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Caros amigos o blog Historiando: debates e ideias visa promover debates em torno de vários domínios de História do mundo em geral e de África e Moçambique em particular. Consta no blog variados documentos históricos como filmes, documentários, extractos de entrevistas e variedades de documentos escritos que permitirá reflectir sobre várias temáticas tendo em conta a temporalidade histórica dos diferentes espaços. O desafio que proponho é despolitizar e descolonizar certas práticas historiográficas de carácter eurocêntrico, moderno e ocidental. Os diferentes conteúdos aqui expostos não constituem dados acabados ou absolutos, eles estão sujeitos a reinterpretação, por isso que os vossos comentários, críticas e sugestões serão considerados com muito carinho. Pode ouvir o blog via ReadSpeaker que consta no início de cada conteúdo postado.

05 junho 2014



A EXPRESSĂO artística e cultural Timbila, proclamada pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) a 25 de Novembro de 2005, Património Oral e Imaterial da Humanidade, foi atribuída esta segunda-feira o mais alto título honorífico da República de Moçambique: a Medalha Bagamoyo.

A atribuição desta medalha é em reconhecimento da sua contribuição sociológica no país e também para a consolidação da unidade nacional.
A cerimónia da entrega da medalha, que mereceu honras de Estado, foi dirigida pelo Presidente Armando Guebuza, na vila de Quissico, distrito de Zavala, no início da visita de trabalho em mais uma etapa da presidência aberta que termina amanhã na província de Inhambane.
Escolhida de um total de 64 candidaturas submetidas à UNESCO, em 2005, para o seu reconhecimento como obra patrimonial e intangível da humanidade, a Timbila é originária da região dos Chopi, na zona sul da província de Inhambane, sendo Quissico reconhecida como a sua capital.
Segundo o Presidente da República, o Estado decidiu atribuir igualmente o tão honroso galardão, que ficará registado nos anais da história de Moçambique, na memória de África e do mundo que o nosso país presta vénia à esta expressão artística cultural e, por seu intermédio, ao conhecimento local subjacente à construção tecnológica e melódica, bem como aos cidadãos que ao longo de gerações asseguraram a sua vitalidade. Aqui está subjacente a sua internacionalização como valioso contributo dos moçambicanos para a história e civilização do mundo.
Armando Guebuza disse, durante a cerimónia que movimentou diversas individualidades do país, da UNESCO, e membros do corpo diplomático acreditado em Maputo, que ao longo da dominação colonial alguns compatriotas, de forma engenhosa, serviram-se da Timbila para denunciar e resistir ao colonialismo português.
Igualmente faziam a transmissão de valores nobres da moçambicanidade, de educação social e de promoção da unidade nacional e da paz.
Enalteceu as instituições culturais e académicas, nacionais e estrangeiras que se esmeram na criação dos fundamentos científicos indispensáveis para a proclamação da Timbila como expressão artística nacional e internacional.
Na ocasião, o estadista moçambicano defendeu a necessidade de todos fazedores da cultura unirem esforços para a preservação e valorização desta cultura, através da protecção dos direitos autorais dos seus fazedores e executantes, aprofundar a pesquisa e divulgarem as suas potencialidades nela incorporadas.
Guebuza exortou ainda para que se dinamize as indústrias culturais, continuando, ao mesmo, a fazer a reposição dos efectivos do Mwenje, a planta usada para o fabrico da Timbila, no contexto das Iniciativas Presidenciais “Um Líder, uma floresta comunitária”, e “Um aluno, uma árvore em cada ano lectivo”.
“Ao prestarmos esta merecida homenagem à nossa Timbila, deixemo-nos banhar desta manifestação emblemática da nossa cultura, hoje e sempre. De forma inequívoca, o génio dos moçambicanos, o significado transcendental e sua originalidade e dimensão universal mereceram o reconhecimento internacional”, disse o Presidente Guebuza.
A Timbila, segundo Guebuza, apresenta-se com uma das emblemáticas expressões da nossa moçambicanidade, contribuindo por isso ao lado de outras expressões culturais, como fonte da auto-estima de todos, dando por isso razão para repetir-se vezes sem conta que vale a pena sermos moçambicanos.
“A técnica do seu fabrico, a sua apresentação como produto musical e a sua sonoridade singular, sublinham o nível de sofisticação do nosso povo e do grande avanço tecnológico e conceptual que alcançou há milénios”, disse Armando Guebuza, acrescentando que são esses atributos da Timbila que têm atraído musicólogos e outros estudiosos para Zavala, onde realizam os seus trabalhos de campo para testes académicos e para artigos de revistas de especialidades.
Convergem à vila de Quissico homens e mulheres das artes e culturas para se deleitarem do M’Saho, uma actividade cultural que se realiza todos anos entre 27 e 28 de Agosto, para recolherem material fotográfico, áudio e visual para produções literárias e outros estudos académicos.
Por causa do M’Saho, sublinhou o Presidente, Quissico tornou-se já um centro do turismo cultural atraindo gente de todo mundo, homens e mulheres que gostam da boa musica, tocada por executantes da primeira água.
INVESTIGAÇÃO NA FORJA
O Ministro da Cultura, Armando Artur, disse em Quissico durante a cerimónia de entronização da Timbila que o Governo está a trabalhar na investigação de outras expressões culturais e artísticas nacionais de forma a serem candidatas ao seu reconhecimento pela UNESCO.
Trata-se de Utsi, de Sofala; Mapiko, de Cabo delgado; Tufo, de Nampula; Xigubo e Marrabenta de Maputo e Gaza; e ainda Niketche, da Zambézia.
Aquele dirigente explicou que um dos requisitos fundamentais para que estas expressões artísticas culturais sejam reconhecidas internacionalmente é necessário que haja a nível nacional um trabalho de socialização destas artes de forma a despertar atenção das agências internacionais.
Apoio para fomento do mwenje
Custódio Petola, 67 anos, residente na localidade de Mavila, foi um dos fazedores da Timbila.
Bastante emocionado, Custódio Petola, casado e pai de oito filhos, disse que uma das formas para imortalizar esta arte é investir-se muito, não só na formação dos continuadores desta cultura nas escolas, mas também em outros locais.
Entende ser importante apoiar aqueles que demonstram vontade de fomentar o Mwenje, principal matéria-prima para o fabrico do tal valioso e cobiçado instrumento.

