Poderoso Colégio Eleitoral decidirá sorte de Obama e
Romney
Barack Obama e Mitt Romney sabem onde concentrar os esforços
Eleição presidencial de 6 de Novembro.
Obama e Romney estão de olho em pouco mais
de 49 milhões de pessoas com idade para votar em nove Estados – ou 21% dos
quase 230 milhões com direito a voto nos EUA, segundo o censo de 2010.
De eleição em eleição presidencial emerge
sempre um elemento importante nos Estados Unidos: o Colégio Eleitoral, que é o
elemento que decide o inquilino da Casa Branca. Mas afinal qual é a sua
importância e porquê?
O Colégio Eleitoral
O Colégio Eleitoral, que definirá quem será
o novo presidente dos EUA esta terça, 6 de Novembro, foi criado por meio de um
acordo político no século XVIII, com o objectivo de equilibrar o poder dos
Estados americanos perante o governo federal. Por meio desse sistema, a eleição
do presidente e do vice não é determinada pela votação popular nacional, mas
por disputas separadas nos 50 Estados e pelos respectivos votos a que cada um
tem direito no órgão. Quem conseguir 270 dos 538 votos do Colégio Eleitoral
vence a disputa.
Composição do Colégio
A eleição presidencial americana é
determinada por disputas Estado por Estado e pelo número de votos a que cada um
deles tem direito no Colégio Eleitoral. Ou, como resumiu ao iG Edward Grefe,
professor da Faculdade de Gerenciamento Político da Universidade George
Washington: “Não é uma eleição só. São 50 eleições.”
A representação de cada Estado refere-se ao
número de seus legisladores no Congresso. Assim, cada um tem votos relativos
aos deputados na Câmara de Representantes, cujos 435 assentos são alocados com
base na população e mais dois votos relativos aos senadores. Independentemente
da sua população, cada Estado tem dois senadores na Casa de 100 membros. A
capital Washington, apesar de não ter representação no Congresso, tem três
votos – o mínimo a que cada Estado tem direito.
O sistema foi escrito na Constituição
americana após preocupações dos Estados menores de que teriam menor poder de
decisão a nível nacional em comparação aos maiores. A solução foi um meio termo
entre os que queriam que o presidente fosse escolhido pelo Congresso e outros
que pressionavam pela votação popular nacional.
“Os Estados menores temiam que, com o voto
popular, a maior parte dos investimentos federais e a agenda de campanha dos
candidatos teriam como base apenas os interesses dos Estados maiores, como
Califórnia, Nova Iorque e Flórida”, disse ao iG Tim Hagle, professor do
Departamento de Ciência Política da Universidade do Iowa.
Dessa forma, explicou Hagle, vários
interesses agrícolas poderiam ser ignorados quando os candidatos presidenciais
planeassem a sua plataforma, porque não estariam tão preocupados em conseguir
votos nos Estados menores do meio-oeste, como Dakota do Norte, Dakota do Sul,
Iowa, Montana, Wyoming etc.
Outra justificativa dos fundadores dos EUA
para a criação do Colégio Eleitoral é impedir que um ideal político específico
de alguns Estados direccionasse a votação. “A divisão proporcional de poder
entre os Estados assegura que uma ideia teria de ter um apelo amplo em todo o
país, e não apenas num Estado altamente povoado, para determinar o rumo de uma
eleição”, afirmou Hagle.
Um exemplo
Em quase todos os casos, o candidato que
vence um Estado leva todos os seus votos eleitorais. As excepções são Maine e
Nebraska. Em Nebraska, que conta com cinco votos no Colégio Eleitoral, existem
três distritos eleitorais. Cada distrito dá seu voto ao candidato mais votado
localmente, enquanto o vencedor na votação estadual leva os dois votos finais.
Com direito a quatro votos, o Estado do Maine adopta a mesma distribuição em
relação aos seus dois distritos eleitorais.
A primeira vez que Nebraska dividiu o seu
voto foi em 2008, quando o hoje presidente dos EUA, Barack Obama, conseguiu
vencer no distrito de Omaha. “O republicano John McCain teve 64% do voto
popular em Nebraska, mas Omaha é um distrito mais progressista, que fica numa
área universitária. Por isso Obama conseguiu esse voto num Estado
tradicionalmente republicano”, disse Steven Hatting, professor do Departamento
de Ciência Política da Universidade de St. Thomas, em Minnesota.
Os indecisos
Quando as urnas abrirem esta terça-feira,
Obama, e o seu rival republicano, o ex-governador de Massachusetts, Mitt
Romney, não estarão preocupados em vencer a eleição conquistando a maioria dos
votos a nível nacional. Em vez disso, a atenção dos dois rivais estará centrada
na escolha de 5% a 8% de eleitores em nove dos 50 Estados americanos, que se
declaravam indecisos nas pesquisas de intenção de voto.
In: O Pais, 5 de Novembro de 2012
In: O Pais, 5 de Novembro de 2012
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