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Caros amigos o blog Historiando: debates e ideias visa promover debates em torno de vários domínios de História do mundo em geral e de África e Moçambique em particular. Consta no blog variados documentos históricos como filmes, documentários, extractos de entrevistas e variedades de documentos escritos que permitirá reflectir sobre várias temáticas tendo em conta a temporalidade histórica dos diferentes espaços. O desafio que proponho é despolitizar e descolonizar certas práticas historiográficas de carácter eurocêntrico, moderno e ocidental. Os diferentes conteúdos aqui expostos não constituem dados acabados ou absolutos, eles estão sujeitos a reinterpretação, por isso que os vossos comentários, críticas e sugestões serão considerados com muito carinho. Pode ouvir o blog via ReadSpeaker que consta no início de cada conteúdo postado.

27 setembro 2012

FIM DE SONHOS PARA A PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA


  FIM DE SONHOS PARA A PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA  

Membros Comité Central da Frelimo

Luísa Diogo, Aiuba Cuereneia e Manuel Tomé caem da comissão política

Renovaram mandato na comissão política: Alberto Chipande, Eduardo Mulémbwè, Eneias Comiche, Raimundo Pachinuapa, José Pacheco (secretário da Comissão de Verificação), Aires Ali (primeiro-ministro), Margarida Talapa (chefe da bancada), Verónica Macamo (Presidente do Parlamento), Conceita Sortane e Alcinda de Abreu.

- A votação continua hoje. Benvinda Levy e Edson Macuácua são cogitadas novas caras na CP

Pemba (Canalmoz) – A votação para eleger os membros da comissão política (CP) do partido Frelimo teve que ser interrompida na madrugada, porque os delegados ao congresso já estavam cansados.
Eram já duas horas da manhã, quando Guebuza teve que interromper a sessão que iniciara as 9 horas da manhã do dia anterior.  Por isso a lista dos novos membros do órgão executivo do partido no poder ainda estão por completar, mas para já são conhecidos 10 membros que continuam no órgão. Fim do sonho para Manuel Tomé, Luísa Diogo e Aiuba Cuereneia, que algum dia acalentaram a esperança de concorrer à Presidência da República pela Frelimo. Sem estar na comissão Política fica muito difícil – quase impossível – realizar esse sonho.
Conhecidos os primeiros membros da CP, o desgosto acampou pela madrugada adentro em Muxara, e alguns dos novos membros do Comité Central tiveram de abraça-lo. Aiuba Cuereneia (actual ministro da Planificação e Desenvolvimento), Manuel Tomé (administrador da HCB e membro da Comissão Permanente da Assembleia da República), Luísa Diogo (ex-primeira ministra e deputada da AR) e Paulina Mateus Nkunda, (ex-secretária Geral da OMM e deputada da AR) estão fora da Comissão Política Junta-se a essa lista Teodoro Waty, actual presidente do Conselho de Administração das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) que nem ao Comité Central conseguiu se fazer eleger. Lembre-se que de acordo com os estatutos da Frelimo 40, porcento dos membros da Comissão política devem abandonar o órgão em cada Congresso para dar lugar aos outros membros.
Pelos corredores mesmo a madrugada lamentava-se a “queda” de Luísa Diogo que perdeu o lugar para Alcinda Abreu. Diogo era vista como sendo “futura candidata do partido” às presidenciais. O facto de ela não ter conseguido manter o nome na Comissão Política torna complicadas as suas ambições. A eleição dos membros da Comissão Política decorreu na madrugada de hoje e foi interrompida devido ao cansaço que já era visível no rosto de todos os presentes em Muxara (o pobre bairro de Nmpula que por estes dias é a capital política do País).
O presidente do partido viu-se obrigado interromper os trabalhos parque o cansaço e sono tomava conta da sala. Assim, só foi sufragada a lista da continuidade, onde destaque vai para a eleição de Eduardo Mulémbwè e Eneias Comiche, tidos como da ala de Joaquim Chissano.
As eleições continuam esta manhã por volta das 10 horas e 30 minutos. Serão eleitos os candidatos à comissão política pela lista de renovação e representação provincial. Nomes como do Secretário da Frelimo para a Mobilização e Propaganda, Edson Macuácua e da actual ministra da Justiça, Benvinda Levi, são apontados nos corredores como candidatos a Comissão Política.

Um órgão nevrálgico

A luta pela entrada na Comissão Política tem sido renhida e marcada pela presença de pesos pesados do partido. De acordo com os estatutos do partido a comissão política é composta por um número ímpar, entre quinze (15) e vinte e um membros (21) e é o órgão que orienta e dirige o Partido no intervalo das sessões do Comité Central. Pelos estatutos, compete à Comissão Política: a) Velar pelo cumprimento das deliberações dos órgãos superiores do Partido; b) Realizar análises sobre questões da vida nacional, internacional e do Partido, tomar decisões e propor linhas de actuação ao Comité Central; c) Deliberar sobre questões urgentes e inadiáveis, prestando posteriormente contas dessas decisões ao Comité Central; d) Convocar o Comité Central; e) Preparar e apresentar nas sessões ordinárias do Comité Central relatórios sobre a acção política do Partido; f) Preencher as vagas no Comité Central pela ordem de eleição dos membros suplentes; g) Sob proposta do Secretário-Geral, definir a composição do Secretariado do Comité Central; h) Apreciar os curricula e sancionar as propostas de candidaturas a Primeiros Secretários Provinciais; i) Designar, ouvido o Comité de Verificação do Comité Central, os Primeiros Secretários Provinciais substitutos; j) Homologar a designação de candidatos a presidentes de Conselhos autárquicos; k) Deliberar sobre a atribuição de medalhas e distinções; l) Criar e extinguir os órgãos de informação do Partido e autorizar as publicações locais; m) Aprovar a linha editorial dos órgãos de Informação do Partido e nomear os respectivos directores; n) Aprovar a política e o plano de formação de quadros; o) Aprovar o programa das escolas do Partido e nomear os respectivos directores; p) Apreciar e aprovar a candidatura da FRELIMO a Presidente da Assembleia da República; q) Pronunciar-se sobre a composição do Governo da FRELIMO; r) Deliberar sobre a participação do Partido em coligações governamentais e para os órgãos autárquicos; s) Deliberar sobre a participação em associações partidárias e sobre a adesão em organizações; t) Aprovar directivas; e u) Criar, sob proposta do Secretariado do Comité Central, Comissões de Trabalho necessárias ao estudo e acompanhamento pelo Partido dos grandes sectores da vida nacional e eleger os respectivos Presidentes e Secretários entre outras atribuições chave. (Matias Guente, enviado do Canalmoz e Canal de Moçambique à Pemba)