“Eu tenho em Mavila onde vivo, cerca de um hectare de mwenje, mas preciso de apoio de todos para aumentar a minha área de produção. Tenho muitas mudas desta planta, mas faltam-me meios para transportar, regar e produzir melhor esta importante árvore. Tenho planos de fazer uma escola não só para ensinar fazer timbila, tocar e dançar, mas quero ensinar a produzir o mwenje porque no dia que vamos ficar sem esta planta “era uma vez” timbila em Zavala e em todo o país”, disse.



A CIDADE de Macuti, na Ilha de Moçambique, está em risco de desaparecer. Tudo por causa de os moradores desta área da Ilha, deixarem de cobrir as suas residências com as folhas de palmeiras, conhecidas por macuti, a favor das chapas de zinco.
E esta não era a prática em toda aquela zona, que acabou sendo denominada por “Cidade de Macuti”, pelo facto de todas as residências ali existentes serem cobertas de macuti, que é o principal material usado pelos ilhéus na construção das suas casas.
Com efeito, segundo apurou a nossa Reportagem no local, a “Cidade de Macuti” pode deixar de existir porque as folhas das palmeiras estão a escassear na Ilha, para além de que as poucas que ainda existem são vendidas a preços incomportáveis para os moradores daquela zona, que acolhe a maior parte da população da Ilha de Moçambique.
Esta situação preocupa as autoridades locais por a zona ser uma das principais atracções turísticas, pois representa uma marca cultural desta parte da ilha.
O presidente do Município da Ilha de Moçambique, Saide Amur, disse que para mitigar o problema, criado pela escassez e o custo das folhas de palmeira, que chega a superar o das chapas de zinco, a Associação dos Amigos da Ilha de Moçambique está a subsidiar a aquisição daquele material.
Esta acção está a coberto do projecto denominado “Macuti Homestay” e é feito pela associação em coordenação com uma Organização Não-Governamental Tecno Serve. Para além de subsidiarem a aquisição de macuti, ajudam igualmente na reabilitação de algumas residências, tendo já intervido em pelo menos 20 delas.
Alguns moradores da Cidade de Macuti arrendam as suas casas para os turistas que visitam a Ilha de Moçambique, o que contribui para gerar renda para as respectivas famílias, melhorando, deste modo, as suas condições de vida.
 Divisão arquitectónica

