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23 outubro 2012

UM PERFIL DE EDUARDO CHIVAMBO MONDLANE: DESMISTIFICAÇÃO OU MERA REFLEXÃO SOBRE AS SUAS INTERACÇÕES NOS EUA [1]


UM PERFIL DE EDUARDO CHIVAMBO MONDLANE: DESMISTIFICAÇÃO OU MERA REFLEXÃO SOBRE AS SUAS INTERACÇÕES NOS EUA [1]

Eduardo Mondlane (Presidente da Frelimo) e Urias Simango (Vice presidente da Frelimo)


UM dos aspectos dominantes da memória de Mondlane é o revolucionário que muitas vezes acaba sendo parte de um mito criado e sustentado ao longo de muitos anos. No nosso caso, Mondlane tem sido invocado pela FRELIMO, e o Governo de Moçambique, como sendo uma figura quase divina, cuja memória serve para lembrar ao povo do sacrifício que um homem fez para o país. Sendo assim, esta memória serve às vezes de paliativo que obscura a realidade actual do povo.
Importa-me realçar a distinção entre lembrar Mondlane como mito político - herói de coragem e integridade indisputável - e lembrar Mondlane como homem normal, cujo papel na luta contra o colonialismo Português dependeu em grande parte do encorajamento de outros seres humanos com enormes capacidades analíticas dos efeitos do colonialismo.
Numa entrevista (Manghezi, 1999), Janet Rae Johnson, viúva de Eduardo Mondlane, confessa que a imagem de Mondlane foi invocada, muitas vezes, pelo Governo de Moçambique independente como símbolo de conveniência. Johnson, revela que “houve outras ocasiões em que se devia projectar a unidade do país e, nessas ocasiões, iam buscar o Mondlane à arrecadação e limpavam-lhe o pó.”
Neste artigo, o meu interesse é captar também o aspecto humano, na medida do possível não mitológica de Mondlane, dai a intenção de desmistificação.
Louis Krisberg, um professor na Syracuse University, que conheceu Mondlane aquando da última recepção de despedida de Mondlane para se dedicar em liderar a FRELIMO, contou-me que a sua memória de Mondlane é de um indivíduo carismático e dotado de profunda inteligência. Krisberg é um dos poucos testemunhas da presença e contributo de Mondlane na Syracuse University.
Outros testemunhas, contemporâneos na mesma universidade são o Clive Davis, Mashall Segall, e Douglas Armstrong. Mondlane, no entanto, não se viu como carismático; de facto, uma vez confessou a sua inabilidade de comunicar efectivamente, ao seu mentor Melville Herskovits, fundador do Departamento de Antropologia da Northwestern University e fundador do programa de Estudos Africanos.
Em resposta ao convite feito no dia 23 de Marco de 1952 por Herskovits para que Mondlane falasse com os seus estudantes num seminário que teria lugar no dia 28 de Abril, aquando dos seus estudos de licenciatura na Oberlin College, Mondlane (1952) disse: “Estou certo que os seus estudantes vão me estimular. Como sabe, não sou bom orador, dai que ficarei feliz em responder perguntas do que fazer um discurso formal.”
O que foi revelado mais tarde, por Herskovits foi a importância da perspectiva de Mondlane, pois esta intervenção seguiria a apresentação, na mesma série, do Lord Hailey.i
Melville Herskovits foi a pessoa que esteve por detrás da vinda de Mondlane para Northwestern University e se tornou muito importante para o início da sua carreira política. No dia 11 de Dezembro de 1952, Herskovits (1952) escreveu para Mondlane informando-o dos seus planos (junto à sua esposa) de visitar a África Ocidental - por dois meses e depois a África Austral e Oriental - e pediu cartas de apresentação para que usasse em Moçambique, tanto para membros da família de Mondlane, como para pessoas que o mesmo achasse que seria vantajoso conhece-los.
No entanto, prometeu discutir com Mondlane, após regressar, alguns dos problemas que viesse a conhecer em primeira-mão - talvez uma indicação de que Mondlane e Herskovits já travam conversas sérias sobre a situação em Moçambique. 
Numa carta à Herskovits, aos 12 de Dezembro de 1952, Mondlane (1952) manifestou interesse em fazer o seu mestrado na Northwestern University e, confrontado com o obstáculo financeiro, recorreu à Herskovits para que escrevesse uma carta de recomendação para a administração da universidade e para o Departamento de Sociologia.