 Secretário Geral da Frelimo  
Paúnde renova mandato no meio de turbulência e contestação

Pemba (Canalmoz) – Homem de gafes políticas e de discurso pouco convincente, Filipe Paúnde conseguiu renovar o mandato de Secretário Geral do Partido Frelimo, graças ao apoio e Guebuza, mas mesmo assim não escapou o vexame de ver 10 membros do (novo) Comité Central a depositar seus votos em branco.
Mas se em política o que importa são os fins, Guebuza pode cantar a vitória. Tanto ele como o seu (preferido) SG conseguiram renovar os mandatos em Pemba e se fizermos fé na teoria das alas dentro da Frelimo, podemos dizer que a ala de Guebuza venceu, embora sem convencer. Os votos em branco são um recado claro para dentro e para fora.
Paúnde conseguiu 94 porcento dos votos, mas da elite do comité central, há 10 pessoas membros que tiveram a coragem de manifestar que não queriam Paúnde a continuar SG. Mas como não tinham outra opção – Paúnde foi o candidato único - preferiram dizer o “não” a Paúnde deixando o boletim de voto em branco. Não aceitaram se sujeitar as preferências de Guebuza…pelos menos na eleição.
Comenta-se nos corredores do grande edifício de Muxara, que a eleição de Paúnde é fruto do temor que se tem à figura de Armando Guebuza, pois foi quem propôs o “homem de Sofala” como seu braço direito. Paúnde é tido como fiel a Guebuza e por isso mesmo caiu nas suas graças no IX congresso em Quelimane. De lá para cá, Paúnde tem movido céus e terras para não desapontar Guebuza…e tem conseguido. Como prémio ganhou a renovação do cargo de secretário-geral por mais cinco anos.
À entrada para o Congresso, Luísa Diogo era tida como uma das prováveis candidatas ao cargo de SG do “partidão”. Pelos corredores comentava-se que logo que Guebuza ganhou as eleições a presidente do partido, a ex primeira-ministra desistiu de se candidatar alegadamente por “não haver condições para trabalhar com Guebuza”.

Pacheco “tira” Mulémbwè

Ainda na madrugada de ontem foi eleito em Muxara, José Pacheco, actual ministro da Agricultura, e um dos apadrinhados de Guebuza, para secretário da comissão de verificação de Mandatos do Comité Central. Pacheco substitui do cargo, Eduardo Mulémbwè que na tarde de ontem renovou a sua continuidade no Comité Central e pela madrugada renovou o lugar na Comissão Política.
Mas a eleição de Pacheco para o lugar do “homem de bom verbo” é vista como concretização do plano de Guebuza para votar à insignificância os homens fortes de Joaquim Chissano. Tal como aconteceu com Guebuza e Paúnde, há pessoas que não quiseram Pacheco como secretário na “Verificação”. Houve sete membros do Comité Central que preferiram deixar os boletins de voto em branco. (Matias Guente, enviado do Canal de Moçambique/Canalmoz a Pemba)

 Filha de Guebuza eleita para comité central é contestada

Valentina Guebuza concorreu pela lista de antigos combatentes do sexo feminino. Quando foi anunciada como membro do Comité Central o tom das ovações reduziu contrariamente quando foram chamados outros jovens

Pemba (Canalmoz) – A filha mais vistosa de Guebuza, Valentina Guebuza, não é só delfim do pai nos negócios da família tida como a mais rica do país. Tem também ambições políticas. Tal como Samora Machel Junior e Nyelety Mondlane, respectivamente (da Frelimo) filhos dos presidentes Eduardo Mondlane e Samora Machel, Valentina Guebuza concorreu e foi eleita membro do comité central, mas não reuniu consenso.
Muitos jovens de fora da Frelimo manifestaram a sua indignação à eleição da Valentina, por via de Facebook e Twiter, as redes sociais mais usadas no pais, mas também os comentários em cafés e locais de concentração da juventude era sobre a “princesa milionária”.
Porém, mais uma vez, se consideramos que os fins é que contam, fica para a história o facto de Valentina ter sido eleita membro do CC, apadrinhada pelo seu pai. Ela concorreu como antiga combatente – estatuto que lhe é conferido pelo pai.
Valentina foi apadrinhada pelo pai que é presidente do partido, actual presidente da República e presidente da Associação dos Combatentes da Luta de Libertação Nacional (ACLN), a princesa segundo a Revista americana Forbes, Valentina Guebuza concorreu pela lista dos antigos combatentes do sexo feminino.
A eleição da “princesa milionária” – como foi descrita pela revisra Forbes África de Agosto de 2012 - criou um “sururú” até entre os delegados aos congresso, que estranharam o facto de Valentina ser “antiga combatente”.
Nem as explicações dadas - ligada aos estatutos da associação dos antigos combatentes - segundo as quais, os descendentes dos antigos combatentes têm direitos de combatentes, não foram suficientes para serenar comentários dos que viram na candidatura da filha do presidente a base para fundação da “dinastia Guebuza” no partido. Afinal era o primeiro caso do género e logo envolvendo a “filha querida do chefe”.
Concorreram na mesma lista que a filha do presidente do partido Frelimo, Ágata Eduardo, Ana Simate e Geraldina Mwitu. Foram eleitas Valentina Guebuza e Ágata Eduardo.

