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15 fevereiro 2013

ZECA CALIATE RESPONDE, QUASE 30 ANOS DEPOIS, A JOSÉ MOIANE


ZECA CALIATE RESPONDE, QUASE 30 ANOS DEPOIS, A JOSÉ MOIANE

Pela sua importância destaco este comentário.
Homens cruéis como o Major General de Campo Sr. José Moiane
Este é um homem que odeia as suas vítimas mesmo após estas encontrarem-se inactivas ou mortas. Na sua entrevista (1984) sobre o Direito e Justiça nas chamadas Zonas Libertadas da FRELIMO, José Moiane, afirma e aponta-me e torna-me a mim Zeca Caliate, como um exemplo, mas esqueceu-se de falar de si sobre os muitos massacres por si perpetrados aos Nyanjas, o povo mártir de Catur no Niassa, quando ali se instalou a mando do chefe da Seita, Samora Machel, juntamente com Sebastião Marcos Mabote e quando assassinaram a sangue frio o comandante da Zona, Luís Arrancatudo.
Também não nos esquecemos de como assassinou, com as suas próprias mãos, a sua esposa Salomé Moiane, em plena cidade de Maputo, quando Moçambique acabava de se tornar um país Independente. Eu fui um dos visados a ser assassinado. Mas quando descobri o Plano e as pessoas envolvidas no meu possível assassinio, além de José Moiane e Sebastião M. Mabote, Chefe das Operações Nacional, estavam os seguintes elementos envolvidos: João Fascitela Phelembe, Comissário Politico da Província, Tomé Eduardo (OmarJuma), Chefe de Segurança Provincial, bem como os seus informadores António Hama Thai, Armando Mfumo e Sesínio Mbaga, Chefe das Transmissões. Mas escapei antes que os 7 mencionados pudessem deitar-me a mão e executar-me.
Ao descobrir este plano de assassinio, um qualquer ser humano, teria que agir desta ou de outra forma para se escapar da morte anunciada, ou cruzar os braços para ser morto. O Senhor José Moiane,está preocupado com a minha fuga e quer saber como foi? O Comandante Zeca Calíate abandonou o Comando do 4º Sector; pois os cinco homens seus mensageiros com ordem para matar, infelizmente, para eles, não eram suficientes para me dominarem, pois todos eles adormeceram e esqueceram-se da missão, parecendo hipnotizados, cada um na sua palhota ressonando profundamente naquela base central do Sector, pertencente ao comandante Henrique João Ataíde.
Se eu fosse assassino como eles, matava-os antes de abandonar a base. Não estou arrependido, por não o ter feito, pois não sou como eles, felizmente. Eu já tinha toda a informação sobre o dia e hora da minha morte. Por isso antes do amanhecer do dia, antecipei a minha fuga, e às 04 horas levantei e preparei-me e de seguida fui acordar os meus guarda-costas e eles, que bem sabiam o que ia acontecer comigo, retirámo-nos da base sem ninguém se aperceber,rumando em direcção à base do povo que se localizava junto ao rio Luia,onde fui bem recebido por populares e milícias. Ali passei um dia para dizer adeus aos meus guerrilheiros daquela pequena base. Ao pôr-do-sol, recebi informação vinda da base central, pois quando acordaram de manhã e se aperceberam da minha falta naquela base, sem conhecimento de ninguém, claro que todos entraram em pânico e em debandada, e rapidamente empossaram António HamaThai, para substituição do comandante Zeca Caliate, do comando do 4º Sector, recomendando este a mudar imediatamente a base para outro local com o medo de represália por parte do Zeca Caliate.
Eles não se despediram, fugiram rapidamente rumando para norte do rio Zambeze para o 1º sector. Eu, no dia seguinte,dispedi-me da população e dos guerrilheiros e prossegui calmamente a minha viagem com os meus guarda-costas para o 3º Destacamento, que se situava no Mocumbura, e era comandado por Fackson Sandramo Banda( Kalulu-Sapezeka ), homem da minha confiança, e que sabia que não ia trair-me com os seus guerrilheiros, onde fui calorosamente recebido.
Quando os informei sobre o plano de José Moiane e outros para me assassinarem, houve revolta e gritavam “vamos comandante atacar a base central e punir os assassinos”, mas eu não aceitei, pois não queria o derrame de sangue entre camaradas, Por isso, ele seguiu-me e apresentou-se um mês depois às tropas portuguesas. De seguida, fui-me instalar na base do povo onde estava a Violeta a viver com a minha filha que acabava de nascer. O comandante F. Banda, deu-me todo apoio e enviou-me um reforço de guerrilheiros para a minha protecção. Ali fiquei 8 dias na companhia da Violeta e filha, promovendo festas populares com abate de três cabeças de bois pelo nascimento da minha filha e também pela minha estadia ali. Ninguém do povo veio incomodar-me como o José Moiane o diz.
Durante a minha estadia naquele local, o António Hama Thai, tentou enviar três grupos de guerrilheiros para me convencer a regressar à base Central para dialogarmos, e eu recusei e a última vez mandou um pelotão comandado pelo camarada Waite, para me prender ou matar. Este não teve coragem para tal, pois bem sabia não ser tarefa fácil prender ou matar o Comandante Caliate. Durante a minha estadia naquela base do povo, não tive plano de rendição, embora indirectamente em conversa com a minha ex.-mulher quando ela perguntava a chorar o que eu tencionava fazer, lhe dizia sempre “se me acontecer alguma coisa do pior, levas a nossa filha e atravessam a fronteira para a Rodésia”, isto no tempo de lan Smith. Sabe-se lá se um dia era capaz de eu aparecer por lá. Também conversava com o comandante Frackson Banda, na hipótese de algum dia procurarmos um aliado que apoiasse a nossa luta contra os usurpadores e criminosos dentro da Frelimo.