Nesta altura, a reputação de Mondlane como orador sobre os problemas da África já se fazia sentir. No entanto, foi nesta carta que Mondlane fez uma confissão profunda do seu despertar político sobre os problemas do continente Africano; uma confissão que demonstra profunda introspecção e reflexão sobre as suas origens como Africano, seu presente e seu futuro em relação aos problemas do continente Africano.
Mondlane viu na educação em Sociologia, o facto da Northwestern ter a combinação de Sociologia e Antropologia e a existência do Instituto para os Estudos Africanos como um locus com potencial de aprendizagem que o ajudaria neste dilema, dai a seguinte confissão:
Este semestre tenho dividido o meu tempo entre estudos e palestras em todo este estado (de Ohio). Muitas organizações estão ficando mais e mais interessadas nos problemas da África do Sul. Estou tentando muito ser o mais objectivo possível. Quanto mais falo da África, mais necessidade sinto de estudar os problemas envolvidos; pois embora seja fresco de África, como gostaria de acreditar, há muitas coisas sobre as quais ainda não estou claro.
No âmbito dessa mesma confissão, Mondlane mostrou determinação em ingressar no programa da Northwestern University, sem abandonar a possibilidade de voltar para casa (Moçambique) para trabalhar por alguns anos, caso não fosse possível realizar este desejo. Não havia dúvida na sua mente que, para ele, a solução jazia no estudo directo de Sociologia, e mais especificamente, com foco na “mudança social” e “problemas rurais e urbanos”.
Dentro deste contexto de troca com Herskovits, devo realçar que o comentário de Marshall Seagal, durante a nossa entrevista, de que Mondlane nunca o deu a impressão de ser revolucionário, corrobora esta confissão. De facto, uma conclusão a que cheguei depois de uma entrevista com Segall foi o facto de que o elemento humano muitas vezes se perde em narrativas políticas.
Marshall Segall diz ter conhecido Mondlane na Northwestern University, como colega de escola. Este, por seu turno, foi instrumental na ida de Mondlane à Syracuse University para ocupar a cadeira de docente. Segall era na altura o director dos Estudos da África Oriental na Syracuse University. Foram colegas na Northwestern University nos finais de 1950 durante os estudos de pós-graduação e diz ter passado um tempo com ele em Dar-Es-Salaam pouco antes do seu assassinato. Segundo Segall, a Syracuse University foi a única universidade nos Estados Unidos da América a dar “leave of absence” (ausência) a um membro da faculdade para liderar uma revolução. Segall caracteriza Mondlane como sendo “charmoso, bondoso, inteligente, caloroso, sincero, e amigável” e alguém que “não servia a imagem estereotipada de um revolucionário fogoso, i.e., do tipo levantador de rebeldia...” uma característica que desconfia ter influenciado na direcção da FRELIMO e as eventuais divisões dentro da mesma.
Segall é testemunha do facto de que Herskovits, que segundo ele foi o fundador do primeiro programa de Estudos Africanos nos Estados Unidos da América, teve grande influência no ingresso de Mondlane à Northwestern University. O programa foi financiado pela Ford Foundation. Segall conta que Herskovits organizou um seminário sobre África e escolheu como local para o seminário um edifício, cujo doador tinha como critério não permitir entrada de Judeus e Africanos no edifício. Herskovits era Judeu, o tema do seminário era “África”, e alguns dos estudantes eram Africanos (entre eles Mondlane, que participou activamente no seminário) e Africano-Americanos tal como o próprio Segall.
O presidente da universidade opôs-se ao uso da instalação, mas como Herskovits ameaçou retirar os fundos (milhões de Dollars) da Ford Foundation, o presidente não teve outra alternativa senão deixar que o seminário se realizasse.
O foco de Mondlane pareceu mais académico do que político, mas foi via à exposição aos assuntos de África durante as aulas e discussões em palestras e actividades relacionadas que o interesse concreto na libertação do continente Africano emergiu.