Celso Correia também investe em política via Guebuza

Outra cara nova é a do empresário Celso Correia, um jovem que caiu nas graças de Guebuza e foi visto a chegar ao cargo de presidente do Conselho de Administração do Banco Comercial de Investimentos através do grupo Insitec (uma das vacas leiteiras do Chefe do Estado). Sem experiência alguma comprovada na política, Celso Correia entra para o Comité Central concorrendo para Áreas Económicas e Sociais. Correia deixou fora do Comité Central, gestores de topo como Paulo Muxanga, actual PCA do HCB. Entram para o Comité Central para a mesma área Teodato Hunguana (PCA da Mcel e TDM), Rosário Mualeia (PCA CFM), e José Psico (PCA do Instituto Nacional do Turismo).

Alberto Nkutumula é o jovem mais votado do Comité Central

Nova cara do CC é também a do actual vice-ministro da Justiça, Alberto Nkutumula. Foi, de resto, o jovem mais votado em números que exprimem a sua popularidade e aceitação no seio dos membros. A ovação à sua eleição testemunha a sua a quantidade de adeptos que tem. Entram também pela lista juvenil os jovens “camaradas” Henriques Mandava, António Niquice, Osvaldo Pitersburg, Cahimo Raul, Dulce Canhemba, Catarina Dimande, Suzete Dança.
Refira-se que fazem parte do CC 180 membros e 18 suplentes. O Congresso só elegeu 56 membros propostos pela anterior Comissão Política e os restantes 124 foram eleitos a nível das conferências provinciais.
Não foi disponibilizada a lista completa dos membros, mas recentemente poderemos publica-la no website (www.canalmoz.co.mz) do jornal, assim que estiver compilada e conferida. (Matias Guente, enviado do Canal de Moçambique/Canalmoz a Pemba)




CONGRESSO: FRELIMO COM NOVO COMITÉ CENTRAL (VEJA LISTA)


CONGRESSO: FRELIMO COM NOVO COMITÉ CENTRAL (VEJA LISTA)
Frelimo- CC-novos membros eleitos no dia 27 de Setembro de 2012

O X Congresso da Frelimo, actualmente em curso na cidade de Pemba, capital provincial de Cabo Delgado, elegeu esta quinta-feira os 180 membros do Comité Central, órgão máximo do partido que funciona no período entre os congressos, que se realizam no intervalo de cinco anos.
Durante o evento também eleitos 18 membros suplentes, um processo que envolveu 1.858 delegados ao congresso provenientes das 11 províncias do país, incluindo a cidade de Maputo, bem como das comunidades moçambicanas na diáspora.
A eleição, que decorreu das 9.15 às 10.58 horas da manhã de hoje. Contudo, os resultados foram apresentados cerca de oito horas mais tarde.
O processo incluiu duas etapas, entre as quais a apresentação e eleição por aclamação e voto aberto de 125 candidatos e 11 suplentes eleitos nas conferências provinciais e a segunda que consistiu no  voto secreto, directo, pessoal e presencial dos 119 candidatos propostos pela Comissão Política do partido para preencher as vagas remanescentes no Comité Central.
O apuramento dos votos dos 1.858 delegados resultou em 24 votos nulos, 25 votos em branco e 1.809 votos válidos que determinaram a eleição, em ordem decrescente de número de votos, dos seguintes membros do Comité Central:
Na lista da categoria de Continuidade Homens, 36 candidatos para 23 assentos
+ Filipe Paúde
+ Alberto Chipande
+ Marcelino dos Santos
+ Pacoal Mocumbi
+ Eneas Comiche
+ Aires Ali
+ Edson Macuácuá
+ Samora Machel Júnior
+ Raimundo Pachinuapa
+ José Pacheco
+ Aiuba Cuereneia
+ Sérgio Pantie
+ Eduardo Mulémbwè
+ Manuel Tomé
+ Tobias Dai
+ Cadmiel Muthemba
+ Feliciano Gundana
+ Mateus Katupha
+ Lucas Chomera
+ Zeca Morgado
+ Eduardo Nihia
+ Mariano Matsinha
+ Tomaz Salomão
Para suplente, foram escolhidos Teodoro Waty e Isaú Meneses.
Na lista da categoria de Continuidade Mulheres, cujo número de candidatos foi de 21 pessoas disputando 13 vagas, foram escolhidas as seguintes membros:
+ Verónica Macamo
+ Margarida Talapa
+ Graça Machel
+ Carmelita Namachulua
+ Marina Pachinuapa
+ Alcinda Abreu
+ Nyeleti Mondlane
+ Luísa Diogo
+ Deolinda Guezimane
+ Conceita Xavier
+ Paulina Mateus
+ Esperança Bias
+ Teresa Tembo
Na qualidade de suplente ficou a membro Amélia Sumbana.
Na categoria de Renovação Homens, com 11 candidatas disputando quatro assentos, houve os seguintes apurados:
+ Odelmiro Balói
+ Manuel Chang
+ Filipe Nyusi
+ Mateus Khida
Como suplente, ficou Arlindo Chilundo.
Na Renovação Mulheres, com nove candidatas para três assentos, foram apurados os seguintes vencedores:
+ Adelaide Amurane
+ Iolanda Cintura
+ Francisca Domingo
Como suplente, ficou Felomena Maiope.
Ao nível dos Jovens Homens, concorreram seis pessoas para cinco vagas, tendo saído os seguintes vencedores:
+ Alberto Nkutumula
+ Henriques Mandava
+ António Niquice
+ Oswaldo Petersburgo
+ Cachimo Raul
E como suplente ficou Carlos Mussanhane.
Para a categoria de Jovens Mulheres, houve quatro candidatas para três vagas, sendo as vencedoras:
+ Dulce Eugénio
+ Catarina Mário
+ Suzete Mbanze
E como suplente ficou Maria Fernanda.
Ao nível dos Combatentes Homens, houve sete candidatos para três assentos, tendo sido apurados os seguintes concorrentes:
+ João Facitela Pelembe
+ Morais Mabjeca
+ João Mfumo
E como suplente ficou Salvador André.
Ao nível de Combatentes Mulheres, candidataram-se quatro pessoas para duas vagas, sendo as apuradas as seguintes:
+ Valentina Guebuza
+ Águeda Tadeu
Como suplente ficou a Geraldina Mwito.
Na lista das Áreas Económicas e Sociais Homem, houve oito candidatos para quatro assentos, e apurados os seguintes concorrentes:
+ Teodato Hunguana
+ Rosário Mualeia
+ Celso Coreia
+ José Augusto
Na qualidade de suplente ficou Paulo Muxanga.
Na lista das Áreas Económicas e Sociais Mulheres houve cinco candidatas para dois assentos, sendo as apuradas as seguintes
+ Aida Libombo
+ Joana Mangueira
Na qualidade de suplente ficou Safura Augusto.
De fora ficaram históricos do partido no poder, como Jacinto Veloso, Jorge Rebelo, Alfredo Gamito, Teodoro Waty. enquanto os veteranos Filipe Paúnde, Alberto Chipande, Marcelino dos Santos e Pascoal Mocumbi foram reeleitos.
No seu discurso que se seguiu a aclamação dos vencedores, o presidente do partido, Armando Guebuza (que renovou o seu mandato na Quarta-feira), convidou os seus “camaradas” para juntos continuarem empenhados em assegurar uma maior coesão interna na Frelimo.
Outros desafios consistem em assegurar uma qualidade crescente e diversificação das suas intervenções políticas; e conferir uma maior vitalidade no funcionamento dos órgãos do partido.
“O sucesso nesta missão deve ser construído por todos nós. Por isso, queremos convidar a todos os camaradas e ao nosso Povo, em geral, a prestarem-nos todo o seu valioso apoio”, disse Guebuza, que continuará na condução dos destinos do seu partido por mais cinco anos.
Ainda esta noite, o Comité Central recém-eleito vai realizar a sua primeira sessão, encontro durante o qual serão escolhidos o secretário-geral do partido, a Comissão Política e os diferentes secretariados, num processo que se espera venha a prolongar-se até Sexta-feira, último dia do X Congresso.
(RM/AIM)