A Ilha de Moçambique está dividida em duas partes: Uma denominada Cidade de “Macuti”, onde as cerca de 1200 casas, de construção precária, estão cobertas com folhas de palmeiras (Macuti). Aqui vive a maior parte da população. A outra é a chamada “Cidade de Pedra”. Nesta localizam-se as residências oficiais, serviços governamentais, unidades hoteleiras e de restauro, entre outras infra-estruturas sociais e económicas.
A Ilha de Moçambique tem cerca de três quilómetros de comprimento e perto de 400 metros de largura.
Devido ao seu valor histórico, que se traduz no valor arquitectónico, em 1991 a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) classificou a Ilha de Moçambique como Património Mundial da Humanidade. A partir dai iniciou a difícil jornada de restauro das infra-estruturas ali existentes, tendo mais incidido na zona da “Cidade de Pedra”.
Contudo, apesar de o número de infra-estruturas reabilitadas estar a registar um crescimento, o Conselho Municipal reconhece que ainda persistem algumas ruínas pertencentes a singulares e instituições do Estado.
“A contínua degradação de imóveis deriva do facto de, por um lado, a maior parte dos seus proprietários não se importarem com a sua reabilitação e, por outro, da falta de um dispositivo legal que pressione aqueles a realizar obras de restauro”, explica Amur.
Como propostas para se ultrapassar o cenário, a edilidade sugere a afectação na Ilha de Moçambique de um oficial residente da UNESCO, que poderá ajudar a fazer a reabilitação das obras e restauro dos imóveis. O mesmo oficial poderá ainda, segundo proposta do Presidente do Município da Ilha, formar quadros que poderão reforçar a capacidade humana e técnica do Gabinete do Restauro da Ilha de Moçambique.
ASSANE ISSA