Herskovits pareceu muito instrumental neste processo de transição para a Política, segundo a sua descrição na carta de referência que escreveu em suporte do mesmo aquando da inscrição para o programa de mestrado na Northwestern University (Herskovits, Carta de Referencia Para Eduardo C. Mondlane, 1952). Na carta, Herskovits profetizou que o papel de Mondlane será “de grande significado, ambos pelo ponto de vista do serviço que prestará quando regressar a casa e a contribuição que ele pode fazer na situação dinâmica que caracteriza a África Sub-Sahariana.” Como resultado, Mondlane recebeu uma bolsa da Carnegie (Carnegie Scholarship) no valor de $750.00 para o ano lectivo de 1953-1954, que inclui $225.00 em dinheiro líquido e $525.00 em propinas. Após a conclusão do mestrado e ainda determinado a ver o seu sonho académico realizado, Mondlane fez requerimento para a bolsa de estudo para o nível de doutoramento.
O papel de Mondlane como revolucionário começa a desenrolar-se com clareza depois da sua graduação. Numa carta que escreveu à Herskovits aos 9 de Setembro de 1957, após concluir os estudos de doutoramento e aceitar emprego na Trusteeship Division das Nações Unidas, Mondlane informou a Herskovits sobre a ida do seu muito bom amigo, como o descreve, à Chicago, o Senhor Joseph Biroli-Baranyanka ii que, segundo Mondlane, era filho dum importante chefe supremo duma região de Rwanda-Urundi iii.
A carta foi acompanhada de um documento intitulado “A Study Group of Congo African Problems: An Introduction to the Principles and Programme of the Organization” que descrevia a agenda política do grupo de estudos Alfred Marzorati, cujo nome era de um então antigo administrador Belga em África. No documento, o grupo manifestava interesse num processo de transição suave e passivo e à liberdade dos Africanos e a criação duma nova relação política via programas construtivos, isto como alternativa àquilo que o grupo designava como “o desejo dos povos Africanos em tomar os seus destinos nas suas próprias mãos.” Dois objectivos caracterizavam a agenda: a criação do grupo de estudo e o desenvolvimento de líderes do futuro. É provável que algumas ideias deste grupo tenham tido grande efeito na linha política de Mondlane ou apenas ressoavam com as ideias que este já abraçava, pois o grupo visava a inclusão de Belgas e Africanos, bem como de indivíduos de qualquer raça e religião. Não seria surpreendente se o apelo académico e cristão foi a razão porque Mondlane mostrou-se entusiasmado em relação ao Biroli-Baranyanka segundo o qual (iv), a nossa intenção é fazer um contributo ao crescimento do entendimento mútuo entre os diversos grupos em África e à apreciação própria das complexidades de problemas particulares que enfrentamos no continente. A nossa perspectiva é ao mesmo Africana e Cristã - uma harmonia entre Africano e o Ocidente, o qual estamos apostados a proteger contra os perigos do comunismo ou de qualquer outra invasão à liberdade da democracia. (1957).
A intenção do grupo de estudo estava muito clara, quer em termos teórico-ideológicos, como em termos práticos - a educação superior de Africanos nos Estados Unidos da América seria a solução para a África face aos perigos do comunismo e ao inevitável crescimento do descontentamento das massas com o colonialismo.
Infelizmente, Herskovits não estava em Chicago na altura em que Biroli-Baranyanka devia ter lá estado e nem ouviu sobre a sua vinda. Pelo contrário, Herskovits vira a atenção de Mondlane para o Alioune Diop, então editor da revista Présence Africaine e comenda Mondlane pela posição nas Nações Unidas, manifestando um optimismo na posição estratégica em relação a questões emergentes sobre a África Portuguesa.
Não é possível constatar se a viragem em assunto seria indicação de que Herskovits tinha reservas ou indiferença em relação ao entusiasmo de Mondlane na Agenda do Biroli-Baranyanka ou se era uma forma de voltar a atenção de Mondlane a um fórum mais importante para o seu trabalho intelectual-político (e não o inverso), a revista de Diop. A outra possibilidade é que Biroli-Baranyinka expressava, categoricamente, que a sua agenda era Cristã; enquanto que Mondlane era menos dogmático nesse sentido - o que para Herskovits, como Judeu, talvez a postura de Mondlane fosse mais deleitável, pois o que eles tinham em comum, i.e., o interesse na causa da África e a intelectualidade, deveria se manter o foco da sua relação.