PREDADORES DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO EM ÁFRICA


PREDADORES DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO EM ÁFRICA


Robert Mugabe, presidente do Zimbabwe



É graças ao seu presidente que a mídia privada  do Zimbábue e constantemente assediada e a estatal Zimbabwe Broadcasting Corporation (ZBC) tem o monopólio da radiodifusão e TV.Robert Mugabe bloqueia tudo, impede que o governo de unidade nacional funcione corretamente, tornando os meios de comunicação independentes  incapazes de se expressar livremente e, com a ajuda de seus assessores mais próximos, mantém os meios de comunicação do estado sob controlo apertado. Mugabe intensificou a pressão sobre os meios de comunicação depois de reveses eleitorais de seu governo em 2008. Editores foram colocados sob vigilância eletrônica para verificar a sua lealdade ao partido, enquanto ativistas da oposição foram sequestrados e julgados por "planos terroristas" em ensaios grotescos.
Apesar de ser saudado como um "libertador", quando ele chegou ao poder em 1980, Mugabe não tem nenhum problema com as detenções arbitrárias e assédio a que a maioria dos jornalistas do país estão expostos. Em 2002, ele foi o arquiteto do Acesso à Informação e Proteção da Privacidade Act (AIPPA), com  o único objectivo de acabar com a imprensa privada, acima de tudo, notícias The Daily , o diário mais lido no país. Em 2012, "o homem velho" estava se preparando para as próximas eleições - para  uma data ainda a ser definida -, continuando a restringir a liberdade de expressão. Embora as organizações de notícias estrangeiros não sejam bem-vindos, o assédio de jornalistas locais continua.
Paul Kagame, presidente de Ruanda



Com seu fino rosto, figura alta, óculos de intelectual e ternos conservadores, Paul Kagame se parece mais com um moderno, político Internet-savvy do que um chefe guerrilheiro e ex-senhor da guerra, que tomou o poder na sequência do genocídio de 1994 e desde então tem usado o processo de reconciliação para reforçar sua autoridade e neutralizar a oposição.
Presidente desde 2000 e reeleito em 2010, Kagame não tolera perguntas embaraçosas em conferências de imprensa, muitas vezes denigre jornalistas e marcas de mídia sem rodeios como " Rádio Mille Collines . "Todos os anos vários jornalistas ruandeses decidem ir para o exílio, porque eles acham o ambiente insuportável em seu país de origem. Isso não preocupe o presidente Kagame, que se refere a estes jornalistas como "mercenários" e "vagabundos".
Dois jornalistas mulheres foram condenados a penas de 7 e 17 anos de prisão no início de 2011 por criticar o presidente. Um ano mais tarde, as  sentenças foram reduzidas a três anos e quatro anos, respectivamente.
Umuvugizi vice-editor Jean-Léonard Rugambage foi assassinado em Kigali, em junho de 2010, provavelmente por investigar os serviços de inteligência e, em particular, a sua tentativa de assassinar um exilado geral. Umuvugizi e em outro jornal, Umuseso , têm sido dois dos maiores bugbears do regime .
Invasão  de privacidade, difamação e  insultos ao presidente são as acusações preferidos pelo Ministério da Informação e do Alto Conselho de Mídia, a sua autoridade regulamentar (não muito independente) . Para coroar tudo isso, quem pensa em lançar um novo jornal, estação de rádio ou emissora de TV agora é necessário para mostrar uma quantia exorbitante de start-up  de capital (41.000 € para um jornal, por exemplo), a fim de obter uma autorização. É uma boa forma de desanimar a  mídia.

