a Independência, pela inoportunidade do seu trajecto heterodoxo e nada revolucionário, simples e essencialmente humanista, bebendo directamente das suas profundas raízes africanas e rurais. Ainda hoje se encontra pois aberto o debate sobre o futuro que Moçambique teria tido com Mondlane.
Inconclusivo para uns, muito claro para outros. Porventura a História não deixará de ver ressurgir recorrentemente o seu pensamento e acção, o seu exemplo, estudado pelos jovens moçambicanos no afã generoso de darem o seu contributo para o desenvolvimento do seu país. Ele, Eduardo Mondlane, que queria ser, mais que tudo, “um professor universitário”, seguramente rejubilaria por ver o seu nome na Universidade, talvez a maior invenção da Humanidade e com certeza factor estratégico de desenvolvimento económico e social.
Palavras-chave: Eduardo Mondlane, Projeto Nacional Moçambicano


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