Alberto Costa e Silva, Prémio Camões-2014

Uma distinção justa a um nome que merece um reconhecimento maior. O poeta brasileiro, memorialista, ensaísta e historiador especialista em África Alberto da Costa e Silva foi o escolhido do júri, é ele o Prémio Camões 2014, a distinção mais importante da criação literária em língua portuguesa.
Poeta e historiador, Alberto da Costa e Silva foram distinguidos por unanimidade com o prémio mais importante da criação literária em língua portuguesa.
O escritor Mia Couto, o último premiado, diz que o brasileiro faz o trabalho de resgatar a memória de África “com arte e elegância”.
A escolha pode constituir uma surpresa para alguns (e foi-o para o próprio) mas a decisão foi tomada em unanimidade, anunciou o júri na última sexta-feira.
Alberto da Costa e Silva, de 83 anos, sucede assim ao moçambicano Mia Couto, vencedor do Prémio Camões 2013.
“Mantendo a mesma elevada qualidade literária em todos os géneros que praticou, a sua refinada escrita costurou uma obra marcada pela transversalidade”, começou por dizer Affonso Romano de Sant’Anna, presidente do júri, que leu a acta da decisão do prémio aos jornalistas.
“A obra de Alberto da Costa e Silva é também uma contribuição notável na construção de pontes entre países e povos de língua portuguesa”, continuou o brasileiro.
Questionado sobre a escolha do historiador, Affonso Romano de Sant’Anna explicou que para se chegar ao premiado foram vários os nomes falados, o processo de escolha “passou de alguma maneira em revista o que nós sabemos da cultura brasileira, portuguesa e africana mas fixou por unanimidade no nome de Alberto Passos Silva, um exemplar dessa cultura”.
Para o académico e escritor brasileiro António Carlos Secchin, que integrou o júri deste ano, Alberto da Costa e Silva "é um escritor que estuda a História". "Quando se pensa num discurso do historiador muitas vezes não se atenta também para a qualidade literária desse discurso e o Alberto da Costa e Silva consegue ser um escritor antes de tudo", defendeu Secchin, destacando ainda "as qualidades superiores" do premiado. "Espero que a esta distinção corresponda uma projecção do nome dele", acrescentou ainda o jurado para quem Alberto da Costa e Silva "merece ser reconhecido como um dos maiores intelectuais vivos" do Brasil. "O desejo do júri foi expandir o conhecimento da sua obra para um universo lusófono bem maior do que aquele em que ele é actualmente conhecido."
Numa breve conversa telefónica a partir Brasil, com algumas interferências na ligação por não se encontrar em casa e estar ao telemóvel num sítio sem as melhores condições acústicas, o historiador disse que “foi com grande surpresa” que recebeu a notícia de que lhe tinha sido "outorgado" o Prémio Camões 2014 já que não estava nas suas "cogitações". “Um prémio que tem sido instituído aos maiores escritores de língua portuguesa”, acrescentou. “De maneira que foi com grande surpresa, com perplexidade mesmo, só depois é que me dei conta que devia ter manifestado minha alegria e meu grande orgulho por essa alta distinção que me foi agora dada."
Além de Affonso Romano de Sant’Anna e António Carlos Secchin, integraram o júri desta 26ª edição o premiado do ano passado, Mia Couto, em representação de Moçambique, o escritor angolano José Eduardo Agualusa, Rita Marnoto, professora associada da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e José Carlos Vasconcelos, director do JL – Jornal de Letras, Artes e Ideias.
Alberto Costa e Silva, nascido em São Paulo em 1931, foi embaixador do Brasil em Portugal. Papel destacado pelo director do Jornal de Letras. "Nos seus dois volumes de memória, até agora publicados, o segundo tem uma parte que é exactamente passada em Portugal", lembrou José Carlos Vasconcelos. "É um excelente testemunho sobre um período da história de Portugal."
O brasileiro, africano e português
O escritor angolano José Eduardo Agualusa afirma que este "é um prémio também para África". "Para um africano não é possível passar ao lado de Alberto", disse Agualusa, acrescentando depressa: "É um brasileiro que é também africano". "E português", soma ainda José Carlos Vasconcelos. Agualusa destacou ainda a poesia deste historiador. "É uma poesia que me acompanha desde há muito tempo e que tem também a ver com África", explicou. "Alberto da Costa e Silva nunca deixou de ser um poeta mesmo quando foi um historiador."
A poesia de Costa e Silva não é uma poesia extensa, defendeu a académica Rita Marnoto, "mas por si poderá ser considerada enquanto momento simbólico de todas as facetas" deste escritor brasileiro. É uma "poesia fundamental, essencial", destacou ainda a jurada.
Já o escritor moçambicano Mia Couto diz que Alberto da Costa e Silva faz o trabalho de resgatar a memória de África "com arte e elegância". "É um poeta que está a escrever" reagiu o anterior premiado, acrescentando que o que "se está a premiar aqui não é só o trabalho de alguém que caminha pela história e pela reconstituição do passado mas que faz isso com qualidade literária". Mia Couto mostrou-se ainda "grato", como escritor africano, pelo trabalho que Alberto da Costa tem vindo a desenvolver.
In Jornal Público