Boko Haram, grupo islâmico, Nigéria


O Boko Haram milícia islâmica, responsável por atentados a bomba e ataques suicidas contra, entre outros, a Organização das Nações Unidas, igrejas e delegacias de polícia, também fez a mídia um alvo. Foi atrás de dois ataques com carros-bomba contra escritórios do jornal em Abuja e Kaduna, em abril deste ano.
Formada em 2002 por Mohammed Yusuf em Maiduguri, na capital do estado nordestino de Borno, o grupo Jama'atu Ahlis Sunna Wal Lidda'awati-Jihad ("pessoas comprometidas com a propagação de ensinamentos do Profeta e Jihad"), conhecido como Boko Haram ("educação ocidental é um pecado"), prega uma forma rigorosa e radical do Islã. Seu objetivo é a aplicação da sharia em todo o país. Ele acusa os meios de comunicação de parcialidade no seu relatório de conflito do grupo com o governo nigeriano.
Seu porta-voz, Abul Qaqa, disse: "Temos repetidamente advertido repórteres e casas de mídia para serem  profissionais  e objetivos em seus relatórios. Esta é uma guerra entre nós e o governo da Nigéria. Infelizmente, a mídia não tem sido objetivo e justo em seus relatórios da guerra em curso; eles escolheram para tomar partido ".
O grupo reivindicou a responsabilidade pelo assassinato de Zakariya Isa, um repórter e um cinegrafista da estatal Nigéria Television Authority (NTA), morto a tiros diante de sua casa em Maiduguri em outubro passado, em seu caminho de casa depois de participar de uma mesquita.
O grupo acusou Isa de espionar em nome de forças de segurança nigerianas, alegação desmitido por seus colegas e do serviço de inteligência.
Em janeiro deste ano, Enenche Godwin Akogwu, correspondente da TV Channels , foi morto a tiros enquanto ele estava tentando entrevistar vítimas de uma série de atentados suicidas por Boko Haram na cidade de Kano. O grupo é suspeito de ter matado ele para impedi-lo de entrar com o seu relatório.

Yahya Jammeh, presidente da Gâmbia


Um curandeiro auto-proclamado que diz ter encontrado a cura para a AIDS, obesidade e disfunção erétil, Yahya Jammeh tem todas as qualidades de um ditador, violento e imprevisível demente. Ele prometeu cortar as cabeças de todos os homossexuais, a fim de limpar a sociedade de Gâmbia.
E ele se declarou pronto para matar qualquer um que tenta desestabilizar o país, acima de todos os ativistas de direitos humanos e outros arruaceiros. "Se você for afiliado a qualquer grupo de direitos humanos, a certeza de que a sua segurança e segurança pessoal não seria garantida pelo meu governo", ameaçou em um discurso televisionado de setembro de 2009. "Estamos prontos para matar sabotadores." Ninguém tira suas ameaças levemente.
O assassinato não solucionado de Deyda Hydara, AFP correspondente e editor do tri-semanário O Ponto , que foi morto a tiros em uma rua, em 2004, continua a alimentar a tensão entre o regime e os meios de comunicação independentes. Jammeh insistiu ainda novamente em março de 2011, que ele não estava envolvido na morte de Hydara e, ao mesmo tempo, ele advertiu que não iria "sacrificar os interesses, a paz ea estabilidade e bem-estar do povo de Gâmbia no altar da liberdade de expressão . "
A União da  Imprensa da Gambia ousou abordar uma carta aberta ao presidente em 2009 instando-o a reconhecer o envolvimento do governo neste assassinato. A resposta? Seis jornalistas tem penas de dois anos de prisão por difamação e sedição. E foram perdoados após um mês de prisão, porque às vezes é Jammeh capaz de clemência. Ele normalmente não se incomoda com acusações ao bloquear-se os jornalistas. Chefe Ebrima Manneh, repórter do Daily Observer , foi preso sem acusação, em 2006, e depois desapareceu. Ele provavelmente morreu na prisão em 2008.


Teodoro Obiang Nguema, presidente da Guiné Equatorial

A passagem de ano, mas nada muda no "Kuwait de África", o feudo de um líder descrito pela estação de rádio nacional como o "Deus da Guiné Equatorial". Presidente Teodoro Obiang Nguema foi re-eleito no final de 2009, com 96,7 por cento dos votos na votação que muitos meios de comunicação internacionais, incluindo o diário espanhol El País foram impedidos de cobrir. O presidente mantém o controle absoluto sobre este pequeno estado petrolífero no Golfo da Guiné.
Guiné Equatorial de hospedagem da cúpula da União Africano em 17 Junho de 2011 e da Taça de África das Nações, torneio de futebol, em janeiro deste ano foram de fachada pelo governo e não abriu a porta para avançar sobre as liberdades básicas.
A imprensa privada é limitada a alguns jornais pequenos. O país tem união  dos jornalistas que pressiona a liberdade de imprensa. O estrangulamento que o presidente e sua família mantém sobre a economia é acompanhado por um culto à personalidade avassaladora.
A mídia internacional tem apenas um correspondente na capital, que é acompanhado de perto.As autoridades, no entanto continuam a insistir que a falta de pluralismo é devido à pobreza e que os altos percentuais o presidente recebe em todas as eleições são "o resultado da aceitação de suas políticas."
O rádio nacional e emissora de TV RTVGE obedece as ordens do Ministério da Informação. A emissora estatal não foi autorizado a falar da agitação e as revoluções que sacudiram o mundo árabe desde o início de 2011 e do golpe de Estado no Mali, em março deste ano também foram sujeitos a censura.

