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Caros amigos o blog Historiando: debates e ideias visa promover debates em torno de vários domínios de História do mundo em geral e de África e Moçambique em particular. Consta no blog variados documentos históricos como filmes, documentários, extractos de entrevistas e variedades de documentos escritos que permitirá reflectir sobre várias temáticas tendo em conta a temporalidade histórica dos diferentes espaços. O desafio que proponho é despolitizar e descolonizar certas práticas historiográficas de carácter eurocêntrico, moderno e ocidental. Os diferentes conteúdos aqui expostos não constituem dados acabados ou absolutos, eles estão sujeitos a reinterpretação, por isso que os vossos comentários, críticas e sugestões serão considerados com muito carinho. Pode ouvir o blog via ReadSpeaker que consta no início de cada conteúdo postado.

17 setembro 2012

MONUMENTO AOS HERÓIS DA REVOLUÇÃO MOÇAMBICANA, CONCEBIDO POR JOSÉ FORJAZ



MONUMENTO AOS HERÓIS DA REVOLUÇÃO
 MOÇAMBICANA, CONCEBIDO POR JOSÉ FORJAZ 

Foto: Cripta da Praça dos Heróis moçambicanos


Moçambique é um país com mais Heróis do que os próprios feitos heróicos. Desculpem-me e com todo respeito, mas como Historiador de formação e praticante da ciência histórica (pode até ser falacioso o recurso a autoridade aqui; mas já pedi desculpas), não acho normal que um país com pouco MENOS de 40 anos de independência e aproximadamente 150 anos de dominação colonial efectiva, tenha já no seu panteão 200+ heróis nacionais!
 Se a arbitrariedade com que se atribui esse título honorífico não é preocupante, então urge um debate esclarecedor sobre as intenções últimas de quem decide. É para  sepultarmos toda “geração 25 de Setembro” na Cripta da Praça dos Heróis? Se for o caso, então é melhor pensar-se num Cemitério de Heróis Nacionais de Moçambique!
O ponto para mim é o seguinte: se partirmos do princípio de que herói é uma figura arquetípica (modelo) que reúne em si os atributos necessários para superar de forma excepcional um determinado problema de dimensão épica (p.ex. independência ou luta anti-colonial, etc), podemos concluir que a esmagadora maioria dos “NOSSOS” heróis não o são de facto; ou no mínimo são CO-HERÓIS, uma figura que proponho como alternativa.
Consequentemente, teriamos Samora Machel e Eduardo Mondlane como HERÓIS e o resto, incluindo Gruveta e Guebuza como Co-Heróis. No fundo, a figura de co-herói seria atribuível à pessoas que em vida sonharam em ser declarados Heróis Nacionais ou teriam recebido promessas nesse sentido.

Muitos não vêm o perigo de termos heróis à rodos, em tão curto espaço de tempo. A primeira consequência nefasta é mesmo a vulgaridade com que iriamos encarar a figura de herói nacional.
A segunda é porque na verdade, não há muita coisa a reclamar como tendo sido feito heróico individual de cada um dos muitos que se acham ou que eles acham que o povo pensa sobre eles.
Em aproximadamente 40 anos da nossa existência como nação, apenas podemos nos orgulhar da nossa independência como grande feito heróico. E esse feito deve-se a Eduardo Mondlane – primeiro presidente da Frente, FRELIMO e Samora Machel, o proclamador da Independência e Primeiro Presidente do país Independente. Para além desses feitos há mais outra coisa, meus senhores?
A alternativa a esse cortejo seria exigirmos ao Presidente da República que active, no uso das suas competências, a alínea J do artigo 159 da Constituição da República, atribuindo, nos termos da lei, títulos honoríficos, condecorações e distinções (menos a de herói nacional) a todos aqueles que em vida ou já perecidos merecem o devido reconhecimento dos moçambicanos pelos seus feitos e por terem contribuido para o progresso dos Moçambicanos. Desculpe-me pela "violência psicológica", mas Eu não vejo mais nenhum herói. Nem vivo, nem morto. Se calhar, ainda está por nascer mas esse pertence a futuras gerações.
O Presidente da República de Moçambique precisa urgentemente resolver esse assunto com algumas figuras que ainda nos restam, esclarecendo-os que se quiserem, podem se declarar heróis provinciais, tribais ou distritais; que já não há espaço para Herói Nacional pelo facto de não ser possível identificar neles, feitos heróicos individuais bastantes.


Publicada por Egídio Guilherme Vaz Raposo,   Terça-feira, 4 de Outubro de  2011


Um comentário:

Machipane, Dytus disse...

Concordo contigo Jairoce. Estes herois sao demasiados, nunca ouvimos falar deles em grandes feitos. outro assunto, onde andam os verdadeiros herois? Devemos estar conscientes de que nao e a FRELIMO quem deve decidir sobre os feitos heroicos, mas o povo conhece os seus herois. Do proprio presidente da republica, nao ha relatos de seus feitos heroicos, senao que foi preso e mais nada... Onde anda Adelino GUambe? Nao e heroi? Consta que este sr tinha um exercito de 15 mil homens bem armados, antes da FRELIMO, mas os nossos compatriotas da FRELIMO pressupoem que herois sao eles, ate a filha do sr presidente e heroina... Meu DEUS. Opais qualquer dia chamar-se-a FRELIMO. Pois, herois nao sao apenas combatentes, porque existem outros sectores sociais com grandes feitos, como o atletismo com Lurdes Mutola... Ha que revermos isto...