13 fevereiro 2014


EVOLUÇÃO E ESTILIZAÇÃO DA MARRABENTA EM LIVRO


“A Marrabenta: Sua Evolução e Estilização, 1950-2002”, é o título da obra da autoria do docente universitário Rui Laranjeira a ser lançada na próxima terça-feira (18 de Fevereiro), na Mediateca do BCI, em Maputo.
 “A marrabenta” é um estudo sobre este género musical nacional que abarca um período de 70 anos da história recente de Moçambique. A obra traça-nos o percurso da marrabenta ao longo deste período, com base numa análise conjuntural aonde os aspectos políticos, culturais e económicos são levados em consideração na tentativa de explicar este fenómeno cultural.
O livro, que resulta da adaptação da sua tese de licenciatura, será apresentado pelo historiador Joel Tembe e conta com prefácio do linguista Francisco Noa.
A obra conta a história social da marrabenta, estilo musical urbano que se popularizou ao longo da década de 1960, em pleno período colonial, num contexto pouco favorável à promoção da cultura moçambicana e manteve-se popular até ao presente, apesar de momentos de menor fulgor em períodos imediatamente a seguir à independência nacional. O texto tem como propósito demonstrar como esta evoluiu e estilizou-se, sem ignorar o seu contexto socio-político.
Neste processo o enfoque recaiu sobre as duas principais associações de africanos: a Associação Africana (AA) e o Centro Associativo dos Negros (CAN), localizadas na cidade de Lourenço Marques, que estiveram por detrás do movimento de retorno às raízes, lideradas por José Craveirinha e Samuel Dabula, respectivamente.
Com o estudo pretende-se valorizar a cultura moçambicana e expressar a necessidade de preservar e divulgar os géneros musicais moçambicanos, que são um importante factor para a afirmação da identidade cultural e da moçambicanidade.
Rui Laranjeira nasceu em Lourenço Marques (actual Maputo) em 1971. É investigador-assistente no Centro de Estudos e Recursos (CER) e docente no Instituto Superior de Artes e Cultura (ISArC).
É licenciado em história pela Universidade Eduardo Mondlane (UEM) e mestre em Gestão de Património Cultural pela Flindershttp://cdncache-a.akamaihd.net/items/it/img/arrow-10x10.png Univesity. Foi co-autor da obra “Vida e Obra de Dilon Djindji”, publicado no ano passado pelo ISArC, e tem artigos científicos publicados na revista Kulimar. “A Marrabenta: Sua Evolução e Estilização, 1950-2002”, está também no e-book da Conferência das Interfaces da Lusofonia publicado no ano passado.
NOTÍCIAS – 12.02.2014


10 fevereiro 2014

STUART HALL MORRE AOS 82 ANOS


Sociólogo foi um dos principais teóricos do multiculturalismo
Causa da morte ainda não foi divulgada

 

RIO - Um dos principais teóricos do multiculturalismo, o sociólogo Stuart Hall morreu nesta segunda-feira, aos 82 anos. Nascido na Jamaica em 1932 e radicado na Inglaterra desde os anos 1950, ele foi um dos pioneiros do campo de pesquisas que ficou conhecido como "estudos culturais". A causa da morte não foi divulgada.