Al-Shabaab,  milícia islâmica armada, Somália


Não há nenhum sinal de qualquer trégua para a Somália, depois de mais de 20 anos de guerra. Insurgentes islâmicos, anteriormente unidos contra as tropas da Etiópia e agora envolvido na rivalidade interna e conflitos, têm contribuído para o caos desde 2009 por travar uma guerra de assédio contra o frágil governo de transição.
Os portadores de uma versão rígida do Islã, eles proibem cinema, jogos de vídeo e música de rádio. Al-Shabaab (A Juventude) emergiu como o maior e melhor organizado desses grupos. Ele trava uma campanha de terror, ataques à bomba e assassinatos visando os membros líderes da sociedade civil somáli que são, considerados, culpado de servir os interesses do "cruzados" do Ocidente. Dezenas de professores, acadêmicos e políticos foram mortos.
As vítimas incluem jornalistas, que são considerados quase que por definição como inimigos.Vinte e nove deles foram mortos desde 2007, seja pego em fogo cruzado ou directamente visados ​​pelas facções da milícia diversos. Rádio Shabelle pagou um preço particularmente pesado, perdendo três diretores e quatro de seus repórteres.
Outros da funcionários Rádio Shabelle  fugiram do país. Al-Shabaab retirou-se de Mogadíscio, no Verão de 2011, mas ainda controla uma grande área do país, tem suas próprias prisões, realiza prisões e executa sentenças. A milícia também emite diretrizes para jornalistas sobre como cobrir a notícia e, em 2010, assumiu o controle de cerca de 10 estações de rádio, que agora transmitem a sua propaganda política e religiosa.

HISTÓRICOS PERDEM LUGAR NO COMITÉ CENTRAL DA FRELIMO


HISTÓRICOS PERDEM LUGAR NO COMITÉ CENTRAL DA FRELIMO

Jorge Rebelo e Jacinto Veloso afastados. Ambos ocuparam lugares de destaque após a independência do país. 
Várias figuras históricas da FRELIMO perderam o seu lugar no Comité Central do partido reunido em Congresso na cidade de Pemba.

De fora com efeito ficaram Jacinto Veloso, Jorge Rebelo, Alfredo Gamito, Teodoro Waty, e Edmundo Galiza Matos, enquanto os veteranos Filipe Paúnde, Alberto Chipande, Marcelino dos Santos e Pascoal Mocumbi foram reeleitos.

Rebelo tinha feito um discurso ao congresso cuja transmissão pela televisão foi cortada em que criticou a falta de dialogo interno do partido.

A salientar a entrada de Valentina Guebuza filha do Presidente da República e líder do partido, Armando Guebuza, que foi recentemente descrita pela Forbes como "a princesa milionária", pois dirige o Focus 21, o grupo empresarial da família, com negócios avaliados em cinco milhões de dólares, segundo aquela revista.

Os eleitos por voto secreto juntam-se aos 125 membros eleitos por voto aberto e aclamação nas conferências provinciais.

A ex primeira ministra Luísa Diogo  foi eleita para o Comité Central mas obteve apenas 1.189 votos de um total de 1.809.

O Comité Central vai agora eleger uma nova Comissão Política e um novo Secretário geral
Embora  os nomes de candidatos à escolha de Secretário geral da Frelimo não tenham sido divulgados, especula-se em três candidatos para o posto do qual poderá sair um futuro candidato à presidência da República.

Após a eleição de Armando Guebuza para presidente do partido por mais um mandato de cinco ano, especulava-se na cidade de Pemba que Filipe Paúnde poderá ser re eleito para o cargo por contar com o apoio de Guebuza. Paunde foi reeleito para o Comité Central.

A jornalista Emilia Moyane disse à Voz da América que Paúnde pode ser considerado “homem de confiança” do actual presidente:
Download 09-27_frelimo_congress_web

Apesar do apoio de Guebuza Paúnde é visto por muitos delegados como ineficaz.
Ao abrigo da actual constituição Guebuza não se poderá recandidatar à presidência da República pelo que se assume que este quer ter como candidato à chefia do estado alguém em quem possa confiar.

No Congresso aliás a FRELIMO  efectuou emendas aos seus estatutos de modo a assegurar que membros eleitos da FRELIMO para postos de estado respondem perante o partido.
O futuro Secretário-geral do partido é visto como um possível candidata à presidência. Da República nas eleições de 2014.

Outros nomes a serem mencionados são os de Eduardo Mulembwe antigo presidente da Assembleia da República e Luíza Diogo antiga primeira ministro.
O Congresso termina Sexta-feira.