Aos 22 de Maio de 1958, Herskovits reage a um artigo intitulado “Eduardo Mondlane, Um Português Moçambicano” que Mondlane o enviou e que havia sido escrito por Simões de Figueiredo e publicado no Diário de Notícias de Lourenço Marques aos 16 de Maio de 1958. Herskovits, talvez para o desapontamento de Mondlane que parecia entusiasmado pelo artigo, informa-o em duas instâncias no primeiro parágrafo - como que para enfatizar - que quase não o pode reconhecer no artigo de Figueiredo, mas supunha que tal coisa (imagem ou publicidade) não o prejudicaria. Mais uma vez, Herskovits vira a atenção à recente visita dum tal Teixeira que teve dificuldades em responder a algumas perguntas sobre Moçambique, feitas durante o almoço. A carta termina com uma lembrança a Mondlane para terminar a sua tese.
Em 1958, Mondlane candidatou-se a uma posição de docente em Ghana e a Inter-University Council for Higher Education Overseas enviou um pedido, datado Junho 17, à Herskovits para que este escrevesse uma carta de recomendação, pois Mondlane havia dado o seu nome para tal (Maxwell, 1958). A recomendação de Herskovits mais uma vez salientou a capacidade intelectual de Mondlane, apesar de o mesmo reconhecer não estar à par do estado da tese de PhD.
Não foi possível estabelecer o desfecho da situação da tese de Mondlane na correspondência com Herskovits; mas, em Janeiro de 1968, o então Dr. Eduardo Mondlane apareceu como um dos convidados para falar no simpósio para examinar a “violência”, num evento organizado e financiado pelos estudantes da Northwestern University. Entre os oradores estavam: Charles Hamilton, Stanley Milgram, professor de psicologia na City College of New York; Ernest Chambers, barbeiro e porta-voz da Black Militancy em Omaha, Nebraska; Staughton Lynd, professor na Illinois State Teachers College; Vincent Harding, presidente do departamento de Historia na Spellmen College; James Lawson, vice-presidente da Fellowship of Reconciliation, uma organização pacifista religiosa, e ex-conselheiro do Dr. Martin Luther King, Jr.; Robert Theobald, Autor; Leslie Fielder, Autora-critica-educadora; e Bosley Crowther, ex-funcionário da New York Times. É provável que Mondlane participou em alguns destes simpósios - em 1964/65 o tema foi “Rebelião”; em 1965/66, “Diminuindo o Homem”2 ; e, em 1966/67 “A Nova Urgência” - e que os tais o teriam influenciado.
A sessão de Mondlane foi sobre o tema “Violence as Outlet”3 e argumentou, na qualidade de presidente da FRELIMO, que o recurso à violência numa revolução é aceite somente quando for imperativa. Um ano antes, i.e., numa carta aos 10 de Abril de 1967, Mondlane reconheceu à Gwendolyn Carter que a rara oportunidade que tiveram em Northwestern, de serem influenciados por professores “cabeças-duras” que os forçaram a olhar para os factos básicos do comportamento humano estava a ser útil na renhida luta armada. Mais uma evidência de que a atmosfera do programa da Northwestern University influenciou Mondlane para uma carreira política que culminou na sua visão e seu papel na libertação de Moçambique. Na carta, Mondlane passa cumprimentos ao Ray Mack, ao Don Campbell, e à Sra. Frances Herskovits e não há menção de Melville, o que indica que nessa altura ele já havia falecido.
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1 Este artigo foi publicado em Italiano. Cossa, J. (2011). Al di là del “mito”: un ritrato di Eduardo Chivambo Mondlane negli Stati Uniti d’America. In Luca Bussotti and Severino Ngoenha (Eds), Le Grandi Figure dell'Africa Lusofona. Fra storia e attualità, Aviani Editore, Udine.
2 “Diminishing Man”
3 Violência como recurso 
i Lord Hailey trouxe uma contribuição intellectual de enorme significado em torno da questão das independencies dos países Africanos (Hailey, The Role of Anthropology in Colonial Development, 1944); e (Hailey, A Turning Point in Colonial Rule, 1952), na qual destacou o seguinte:
In terms of strict constitutional idiom, the future of units attaining self-government can be expressed either as complete autonomy, or as autonomy only in their internal affairs. It would be polite, even were it not also politic, to let them know now which of these alternatives we propose for them.