Hall tinha na própria biografia um exemplo eloquente de suas teses. Nascido em 1932 em Kingston, capital da Jamaica, em uma família negra de classe média, ele se mudou para a Inglaterra nos anos 1950 para escapar das tensões raciais e do peso do colonialismo britânico em seu país natal. Mas nunca se sentiu totalmente em casa na terra que adoptou: “Não sou inglês e nunca serei. Vivi uma vida de deslocamento parcial”, disse em entrevista recente ao jornal “The Guardian”. Foi desse ponto de vista “deslocado” que Hall influenciou decisivamente os debates sobre identidade, raça, gênero e cultura ao longo de mais de cinco décadas.
Hall desembarcou na Inglaterra em 1951, com uma bolsa de estudos para a Universidade de Oxford. A sensação de deslocamento no novo ambiente fez com que o recém-chegado mergulhasse nas comunidades de migrantes que cresciam no pós-guerra e nos debates sobre o futuro da esquerda. Colaborou com as primeiras edições da revista “Universities and Left Review”, que em 1960 se fundiu com outro veículo para formar a “New Left Review”. Hall foi editor e um dos fundadores da publicação, voz influente nos principais debates políticos da segunda metade do século XX.
Em 1964, Hall foi o primeiro pesquisador convidado para o recém-criado Centro para Estudos Culturais Contemporâneos da Universidade de Birmingham, na Inglaterra. Em 1972, ele se tornaria director do departamento. Lá, ajudou a moldar um campo de pesquisas emergente, que procurava construir uma abordagem interdisciplinar da cultura mesclando áreas como sociologia, antropologia, filosofia, crítica literária, linguística e teoria política. Para Hall, a cultura, mais do que um conjunto de referências estéticas ou históricas de determinado grupo humano, era “ponto crítico de acção e intervenção social, no qual relações de poder são estabelecidas e potencialmente desestabilizadas”.
Com esse olhar, Hall analisou em seus ensaios temas variados como cultura popular, mídia, marxismo e a situação de comunidades de imigrantes em sociedades pós-coloniais. Foi um analista agudo dos efeitos do colonialismo no mundo contemporâneo e um intérprete sempre atento às representações estereotipadas de culturas ditas “periféricas” em tempos de globalização.
Em seis décadas de carreira, Hall publicou sobretudo ensaios em revistas académicas e veículos de imprensa. Dava mais importância ao trabalho colectivo, editando publicações com expoentes dos estudos culturais. Essa concepção colaborativa do conhecimento se reflectiu em sua decisão de, a partir de 1979, dar aulas na Open University, dedicada ao ensino e à pesquisa à distância. Foi professor lá até 1997, quando se aposentou.
Apesar da aposentadoria, continuou suas actividades públicas na Inglaterra e no exterior, onde seu trabalho tinha repercussão crescente. Esteve no Brasil em 2000 para uma série de conferências e teve traduzida a colectânea de ensaios “Da diáspora — Identidades e mediações culturais” (Editora UFMG, organização de Liv Sovik) e o livro “A identidade cultural na pós-modernidade” (DP&A Editora).
Continuou também a ser uma voz activa na política britânica. Em 2011, o primeiro-ministro do Reino Unido David Cameron afirmou em um discurso em Munique, na Alemanha, que “o multiculturalismo do Estado” falhou e que a Inglaterra precisava fortalecer sua identidade nacional para combater ameaças externas. Em entrevista ao jornal “The Guardian” meses mais tarde, Hall se mostrou reticente quanto aos rumos do país. “Politicamente, estou mais pessimista do que nos últimos 30 anos”, ele disse, acusando a esquerda de “falta de ideias”.