A Violeta, com os meus guarda-costas bem como o próprio Comandante Frackson Banda, receavam que eu fosse capaz de me suicidar, garantindo-lhes que não ia cometer essa locura, pois isso era o que o José Moiane e seu grupo queriam que acontecesse. Naquela manhã muito cedo, despedi-me da minha filha e da minhaq mulher e disse-lhes que tinha chegado a hora de regressar à base central para enfrentar o grupo que queria a minha morte! Ela ficou a chorar, e foi a última vez que vi aquelas duas pessoas que muito eu amava. Parti para o 3º Destacamento e disse para o comandante F. Banda, que tinha chegado a hora de enfrentar os meus assassinos. Ele ficou alarmado a olhar para mim, e disse “conte comigo comandante Zeca”, onde quer que esteja, e também me perguntou se podia acompanhar-me, dizendo-lhe que não. Ficou a olhar para mim e saí com os meus guarda-costas na direcção da Central. Eu estava armado com a minha Kalashnikov, com 2 carregadores com 30 balas cada e 60 no total, 1 pistola Tocrov-fabric.soviético, com 2 carregadores com 7 balas cada, 14 no total, 2 granadas, 1 defensiva, 1 ofensiva.
Assim estava pronto para qualquer eventualidade, o que tornava mais difícil deitar a mão o comandante João Henrique Ataíde como era conhecido durante a guerra. A decisão de abandonar a FRELIMO,veio-me de repente quando caminhava para a Base Central, revoltei-me e decidi estar sozinho, afastando-me dos meus guarda-costas e comecei a caminhar para a direcção da fronteira Moçambique/Rodésia, até anoitecer. No seio da FRELIMO, existem muitas mentiras: afirmações sobre 8 de Março de 1968, data de abertura da frente de Tete, que dãao gratuitamente esse dia ao José Moiane, é pura sabujice, cegueira e mentira para enganar os inocentes. Quando indivíduos não sabem dos acontecimentos recorrem a métodos falsos para alcançar os objectivos impróprios.
Por isso eu estive lá e testemunho: a realização das acções nas zonas de Chimuala e Cassuende no vale do rio Capoche, deveram-se aos três chefes em 1968. A luta armada naquela frente, foi organizada por falecido Francisco Manhanga, Secretário Provincial da Defesa, Pascoal Nhampule (António Almeida), Chefe das Operaçoões e Alfredo Wassira, comissário político desta mesma província. Os comandantes das zonas em guerra, são António Kanhemba, Zeca Caliate, Miguel Ferrão, Héder Manuel Bongwe, António Monteiro Ernesto Selemane, Moyo, Adjunto comissário político e Jaime Rivas. Esta foi a equipa operacional que organizou a Luta Armada na frente de Tete. Não o José Moiane, pois este, em 1968 e até nos meados de 1969, encontrava-se a chassinar o povo de Catur Niassa em colaboração com o Sebastião Marcos Mabote. Os dois muito têm a haver com a politica retrógrada de terra queimada que obrigou o Samora Machel, a retirá-los dali. Apesar destes dois homens altamente corruptos e perigosos no Catur, Samora acaba por nomear o Mabote para chefe das Operações Nacionais e enviar o José Moiane para Tete, em substituição do Pascoal Nhampule em 1969.
Acho que as mentiras que foram espalhadas por toda parte, por causa da confusão que reina e existe no seio da própria cúpula da FRELIMO, onde todos vivem de mentiras para serem heróis da revolução, é o que se vê no seio daquela organização politica, que até nomearam pessoas sem qualidade ou capacidade para ocuparem postos extremamente importantes, apenas por serem próximos de fulano, sem um conhecimento mínimo da verdadeira história da Frelimo. É tudo feito por amizades, nomeando-se indivíduos para membros de Comité Centra! e Chefes de Quadros ,casos de Cara Alegre Thembe e António Hama Tai,promovidos Chefe dos Quadros das Forças Populares de Libertação de Moçambique. A nomeação destes que não estavam presentes nos primeiros confrontos da luta armada, é um absurdo e é desrespeito por aqueles verdadeiros heróis que tombaram pela causa de Independência na frente de Tete. Como o Moiane,são muitos os que andam por aí camuflados, mas que se não esqueçam de que um dia o poder acaba, mas a justiça permanece. Muitas vidas de Moçambicanos foram ceifadas a chumbo e balas das próprias armas da FRELIMO. Existiam no seio da organização FRELIMO indivíduos bem instalados nos seus gabinetes ou nas bases a planearem assassinatos políticos, sendo um deles o próprio José Moiane.
A maior parte dos mortos no seio da FRELlMO, são anunciados aos familiares como tendo morrido em combate contra as tropas colonialistas. É tudo mentira da FRELIMO que matou mais combatentes das suas próprias fileiras antes e depois da Independência, que as tropas portuguesas. Mas, cobardemente, chamaram-nos de heróis e mártires da Pátria, simplesmente para enganar o povo e a opinião pública Internacional.
Zeca Caliate, se se deixasse assassinar e nínguém o soubesse, no dia da Independência era colocado também na lista dos heróis mortos.
Zeca Caliate
Fevereiro de 2013 (Recebido em carta)
Ver http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2013/02/zeca-caliate-responde-quase-30-anos-depois-a-jos%C3%A9-moiane.html

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