ii Devido a falta de dados acessíveis, isto é assumindo que existam algures, não me foi possível traçar a historia do Biroli-Baranyanka de modo a constatar a legitimidade da informação na carta de Mondlane, i.e., primeiro Africano numa universidade Belga. O que foi possível constatar foi o facto de que em 1949 e 1950 um grupo de ilustres figuras nativas visitou a Bélgica pela primeira vez e que parte dos benefícios foi a educação de vários membros da classe media e jovens na Bélgica (Ruanda-Urundi, 1960). No entanto, esta ausência de suficientes factos históricos sobre Biroli-Baranyanka é do género que “levanta sobrancelhas” pois não pude encontrar um único facto na Internet, na Université catholique de Louvain, ou na St. Anthony’s College at Oxford que corrobora a descrição do Biroli-Baranyanka dada por Mondlane à Herskovits (1957). Os traços que pude achar foram em relação (a) ao facto de um tal Joseph Biroli, um dos dois filhos do chefe Baranyanka (o outro, seu gemio, chamava-se Joseph Ntintendereza), ter co-fundado o Parti Démocrate Chrétien (PDC) que travou lutas renhidas com o partido de Ragwasori, UPRONA (l’Union et du Progres National) (Lemarchand, Rwanda and Burundi, 1970), uma rivaldade herdada do ódio que os Hutus tinham para com o seu pai devido ao favoritismo Belga que este gozou enquanto chefe (Lemarchand, 1996); (b) o facto de que Biroli-Baranyanka teve uma formacao académica na Bélgica, embora a instituicao citada por Lemarchand (1970) seja L’institut universitaire des territorre d'outre-mer, em vez da Universidade de Louvain. Lemarchand tende a exaltar o Joseph Biroli, afirmando que este frequentou Oxford e Harvard, de modo a afirmar a sua superioridade intelectual sobre o seu rival politico Ragwasori. Mondalne, por seu turno, providencia mais detalhes sobre a instituicao em Oxford onde Biroli estava na altura a completar a tese de Ph.D.—St. Anthony College at Oxford—e a natureza de business em Harvard, “ele veio a este pais [Estados Unidos da America] nos principios deste verao para a Harvard University Institute of International Economic and Political Sciences (algo de genero)”.
iii Ruanda-Urundi foi uma suserania Belga de 1916 até 1924, Mandato de Class B da Sociedade das Nacoes desde 1924 até 1945 e depois Territorio das Nacoes Unidas até 1962, quando se tornou nos estados independentes de Rwanda e Burundi (Ruanda-Urundi, 1960). Suserania é um território em que o suserano exerce o seu dominio. Suzerano diz-se do soberano de um Estado com respeito aos de outros Estados que, subsistindo em condições de aparente autonomia, lhe rendem contudo vassalagem ou lhe pagam tributo. (veja o “Dicionario Priberam da Lingua Porguesa”).
iv Parte da minha pressuposição extende-se ao facto de que a associação de Mondlane a Biroli-Baranyanka, como Cristao e com a democracia (Americana) como linha política, reflete-se também na fé que Mondlane mais tarde pós nos Reverendos Urias Simango, apesar de mais tarde ter suspeitado o mesmo de ambição de poder, e Mateus Ngwengere, apesar deste ter sido uma espinha na carreira política de Mondlane (Manghezi, 1999). Ned Munger expressa que Mondlane foi fortemente influenciado pelo Ocidente e pelo Cristianismo e Luís Serapião argumenta que Mondlane era nacionalista que manteve laços fortes com o Ocidente (1985). Mondlane, incidentalmente, acusava os Angolanos do MPLA de esconderem a sua ligacao espiritual-material com os Estados Unidos por detrás dum “anti-Americanismo” (Manghezi, 1999). Segundo o mesmo, esta posição da FRELIMO só mudou depois do “Bando de Argel” (McGowan, 1979) ter influenciado a política da FRELIMO ao anti-Ocidente, a favor do Marxismo-Leninismo. 
SOBRE O AUTOR
José Cossa (colaboração), é um estudioso moçambicano residente em Syracasa, Nova Iorque, nos Estados Unidos. É Ph.D em Educação Comparativa e Internacional, autor do livro Power, Politics, and higher Education in Southern Africa: International Regimes, Local Governments, and Education Autonomy, e do livro African Renaissance and Higher Education: A view through the Lenses of Christian Higher Education e autor de várias obras académicas/científicas, técnicas e jornalísticas. Foi docente de Metodologias de Investigação e docente de liderança organizacional na Loyola Univesity Chicago e na Dominican University em Chicago, docente de educação comparativa internacional na Colgate University, consultor da National Center for Women and Information Technology e consultor do Banco Mundial.
  • José Cossa – colaboração
In: Maputo, Quarta-Feira, 24 de Outubro de 2012:: Notícias

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