Tema de documentário
Nos últimos meses, Hall estava retirado da vida pública devido a problemas de saúde, principalmente em consequência de uma insuficiência renal. Mas seu pensamento se manteve influente, como demostrou o documentário britânico “The Stuart Hall project”, exibido no Festival do Rio no ano passado. Dirigido por John Akomfrah, o filme mistura memórias de Hall com depoimentos de intelectuais que destacam a relevância de sua obra. A certa altura, Hall faz um resumo irónico de seu interesse de toda a vida em questões de identidade e imigração: “Hoje em dia, quando pergunto a uma pessoa de onde ela vem, espero ouvir uma longa história”. Veja o documentário abaixo:



In: http://oglobo.globo.com/cultura/stuart-hall-morre-aos-82-anos-11560954

02 fevereiro 2014

PR ATRIBUI TÍTULOS HONORÍFICOS A CIDADÃOS NACIONAIS

Cripta dos Heróis, Local da atribuição dos Títulos Honoríficos


O PRESIDENTE da República, Armando Emílio Guebuza, no uso das competências que lhe são conferidas pela alínea j) do artigo 159 da Constituição da República de Moçambique, atribuíu Títulos, Ordens e Medalhas, numa cerimónia que decorreu hoje (03/02/2014), em Maputo, aos seguintes cidadãos nacionais: 
 Para O Título Honorífico “Herói da República de Moçambique” 
 · Eduardo Chivambo Mondlane
· Filipe Samuel Magaia
· Mateus Sansão Muthemba
· Francisco Manyanga
·  Paulo Samuel Kankhomba
· Sebastião Marcos Mabote
· Josina Abiatar Machel
· Bonifácio Gruveta Massamba
· Oswaldo Assahel Tazama
· Fernando Matavele
· Romão Fernando Farinha
· Milagre Mabote
·  José Phahlane Macamo
· Emília Daússe
· John Issa
· Solomone Machaque
·  Francisco Orlando Magumbwa
· Robati Carlos
·  Luís Joaquim José Marra
· Bernabé Kajika
· Belmiro Obadias Muianga
· Armando Tivane
· Tomás Nduda
· António E.F. Langa
· Justino Sigaulane Chemane
·  José João Craveirinha 
 O Título Honorífico “Herói da República de Moçambique” é concedido com objectivo de valorizar os feitos notáveis de cidadãos nacionais que, enraizados, na tradição da luta heróica  do Povo Moçambicano, contribuiram com raro significado para a Luta de Libertação Nacional, a coesão da Nação, a consolidação da Independência Nacional e a defesa da Pátria. 
PARA A “ORDEM SAMORA MOISÉS MACHEL”  
DO 1º Grau  
 · Manuel Jose António Mucananda
· Jorge Henrique da Costa Khalau 
 DO 2º   Grau 
 ·  Miguel Francisco dos Santos
· Pascoal Pedro João Ronda 
 A “Ordem Samora Moisés Machel” é atribuida com o objectivo de valorizar os actos excepcionais de coragem, sacrifício, solidariedade, empenho pessoal e dinamismo d direcção.
Para a“ORDEM 25 DE JUNHO” 
·  Francisco Valentino Cabo 
 A “Ordem 25 de Junho” é concedida com o bjectivo de valorizar os actos extraordinários de cidadãos nacionais e estrangeiros que tenham contribuído com heroísmo, espírito de sacrifício e de abnegação para a defesa d indepencia nacional. 

Para a “ORDEM MILITAR 25 DE SETEMBRO”  

DO  2º Grau  
 ·  Francisco Camenjoro Mutata 
 A “Ordem de Militar 25 de Setembro” é atribuida com objectivo de valorizar os actos extraordinarios de heroísmo, de abnegação, de valentia e coragem consentidos na Luta de Libertação Nacional e na defesa da Pátria Moçambicana. 
Para a “Ordem 4 de Outubro”                
 DO 1º Grau  
 · Teodato Mundim da Silva Hongwana
· Tobias Joaquim Dai
· Francisco Madeira
· Aguiar Jonasse Reginaldo Real Mazula
·  LagosHenriques Lagos
·  D. Jaime Gonçalves
·  Dinis Singulane
·  Raúl Manuel Domingos

DO 2º Grau  
 ·  Mateus Ngonhamo
· Fidelis de Sousa
· Aleixo Malunga
· Lourenço Jossias
·  Tomás Vieira Mário 
 Esta ordem é concedida com objectivo de reconhecer e valorizar actos extraordinários na luta pela preservação da paz da concórdia na promção dos valores da paz, inclusão sóciopolítica e cidadania na República d Moçambique. 
 Para a“Medalha Bagamoyo” 
 · Universidade Lúrio
·  Centro de Investigação em Saúde da Manhiça 
 A ordem acima referida é  concedida com o objectivo de consagrar e valorizar o papel essencial da educação na edificação e desenvolvimento da Pátria. 
 Para a “Medalha Veterano da Luta de Libertação de Moçambique” 
 · António Bande Chava
· Catarina Amélia Cote Nionga
·  Crescência Chitale Figueira
· Ernesto Ferrão Paunde Pofo
· Felisberto Canivete Gimo
·  João Luís Khumiodzi
·  Lenia Lucas
· Lino Ndacada
· Lucas MbumaMujuju
· Lúcia Chigaia Mahoque
·  Madalena Samuel Duela
·  Maria Helena Niquissi
·Mário Gento Mulinganiza
· Salgério Wilson Chamboco. 
 Esta medalha é atribuída com o objectivo de valorizar a participação consequente na luta de libertação nacional e no engajamento patriótico na edificação, consolidação e desenvolvimento da República de Moçambique.  
 Para a “Medalha de Mérito de Polícia”  
 · Alfredo Januário Matsinhe
· Adelino Andissene Silvério
· Alberto Acone
·  Alfiado Julai Sitoe
· Armando Amade Milico Gove
· Armando Mário Correia
· Benedito Rui Monjane
·  Cesário Ramazani Mkwemba
· Feliciano António Chongo
· Ferando Binda
· Filipe Gonçalves Alberto Muchanga
· Joaquim Avassamania Nido Likwaha
· José Weng San
· Luís Manuel General
·  Miguel dos Santos Alberto Chissano
· Simão João Machava 

A “Medalha de Mérito de Polícia”é concedida aos membros da Polícia da república de Moçambique, aos cidadãos, com o objectivo de valorizar e estimular actos de coragem e de abnegação na defesa da ordem, segurança e tranquilidade públicas. 

