A INTOXICAÇÃO IDEOLÓGICA E CULTURAL AO
SERVIÇO DA HEGEMONIA
…Não se descure o que a Coca-Cola, Hollywood e os
Hamburgers fazem…
Num país
em que logo que se descubram recursos minerais como rubis, diamantes são as
esposas de presidentes que se arvoram proprietários das mesmas se não são
outros elementos com fortes ligações a liderança política governamental. Temos
de ser honestos e afirmar que essa cobiça e vontade de açambarcar tudo, fere os
interesses mais legítimos dos moçambicanos e dos africanos.
Maputo
(Canalmoz) - Na luta pela hegemonia o tipo de armas utilizadas varia consoante
a agenda de momento.
Aos
africanos até o acesso ao tratamento com anti-retrovirais era a tempos negado
ou condicionando com alegações de que não havia conhecimento suficiente ou
condições técnicas para implementar os programas protocolares relacionados com
o combate com o HIV/SIDA.
Os
contratos internacionais tanto de acesso a fundos de crédito como para
realização de obras de infra-estruturas são controlados e condicionados a
regras estabelecidas pelos outros.
A
posição generalizada dos africanos é de esperar, depender e de aceitar tudo o
que lhe “ofereçam”.
Como
se pode julgar atendendo ao que se passa na maioria dos países o
desenvolvimento tarda em arrancar. Governos sucessivos chegam ao poder
executivo e proclama-se a solução para os seus países. Passado algum tempo o
que se observa é a continuação de uma miséria atroz, instabilidade e coerção.
Na
ausência de actores políticos de envergadura, pessoas interessadas em
participar nos debates globais da actualidade África foi sendo colocada na
periferia. As antigas alegações de que a colonização era a causa do atraso
continental foi perdendo consistência e agora está claro que as culpas residem
em África.
Numa
situação em que os países funcionam com base em realismo e que as diversas
relações que estabelecem entre si têm essa base, rapidamente a tese das
consequências nefastas com origem no colonialismo passado perdeu qualquer
consistência que ainda pudesse ter.
A
acção concreta das chancelarias internacionais dos países poderosos age
concertadamente e utiliza todo o tipo de meios e recursos para continuar a
dominar.
Numa
ingenuidade recorrente, são os africanos que colocam os recursos dos seus
países como “pasto rico” pago ao desbarato por todos que entendem aqui
estabelecer os seus negócios.
A
desordem não para de aumentar nos diferentes países africanos. Ora são questões
de natureza étnica, ora é compartilha dos recursos naturais que provoca guerras
e adia o desenvolvimento nacional. Quase sempre o que se verifica é que os
africanos estão longe da tolerância política e quando estão na política é para
resolverem seus problemas pessoais.
Num
país em que logo que se descubram recursos minerais como rubis, diamantes são
as esposas de presidentes que se arvoram proprietários das mesmas se não são
outros elementos com fortes ligações a liderança política governamental. Temos
de ser honestos e afirmar que essa cobiça e vontade de açambarcar tudo, fere os
interesses mais legítimos dos moçambicanos e dos africanos.
Com
cobertura e concertação com as multinacionais que se dedicam a extracção de
petróleo, gás e carvão, milhões de dólares são desviados dos cofres públicos
sem conhecimento dos parlamentos locais.
Sempre
que os africanos se colocam em posição de sujeito das acções em seus
territórios aparecem logo vozes os catalogando de incompetentes. Em geral
quando aparece uma figura política perseguindo uma agenda de cariz
nacionalista, não demora que forças opostas, com apoio internacional de certas
chancelarias, em geral ocidente, famosas como Paris, a financiar uma revolta,
um golpe de estado sob os infames justificativos.
Sabe-se
ou imagina-se, pois provas são quase impossíveis de reunir, qual tem sido a
interferência directa e indirecta na concretização de estratégias e agendas dos
poderosos. Quando as armas não são suficientes utilizam-se as telecomunicações,
as tecnologias de ponta, o GPS, para fornecer informações vitais aos opositores
e beligerantes. Casos de conflitos têm terminado abruptamente sem que tenha
havido uma vitória de uma das partes. De fora tanto se diz e se manda combater
como se manda parar com os combates. Aos teimosos e recalcitrantes sugere-se
uma eliminação cirúrgica, conveniente para que os negócios prosperem.
E para
que seja assegurado que as coisas aconteçam e seja aceites com normalidade pelo
público tanto africano como do resto do mundo, montam-se ofensivas mediáticas visando
condicionar o entendimento que os cidadãos têm dos assuntos africanos.
Quantas
vezes não é dito aos africanos, através de fundos estatais, orçamentos
parcialmente ou quase na totalidade financiados com fundos externos que o
melhor caminho é continuar a votar em governos que não conseguem produzir
resultados palpáveis.
A
entrada e proliferação de mensagens culturais dos mais diversos tipos nos
países africanos, a invasão cinematográfica, os vídeos de filmes que assaltam
salas de cinema e os mercados informais de bens pirateados tudo se combina para
intoxicar os africanos. É bom tudo o que os outros fazem e aquilo que é
produção local não tem valor.
As
vezes o grau de intoxicação é de tal forma grave que é comum encontrar
africanos com saudades fortes dos tempos de dominação colonial. Face a
incapacidade de ver resultados por parte dos seus governantes, as pessoas
recorrem ao saudosismo para alimentar a sua mente.
Amontoados
de lixo, bairros de lata, estradas esburacadas, valas de drenagem com águas
paradas, escolas secundárias e primárias sem carteiras, hospitais sem
medicamentos ou sofrendo rotura de stocks periodicamente, mediocridade
generalizada caracteriza muitos dos países africanos senão a grande maioria.
Por
mais altas que sejam as doses de caridade internacional e filantropia isso não
passa de mais uma forma de mostrar e revelar o descalabro da governação em
África. Verdade que milhões de pessoas devem a sua sobrevivência a esse tipo de
apoios mas verdade maior é que apoiando resolutamente esforços democratizantes
não haveria necessidade de tal caridade ou filantropia.
A
libertação de África ainda não é uma realidade enquanto subsistirem todos os
factores que concorrem para a desagregação de países, enfraquecimento
programado da capacidade de decisão e controlo dos recursos.
África
já é suficientemente adulta para deixar de ser alvo de manchetes noticiosas
pela negativa.
É
vergonhoso que se tenha tudo para sermos países viáveis e que volta e meia
tenhamos que nos ajoelhar aos poderosos para recebermos mais um pacote de
financiamentos. Não nos emprestam o que realmente precisamos para sair da
dependência mas aquilo que garante que continuemos na dependência.
E como
o processo de endividamento de nossos países está fora do controlo dos cidadãos
e de seus representantes a dívida só asfixia e mata os milhões de cidadãos
empobrecidos, adoentados e sem esperança.
Denunciar
a intoxicação ideológica e cultural é um imperativo pela libertação e
democratização de África.
O
verbo habitual de que não somos capazes é obra de uma confraria de interesses
ao estilo de Rupert Murdoch do “News of the World”. Planificam-se campanhas nos
mídia e utilizam-se os mais variados meios tudo para garantir que nada se
altere.
Cabe
aos africanos libertarem-se mais uma vez pois a ascensão à independência trouxe
um novo tipo de dependência e condicionalismos.
E como
se tem visto ao longos anos corromper africanos é bastante fácil. Presentes e
prémios têm “dobrado” os mais resistentes… (Noé Nhantumbo)
In:
CanalMoz-13/09/2012
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