VOA – 27.09.2012

VIAGEM A MOÇAMBIQUE COM JOSÉ RODRIGUES DOS SANTOS DE 1 A 16 DE NOVEMBRO 2012

 

 

Participe na viagem inspirada no livro “O Anjo Branco”, uma obra marcante em homenagem ao pai do escritor que viveu em Moçambique nas décadas de 60 e 70, num abraço entre o passado e o presente.
Uma experiência exclusiva acompanhada pelo autor.
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"MOÇAMBIQUE - TERRA QUEIMADA”, POR JORGE JARDIM (1976)


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Leia aqui sobre os acontecimentos em Wiriamu:

MÁSCARA DOS SOCIALISTAS-CAPITALISTAS CAIU EM PEMBA


MÁSCARA DOS SOCIALISTAS-CAPITALISTAS CAIU EM PEMBA

Por Lázaro Mabunda

É este o problema que faz com que haja alergia às críticas na Frelimo. Ora, esta alergia só vem demonstrar que os dirigentes da Frelimo vestem-se de pele socialista, mas de espírito altamente capitalista. Isto é, corporalmente socialistas e espiritualmente capitalistas. Esta forma de ser revela-se, também, pela ambição desmedida em concentrar as riquezas nas mãos de poucos, sob argumento de que “não podemos ter medo de ser ricos”.
A Frelimo tentou continuar com o sistema de debates abertos à comunicação social, iniciado no IX Congresso, em Quelimane, em 2006. O objectivo era transmitir não só aos moçambicanos, como também ao mundo, a ideia de que a Frelimo é uma organização transparente, cujos debates, no congresso, são públicos, não havendo secretismo.
Os dirigentes do partido, sobretudo a presidência e o secretariado do partido, julgavam que tivessem o controlo do pensamento dos seus membros, da “unanimidade” no discurso. Não tinham imaginado que havia elementos que tinham pensamentos próprios, ainda não algemados, não formatados pela ideologia partidária. Não imaginavam que havia “quebra de unanimidades”. Por isso, a primeira vez que um membro quebrou unanimidade, a máscara da transparência da Frelimo caiu na baía de Pemba.
Iniciou o frenesim. Conforme contam os nossos colegas que cobrem o congresso (ver jornal O País do dia 25 de Setembro em curso) “Quando a intervenção de Jorge Rebelo, ontem (24/09/2012), começou a questionar a liberdade de opinião dos militantes e da sociedade, em geral, subitamente assistimos a um movimento estranho: os dirigentes da Frelimo mandaram parar a transmissão em directo da Televisão de Moçambique e ordenaram as outras televisões, que sem estarem a dar em directo gravavam o evento, a desligar as câmaras. Daí em diante, as ordens multiplicaram-se pelos oficiais de protocolo para os gestores dos media, sobretudo televisivos e radiofónicos, com algumas contradições pelo meio: ora era para os jornalistas abandonarem a sala, ora era para se manterem, mas com compromisso de não gravarem os debates”.
Ainda narram o seguinte: “Ao fim de algum tempo, clarificou-se a decisão: os jornalistas mantinham-se na sala, apenas com autorização de gravar mensagens de “partidos amigos e irmãos da Frelimo” e dos delegados ao congresso. Quando fosse a vez dos debates, as câmaras deveriam manter-se desligadas e os jornalistas... vigiados. De nada valeram os protestos dos jornalistas. A decisão foi mesmo avante. Facto curioso é que, quando Rebelo falou, vários camaradas comentaram, nos corredores, que o veterano ideólogo não tinha razão.”
Não é primeira vez Jorge Rebelo vir a público dizer que não há crítica na Frelimo. E não é o único. Sergio Vieira e outros também já o disseram. “Sem diálogo, não vamos longe. Temos que permitir às pessoas falarem sem qualquer medo de represálias. Isso não acontece no nosso partido e na sociedade em geral”, disse, no congresso, Rebelo, acrescentando que a intimidação manifesta-se de forma mais grave na comunicação social, amordaçada por agentes do Estado.
Para o ideólogo da Frelimo, citado pelo jornal O País, o perigo disso é os chefes não terem a percepção do que os membros pensam e querem, e, consequentemente, não poderem tomar as medidas necessárias para corrigir os seus erros. Rebelo entende que ninguém é perfeito. “Mesmo os chefes erram. Por isso, é preciso que saibam o que a população pensa. (…)  no passado, não era assim. Espero que este congresso encontre um caminho para poder haver abertura. Havendo abertura, este partido seria muito mais forte.”
Na verdade, se os pronunciamentos de Jorge Rebelo podiam ser vistos como especulação dos “mulatos e canecos”, conforme se tem vindo classificar o grupo dos críticos internos do partido, os dirigentes da Frelimo fizeram a questão de apresentar publicamente as provas do que Rebelo havia dito: alergia à crítica, o controlo de opiniões dos membros e da imprensa.
Não restam dúvidas que a decisão, não só deixou cair a máscara da transparência nos debates do partido, como também a Frelimo, tal como disse Lourenço de Rosário, “deu um tiro no pé”.
Rebelo foi, ainda, mais longe, lançando o repto sobre a necessidade de se parar com a onda de racismo interno na Frelimo. “Muitas vezes, a unidade nacional é apenas um slogan utilizado nos discursos. Não se indica qual o conteúdo dessa unidade nacional. Ultimamente, fico preocupado quando oiço certos pronunciamentos de dirigentes altos da Frelimo, que querem dividir-nos, que dizem haver moçambicanos genuínos e não genuínos. Eu próprio já não sei se sou genuíno. Será pela cor? O Manuel Tomé e a Graça (Machel) são bem mais claros que eu. Esta é uma questão séria”.
A opinião de Rebelo foi reforçada por Óscar Monteiro, um dos que críticos internos, os ditos “mulatos e canecos”. Monteiro levantou, ainda, outras questões interessantes: “O partido Frelimo cresceu através do debate e da incorporação permanente de novos conhecimentos. Isso pressupõe irmos buscar as pessoas a cada momento, através da discussão, o que elas têm para dar para enriquecer o pensamento colectivo” e que há uma expressão na história da Frelimo que é “crescer por ondas”. Quer dizer “que todos vamos desenvolver aos poucos, os que estão à frente e os que estão atrás. Isso é o que permitiu à Frelimo, em dez anos, com poucos intelectuais, chegar à independência como um movimento com grande pensamento. Isso permitiu segurar o país independente. Não tínhamos técnicos especializados.”