Para a “Medalha de Mérito Académico” 

· Orlando António Quilambo
· Rogério José Uthui
· Fernando Francisco Tsucane 

A medalha acima referida é concedida com o objectivo de reconhecer e valorizar o trabalho de professores e docentes em prol do desenvolvimento da educação.  

Para a “Medalha de Mérito da Ciência e Tecnologia” 

· Anabela Zacarias
· Albino Manuel Nuvunga
Esta medalha é atribuída com o objectivo de reconhecer e valorizar o trabalho de investigadores, inovadores e criadores do conhecimento nos diferentes domínios do saber. 



Para a “Medalha de Mérito Combate à Pobreza” 

· Aníbal Filipe Macamo
· Munduguei Albano Rendição
· Safrina Madzocoro 

A referida Medalha é  atribuida a cidadãos e instituições nacionais e estrangeiras com o objectivo de reconhecer a contribuição significativa nas actividades concorrentes à melhoria das condições de vida dos moçambicanos. 

Para a “Medalha de Mérito Artes e Letras” 

·  Luís Bernardo Honwana
· Alberto Viegas
·  Bacar Ali Cuine
 Domingos Matiana Honwana
· Francisco António da Conceição
· Gabriel Chiau
· Gil Pinto
· Grupo Cultural Polivalente Kwaedza
·  José Alberto Basto Pereira Forjaz
·  José António Cardoso
·  Lindo Lhongo
·  Mafende Mandio Mentiroso
·  MankeuValente Mahumane
·  Maria Manuel Lobão Soeiro
·  Matias Ntundo
·  Noel Langa
·  Raúl Álves Calane da Silva
·  Reinata Sadimba
·  Tobias Sixpence
·  Venâncio da C. Dilon Djinge
· Venâncio Notiço Mbande
·  Zena Bacar Cadre
A “Medalha de Mérito Artes e Letras” é atribuída para recompensar os moçambicanos que, pelo seu trabalho criativo no domínio artístico ou literário, tenham contribuído no crescimento das artes e letras. 
 Para a “Medalha de Mérito Económico”  
 ·  Artur Ham Hoi 
 A Medalha em referência é  atribuída com objectivo de reconhecer o trabalho desenvolvido pelos cidadãos no domínio económico, contribuindo para gerar riqueza e desenvolvimento económico e social do país. 
 Para a “Medalha d Mérito do Trabalho”  
 ·  Organização dos X jogos Africanos (COJA), Maputo 2011)
·  Abdul Alimo Ibrahimo
·  António Xavier
·  Armando Fietines
·  Delfina José Manjate
·  Gilberto Francisco Manjate
·  Luís Cassimo Coffe
·  Mária de Fátima


N:B: Samora Moisés Machel, não foi condecorado desta vez, pelo facto de este ter sido agraciado com a insígnia de “Herói da República Popular de Moçambique”, em 1983.

Para mais informações sobre Títulos Honoríficos e Condecorações consulta:
Diploma legal :
Diploma Ministerial nº 2/2014 de 03 de Janeiro de 2014
Publicado em :
BR nº 002, I Série, de 03 de Janeiro de 2014, pág. 13
Sumário :
Aprova o Quadro de Pessoal do Secretariado da Comissão Nacional de Títulos Honoríficos e Condecorações
Entidade emissora :
Ministério da Função Pública
Data e local de assinatura :
15 de Julho de 2013, Maputo
Entrada em vigor :
Na data da sua publicação
Em vigor :
Sim
Entidades abrangidas :
Ver também :
Lei n§ 10/2011 - Estabeleceu o Sistema de Títulos Honoríficos e Condecorações da República de Moçambique e cria a Comissão Nacional de Títulos Honoríficos e Condecorações


 Clica aqui para ler o BR em pdf : <http://www.atneia.com/atneia/fac/1020019F.pdf?tipo_link=1>>