E finalizou: “Eu diria que é esse o esforço a fazer permanentemente. A intenção de Jorge Rebelo sintetiza bem a forma de como nós crescemos, sem amarguras, sem convencimento de que só uns é que sabem. Eu acho que esta abertura e esta humildade de ouvir dos outros é que são as marcas que fizeram esta nossa organização”.
É estranho que a Frelimo venha com a decisão de encerrar as portas à imprensa só porque um dos seus membros quebrou o “pacto de unanimidade”, uma vez que os seus estatutos (artigo 8) já prevêem, como deveres do membros, “cultivar o espírito de crítica e de auto-crítica”.
Pareceu-me que os dirigentes da Frelimo se tivessem esquecido que os direitos e os deveres não são para enfeitar os estatutos, mas para serem exercidos plenamente pelos membros.
A paralisia cerebral da maior dos membros da Frelimo só irá perpetuar o medo, intrigas e discriminação. Através da crítica interna, a Frelimo deve dar o exemplo de como se combate a concentração de riqueza num grupinho. Deve perceber que “Luta contra imperialismo”, “contra a burguesia” e “contra a exploração” tem de ser desencadeada de dentro da Frelimo para fora, porque, hoje, os imperialistas, os burgueses e os exploradores estão mais dentro do partido do que fora dele.
O que me impressiona na Frelimo é a qualidade e a dimensão da hipocrisia dos seus dirigentes. Insistentemente, ainda que estejam conscientes de que o seu hino desajustou-se com o tempo, continuam – fizeram-no neste congresso – a incitar os “operários e camponeses” a unirem-se “contra a exploração”, além de ainda acreditarem no triunfo de um sistema que, não só deixou de existir, como também eles mesmos já o diabolizam.
Entoaram, em voz alta, no início do congresso, o seguinte refrão do seu hino: “Somos soldados do povo marchando em frente pela paz, pelo progresso, sempre avante unidos venceremos, socialismo triunfará”.
Quando a Frelimo entoava o seu hino nacional, estava pregado nas imagens das televisões. A minha intenção era ver se alguns dos burgueses, exploradores, da Frelimo abririam as bocas para dizer: “Avante operário, camponeses, unidos contra a exploração”. Para a minha surpresa, é que os capitalistas nem esconderam os seus rostos, muito pelo contrário, levantaram-nos, entoando em voz alta: “avante operários camponeses, unidos contra exploração”.
E a questão que me ocorreu foi: quem de todos que estão naquela sala é operário, quem é camponês? Quando lançasse o meu olhar, só via mais capitalistas, exploradores, proprietários de bancos, dos centros comerciais, de empresas de construção civil, de reservas e de empresas de exploração mineira, de transportes e comunicações, entre outras. Não consegui ver sequer um camponês, nem um operário.
A ideia de que na história da Frelimo havia uma expressão de que se devia “crescer por ondas”,  “que todos vamos desenvolver aos poucos, os que estão à frente e os que estão atrás”, foi esquecida. Agora é o contrário. A ordem é “crescer por atrofiamento”. Quer dizer, poucos vão desenvolver rapidamente, os que estão à frente, cada vez mais à frente, e os de trás, cada vez mais atrás.
É este o problema que faz com que haja alergia às críticas na Frelimo. Ora, esta alergia só vem demonstrar que os dirigentes da Frelimo vestem-se de pele socialista, mas de espírito altamente capitalista. Isto é, corporalmente socialistas e espiritualmente capitalistas. Esta forma de ser revela-se, também, pela ambição desmedida em concentrar as riquezas nas mãos de poucos, sob argumento de que “não podemos ter medo de ser ricos”.
A outra prova da alergia à crítica é o facto de a Frelimo ter recolhido todos os exemplares do jornal “O País” do dia 25, que continham as declarações de Jorge Rebelo, eventualmente para os incinerar. Uma estratégia própria dos líderes híbridos marxistas-putinistas/capitalistas.
O racismo e a xenofobia de que se queixou Rebelo (moçambicanos genuínos e não genuínos) podem ser vistos como uma estratégia das lideranças do partido de minimizar o poder de crítica dos tais “moçambicanos não genuínos”. Não é primeira vez a ouvir falar-se de questões raciais na Frelimo. No ano passado, estas questões foram levantadas, até, por alguns jornalistas com mentalidade formatada pela ideologia do partido, nos habituais encontros anuais com o Presidente da República, igualmente presidente do partido. Dizia-se que o debate sobre a necessidade de renegociação dos mega-projectos era uma polémica levantada por “brancos”, os tais “moçambicanos não genuínos”, uma clara indirecta aos intelectuais do Instituto dos Estudos Sociais e Económicos (IESE).
Quer dizer, para alguns membros da Frelimo, o que determina a genuinidade de moçambicanidade é a cor da pele. Interessante critério, mas bastante preocupante, na medida em que este problema vem do interior da Frelimo, partido no poder. Esse é indício de que a unidade nacional ainda não é uma garantia.
É legítima a preocupação de Jorge Rebelo, por sinal ideólogo do mesmo partido que hoje o considera “moçambicano não genuíno”. Jorge Rebelo, tal como outros “mulatos, canecos e brancos” moçambicanos, não só lutou pela libertação deste país, pela unidade nacional, como também continua a prestar um contributo indispensável para o desenvolvimento do país. Na verdade, estes “moçambicanos não genuínos” são mais “moçambicanos genuínos” do que os que se auto-intitulam como tal, curiosamente, os mesmos que já negociaram o país nas bolsas europeias, americanas e chinesas.

O PAÍS – 27.09.2012